Toquei-a,
toquei-a na tentativa de salva-la. Eu iria tentar, pois eu tinha que cumprir
uma promessa que a fiz. Era hora de eu ser o seu anjo da guarda.
Eu
tentei.
Mas
não foi o suficiente...
DEMI
Eu
estava feito uma louca, andando pela cidade, que eu nem mesmo conheço bem, ali
não era Fort Bragg, na verdade é bem diferente de lá, bem maior.
Eu
não sabia onde eu estava, minha visão embaçada não era amiga, a única coisa que
eu sabia é que não estava mais na parte movimentada da cidade, provavelmente eu
tinha entrado em um beco. Os barulhos dos carros pareciam cada vez mais
distantes.
Eu
ainda me sentia observada.
Eu
estava prestes a atravessar a rua, eu queria sair daquele lugar, algo em mim me
dizia que eu devia sair de lá, eu estava com medo.
Eu
tentei me acalmar um pouco, respirei fundo algumas vezes, tentei enxugar as
lágrimas. Melhorou. Minha visão ainda não estava perfeita, chorei tanto que
meus olhos estavam inchados, mas foi o suficiente para que eu pudesse ver tudo
o que iria me acontecer em breve.
Tudo
foi rápido, confuso e surpreendente.
Primeiro
sinto o toque de Joe, sinto como se estivesse me abraçando, se quisesse me
proteger. Eu me alegro. Ele está comigo outra vez! Eu não o posso ver, mas ele
está aqui comigo!
Depois
sinto como se tivessem me empurrado, mas com uma força monumental.
Mas
logo percebo que não foi um empurrão. Foi algo bem pior.
--
Rick
sai do carro em que dirigia. Nenhum remorso em seu olhar. Ele não iria pedir
ajuda. Aquilo não foi um acidente, ele simplesmente jogou o carro contra o
passeio ao perceber que Demi não iria atravessar, não tinha ninguém para
culpa-lo, assim como também não tinha ninguém para ajuda-la.
Ótimo
– pensou Rick.
Ele
não soube se aquilo a havia matado, não se preocupou em checar, Demi estava
estirada no chão, desacordada, para ele isso já era o bastante.
Após
medir sua ação de cima a baixo, e comemorar, internamente, por seu feito, Rick,
como se nada tivesse acontecido, retornou a seu automóvel e partiu sem rumo, a
batida não tinha deixado muitas marcas no carro, apenas um amaçado que não
representaria muito problema depois, o mesmo não se podia dizer de Demi.
Ao
cair bateu a cabeça, seu sangue corria pelo asfalto, arranhões por várias
partes de seu corpo, talvez alguns ossos quebrados. Caída em um beco, pouco
movimentado, provavelmente perigoso.
O
único que estava lá era Joe, mas o que ele poderia fazer agora? Como pedir
ajuda?
Ele
gritava desesperadamente, berrava, mas quem poderia escuta-lo? Ninguém. Mas ele
não poderia deixa-la assim, sua mulher e sua filha corriam risco de vida, e
salva-las era sua missão.
Em
seu pouco momento de lógica ou pensamento um pouco mais calmo, Joe se
transportou para o hospital, ele sabia que Denise e Logan haviam corrido atrás
de Demi, mas torceu para que eles estivessem lá e que pudesse se comunicar com
eles de alguma maneira.
Por
sorte Denise havia ficado no hospital para o caso de Demi voltar, Logan havia
saído para procura-la. Denise não estava calma, mas pelo menos não chorava
mais, ela andava pelo corredor de um lado para o outro, faltava furar um buraco
no chão.
Encontra-la
talvez tenha sido o menor dos problemas. Joe conseguia toca-la, mas ela não
conseguia escuta-lo. Como pedir ajuda a uma pessoa apenas com o toque?
Joe
não teria tempo para fazer um plano mirabolante, sua única saída era toca-la
fazendo menção de puxa-la, restaria a Denise deixar-se ser guiada pelo filho
até o local em que Demi estava acidentada.
DEMI
Havia
uma luz.
Ela
estava cada vez mais próxima. Ela vinha até a mim, vagarosamente ela vinha até
a mim. Eu levantei a mão em sua direção, sua luz me atraia, eu queria ir até a
ela, algo em mim gritava para que eu a pegasse, eu podia sentir sua paz, como
se fosse um abraço de paz se aproximando de mim. Porem ela vinha tão
lentamente, ela parecia ainda tão distante. Eu não consegui chegar perto, eu
não conseguia ir até ela. Pois toda vez que eu começava a correr mais em sua
direção, mais ela se afastava de mim, era como se de nada adiantasse,
continuava tão distante como antes.
Resolvi
esperar.
Aí
eu senti um aperto no meu coração. Como se fosse um choque, uma adrenalina, uma
após a outra, cada vez mais forte e dolorido, cada vez mais real.
Depois,
sem nem mesmo um explicação, a luz começou a se afastar de mim. A medida que a
dor no peito aumentava e se tornava mais real a luz ia se afastando e ficando
mais fraca diante de mim, mais e mais, até que eu não pudesse ver mais nada.
(...)
Eu
acordei em um quarto de hospital, de tanto ter que vir para cá já tinha até me
acostumado com o lugar e de reconhecê-lo sem muitos esforços.
Meus
olhos se abriram com dificuldade, a luz estava forte. Pude escutar o barulho
das maquinas, que provavelmente me vigiavam, não foi necessário olhar para que
eu pudesse sentir as agulhas espetando meu braço, sangue.
Eu
não vi ninguém ao meu lado a primeiro momento. Tentei me levantar um pouco, mas
meu corpo todo doeu a medida que tentei movimentar-me, parecia que tinha sido
esmagada por um caminhão.
Tentei
perceber melhor o que estava acontecendo ao meu redor, e percebi que estavam
monitorando dois batimentos cardíacos, isso me deu um alivio enorme, minha bebê
ainda estava bem. Uma guerreira.
Não foi necessário esperar por muito tempo,
logo um médico veio falar comigo. Fez algumas perguntas, depois veio a policia,
queriam saber o que tinha acontecido, mas eu nem mesmo entendi muito bem os
fatos, eu sabia que eu tinha sido atropelada e eu sabia que foi o Rick, mas eu
nem tinha como provar, nem sei como eu sabia disso. Tudo bem, tinha a ameaça,
eu sabia que ele mais cedo ou mais tarde tentaria fazer algo contra mim. Eu
juro que o vi, ao lado do meu corpo, mas foi por outro ângulo, como se eu fosse
uma espectadora e não a vitima.
Quanto
mais eu tento entender tudo o que aconteceu, quanto mais eu tento me lembrar do
que me aconteceu neste meio tempo, mais confusa eu fico. Ainda sim tentei
explicar da melhor maneira possível.
·
Com muito
esforço consegui arrancar algumas respostas, no meio das inúmeras perguntas que
me foram feitas:
·
Eu estava
desacordada há dois dias.
· Minha bebê estava bem.
· Apesar de todo este tempo desacordada, não houve nenhum problema comigo, dormi assim mais por culpa das medicações que me foram dadas do que pelo próprio acidente.
· Quem me encontrara fora Denise. Que não soube explicar a policia como conseguira me achar.
· A policia não tinha suspeitos.
· E nada mudara desde então, Joe continuava em coma.
· Minha bebê estava bem.
· Apesar de todo este tempo desacordada, não houve nenhum problema comigo, dormi assim mais por culpa das medicações que me foram dadas do que pelo próprio acidente.
· Quem me encontrara fora Denise. Que não soube explicar a policia como conseguira me achar.
· A policia não tinha suspeitos.
· E nada mudara desde então, Joe continuava em coma.
Só
depois de um vai e vem constante de médicos e de policias eu pude receber
visitas. Para minha surpresa o primeiro a vir me ver fora meu pai.
--
_
Filha me perdoe. – pedia Eddie, desesperado, ele estava se sentindo péssimo
pelo que tinha feito. Sentia-se culpado. _ Eu não devia ter reagido daquela
maneira...
_
Pai está tudo bem agora. – falou Demi, interrompendo o pai. Não que realmente
tudo estivesse bem, ela ainda estava chateada com ele por lhe ter escondido o
real assunto entre Denise e Paul, mas não queria entrar em discussão com o pai
naquele momento, o dia tinha sido muito tumultuado. Demi queria sair daquele
hospital, ver se conseguia respirar livremente, ver se esquecia um pouco dos
problemas, de toda essa confusão que sua vida estava se tornando. Mas os
médicos a deixariam de observação por pelo menos dois dias a mais. Nada de
grave havia acontecido, mas por ela estar gravida os médicos estavam tendo o
dobro do cuidado.
_
Ainda sim, se eu não tivesse reagido daquela maneira nada disso teria
acontecido, eu quase lhe fiz perder...
_
Não continue. – pediu Demi, só de pensar que poderia ter perdido sua filha lhe
dava arrepios. Isso seria o fim.
_
Fale-me, há algo que você queira, qualquer coisa? Eu preciso compensar o que eu
te fiz, me dê este direito. – pediu Eddie.
Talvez
fosse um erro, ou um pedido muito difícil, mas Demi precisava pedir, não havia
nada mais que ela pudesse querer.
_
Eu quero que você convença a Paul deixar Denise decidir sobre o desligamento
das maquina ou não. – pediu confiante, apesar de ter medo a possível resposta
do pai.
_
Filha... – começou a dizer Eddie.
_
Você disse qualquer coisa. – lembrou-o Demi.
_
Eu só quero que você me entenda. Não adianta, só vai aumentar o nosso
sofrimento.
_
Pai...
_
Por quê? Para quê isso tudo? Olha o que está te acontecendo? – falou Eddie,
exasperado, levantando-se da cadeira dos visitantes em que estava sentado até
aquele momento. _ Você está gravida, deveria estar aproveitando este momento,
não é certo você estar internada em um hospital, não é certo você esta passando
por todo esse estresse, isso é injusto, você não merece isso. – concluiu.
_
Mas ele me salvou – falou de sobressalto em sua defesa. _ Ele tentou me salvar,
ele me tocou antes do carro me atingir, poderia... – só aí Demi percebeu o que
estava dizendo, ela estava tão desesperada por defesa que acabou dizendo mais
do que realmente deveria.
_
Ele te tocou? – perguntou Eddie incrédulo.
_
Eu... Não é isso... É... – agora Demi estava sem saber o que dizer. Eddie
chegou bem próximo da filha e com o coração partido disse:
_
Se você quer que eu convença Paul de alguma coisa, se afaste de Joe, se afaste
deste hospital, volte a trabalhar, vá ser uma mãe. Assim como Paul conseguiu a
autorização do juiz para tirar o direito de Denise de decidir algo, eu posso
fazer o mesmo se eu achar que há necessidade. – avisou. Demi calou-se
analisando as opções, o que seria pior? Ela conseguiria ficar longe de Joe? Ela
conseguiria retornar a sua vida normal? O pai realmente seria capaz de cumprir
sua ameaça?
Nem
Eddie nem Demi sabiam, mas Paul escutara a conversa.
(...)
Paul
já havia visitado o filho naquele dia, porem agora, já no fim do horário
permitido as visitas, ele decidiu ir novamente ao quarto de seu filho.
Passou pelo corredor sobre os olhares de ódio
de Denise e Miley, que também veio após encerrar o horário de trabalho no
restaurante. Logan não estava no hospital hoje.
Paul
sabia que seria difícil reconquistar a mulher. E tentava aceitar que também a
perdera.
As
visitas de Paul a Joe, que no começo mostravam emoção, há muito tempo havia se
transformado em visitas frias e vazias.
Ele apenas ia de vez em quando, entrava, olhava o filho, não dizia nada,
não tocava nada, apenas lembrava-se de todos os momentos que viveu junto ao
filho, de seu nascimento a sua despedida naquele aeroporto, na última vez em
que o vira acordado. O seu coração doía ao lembrar-se de tudo o que já
compartilharam, mas nenhuma lágrima era derramada, haviam se secado.
_
Eu me sinto um idiota agora. – disse Paul, depois de uns minutos dentro do
quarto. _ Ou talvez como um louco falando sozinho... Na esperança de receber
alguma resposta. – falou, olhando pelo quarto, como se isso o pudesse ajudar a
ver o filho. Paul estava tentando e isso surpreendeu Joe, que sem conseguir ver
o estado de Demi, nem de sua mãe, que depois de ter sido, graças a ele,
encaminhada para onde Demi estava acidentada, ficou bem exaltada. Porem, ao
mesmo tempo em que não conseguia ficar perto, não conseguia se afastar, por
isso decidiu ficar em seu quarto, apenas esperando um momento melhor para
voltar para fora. _ Eu não entendo, por que sua mãe e Demi juram que podem lhe
sentir e eu não? Elas que são loucas ou eu não tenho o direito de sentir meu
filho também? – perguntava Paul, ele já tinha feito besteira, mas ainda havia
tempo de voltar atrás, bastava um sinal. _ Eu não sei se vou ter sua mãe de
volta um dia, eu não sei se a Demi voltará a ser a mesma, não só comigo, mas
com a vida. A nossa vida mudou muito, nós mudamos muito, eu nem sei no que crer
mais. – falou Paul, baixando a guarda e mostrando um pouco dos seus
sentimentos. _ Mesmo que nada volte ao normal, eu só queria uma coisa. Eu estou
com o coração aberto, faça-me senti-lo e eu juro que não autorizo o
desligamento das maquinas. Eu deixo você ficar em coma o tempo que for preciso,
eu juro que não desistirei de você. – pediu Paul. _ Me toque.
CONTINUA...
Demorei mais do que o que achei que demoraria a postar este capítulo,
peço desculpas. Espero que tenham gostado.
Gostaria, novamente, de agradecer a leitora Diana, por ter feito um
capítulo especial de aniversario para mim, fiquei muito feliz por tal carinho,
então, mas uma vez, muito obrigada. ( visitem o blog dela: http://dianaisabelpinto.blogspot.com.br/ )
Não se esqueçam de comentar/avaliar.
Bjss.
Errimiilsa:
Fico muito feliz que você tenha gostado deste capítulo tanto assim,
desculpa não ter postado mais rápido :\ . Muito obrigada por comentar. Bjsss.
Anônimo:
Fique tranquila (o) em breve a Demi voltará a ser feliz J
Nossa, apesar de tudo eu até fiquei com pena do Paul nesse final de cap ... curiosa , e cara, estou com ódio mortal do Rick , cretinho,cafajeste e covarde ... o Joe realmente é o anjo da guarda da Demi ^^ Que bom que ela ta bem !!!
ResponderExcluirSorry não comentar no último , mas eu tava lendo no celular e fica muito ruim comentar por lá , mas saiba que mesmo que eu não comente, eu sempre estou lendo, nunca vou te abandonar ... por sou sua fã n°1 , vc sabe uahsuahsuhas
Bom, como sempre eu amei o cap ... incrivel ^^
posssta logooo, bjsss da Juh
Gostei do capitulo.
ResponderExcluirMuito bom.
Posta logo.
Beijos.
Oh Meu Deus!!!
ResponderExcluirEu odeio qndo não sei o que dizer... Mas esse cap. Deixou-me assim... lindo
Adorei o capitulo!
ResponderExcluirOh, não é preciso agradecer. Eu já estava a tratar dos capítulos na semana antes de tu fazeres anos porque era o final da história e ia marcar uma data para o final. Como é uma leitora assídua do meu blog eu decidi não deixar em branco o dia.
Posta logo.
Bjs :)