sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Capítulo 12 (Antepenúltimo Capítulo)





O taxi chega e Nicholas se despede de mim, ele fala o endereço para o motorista e partimos.
Minha perna não para de mexer, sinto-me nervosos, ansioso, sei que Demi esta brava comigo, mas também sei que ela me ama e isso é tudo o que eu preciso saber.
Sinto como se o caminho para chegar fosse infinito, só quero chegar logo.
Assim que ele para na frente da casa de Demetria, pago com o cartão que Nicholas me emprestou para isso.
Bato na porta e quem abre é Demi.
_ Você não deveria estar aqui.
_ Você quer que eu esteja aqui. – eu digo.
_ Não, não quero.
_ Sim, você quer.
_ Não, não quero. – dou um passo para ficar mais próximo dela e ela não se afasta.
_ Vamos parar com isso, já perdemos muito tempo.
_ Eu quero que você vá embora. – ela insiste, eu me aproximo mais ainda, e ela dá um passo para trás, agora estou totalmente dentro da casa, viro-me apenas para fechar a porta. _ Joseph...
_ Shhhh. – peço para que ela se cale. _ Não. – digo e ela para, olho para ela e vejo em seus olhos a mesma Demi que eu sempre amei, não importa que se passaram 14 anos, não importa nada, eu ainda a amo.
 Toco na corrente em seu pescoço e puxo para fora e como Nick havia dito, lá estão as alianças. Volto meu olhar para ela, e sei que ela não mais irá fugir.
_ Onde está Jonathan? – pergunto.
_ No quarto, eu o mandei estudar, mas eu tenho certeza que ele deve estar jogado LOL, ou alguma coisa do tipo.
_ Você sabe que eu não faço a mínima ideia do que seja isso, não é?
_ Eu também não sei, mas posso te dizer que nos dá pelo menos uns 20 minutos sem criança perturbando. – ela diz.
_ Acho que dá.  – digo.
_ Vai ter que dar. – ela diz.
Se ambos concordamos, não há mais por que esperar. Largo a bengala no chão e jogo Demetria contra parede.
Beijo-a com intensidade e ela corresponde.
_ No meu quarto. – ela diz quando nos permitimos separar por alguns segundos. Ela deixa que eu me apoie por trás dela, aproveito-me e vou dando leves beijos e chupões em seu pescoço.
Chegamos ao quarto e Demi me joga na cama.
_ Tem certeza que aguenta? – ela pergunta.
_ Não pergunte, eu não quero pensar. – respondo.
Demi sobe sobre mim e começa a tirar minha blusa, ela deposita beijos sobre minha barriga a medida que ela me despia. Ela tocava algumas das cicatrizes que eu tinha, e as acariciava. Depois ela tirou sua blusa e sutiã e permitiu que eu levantasse meu tronco para que eu pudesse me sentar e beija-la pelo busto.
Trocávamos caricias como nunca antes. Era como se estivéssemos tentando redescobrir o corpo um do outro, capturar as diferenças que os 14 anos separados havia deixado.
Demi me puxa, para que eu me levante e retira minha calça e cueca, o seu toque me deixa arrepiado, volto a deitar-me e ela volta a acariciar-me, nossas respirações já estão descompassadas e ainda nem mesmo começamos a parte ágil e feroz.
Ela se levanta para tirar sua calça e depois sua calcinha.
Demi comanda os movimentos, primeiramente lentamente, estamos nos reconhecendo, nos reconectando novamente.
Eu já estava vivo dentro dela, e ela começou a acelerar.
Tentávamos não fazer barulho, pois Jonathan estava no quarto ao lado, mas às vezes um deixava escapar algum gemido.
Quando estávamos prestes a chegar ao ápice, Demi diminuiu o ritmo, na tentativa de prolongar nosso momento.
Quando o momento chegou foi quase simultâneo. Demi deixa seu corpo cair todo sobre o meu e me beija. Sorrimos.

Agora estamos deitados um entrelaçado ao outro. O silêncio persiste, porém é um silêncio bom.
_ Você quer ser o pai de Jonathan? – ela pergunta.
_ Sim. – eu respondo.
_ Eu vou lhe ajudar. – eu sorrio. _ Seremos uma família. – ela completa. Eu olho para ela e sinto meu coração batendo forte de felicidade. _ Você veio ao encontro do passado, mas vai sair com a garantia de um futuro.
_ Um futuro ao seu lado. – eu digo.
_ Sempre. – ela diz.
_ Sempre. – eu confirmo.

Continua


Então é isso galera, última postagem de hoje e última do ano. Espero que vocês tenham gostado de tudo e que espero que vocês tenham um bom fim de ano e um ótimo 2017.
No próximo ano finalizaremos esta fic e já estou pensando em várias histórias novas para vocês, espero que vocês possam continuar me acompanhando.
Muito obrigada por tudo

♥ ♥ ♥ ♥

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Capitulo 11



Se Demi não tivesse tão apressada para chegar, eu provavelmente não teria conseguido acompanha-la. Mas ela poderia ficar discutindo comigo, então teve que me aceitar. Porém ela me trata com silêncio total, e isso me faz arrepender um pouco.
_ Senhorita Demetria, pode entrar. – a secretaria a chama, eu levanto junto, Demetria para e me olha, mas releva e não me impede de entrar com ela.
 Entramos na sala da diretora e ela me olha sem entender nada.
_ Ele é o Joseph, ele é irmão do Nicholas e só veio me acompanhar. – Demi explica.
_ Sim, claro, seja bem vindo à Monteith High School. – a diretora me cumprimenta.
_ Obrigada.
_ Bom, Demetria, nós sempre nos encontramos por bons motivos e eu realmente não sei o que dizer, aconteceu alguma coisa para que o Jonathan agisse desse jeito? – ela pergunta. Demi olha para mim com um olhar recriminatório. Eu não consigo sustentar meu olhar, olho para o chão.
_ Eu também não sei. – Demi responde. _ Eu peço perdão, o outro garoto, ele está bem?
_ Ele teve o braço esquerdo deslocado, mas vai ficar bem. – responde a diretora.
_ Meu Deus. – Demetria leva as mãos à cabeça, sem reação.
_ Demetria, eu conversei um pouco com o Jonathan, ele não quis se abrir muito, pode ser uma fase, algo da adolescência, isso acontece, mas outra pessoa foi machucada nesta história, seja lá o que esteja acontecendo, precisa parar. – a diretora diz.
_ Eu sei. – a voz de Demi sai fraca. _ Eu vou resolver o mais rápido difícil.
_ Eu terei que dar uma suspensão para ele de uma semana.
_ Mas é a semana de prova. – Demi arregala os olhos.
_ Eu sei, mas eu preciso fazer algo.
_ Não pode ser nada mais? Ou pelo menos que a suspensão seja em outra semana? – Demi pede.
_ Demetria, me desculpe, se tivesse sido um empurrão, um xingando o outro... Mas ele teve que ir para o pronto-socorro. Como que eu vou explicar para os pais do garoto que eu não fiz nada?
_ Mas eu não estou pedindo para que não o puna, só que não o prejudique nas provas, ele vai tomar recuperação final, provavelmente em várias matérias, isso pode significar reprovação direto.
_ Isso significa que no próximo semestre ele deverá se esforçar muito mais.
_ Meu Deus. – Demi volta a se desesperar, eu fico sem saber o que fazer, observando a tudo sem reação.
_ Ele estará lhe esperando na enfermaria. – a diretora diz e entendemos que devemos sair.

Saímos da diretoria e percebo que Demi começa a ficar furiosa.
_ Me desculpe, Demi, eu não quer....
_ Cale a boca Joseph. – ela diz e eu me calo.
Encontramos Jonathan de braços cruzados do lado de fora da enfermaria. Demi para frente a ele, os dois se encaram bravos.
Ele tem um curativo na testa.
_ Você vai perder a semana de prova, provavelmente o ano, valeu a pena?
_ Sei lá, valeu? – Jonathan a encara.
_ Jonathan, porque você está agindo deste jeito? – Demi pergunta, mas depois olha para mim. _ Jonathan – ela volta para o filho. _ eu sei que a gente precisa conversar sobre isso, tudo bem? Mas eu preciso que você entenda a gravidade do que você fez, um garoto foi parar no pronto-socorro porque você brigou com ele.
_ Porque ele era um molenga e chato.
_ O que ele fez com você? Você não é assim. Você é um garoto bom.
_ E você é uma mãe que nem mesmo sabe me dizer de qual dos irmãos eu sou filho! – Jonathan grita e sai, deixando-me sozinha com Demi.
Demi fica paralisada e eu boquiaberto.
_ Demi eu...
_ Não Joseph – ela me interrompe e se vira para mim. _ Eu não te amo mais.
Agora quem sai é ela e quem fica paralisado é eu.

Sinto-me pior quando não encontro o carro de Demi, ela me deixou para trás, ela sabe que eu não conheço a cidade e que não sei como voltar para sua casa.
Volto para dentro da escola, e vou até a secretaria, talvez eles me deixem usar o telefone, não sei se tenho algum telefone decorado, mas talvez eles me deem o telefone de Demi ou de Nick.
Assim que chego a secretaria me chama pelo nome e me entrega um papel.
_ Demetria pediu para que você vá a este endereço. – diz. Agradeço.
Uso o telefone para olhar no mapa, ver se o endereço fica longe, e vejo que está perto, apenas uma esquina de distancia. Fico aliado, pois eu não tinha trazido nenhum dinheiro, não havia como pegar um taxi ou um ônibus, caso fosse longe.

Assim que chego, vejo que fui mandado a um hospital, era algum tipo de brincadeira? Piada de Demetria?
_ Vocês não conseguiram ficar um dia como juntos como uma família. Sério? – Nicholas aparece do lado de fora, ele usa jaleco e isso me parece tão estranho, ainda é complicado aceitar que meu irmão irresponsável e aventureiro se tornou médico.
_ Não sei se quero falar com você agora.
_ Claro, porque um garoto de 14 anos falou que me viu dormindo no quarto da sua quase esposa. Joseph, cale a boca, vamos entrar. – Nicholas diz.
_ Então ele não estava falando sério?
_ Joseph, cale a boca. – ele ri. _ Vamos. – ele entra e eu o sigo.

O hospital é grande, porém menor do que eu estava.
Vamos até a cafeteria que fica no segundo andar, está bem vazio.
_ Você quer algo? – Nicholas pergunta.
_ Que você me responda.
_ Dia ruim?
_ Nicholas... – começo a reclamar, mas ele me interrompe.
_ Joseph, você pode ter ficado em coma por 14 anos, mas isso não te dá aval para se tornar burro. – fico surpreso da forma em que ele põe a situação.
_ Ele disse...
_ Joe, quando ele nasceu eu criei ele, quando eu cheguei nessa cidade aquela casa tinha dois cômodos, o banheiro, e o quarto que também era sala e cozinha, com o tempo fomos ampliando e reformando a casa, mas até a uns oito anos atrás havia apenas dois quartos, um pro Jonathan e um que eu dividia com Demi, depois eu construí aquele escritório me que você está dormindo e comecei a dormir lá, depois eu construir mais um quarto, era maior, num ponto melhor, então me mudei de quarto de novo.
_ Então...
_ Então nada, Joseph, depois que eu construí meu quarto teve algumas vezes sim que eu dormi no mesmo quarto que a Demi, mas não foi porque eu estava tendo nada com ela, mas sim porque ela estava triste por alguma razão e precisava de alguém, um amigo.
_ Eu... Eu não sei o que dizer.
_ Que tal, desculpa?
_ Me desculpe.
_ Não para mim. – ele diz.
_ Ela me odeia.
_ Ela não te odeia.
_ Ela disse que não me ama mais.
_ Ela te ama.
_ Não, você não entende, ela disse.
_ Joe, você reparou que ela usa um corrente? O tempo todo? – ele pergunta e eu paro para tentar puxar na memoria.
_ Sim?
_ Então da próxima vez repare. – ele diz.
_ E o que isso tem haver?
_ Geralmente a parte final da corrente fica escondida na blusa, por isso você não deve ter percebido nada, mas naquela corrente ela carrega a aliança de vocês, as duas alianças.
_ As nossas alianças? – pergunto sem crer no que Nicholas diz.
_ Sim, ela nunca se separou das alianças e se você entrar no quarto dela, a foto na escrivaninha? Sua foto. Eu já namorei, já quase noivei, eu já me separei, fui corno. – rimos. _ Hoje estou... Ficando novamente, mas ela nunca quis mais ninguém, ela nunca olhou para mais ninguém, ela sempre esperou por você. Ela pode estar brava, e por isso ela disse o que disse, mas ela te ama Joseph, ela sempre te amou.


Continua

Capítulo 10




_ Porque você acha isso? – tento disfarçar, prometi a Demetria esperar, não posso fazer isso com ela.
_ Minha mãe disse que meu pai sofreu um acidente e por isso não podia me ver, e você sofreu um acidente e ficou em coma, e você agora chega me fazendo perguntas... – Jonathan é esperto e já tinha ligado os pontos, eu poderia mentir para ele, tentar falar que era pura coincidência, mas isso poderia prejudicar nosso relacionamento no futuro, não poderia? _ E o Nicholas é seu irmão, faria mais sentido do porque ele ter me adotado.
_ Para você está tudo bem? – pergunto, não quero que ele fique bravo nem comigo, nem com Demi ou Nick. Ele balança os ombros.
_ Acho que sim. – eu não sei o que dizer, ele parece não se importar, o que parece bem estranho para mim, ele acabou de descobrir a verdade sobre seu pai e ele está tranquilo? Será que ele já desconfiava?
_ Se você pudesse não falar nada com sua mãe, só por hoje, ela... Ela não queria que você soubesse assim... – peço.
_ Tudo bem, o jantar já passou mesmo, não é como se eu fosse conversar com ela.
_ Já é muito tarde? – pergunto.
_ Já é quase uma da manhã. – responde.
_ E você está acordado numa hora dessas por quê?
_ Não estou come muito sono. – dá de ombros.
_ Sua mãe não lhe disse que eu queria falar com você, não é?
_ Não. – ele assume.
_ Então você mentiu para mim?
_ Você também mentiu sobre o além. – ele me acusa, mas depois se recompõe. _ Mas você queria falar comigo, não queria? – pergunta.
_ Sim. – digo.
_ Então no fim eu só te ajudei.
_ Você me quer ter como pai? – pergunto.
_ Você parece legal. – Jonathan diz. _ Mas eu gosto do Nicholas. – eu entendo o que ele quer dizer, eu poderei me aproximar dele, mas está bem claro que Nicholas sempre será seu pai.
_ Eu não pretendo lhe afastar dele. – eu digo. _ Nem de sua mãe.
_ Mesmo se a Denise pedir? – ele pergunta e eu não entendo.
_ Como assim?
_ Se a sua mãe pedir para que você pegue minha guarda, você vai negar?
_ Você conhece minha mãe?
_ Mais o menos, eu já a vi uma vez... – ele diz.
_ No enterro do vovô.
_ Você foi?
_ Sim, meu pai, quer dizer... Meu...
_ Pode continuar a chama-lo de pai, tudo bem. – eu digo, não posso exigir que ele mude o seu habito de um dia para o outro, por mais que eu queria que ele um dia seja capaz de me chamar de pai.
_ Meu pai me levou. – ele diz.
_ E porque você acha que minha mãe iria querer sua guarda?
_ Porque ela já quis antes?
_ Como assim?
_ Sei lá, sua mãe é louca. – a maneira em que ele fala lembra o lado cômico de Demi, se eu não tivesse tão chocado com o que ele me disse, eu teria rido.
_ O Nicholas e sua mãe, eles tem algo? – pergunto.
_ Eles não dormem mais juntos, então acho que não.
_ Não dormem mais? Então eles já dormiram juntos? – pergunto e sinto medo da resposta.
_ Sim.


Eu não consigo dormir direito, fico pensando que estou vivendo em uma montanha-russa, uma hora sinto-me traído por Demetria, depois me sinto traído por minha mãe, e agora volto a me sentir traído por Demetria, cochilo de leve de vez em quando, mas passo a maior parte da noite acordado.
Sinto o efeito disso de manhã, quando vejo já são 8 da manhã, levanto-me depressa, vou até a cozinha e encontro Demetria começando a tirar a mesa do café-da-manhã.
_ Cadê o garoto? – pergunto.
_ Bom dia também. – ela diz.
_ Cadê o garoto? – ela para e me olha desconfiada.
_ Foi para a escola. – responde.
_ Que história é essa que minha mãe queria a guarda dele?
_ Ah. – ela relaxa. _ Logo após a morte do seu pai ela pediu a guarda dele.
_ Você disse que ela nunca teve interesse nele.
_ E nunca teve mesmo, ela entrou na justiça com um pedido de guarda, com isso conseguiu meu telefone e eu fui obrigada a voltar para aquela cidade, junto a Nicholas e Jonathan, e para quê? Para nada! Ela nem mesmo compareceu perante o conciliador. Mas meu telefone? Esse aí ela compareceu direitinho. – ela diz.
_ E porque você não me falou essa parte? Porque eu devo confiar nisso agora?
_ Pergunta para ela, ou pergunta para o Nicholas...
_ Para o Nicholas, seu amante?
_ Joseph, serio?
_ Ele disse que vocês dormiam juntos. – digo.
_ Como assim “ele disse”? – arrepio-me ao perceber a mudança em sua voz e postura. Pronta para atacar. _ Quem te disse tudo isso? Não foi sua mãe? – ela pergunta, dando-me a chance de concertar tudo isso, mas eu não arredo o pé, desta vez eu quero a verdade, não importa o quanto doa.
_ Foi ele, Jonathan me disse.
_ Você contou para ele?
_ Ele já sabia, eu não precisei dizer nada.
_ EU TE PEDI APENAS UM DIA JOSEPH, um dia!
_ Ele apareceu de noite no meu quarto, eu não ia falar, não era minha intensão...
_ Você não podia ter feito isso. – ela grita, posso ver que ela está desesperada.
_ Ele ficou bem. – digo para acalma-la.
_ Não Joseph, você não o conhece, ele estava estranho hoje cedo, eu pensei que era por causa das provas, mas não... Eu não acredito nisso!
_ Ele ficou bem, ele aceitou bem, eu juro!
_ Eu já disse que você não o conhece! Você não sabe o que é Jonathan bem e Jonathan mal! Você não sabe de nada Joseph! Nada! – tremo de medo, eu nunca, nunca vi nem mesmo imaginei ver Demetria tão nervosa e gritando tão alto.
Eu fico sem saber o que fazer, eu quero contesta-la, mostrando que sei sim, mas eu na verdade não sei, fora que ao vê-la daquele jeito, raivosa, vermelha de raiva, sinto que se eu respirar um pouco mais alto eu ganharei um soco na cara.
Demetria se apoia na mesa, respira fundo, tenta se acalmar.
_ Não foi por mal. – digo ao ver que ela começa a retomar seu controle. _ Eu vim na esperança de poder recomeçar com você e eu sei que até então eu não tenho feito por merecer, mas eu tinha essa esperança, mas para isso eu preciso saber. Quem você ama? – Demi suspira e olha para mim, vejo que ela vai responder, mas antes o telefone toca. Ela hesita, e decide atender a chamada.
Ela me deixa sozinho na cozinha e vai até a sala pegar o telefone.
_ Alo? – escuto ela atender. _ O que? – sinto a urgência em sua voz, alguma coisa ruim aconteceu.

Continua

Babii: Denise realmente surpreende cada dia mais. Muito obrigada por comentar ;) 
Marina: Muito obrigada por avisar ;)



quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Capítulo 9


Somos quatro. Somos uma família.
Uma mãe, um filho, um pai e um tio. Não importa se para mim e para Jonathan o cargo de parentesco seja distinto, mas eu aceito, pois ali, sentado àquela mesa, comendo aquela comida, eu me sinto em família, eu me sinto bem.
_ Tio, você vai passar muito tempo aqui? – Jonathan pergunta e eu demoro a perceber que é comigo, pois por mais que eu ainda não tenho me acostumado com o fato de ser pai, me acostumei muito menos com o fato de que para ele, eu sou tio.
_Apenas alguns dias. – eu digo. _ Isso lhe incomoda? – pergunto, sei que para Nicholas e para Demetria minha presença não é incomoda, mas ainda não sei nada sobre Jonathan.
_ Não, vai ser legal, eu vou lhe encher de perguntas. – ele diz entusiasmado.
_ Ele tem uma obsessão pelo sobrenatural, e como dizem que pessoas que estão em coma costumam ter experiências do além... – Nicholas explica.
_ Ah sim. – digo como quem não quer nada.
_ Você teve? – Jonathan pergunta afobado.
_ Não. –respondo sem hesitar e recebo um chute de Demi na canela, por baixo da mesa, olho para ela e para Nicholas e os dois parecem não gostarem da minha frieza, olho para Jonathan e vejo que ele esta decepcionado. _ Quer dizer... – assim que digo estas palavras vejo os olhos do garoto se iluminarem de esperança. _ eu pensava que eram sonhos, mas agora que você falou... – minto.
_ Sério?! – vejo seu entusiasmo e isso me faz ficar entusiasmado também, percebo que Demetria gosta de como me saio. _ E como foi? O que você viu? Onde você foi?
_ Jonathan, Jonathan... – Demi o interrompe. _ Perguntas apenas após o almoço, deixe-o descansar um pouco. – Jonathan a respeita e assente.

Após o almoço ajudo Demi com os pratos, Nicholas vai dormir, pois está cansado do plantão que deu no hospital, Demetria faz Jonathan ir fazer suas tarefas da escola.
_ Jonathan é um menino muito bom. – eu digo. _ Te respeita melhor do que eu respeitava minha mãe. – ela ri.
_ Eu acabei virando a mãe general. – ela ri e me passa o prato para que eu seque. _ mas tenho meus momentos de mão divertida, você só não pode ver ainda.
_ E eu não duvido disso. – eu digo.
_ Joseph. – Demi olha para os lados. _ Agora que você já sabe a verdade. – ela quase sussurra. _ O que você pretende fazer?
_ Como assim?
_ Você pode fazer o que quiser, você tem o direito de pedir a guarda dele, você tem como provar paternidade ou você pode simplesmente deixar como está.
_ É isso que você quer? – pergunto. _ Que eu siga sendo apenas o tio que acordou do coma. – ela hesita.
_ Me desculpe. – ela pede. _ Eu... Me desculpe. – pede novamente. _ Ele tinha acompanhamento de uma psicóloga quando menor, eu queria ter certeza que toda essa confusão não prejudicasse ele, sobre o pai ter sofrido um acidente, sobre o homem que o criou como pai não ser seu pai verdadeiro, sobre a família ser toda separada... Isso é tudo o que ele sabe, e ele cresceu bem sabendo apenas disso, eu quero conversar primeiro com a antiga psicóloga dele, para ver como é a melhor forma de contar para ele tudo.
_ Então não é para contar agora?
_ Não hoje.
_ Eu tenho quatro dias, Demi, e eu quero ser o pai dele. – digo. _ Eu estou assustado, mas eu quero isso.
_ Eu sei. – ela diz, percebo que ela se sente incomodada com isso.
_ Eu não acredito nisso, você não quer isso, não é?
_ Eu temo por ele, ele se acostumou a uma realidade e agora ela mudará totalmente...
_ Você teme por ele ou por você?
_ Talvez eu tema por mim também ok? Mas se eu falar com a psicóloga e ela dizer que é o melhor para ele, eu não ligo, eu só peço por um dia. Conheça-o primeiro, converse e faça uma amizade, seja tio, depois, quando der, se torne pai.
_ Tá. Que seja. – digo jogando o prato na pia, quase quebrando-o. _ Desculpa.
_ Você precisa descansar. – ela diz. _ Vou te levar para seu quarto.

A casa é de um andar e meu quarto fica no fundo, vejo que é algo improvisado, pois ali, além da cama, tem mesa de escritório e vários eletroeletrônicos.
Eu deito na cama e permito-me dormir, quando acordo já é noite.
Eu ainda não sei o que dizer, muito menos o que fazer, tudo aconteceu depressa demais. Eu tinha muitas perguntas ainda e pela primeira vez eu senti medo.
Eu pego o telefone e faço a ligação que deveria ter feito antes, mas que não fiz, talvez após conversar com minha mãe eu tome mais coragem para falar com Jonathan, meu filho.
É necessário quatro "bips" para que minha mãe me atenda. Sei que ela espera pela minha ligação e escuto em sua voz pura decepção.
_ Você já sabe onde estou? - pergunto.
_ Infelizmente. - ela responde, sua voz sai chorosa.
_ Eu precisava disso, mãe.
_ E por acaso ficou feliz com que encontrou?
_ Eu tenho um filho, mãe. Eu sou pai. - eu até pensei que tinha me acostumado com a ideia, mas minha voz sai assustada, e ali eu percebo que não ligo para minha mãe porque quero um acerto de contas ou porque quero julgar ou brigar, quer dizer, eu quero fazer tudo isso, o que minha mãe fez foi horrível, mas neste momento eu preciso dela, eu sou pai e eu não faço a mínima ideia do que devo fazer agora.
_ Este filho não é seu é de Nicholas. - ela diz com nojo.
_ Mãe ele é meu, eu sei que é meu.
_ Ela está te enganando de novo, Joseph, volte para casa, vamos esquecer tudo isso, você já teve o que queria.
_ Não mãe, pare com isso! - me irrito, eu preciso dela, mas preciso da mãe que eu conhecia há 14 anos, antes de tudo isso, não da mãe de agora que eu nem mesmo consigo reconhecer. _ Nicholas é tão seu filho quanto eu, e Jonathan é seu neto, seu único neto e eu sou seu filho, filho que precisa de você, mas da você que tu costumava a ser, não esta de agora.
_ Você não vê que eles te enganam? Que seja, o filho é seu, e eles provavelmente lhe encheram a cabeça contra mim, mas será que eles te contaram tudo Joseph?
_ Mãe...
_ Não Joseph, eu fiz coisas que eu me arrependo, mas eu fiz por você, se quer acreditar apenas neles, acredite, mas o que eu fiz, por mais errado que seja, eu faria de novo, quantas vezes fosse necessário.
_ Mãe, eu quero ser pai dele. - eu digo, tentando ignorar tudo o que ela disse, na última esperança de que ela irá se sensibilizar e me ajudar.
_ O garoto sabe sobre você?  - ela pergunta e eu percebo que ela irá me ajudar.
_ Sabe sobre mim, mas não quem eu realmente sou.
_ Claro que não... - minha mãe bufa. _ O menino tem uma vida inteira sem você na vida dela Joseph, como que você pretende virar pai agora? Do nada?
_ Ele é um menino bom, mãe, você iria gostar dele.
_ Não iria não.
_ Ele lembra do papai. - vejo que a surpreendi. _ Meu pai gostava dele, você sabia? - ela hesita em responder.
_ Seu era pai bobo, molenga, não podia ver criança que queria pegar no colo.
_ Então você sabia, e não se interessou no garoto?
_ Ele é fruto de uma traição!
_ Você realmente acredita nisso mãe? Ou você simplesmente se repete pra tentar se justificar?
_ O que você quer de mim? Eu já disse que faria tudo novamente.
_ Tudo isso poderia ter sido diferente mãe.
_ Sim, poderia, se eles não tivessem quase te matado...
_ Se você não tivesse separado nossa família. - corrijo-a.
_ Você me ligou para quê?  Para me julgar? Porque eu fiquei a noite sem dormir preocupada com você.
_ Eu liguei porque quero unir nossa família mãe, e por mais que eu tenha raiva do que você fez, eu quero que você faça parte dela.
_ Não tente Joe. Você vai ter que escolher: ou sua família está aqui ou a sua família é a que está aí. - o silêncio que ficou no telefone decretou o fim da nossa conversa. Eu liguei procurando por ajuda e respostas, e acabei com um dilema maior ainda.
Saio do quarto em que estou e encontro Jonathan na porta, me assusto.
_ Ei. – digo ao perceber que ele me olha, mas não diz nada.
_ Ei. – ele responde. _ Minha mãe disse que você queria conversar comigo.
_ Ela disse? – me surpreendo.
_ Sim. – ele confirma.
_ Tem certeza?
_ Sim, quer perguntar?
_ Não, não. Quer entrar? – pergunto, voltando para o quarto. Ele me segue.
Sento-me na cama e ele se senta a meu lado.
_ Então? – ele quer que eu inicie o assunto. _ Você não quer falar sobre sua experiência no além não é?
_ Bom, podemos falar sobre isso também...
_ Eu sei que você só falou aquilo para me animar. – ele me interrompe.
_ Sabe?
_ Nem todos tem algum tipo de experiência, e não há nada de mal nisso, cada pessoa é uma, talvez você até tenha tido, mas não se lembra. – ele diz com uma maturidade anormal.
_ Bom, me desculpe, eu não queria mentir.
_ Tudo bem, você só quis agradar. – ele dá de ombros. _ Então sobre o quê você quer conversar? – fico sem saber o que falar, por mais que eu agradeça Demetria por ajudar-me a aproximar de Jonathan, eu não me sinto preparado para isso, eu não sei o que perguntar, eu não sei por onde começar... Seria esta a ideia dela? Mostrar-me que não estou preparado para ser o pai de Jonathan, pois nem mesmo conversar com ele eu consigo?
_ O que você sabe sobre mim? – pergunto.
_ Que você sofreu um acidente e que estava em coma. – ele diz sem pestanejar. _ E que você é irmão do meu pai.
_ Você que o Nicholas não é...
_ Meu pai verdadeiro? – ele completa ao ver que me enrolo, pois temo que no fundo ele não saiba, mesmo Demetria tendo garantido que ele sabia. _ Eu sei, mas ele me criou e me registrou como dele, ele me adotou, então ele é meu pai.
_ Mas você não quer saber quem é seu pai? – pergunto.
_ Não sei... Acho que estou bem como estou.
_ E se seu pai quisesse conhecer você? – pergunto. Jonathan para e me olha pensativo, creio que ele esta pensando bem na resposta que me dará, mas o que ele me pergunta me surpreende.
_ Você é meu pai?

Continua

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Capítulo 8



Já estou na minha segunda xicara de chá de camomila, mas ainda não sinto o efeito calmante que dizem que este chá dá.
_ Quando Nicholas vai chegar? – pergunto.
_ Não sei, acho que ele não vai conseguir sair do trabalho agora. – Demetria, que está sentada ao meu lado no sofá, responde.
_ Nicholas está trabalhando sério agora? – pergunto.
_ Se eu te contar o que ele é agora você não iria acreditar. – ela se permite sorrir pela primeira vez desde que eu cheguei aqui.
_ Eu acabei de descobrir que tenho um filho, não acho que o trabalho de Nicholas vai me surpreender muito. – digo.
_ Ele se tornou médico. – Demetria diz e eu engasgo com o gole de chá.
_ Ele é o que? – pergunto e Demetria gargalha, eu nem mais lembrava como sua gargalhada é boa de ouvir, é o tipo de risada que te faz querer rir também, não importa o quão estranho seu dia esteja.
_ Ele ainda é residente, deve estar no fim do plantão dele hoje, mas nunca se sabe, se surgir uma emergência talvez ele fique um pouco mais no hospital.
_ Inacreditável. – digo.
_ Quatorze anos. – ela me relembra.
_ Quatorze anos. – concordo. _ Terei que espera-lo para ter mais explicações? – pergunto após mais um gole de chá.
_ Não. – ela diz, colocando sua xicara na mesa de centro._ O que você quer saber primeiro.
_ Como isso aconteceu?
_ Isso o que?
_ Você ter um filho meu? Quer dizer, eu sei como, mas... Você sabia da gravidez desde o inicio?
_ Não, claro que não. – ela mexe a cabeça negativamente. _ Eu estava tão fora do controle por causa do casamento depois por causa do acidente que eu nem mesmo parei para olhar para mim, eu podia ver que estava engordando, eu passava mal, tinha enjoos, mas eu pensei que era estresse, porém um dia eu desmaiei e me levaram para o hospital e foi quando descobri que eu estava gravida de cinco meses.
_ cinco meses?
_ Não me pergunte como eu não percebi, eu sei, eu achei que o médico estava brincando comigo, eu estava mais gorda, mas eu não parecia grávida. – diz. _ Quando finalmente me convenceram que era verdade, eu entrei em desespero, sem saber o que fazer, eu não tinha feito nenhum exame, não me cuidei nem um pouco, e eu tinha bebido álcool nesse meio tempo, não muito, porém bebi. Por algum milagre tudo deu certo, tudo saiu certo, ele nasceu saudável e bem gordo. – eu acabo sorrindo ao vê-la contar tudo isso. Demi se levanta e vai até a estante que fica ao lado do porta-retratos que tem uma foto minha. Ela pega um álbum de fotografia, volta e se senta a meu lado. Ao abrir o álbum vejo o bebê.
_ Quando você diz gordo, não estava brincando. – eu digo e ela ri fraco.
_ O parto ia ser normal, mas quando os exames mostraram o provável peso dele, eu desisti e praticamente obriguei o doutor a fazer uma cesariana. – ela diz. _ 4,8 quilos de bebê, imagina isso? – ela vai passando as fotos. As fotos dele no hospital, logo após o parto, ele tomando o primeiro banho, no colo de Demi, no colo da mãe de Demi, no colo de...
_ Meu pai? – pergunto chocado, não esperava ver uma foto dele com meu filho.
_ Seu pai.
_ Meu pai o conheceu então. – concluo e isso me faz sentir bem, não sei por quê.
_ Sim, seu pai foi o melhor avô que ele conseguiu ser, enchia ele de carinho e de presentes, mas até do que deveria. – ela diz.
_ E minha mãe sabia disso?
_ Não sei. – Demi responde. _ Creio que sim, não é como se seu pai fizesse isso as escondidas.
_ Minha mãe nunca quis nada com ele? – pergunto.
_ Não.
_ Desde o inicio?
_ Sim.
_ Mas qual é a razão disso? Como um simples acidente se tornou uma briga incurável entre você e minha mãe? – pergunto, ela não parece gostar muito de como eu coloquei a situação, mas ela aceita e responde.
_ Quando eu e Nicholas nos aproximamos.
_ E como isso aconteceu? Você e o Nicholas...
_ Logo após o acidente todos ficaram devastados, principalmente eu e o Nick, nós dois nos sentíamos culpados, eu por te lhe apressado, Nicholas por ter te ligado enquanto você estava dirigindo... Foi um momento muito complicado para nós e isso nos aproximou muito. Nós entendíamos o sofrimento um do outro melhor que as outras pessoas.
_ Você sabe que não é culpa de vocês, não sabe?
_ Joseph, eu passei os primeiros anos após seu acidente atormentada, não tinha uma noite se quer que eu não chorasse e me perguntasse o porquê. Hoje eu estou melhor, podemos dizer que superei... Eu tive tempo para pensar, eu me arrependo muito, eu era uma Demetria, e quando comecei a organizar o casamento virei outra e eu não me orgulho disso. – eu ri fraco, pois tenho que concordar com ela nesta parte. _ Hoje eu sei que não tenho 100% da culpa, Nicholas também tem e você também tem, eu não sei dizer quem tem mais culpa, ou talvez eu saiba, mas prefira fingir que não.
_ Você não precisa se sentir assim.
_ É difícil Joseph, porque querendo ou não eu causei isso em sua vida e na minha.
_ Eu queria que tivesse sido diferente.
_ Eu também. – ela assume. _ A minha proximidade com Nicholas gerou alguns comentários, pois, assim como nós nos culpávamos, outros nos culpavam tanto quanto...
_ Minha mãe? – eu pergunto.
_ No inicio não, ela foi até bem compreensiva, tudo ficou complicado quando eu descobri que estava gravida, tudo melhorou para mim, pois eu sabia que se o pior acontecesse, eu tinha uma continuação de você dentro de mim, mas acho que piorou para o Nick, ele literalmente pirou, ele se sentiu na obrigação de lhe... Substituir. Ele entrou na faculdade de Direito, assim como você, ele vendeu todas as roupas molambentas que ele costumava usar, trocou tudo, até mesmo as amizades, ficou irreconhecível, claramente infeliz, mas a mudança de postura dele parecia agradar aos outros, sua mãe parecia mais confortada, menos triste... Só que, claramente, o falatório se intensificou. Quando fizemos o chá de bebê do Jonathan, sua prima, a Laura, você se lembra dela?
_ Sim. – respondo. _ Minha prima de segundo grau.
_ Ela mesma. Ela compareceu a festa, eu já sabia que ela era uma das que estavam a falar sobre minhas costas, mas não liguei, eu realmente queria que todos começassem a ver em Jonathan uma esperança, eu queria reunir a família, era como se Deus tivesse me dado a oportunidade de me redimir. Porém ela resolveu fazer um discurso para todos que estavam lá ouvir, e começou a insinuar que o filho era de Nicholas, e que nós já tínhamos um caso mesmo antes do seu acidente, e que Nicholas estava mudado assim por causa disso, pois o filho era dele e como pai ele teria que ser mais responsável e eu só falei que era seu para sair como a boazinha da história.
_ Eu não acredito que ela fez isso...
_ Alguns que estava presentes discutiram com ela, em minha defesa, mas muitos, principalmente do seu lado da família concordou, depois daquele diz nada mais foi igual. Sua mãe não tomou um lado logo de cara, mas eu percebi que ela se afastou, não tinha mais o mesmo interesse no neto como tinha antes, ela também começou a encher Nicholas de perguntas, como se tentasse fazê-lo confessar, o que claramente não aconteceu, pois não existia nada entre a gente. A não ser a culpa. – ela faz uma pausa. _ As coisas começaram a ficar um pouco complicado com o nascimento do Jonathan, o Nicholas encarnou o papel de pai e isso foi a gota d’água para que os que desconfiavam, começarem a confirmar. Eu tentei relevar, foi difícil, até mesmo meus pais que me deram todo apoio desde o inicio desconfiaram por um momento, sua mãe se afastou de Nicholas, não fez nada de mal, mas ela parou de falar com ele. Eu acreditava que tudo ia passar com o tempo, e de certa forma passou, sua mãe nunca mais foi a mesma, mas aos poucos ela foi afrouxando, seus familiares me ignoravam, mas eu tinha os meus e seu pai nos dava suporte o suficiente para todos, mas quando Jonathan completou dois anos eu quis coloca-lo em uma creche, eu estava vivendo as custas dos meu pais, o Nicholas começou a fazer estagio na empresa do seu tio, que além do seu pai era o único por parte da sua família que nos aceitou, e ele me dava praticamente tudo o que ganhava como se fosse pensão, mas os seus pais estavam apertados também, sem condições de pagar o hospital, eu precisava voltar a trabalhar e pra isso precisava deixar o Jonathan numa creche, quando eu fui matricula-lo eu descobri que precisava de algum documento, e eu não havia registrado ele ainda, pois, eu queria que você pudesse registra-lo, mas você não acordava. Hoje eu vejo que foi algo bobo, mas na época era importante para mim.  Eu corri atrás e para que eu conseguisse registra-lo no seu nome eu precisaria entrar na justiça, o que levaria tempo e dinheiro, duas coisas que eu não tinha. Seu pai resolveu que iria registra-lo, porém sua mãe não gostou da ideia, então o Nicholas resolveu que ele iria registrar, assim o Jonathan teria todos os direitos como seu filho, era como se você estivesse registrando, pois era o mesmo sobrenome... Quando sua mãe descobriu ela pirou. Para ela esta era a prova que faltava, os familiares que já nos atormentavam foram para cima de nós. Sua mãe que já não falava mais com o Nick, começou a brigar constantemente com ele e com seu pai, ela também começou a me difamar pela vizinhança, alguns vizinhos se afastaram de nós, eu recebia olhares horríveis quando eu saia de casa, nenhuma mãe deixava o filho brincar com o Jonathan, não foi uma época muito boa... Sua mãe infernizou tanto seu tio, que ele acabou despedindo o Nick, e como ela já não estava muito feliz, ele acabou desistindo da faculdade já quase no final, no fim foi trabalhar num bar...
_ No bar da Marissa? – pergunto, interrompendo-a.
_ Sim. – ela responde. _ Foi com ela que conseguiu meu endereço, não foi? – pergunta com um tom de humor na sua voz.
_ Sim. – ela ri fraco.
 _ Ela nunca aceitou muito bem minha decisão... – ela para um pouco, mas volta a contar sua história. _ Com o dinheiro que estava ganhando no bar Nicholas saiu de casa e alugou um apartamento pequeno na parte baixa da cidade, era um lugar horrendo, mas era o que ele podia pagar... Depois de um tempo eu acabei me mudando junto a ele, pois eu não aguentava mais viver na minha casa, e essa foi a melhor e pior decisão que eu já tomei na minha vida. Foi uma semana, uma semana inteira de paz, sem nenhum olhar recriminatório, sem ligações no meio da noite, sem ninguém gritando na porta da minha casa, sem ver o carro do meu pai sendo pichado com palavras infames ao meu respeito...
_ O que? – eu não consigo acreditar. _ Minha mãe fez tudo isso?
_ Eu não digo que foi tudo sua mãe, mas muitas dessas coisas foi ela. Joseph, quando eu digo que sua mãe pirou não estou falando que ela fechou a cara para mim um dia e ficou por isso mesmo, ela pirou, ela transformou minha vida num inferno, eu tinha medo dela, eu tinha pesadelos com ela. – vejo que ela não mente, e isso me assusta mais ainda. _ Eu não sei como descobriram nosso endereço, mas alguém contou. A única coisa que me recordo é de acordar com o barulho de vidro quebrando e de o Jonathan chorando, gritando, a testa dele sangrando... Quando fui ao quarto dele, havia uma pedra no chão, e nele um papel, no papel estava escrito: Vadia traidora. – ela para um pouco, percebo o quão é difícil para ela contar esta parte e a entendo, eu não vivi nada disso, mas eu sinto medo e raiva ao escuta-la. _ Nicholas correu com o Jonathan para o hospital e para nossa sorte a pedra passou de raspão, o machucado era superficial, mas era claro que eu não conseguiria mais viver desta maneira. Eu liguei para um primo distante meu, que vive nesta cidade, e perguntei se ele poderia me abrigar, ele aceitou me receber junto a Jonathan, no mesmo dia eu parti para cá com apenas meus documentos os documentos do Jonathan e algumas mudas de roupa para nós dois. Meus pais, alguns parentes que ainda apoiavam-nos e alguns amigos, todos juntaram dinheiro, e com esse dinheiro, após alguns meses, o Nicholas veio para cá e comprou essa casa, na época ela era horrível, mas era o que dava. O meu primo que era professor conseguiu um desconto para que Nicholas cursasse técnico em enfermagem, na época acho que ele não se animou muito, mas tinha desconto e ele precisava de emprego, acabou que ele adorou o curso, conseguiu emprego no hospital, depois fez enfermagem na faculdade federal, e há sete anos ele conseguiu entrar na faculdade de medicina. – ela suspira no final e eu suspiro junto. Não foram 14 anos, foram OS 14 anos.
_ Eu ainda não acredito que isso tudo aconteceu enquanto eu dormia encima de uma cama.
_ Não foi sua culpa.
_ Nem sua...
_ Joseph eu admiro o que você está tentando fazer aqui, e é melhor você parar por aí. – ela diz. _ Eu passei os últimos 14 anos pensando sobre tudo. Eu não tenho culpa sozinha, mas tenho culpa, eu coloquei sobre você uma pressão imensa, eu lhe fiz fazer coisas que você não faria...
_ Você mudou muito... – concluo.
_ O tempo faz isso com a gente, você logo estará mudado também. – ela diz. _ Sua mãe está com você? – ela pergunta após soltar um suspiro pesado.
_ Ela nem mesmo sabe que estou aqui.
_ Você deveria falar para ela.
_ Depois de tudo o que você disse? Tudo o que eu menos quero é falar com ela. – digo. Eu não queria acreditar que minha mãe tinha capacidade para fazer tudo isso, mas tudo batia, a forma em que todos insistiam em dizer que havia uma explicação, a forma em que todos pareciam querer proteger Demi de mim, a forma em que Demi descreveu o que passou... Era difícil de entender...
_ Joseph, eu não digo que a entendo totalmente, nem que a perdoo, mas o que ela fez, ela fez por desespero, assim como eu, sua mãe queria te defender, ela queria... Ela queria que aqueles que lhe prejudicaram pagassem, e eu entendo essa parte, ela veio para cima das pessoas erradas, mas ela fez o que uma mãe em desespero faz. Assim como eu também agi em desespero por várias vezes, eu larguei todos os que eu conhecia para trás, apenas para proteger meu filho, por temer pela segurança dele, alguns me chamariam de doida, de exagerada, mas eu temi pelo meu filho e sua mãe temeu por você. – Demi diz. _ fora que... Eu e o Nicholas estamos a anos reformando essa casa para que ela fique apresentável, as janelas ainda são novas e não são blindadas. – ela diz com um tom de humor e eu riu. _ Eu realmente não quero saber de pedras voando para dentro da minha casa novamente.
_ Ela não vai descobrir onde estou. Eu custei conseguir seu endereço.
_ Eu não duvido muito que sua mãe colocou um rastreador em você. – sinto como se ela estivesse mostrando um pouco do que ela era antes, séria, porém sempre humorada.
_ Eu não saberia o que dizer. – confesso.
_ Não precisa ser agora. – Demi diz compreensiva. _ Você deve estar cansado da viagem... Eu vou fazer algo para você comer. – diz se levantando.
_ Não precisa.
_ Você acabou de sair do hospital, e fez uma longa viagem, você precisa de alguma sustância nesse corpo. – ela insiste.
_ Você sabia que eu sai, você sabe que eu sai a pouco tempo. – concluo após sua fala.
_ Eu recebi algumas informações sobre você, não nego, se você quiser brigar, fique a vontade. – saber disso agora me incomoda, eu sei que ela tem que se esconder da minha mãe, mas uma ligação, isso era tudo o que eu precisava...
_ Não, não vou brigar... – digo e ela sorri.
_ Eu sei que falhei com você.
_ Não. – eu a interrompo. _ Você tinha seus motivos. – digo. _ E eu os aceito. Mas eu preciso lhe fazer uma pergunta...
_ Talvez não seja o melhor momento. – ela diz.
_ Eu preciso saber...  – escuto a porta se batendo. Nicholas aparece na sala, afobado, ele praticamente não mudou, o cabelo continua o mesmo, sem barba, mesma cara de bebê que eu costumava zoar, talvez ele tenha ganhado um pouco de peso, mas seria apenas esta a diferença.
_ Eu sei que você deve estar querendo me matar, mas irmão, eu te amo tanto. – ele diz e começa a chorar compulsivamente.

Continua

Este é o primeiro capítulo dos dois que serão postados ainda hoje.


Babii: Agora você já sabe de toda a história (ou não, vai saber...) Que legal, eu acho que você deveria investir, eu comecei a escrever compondo musicas que sempre foi minha grande paixão, depois dei uma passada em poesias, mas não fiquei por muito tempo, depois vim me ariscar na história longa e também me apaixonei. Muito obrigada por comentar.