_ Certo. –
concorda. Já era um começo. Ambos têm no passado coisas que preferem esquecer,
ambos têm coisas no passado que nos prendem em nossos próprios medos, coisas
que nos impedem de seguir em frente. No fim de tudo, nos entendemos. No fim das
contas, nós somos iguais de maneira diferente.
03
de julho de 2006
O
sol mal tinha se posto e Demi chegava a sua casa, nada comum, em pleno sábado
ela jamais voltaria antes das quatro da manha de domingo, porém hoje era
diferente, um jantar com a família de um sócio de seu pai atrapalhou seu fim de
semana, voltava para casa a contra gosto, mas o que ela podia fazer?
Antes
mesmo de entrar, viu Joe, no jardim da frente, saindo da grande casa.
_
Anda roubando as flores do jardim, né? – perguntou Demi a Joe, ao vê-lo com um
lindo buque de rosas.
_
Me deixe quieto. – respondeu Joe azedo.
_
Tudo bem, desde que não roube meu computador...
_
Eu não estou roubando nada, comprei esse buque com o meu dinheiro. – falou Joe,
fitando Demi com raiva.
_
Tudo bem, senhor estressadinho, poço saber para quem seria esse buque? –
perguntou Demi.
_
Não lhe interessa. – respondeu Joe. Vestido elegantemente, cabelo bem penteado,
no rosto tinha um sorriso bobo, que mesmo perto de Demi, insistia em manter-se.
Ele estava feliz, amando, realizado...
_
Não me diga que será para Tiffany. – disse Demi. “Como ele podia ser tão
idiota?” pensava ela.
_
É daí se for? Algum problema?
_
Nenhum, o idiota aqui e você mesmo. – disse Demi, dando de ombros. Demi fez
menção de entrar em casa, mas Joe a chamou.
_
Qual que é o seu problema, garota? Porque você não quer admitir que eu e a
Tiffany estamos felizes e apaixonados? – perguntou Joe, indignado.
_
Se você não se importa de ser o quinto por qual ela se apaixonou e que a esta
fazendo feliz, só neste ano, não vai ser eu que vou reclamar... – respondeu.
_
Ah sim, porque você é uma santinha. – disse Joe, com a voz irônica.
_
Ah me desculpe, eu devo ser muito puta mesmo, por estar namorando o mesmo
garoto há um ano, sem trai-lo e nem nada parecido. – falou tão irônica quanto
Joe.
_
Você não a conhece. – disse Joe, começando a realmente perder sua calma, seu
sorriso bobo já desaparecia de sua face.
_
Eu já estudo com ela faz três anos e você a conheceu em uma festa que eu dei a
duas semanas, você realmente acha que a conhece melhor que eu? – perguntou ela.
_
Você sente inveja dela. – acusou Joe. Demi gargalhou.
_Só
não diga que eu não lhe avisei. – disse Demi, após parar de rir, entrando em
casa, deixando Joe sozinho.
Agora
O
cheiro que vinha da cozinha era tentador, o tempo frio não sessara e jantar uma
sopa pareceu um convite irresistível. Joe não pensou duas vezes antes de entrar
na cozinha para preparar a sopa e eu não pensarei duas vezes na hora de
saboreá-la.
As
últimas horas que passei com Joe foram surpreendentes. Nos dois conversamos.
Sim. Isso mesmo. Conversamos. Sem brigas, sem provocações ou lembranças de um
passado que nos entristece, nos dois simplesmente conversamos como se fossemos
amigos. Não me pergunte o que aconteceu, nem mesmo eu saberia explicar o que
tinha acontecido. Ele não tentou me dar concelhos nem se mostrar superior por
ter um diploma e eu conversei com ele sem jogar na sua cara nossas diferenças
econômicas e etc. No final funcionou, nada de assuntos sérios, uma bobagem
atrás da outra, uma gargalhada atrás da outra, um momento surpreendente.
Não
posso negar, eu sempre tive um pensamento fixo sobre Joe, pensamento na qual
adquiri desde o primeiro momento que o vi. Joe sempre foi chato, mal educado,
um pobretão, se acha demais por ser nerd. Nada parecido com alguém que eu um
dia me tornaria amiga. Mas tudo, exatamente tudo o que eu construí sobre ele
desmoronou nestas ultimas horas. Seria isso possível? Como que de uma hora para
outra eu tinha passado de principal inimiga de Joe para uma possível boa amiga?
Será
mesmo que eu sempre o odiei?
_
Aqui esta. – disse Joe, entregando-me a tigela cheia de sopa, o cheiro me fez
salivar no mesmo momento. Ele também trazia em sua mão sua tigela, tão cheia quanto
a minha. Estampei um sorriso no meu rosto, em demonstração de agradecimento,
ele me respondeu, fazendo o mesmo.
Algo
realmente estranho estava acontecendo e eu não sabia dizer o que era
exatamente.
Mesmo
a sopa estando quente eu comecei a comer, nem mesmo me importei se eu iria
queimar minha língua, eu não teria forças para esperar esfriar mais, não com a
tigela tão perto de mim. Joe pegou o controle da TV e sentou-se na poltrona que
ficava bem perto do sofá, onde eu estava praticamente jogada, - digamos que a
minha convivência com Joe me deixou com hábitos não tão bons -. Eu já estava
preparada para o ver pondo no telejornal. Como ele conseguia assistir aquilo
todos os dias? É sempre a mesma coisa, violência, pobreza, tristeza, roubo,
politica, nada que realmente me interesse, mas para minha surpresa eu estava
enganada desta vez.
_
O que você quer assistir? – perguntou ele, olhei-o esperando a brincadeira por
trás da pergunta, mas ele parecia mais sincero que nunca.
_
Você não vai assistir seu jornal? – perguntei.
_
Bom... Pensei que você não gostasse de jornal. – disse ele.
_
Eu realmente não gosto, mas você gosta. – falei.
_
Pois então, hoje vamos ver algo que você queira assistir. – disse ele. Será que
você consegue entender a gravidade do “Algo realmente estranho estava
acontecendo”, agora?
_
Bom... Eu não sei, não costumo ver muito TV. – falei, eu raramente ficava em
casa, mesmo tenho uma TV enorme, eu não a utilizava muito. _ Só vejo algumas
séries, de vez em quando.
_
Você sabe se alguma delas passa hoje? – perguntou. Pensei um pouco e logo me
lembrei da propagando que eu havia visto no dia anterior.
_
Eu vi que daqui a pouco começará uma maratona de Doctor Who. – falei.
_
Doctor Who? – perguntou Joe, seus olhos se arregalaram no mesmo instante e ele
inclinou seu corpo a mim, como se estivesse a ponto de me atacar. Fiquei
assustada, eu tinha falado algo de errado? _ Você gosta de Doctor Who? –
perguntou ainda no mesmo estado, eu ainda tinha duvida se seu tom era de
surpresa, felicidade ou se era de reprovação.
_
Gosto. – falei sem jeito, já com medo de sua reação. Ele tornou a se ajeitar na
poltrona e sorriu largo.
_
Não creio. – disse boquiaberto. _ Quem poderia imaginar que Demetria Lovato
gosta de Doctor Who? – perguntou, ignorei o Demetria, ainda tentando entender o
seu espanto.
_
Há algum problema? – perguntei.
_
Não, nenhum. – disse empolgado. _ Eu também amo Doctor Who, eu só não achava
que você poderia se interessar por uma série dessas. – falou ele, tinha um
brilho nos seus olhos, nunca o vi tão empolgado ao falar comigo, tínhamos
encontrado uma coisa em comum que não nos envergonhava e na qual poderíamos
compartilhar bons momentos e conhecimentos.
_
O que você achava que eu iria gostar em? – perguntei humorada.
_
Sei lá, pensei que você preferisse ver programas de fofoca. – falou.
_
De vez em quando é legal. – falei, ele riu.
O
resto da noite passou voando, Joe e eu devoramos a sopa, enquanto assistíamos
seis episódios de Doctor Who. Já se passava de uma da manhã, quando enfim fomos
dormir. Joe retirou minha tala para que eu pudesse tomar um banho e trocar de
roupa, nada muito agradável quando se esta no frio, apesar de que minha
banheira com água quente não me deixava reclamar.
Dormi
feito uma pedra, não estava cansada, nem nada parecido, mas eu me sentia tão
tranquila e leve que dormi sem pestanejar.
Acordei
tarde, como de costume, levantei-me sem pressa, minha rotina de não ter para
onde ir já me estava me deixando mais preguiçosa do que de costume. Fiz minha
higiene pessoal, penteei meu cabelo, para aparecer mais apresentável na sala,
mesmo sabendo que só teria Joe para me ver.
Hoje
seria um dia diferente de todos aqueles que eu já passei junto a ele, disso eu
não tinha duvidas. Tudo indicava para um dia cheio de conversas descontraídas.
_
Bom dia, dorminhoca. – disse Joe humorado, assim que eu cheguei à sala, ele
estava de pé, perto da porta de vidro que dá para a varanda do apartamento, a
vista é linda, lembro-me de que nos meus primeiros dias neste apartamento eu
estava completamente apaixonada com a visão que eu tinha, passava boa parte do
meu tempo aqui, olhando todo o horizonte, à noite, as luzes da cidade se
misturam com a natureza, da grande praça que há frente a meu apartamento, um
mistura do que há de mais lindo da modernidade da cidade, com a tranquilidade e
bela simplicidade da natureza.
_
Bom dia, galo da madrugada. – falei. Rimos. O dia não estava frio como o do dia
anterior, mas ainda não estava nada parecido com o calor que costuma fazer na
Califórnia, tudo bem que estamos no inverno, claramente que as temperaturas
iriam cair, acho que estou tão acostumada com altos graus célsius que quando o
vento bate mais frio o meu corpo estranha.
_
Para sua felicidade hoje você terá seção de fisioterapia. – disse ele.
_
Ah não. – reclamei.
_
Daqui a quatro dias você irá ao seu médico, fazer uma avaliação, se não estiver
evoluindo, seu pai me corta o pescoço. – falou Joe, se aproximando de mim.
_
Não seria uma má ideia. – falei brincando. Ele fez um biquinho, como se estivesse
chateado com minha fala. Eu ri.
_
Confesse você não conseguiria ficar sem ver esse rostinho lindo aqui. – disse
ele, ainda mais perto.
_
Ha Ha Ha. – ri. _ Nem um pouco convencido. – falei.
_
Para você ver o que a convivência faz com as pessoas. – disse ele. Provavelmente
eu deveria ficar ofendida, mas eu estava com um bom humor tão grande que acabei
rindo. _ Como ainda sobrou um pouco do bolo que a Maria trouxe eu não fiz nada
de café da manhã, quer que eu esquente o leite para você? – perguntou.
_
Não. – respondi. _ Hoje eu esquentarei meu próprio leite. – falei. Ele riu. _
Não ri. É serio, eu quero esquentar meu próprio leite. – eu falei, dando-lhe um
tapa no ombro. Nunca fui de querer fazer nada, mas como eu disse, as coisas
andam estranhas e eu estou com um humor invejável. Fazer algumas coisas fora do
meu comum poderia ser divertido.
_
Tudo bem, como quiser. – falou ele, levantando as mãos, em sinal de paz. No
mesmo momento fui para a cozinha, peguei a mesma caneca que vi Joe esquentando
o leite na manhã passada e peguei o leite na geladeira. Joe me observava, sem
dizer nenhuma palavra. Coloquei o tanto que achei necessário de leite na caneca
e parei. _ Precisa de alguma ajuda? – perguntou Joe, ao perceber que eu tinha
parado.
_
Eu preciso colocar mais alguma coisa? – perguntei, me sentindo uma inútil por
não saber nem mesmo esquentar um leite. Não parecia ser uma coisa difícil, mas
ainda sim eu mostrava dificuldade.
_
Acredito que não, você pretende misturar com Toddy depois, não é? – perguntou.
_
Sim. – respondi.
_
Então não precisa por mais nada. – falou ele. Minha face deveria já estar da
cor de uma pimenta de tão envergonhada. Guardei o leite na geladeira e peguei a
caneca cheia de leite, coloquei na boca do fogão e...
_
Como é que liga esse fogão? – perguntei. Joe riu alto. Eu nunca tinha usado
aquele fogão na minha vida, quando eu precisava esquentar alguma coisa ou eu
desistia e comprava em algum lugar que já vendesse quente ou eu punha no
micro-ondas. _ Pare de rir. – pedi. _ É sério. – Joe segurou o riso e foi me
ajudar.
_
Seu fogão é automático. – explicou-me ele. _ É só girar aqui e aperta esse
botão. – falou, demonstrando-me como fazer.
_
Ainda bem que não precisa de fosforo, é muito perigoso. – eu disse. Joe
olhou-me.
_
O perigoso não é o fosforo, o perigoso e você com o fosforo. – falou ele rindo.
_
Ahahaha, engraçadinho. – eu disse, dando língua.
_
Bom, acho que você tem futuro. – disse Joe ainda rindo. Agora sim, ele irá
fazer piadinha sobre mim o resto de sua vida.
_
Pare de ser chato e pegue um pedaço do bolo para mim. – ordenei.
_
Porque você não pega? Você esta tão independente hoje. – disse ele, seu tom não
era de reprovação, mas sim, divertido.
_
Descobri que lhe deixar sem trabalho é prejuízo para mim. – respondi. Rimos.
Joe assentiu e pegou o bolo, que estava guardado na geladeira, cortou alguns
pedaços e distribuiu em dois pratos, um para mim e um para ele. Quando ele
guardou o bolo, o leite começou a ferver.
_
Você sabe desligar o fogão? – perguntou, pronto para rir, caso eu respondesse
que ‘não’.
_
Sei. – respondi satisfeita. Essa parte eu já tinha visto Maria fazer e sei que
era apenas girar o botão do painel.
_
Menos mal. – falou ele, desvalorizando meu feito.
_
Admita, eu não sou tão ruim assim. – falei, tudo bem que meu começo havia sido
vergonhosa, mas o final merece algum credito. Joe me olhou, sem responder nada,
é claro que para ele eu era um caso perdido no quesito cozinha. _ Vou
considerar o seu silêncio como uma resposta positiva. – falei, enquanto
misturava o Toddy no leite.
_
Como preferir. – falou dando-me o prato com dois pedaços do bolo de Maria. Na
fome acabei começando a comer ali na cozinha mesmo, de pé. Mesmo sendo bolo de
ontem, o saoer continuava bom e o leite com Toddy nem se fala, digamos que eu
sei esquentar um leite. _ Demi. –
chamou-me Joe, após estarmos um tempo calado.
_
Sim. – respondi. Joe esteve do meu lado o tempo todo, comendo junto comigo,
porém sem tomar nada.
_
Você esta bem? – perguntou. Estranhei sua pergunta. Tudo bem que eu estava
agindo de maneira diferente, mas não era motivos para ele ficar preocupado
comigo.
_
Sim. – respondi. _ Por quê?
_
Você não esta sentindo nenhuma dor? – perguntou ele. Parei um pouco. É verdade.
Eu não tinha percebido, eu não tinha sentado desde que sai da cama, mas minha
perna, sem a tala, não estava doendo, coisa que sempre acontecia, quando eu
ficava mais do que uns poucos minutos de pé.
_
Não. – respondi feliz. _ Não esta doendo. – falei sorrindo. Joe também sorria,
se eu estava evoluindo era graças ao seu trabalho, é claro que ele ficou muito
feliz com minha resposta. _ Minha perna esta ótima. – falei empolgada.
_
Nada, nada? – perguntou Joe, feliz e incrédulo.
_
Nada, nenhuma dor. – falei.
_
Demi isso é ótimo. – falou empolgado, dava para ver que ele estava muito feliz,
um sorriso enorme estava estampado em seu rosto e não era para menos.
Na
empolgação Joe pegou-me e abraçou-me, elevando-me em seus braços para que
ficássemos na mesma altura. Talvez fosse uma reação exagerada para apenas uma
perna que não doía mais, porém não dá para negar, estávamos felizes demais,
isso indicava que em pouco tempo eu teria minha vida de volta e que Joe
conseguiu sucesso em sua primeira paciente.
O
abraço de Joe era forte. Estávamos muito perto um do outro, eu podia sentir seu
perfume, podia sentir o calor de sua respiração em meu colo, podia sentir a
força de seu olhar.
Talvez
eu devesse culpar a proximidade, talvez eu culpe a felicidade.
Não
houve palavras, aproximamos mais os nossos rostos, até que...
CONTINUA...
Capítulo postado, eu espero que vocês tenham gostado. Como já devem ter
percebido o capítulo será dividido em duas partes. Espero que vocês não me
matem, mas eu não faço a mínima ideia de que dia eu voltarei a postar, talvez
eu só volte a postar na quarta-feira, sei que vai demorar, mas eu estou
completamente enrolada na escola :/ Pelo menos as féria estão chegando e aí eu
vou poder postar com mais frequência ;)
Não se esqueçam de comentar/avaliar.
p.s.: Para quem me segue no twitter, eu fui suspensa, não sei quando poderei voltar a utilizar minha conta :/ Espero que o mais rápido possível. Se quiserem se comunicar comigo me adicionem no facebook, aceito todos :)
p.s.: Para quem me segue no twitter, eu fui suspensa, não sei quando poderei voltar a utilizar minha conta :/ Espero que o mais rápido possível. Se quiserem se comunicar comigo me adicionem no facebook, aceito todos :)
Bjsss
Sammara:
Postado. Muito obrigada. Espero que tenha gostado. Bjss
Yumi
H. e Rafa S.: Postado. Muito obrigada por comentar. Bjss
Lali:
Postado. Muito obrigada por comentar. Bjss