Amanhã será um
novo dia, um dia de grandes surpresas.
Manhã de sábado, tomando uma
caneca de chocolate quente, em um atípico dia frio, Demi estava encostada em
uma das várias caixas que se amontoaram no quarto que estava sendo montado para
sua filha, em que estavam vários moveis comprados para a montagem do quarto. Demi
pensava em tudo, em como sua vida mudou drasticamente e em como ela seria a
partir de agora. Não havia planos, tudo estava acontecendo da forma mais
inesperável possível, uma surpresa pós a outra, isso não é bom, não quando se
lembra de que em três meses nascerá sua filha.
Demi
queria estar emocionalmente e fisicamente boa para a chegada da filha, mas
sabia o quanto isso seria difícil. Sem Joe acordado isso seria praticamente
impossível.
Talvez
tenha sido bom o seu afastamento, quem sabe, se ela insistisse muito, acabaria
retornando a sua rotina sem problemas e com um pouco mais de esforço
conseguiria se livrar de toda sua tristeza, que já estava virando sua
companheira inseparável.
Demi
não queria esquecer seu marido, ela o queria acordado de com saúde para poder
junto a ela criar sua filha. Mas a realidade é dura, a vida não é um conto de
fadas, o final nem sempre é feliz...
DEMI
Eu
tinha várias coisas para fazer, o tempo que eu fiquei afastada da escola, fez
com que o trabalho se acumulasse, mas eu realmente tinha que dar um tempo só
para mim, um tempo em que eu pudesse pensar mais tranquila, pensar no que eu passei
e no que me aguarda no futuro. É difícil imaginar um futuro nesse exato
momento, minha vida esta em um turbilhão, em que alegrias e tristezas se fundem
e eu nem mesmo sei identificar o que estou sentindo mais, às vezes me pergunto
se há alguém mais passando pelo mesmo que eu, sentindo o mesmo que eu, se sim,
como será que essa pessoa esta sobrevivendo? Será que ela esta lidando com toda
esta confusão melhor que eu? Talvez eu precisasse de um pouco de ajuda. Talvez
um pouco mais de tempo. Talvez um pouco mais de esperança.
Meus
pensamentos foram atrapalhados pelo som da campainha. Quem em pleno sábado às
oito da manhã faria uma visita à outra? Realmente eu não estava preparada para
isso, minha cara estava um lixo, ainda amassada pelo meu sono, meu cabelo não
estava penteado, e eu nem mesmo estava vestindo um pijama, estava com um blusão
largo do Logan, que, como era de se esperar, tinha uns buracos, e uma calça
larga de moletom. Com todos esses problemas não tive muito tempo para comprar
roupas de grávida para mim, e quinze quilos mais gorda, eu tinha que recorrer
às roupas de Joe, Logan e, de vez em quando, até as do meu pai, para me sentir
realmente confortável. Resultado disso é que meu estilo passou ser bem
desleixado, parecia que eu sempre estava vestida para dormir, ou então para me
juntar a algum mendigo na rua. Na verdade eu não me importava tanto, desde que
eu estivesse em casa e apenas com parentes ou conhecidos muito próximos, pois
convenhamos, roupa de homem é muito confortável, porem, não ideal para se
receber visitas.
Esperei
até tocarem pela terceira vez antes de me mover para atender a porta, eu tinha
uma pequena esperança de que meu pai ou Denise acordassem e atendessem por mim.
Porem Denise ainda dormia feito um anjo e meu pai roncava feito um porco.
Resultado, eu tive que atender a porta.
Definitivamente
por essa eu não esperava, sua face não mostrava muito animo, parecia confuso e
triste, sua voz saiu como um fio ao pedir para conversar. De nada parecia o
Paul que eu conhecia.
Olha
quem fala, eu também não sou mais a Demetria de sempre.
Após
oferecer uma caneca de chocolate quente, o qual ele recusou, parei para dar-lhe
atenção. Durante a maior parte da nossa conversa Paul não olhou para mim, seus
olhos sempre estavam ‘presos’ ao chão.
_Quando
você começou a senti-lo? – perguntou Paul, sem dar meias voltas, direto.
_
Eu não sei do que você esta falando. – menti. Tive medo de que ele tentasse me
tirar o direito da decisão assim como fez com Denise, se isso acontecesse o
destino de Joe estaria traçado.
_
Não minta para mim, eu já sei de tudo. – falou. _ Eu não irei lhe jugar ou
tirar seus direitos... Eu só quero... Entender. – achei tudo muito mal
explicado. Paul agora acreditava que Joe poderia realmente tocar as pessoas?
Era um truque dele? Ele seria capaz de ir tão longe para me tirar do caminho?
Ele estava decidido, o que ele fez com Denise provava que ele realmente não
estava se importando muito com as consequências.
_
Eu o senti desde a primeira visita que fiz ao hospital. – respondi. Talvez eu
estivesse cometendo o meu pior erro ao confessar isso, porem algo no em mim
dizia que valeria a pena arriscar.
_
Você realmente acha que pode ser ele? – perguntou, mas antes mesmo que eu
pudesse responder ele fez outra pergunta. _ Você nunca pensou que talvez fosse
apenas sua imaginação?
_
Sim, é difícil de crer, eu não acreditava que coisas assim podiam acontecer,
mas acontecem, eu sei que é Joe quem me toca, eu sei que o toque é real. – Paul
ficou em silêncio diante da minha resposta, parecia pensar nas minhas palavras.
_ Paul. – chamei-o, e pela primeira vez desde que chegara ele me olhou nos
olhos. _ Porque você esta fazendo essas pergunta? – perguntei-o, assim que
terminei de pergunta-lo seus olhos retornaram a fitar o chão, o silencio se fez
presente por um bom tempo, eu até me arrependi de ter feito a pergunta.
_
Eu acho que também o senti. – confessou Paul. Para minha surpresa.
Talvez
eu tivesse escutado errado, talvez tudo fora um sonho. Paul o havia sentido?
Isso era o melhor que podia acontecer, pois assim ele poderia desistir desta
ideia de desligar as máquinas. Eu não queria ficar feliz ou começar a
comemorar, por várias vezes tive motivos para pensar que tudo iria, enfim, dar
certo e no final só piorava. Mas eu não posso negar, esse acontecimento abriria
uma possibilidade muito grande para um final feliz.
Paul
me contou com detalhes como tudo aconteceu me confidenciou suas duvidas e
indecisões, que não são muito diferentes das que eu já tive, eu falei o que eu
acreditava e no fim percebi que Paul não havia se tornado no homem frio ou ruim
que muitas vezes cheguei a acusar, ele só estava muito machucado e amargurado.
Ele acabou indo embora antes de Denise ou meu
pai acordarem, ele disse que queria chegar ao hospital mais cedo e conversar um
pouco com os médicos e conseguir ter um tempo maior de visita a Joe, sei que
ele não estava mentindo totalmente, porem tenho certeza que um dos motivos para
sua pressa de ir embora era o fato de ter medo de encarar Denise,
principalmente agora que ele sabe que ela estava certa.
Não
o critiquei, talvez fosse melhor esperar um pouco antes de tentar algo com ela
novamente, ela realmente estava muito magoada e zangada com Paul.
Denise
acordou não mais que dez minutos após a saída de Paul, até pensei que ela
poderia ter escutado sua voz e esperado ele sair para poder dar as caras, mas
não perguntei, caso isso tenha acontecido ela tem seus motivos para agir assim.
Meu pai fora o último a acordar, já era quase 11 da manhã, nem mesmo tomou o
café já que Denise já estava preparando o almoço. Porem, antes mesmo que ela terminasse
o telefone tocou e a notícia não poderia ter sido melhor.
(...)
Chegamos
à delegacia as pressas, eu e meu pai estávamos eufóricos com a possibilidade de
prender quem havia me atropelado.
E
lá estava ele, com as mãos algemadas e com o olhar no chão, como se estivesse envergonhado.
Rick,
enfim preso.
Saber
que a justiça seria feita me deixou muito feliz. Claro que ao vê-lo daquela
maneira, parecendo tão indefeso, me fez pensar em tudo o que ele passou e como
ele se transformou no monstro que ele é hoje, confesso ter ficado com medo de
ficar assim também, caso o pior aconteça... Porem eu tenho que lembrar o que
ele me fez de mal, nem toda a tristeza do mundo justifica tirar a vida de outra
pessoa. Talvez eu tenha ido longe de mais, mas isso não justifica o que ele fez
comigo. Eu poderia ter perdido minha filha.
Meu
pai ficara bem surpreso ao saber que era Rick o meu atropelador, eles não
tinham se conhecido, mas ele sabia de quem se tratava e não esperava que ele
fosse capaz disso.
Eu
sempre soube que era ele, nunca soube muito bem explicar e por isso não ajudei
muito nas investigações, mas para minha sorte a policia conseguiu uma denuncia anônima
e depois conseguiram mais provas contra ele.
Ainda
não se sabia qual seria sua pena, mas o deixariam preso preventivamente até que
o juiz determinasse seu destino. Ainda sim, uma coisa já estava decidida,
provavelmente ele não ligaria de ficar preso, mas o exército o tirou de seu
cargo, ele não poderia mais servir ao exército americano, isso sim seria
doloroso para ele.
(...)
Acho
que eu não estava mais acostumada, por isso me controlava para não cantar
vitória ou dizer que eu estava me sentindo feliz, há muito tempo que coisas boa
não aconteciam comigo, principalmente uma trás a outra. Eu queria tanto que
essa onda de sorte fosse capaz de me trazer Joe de volta...
--
_
Paul, eu sei que você quer Denise de volta, mas não precisa ficar fingindo que
sentiu o toque de Joe para poder reconquista-la, pedir perdão já pode ajudar. –
falou Eddie a Paul, os dois estavam conversando por telefone já há quase meia
hora, Paul explicou-se a Eddie e disse que pretendia deixar as máquinas
ligadas.
_
Eu não estou mentindo. – respondeu Paul.
_
Paul, amigo, você sabe mais que eu que essas coisas não existem. – falou Eddie.
_
Você esta sugerindo que eu estou louco então? – Paul perguntou indignado.
_
Eu não disse isso Paul, eu só acho que talvez você esteja um pouco desesperado
por ter o perdão de Denise. – explicou-se.
_
Às vezes eu acho que você queria que meu filho morresse. – observou Paul.
_
Eu nunca disse isso Paul. – falou Eddie. _ se você quiser desistir de deligar às
máquinas eu não critico, o que eu acho um absurdo é você fazer isso baseado em
puro desespero... Nós já tínhamos conversado antes. Você sabe muito bem que
isso só irá trazer mais complicações. Porem você sabe o que faz.
_
Eu tenho medo de errar. – confessou Paul. _ Eu o senti...
_
Paul você não o sentiu. – interrompeu Eddie. _ Admita você não quer desligar,
você ainda acredita que ele pode acordar por isso você vai desistir de desligar
as máquinas.
_
Que seja. – falou Paul, deixando um pouco da raiva que ele estava sentindo sair.
Não ser compreendido por Eddie o estressava. _ Eu não quero sofrer mais! Mas eu
também não posso tirar as chances de Joe.
_
Paul, eu não vou discutir mais com você, já falamos muito sobre isso e no fim
quem vai decidir é você. – falou Eddie decidido à por fim naquele assunto.
_
Você não esta me ajudando muito.
_
Eu não posso decidir por você.
(...)
A
indecisão tomava conta de Paul, ele tinha certeza do que sentira, mas ainda
tinha duvidas sobre qual era a melhor decisão a se tomar. Decidido a ter ajuda,
na manhã de domingo Paul foi para o hospital e conversou com alguns médicos que
cuidavam de Joe.
Em
grande parte houve uma imparcialidade. Ian, dizia que era bom esperar mais um
pouco, pois por mais remotas que fossem as chances, milagres poderiam
acontecer.
Talvez
o maior erro de Paul seja ter novamente procurado o doutor Lucas, que desde o
primeiro momento se mostrou a favor do desligamento das máquinas. Com uma vasta
experiência, ele sabia como convencer uma pessoa...
Uma
semana.
Ultimato.
CONTINUA...
Olá, gostaria de dizer que provavelmente demorarei um pouco para postar
os próximos capítulos, pois como a fic já esta chegando a sua reta final, eu
preciso organizar melhor os capítulos. Então já peço desculpas adiantadamente.
Espero que tenham gostado do capítulo.
Não se esqueçam de comentar/avaliar.
Bjsss.
Eriimiilsa:
Pois é, algumas das suas hipóteses estão certas :D Muito obrigada pelo
elogio e por estar sempre comentando. Fico muito lisonjeada com os seus
elogios. Bjss.
Juh
Lovato: Que bom que você gostou, logo você saberá se ele irá acordar ou
não... Muito obrigada por comentar, bjsss linda.