terça-feira, 19 de maio de 2015

2. “A amiga, o ilustrador, as desculpas” – Não Existem Poesias


1º de maio de 2015

E agora?
Como eu devo agir se encontra-la novamente?
E se nós pegarmos o elevador juntos novamente? Meu Deus, e se nós ficarmos presos juntos no elevador novamente?!
Ela me odeia?
O que eu fiz de errado? É claro que eu fiz algo de errado, mas onde foi que eu errei desta vez?
Nota para si: Nunca mais interagir com outro alguém.

Se para Joseph a noite passada lhe deu muita dor de cabeça, para Demi não estava muito melhor, afinal de contas ela que o dispensara.
O dia anterior, para ela, não tinha sido o melhor da sua vida, provavelmente chegava a fazer parte da lista de piores dias já vividos por ela. Talvez só perdesse para o dia em que descobriu que estava sendo traída pelo seu primeiro amor. Com isso, quando Joseph apareceu em sua porta, por mais que ela quisesse conversar com ele, seu animo estava zero, ela só queria se jogar na cama, talvez chorar mais, talvez entrar num coma, morrer, vai saber... Ela tinha consciência de que para Joseph tomar a inciativa de ir até sua casa, não deve ter sido fácil, ele não era de falar e por mais que tenha interagido com ela dentro do elevador, uma pessoa não muda em tão pouco tempo, ele ainda é tímido, e dispensa-lo não foi um bom incentivo para uma mudança.

Agora Demetria estava entrando na cafeteria em que sua amiga de infância, Camilla Belle, trabalha.
Camilla nasceu quase que vizinha de Demi, as duas sempre estudaram juntas, até que no terceiro ano, após ter participado de várias campanhas de menor tamanho, Camilla conseguiu um contrato como modelo em uma agencia de renome, com isso, a contra gosto dos seus familiares, ela largou tudo de veio para cidade grande. No fundo isso já era esperado por todos, Camilla não era o tipo de garota do interior, que gostava de ficar cheia de lama ou das poucas opções para diversão na cidade, coisas como noite do Karaokê ou do bingo não a agradava, o sossego não a acalmava. Camilla é o tipo de garota que gosta das luzes, do brilho, do lado bom e ruim de uma cidade, gosta de bares, do luxo, dos apartamentos, dos flashes, seu mundo não era no interior. Casar cedo? Ter quatro, cinco filhos? Nem mesmo no melhor livro de ficção que Demi fosse capaz de escrever essa descrição funcionaria com Camilla. Sua amiga vir para cidade fora um choque para ela, pois ela sabia que ela ficaria sozinha, mas era mais que obvio que um dia isso aconteceria.
  Não se pode dizer que tudo deu errado, Camilla realmente participou de grandes desfiles, já desfilou na Fashion Week de Nova Iorque, participou do programa Tim Gunn, mas não decolou tanto quanto poderia. Ela ainda trabalha como modelo, mas na maior parte do tempo é garçonete em uma cafeteria em um shopping luxuoso da São Francisco.
Bonita, alta, magra, legal e divertida, Camilla faz muita mulher questionar sua heterossexualidade, talvez seu único problema fosse sua falta de filtro, ela simplesmente fala o que vem na cabeça, sem nem mesmo ver se é uma fala adequada ou não, isso a colocava em situações complcadas, porém, por mais que ela tentava, ela não conseguia mudar, ela é assim e pronto.

_ Demi! – Camilla exclamou contente, assim que viu a amiga de infância. Agora ela estava em seu horário de almoço, o que a permitia sair da compostura um pouco e, por exemplo, abraçar a amiga no meio do salão do trabalho. _É incrível como você nunca cresce. – brincou. Demi riu.
_ Também senti muito a sua falta Milla.
_ Eu sei garota. – disse soltando-a. _ E você sabe que eu sinto sua falta também, não vou ficar repetindo.
_ Eu sentia falta da sua delicadeza também.
_ Você não pode reclamar muito, você me deixou esperando por você ontem a tarde inteira, sem me mandar uma mensagem se quer. Pô, eu fiquei preocupada. – fez cara de choro.
_ Eu precisava de um momento só para mim. – disse, seguindo-a até uma das cadeiras, mais próxima do balcão, onde alguns colegas de trabalho de Camilla ainda atendiam os clientes.
_ E eu precisava de uma localização sua. – contrapôs. Demi riu do exagero da amiga, tudo bem que uma ligação ou uma mensagem não faria tão mal, porém Camilla, naquele momento, mais parecia sua mãe. _ Você sabe que teoricamente eu sou sua responsável aqui, não sabe?
_ Camilla, nós temos a mesma idade. – indagou Demi.
_ É, mas você está aqui há dois dias e já deu uma de louca desaparecendo do mapa.
_ Eu estava em meu apartamento. – sussurrou Demi, revirando os olhos.
_ Não o tempo todo.
_ Milla, sério? – reclamou, Demi queria ter um encontro agradável com a amiga, e um momento agradável não incluía cobranças. _ Eu queria um momento só para mim e eu aposto que se eu ligasse você iria aparecer lá.
_ Tem uma loja de doces aqui no shopping que esta fazendo uma promoção para funcionários de qualquer loja daqui, eles tem um sorvete de chocolate e nozes que é o pedaço do céu na terra e isso Demi é o que você perdeu ao não me ligar. Você ia ter a melhor noite de foça da sua vida. –sorriu.
_ E por acaso a super modelo pode ficar tomando sorvete assim é? – perguntou Demi, aproveitando a deixa para mudar de assunto.
_ Minha genética ajuda garota. – Demi gargalhou, mesmo sabendo que no fundo era verdade, todos os integrantes da família de Camilla têm corpos magros, mesmo comendo feito porco, eles são os famosos magros de ruim. _ Mas claramente que eu ia compensar dando uma corridinha na esteira. – Demetria revirou os olhos. _ Pode revirar os olhos o quanto quiser sua preguiçosa. Esporte é vida. – riram. _ Mas e então, me fale um pouco sobre esse seu vizinho, o que você conheceu no elevador. – disse sugestiva. Demi tinha dado um pequeno resumo sobre seu dia anterior no telefone para Camilla.
_ Não venha com essa carinha, não aconteceu nada. – já deixou claro.
_ Como não Demetria?! Você perdeu a grande oportunidade de fazer algo que jamais iria esquecer.
_ Camilla, eu nem o conheço direito!
_ Vocês iam se conhecer muito bem. – se Demi não estivesse tentando argumentar, teria rido, só Camilla mesmo para pensar em algo assim. _ Já sei, ele é muito feio? – fez careta.
_ Não, ele é bonitinho. – disse sem jeito.
_ Bonitinho? – Camilla queria mais. _ Bonitinho como? Tipo fofo ou tipo feio arrumadinho?
_ Fofo? – respondeu indecisa.
_ Ele é gay? – perguntou Camilla, já com medo da resposta.
_ Não sei. – respondeu um pouco pensativa, tentando lembrar-se de algo que indicasse isso. _ Bom, ele não tinha muito o jeito de gay, mas isso não quer dizer muito. – as duas não falaram nada por alguns segundos, Camilla porque tentava entender o porquê de nada ter acontecido entre sua amiga e o vizinho dela, já Demi porque pensava em Joseph e em como ela tinha estragado tudo com ele. _ Mas quer saber? Eu não sou assim, ele sendo gay ou não, eu não iria transar com alguém que mal conheço dentro de um elevador.
_ E se vocês se conhecessem? – questionou Camilla, brincando, fazendo com que Demi risse. _ Ah, qual é Demi? Já faz o que? Dois anos? Você já deve ter teia de aranha entre essas pernas.
_ Fala mais alto, minha mãe não escutou ainda. – Camilla riu da amiga. Demi pensou em ficar brava, mas no fim das contas riu também. Com Camilla era sempre assim, ela poderia falar o que quisesse, no fim das contas era impossível brigar ou ficar brava. _ Ele é tímido, sabe? Bem, tímido. E depois de tudo, no fim da noite eu fui a casa dele, levei daqueles biscoitos que minha mãe faz. Você lembra?
_ Ah, os biscoitos da sua mãe. – disse com prazer, lembrando-se de como era bom pega-los assim que saiam do forno. A língua queimava, mas o gosto das bolinhas de chocolate derretidas valia a pena.
_ Pois é. Ele me ofereceu chá, todo educado, e eu recusei, fui embora. – Demi lembrava-se com pesar. _ Aí depois ele bateu na minha porta, todo gentil, tentando uma aproximação, e eu nem mesmo o deixei entrar, já falei na cara que queria ir dormir. Meu Deus! – disse tampando seu rosto com suas mãos. _ Você precisava ver a cara dele de decepção. – tornou a olhar para Camilla.
_ Depois eu sou a bruta. – comentou.
_ Sabe, eu esperava um consolo.
_ Você tá errada.
_ Eu sei disso, agora preciso da solução. – Camilla ajeitou-se na cadeira, ficando mais ereta. Agora era a hora de falar sério.
_ Ok, você quer uma solução. Pois aqui está uma solução. Hoje, vá ao apartamento dele e peça desculpas.
_ Ele deve estar querendo distancia de mim agora.
_ Demi, vocês são vizinhos, uma hora vocês vão se reencontrar, é impossível uma distancia. – no fundo ela sabia que sua amiga estava certa, nem ela nem ele poderiam fugir do inevitável: um reencontro. _ Você nem foi tão rude assim, não foi como se você não o quisesse, você precisava do seu tempo após ter um dia de merda. E se ele for realmente fofo ele terá que entender isso.
_ É só que... Eu sei que deve ter sido difícil para ele se predispor a ir ao meu apartamento, ele é todo travado, não queria me deixar colocar um apelido nele e depois ele veio todo legal deixando... – ah que coisa boba – Pensou Demi.
_ Você e sua mania de apelidos.
_ Ele chama Joseph, Joe é bem mais simples.
_ Nem vem, você já colocou apelido numa menina chamada Ana. – relembrou-a.
_ A é bem mais simples. – justificou-se. Camilla apenas sorriu, cada um com sua mania.
_ Sabe? Talvez ele não esteja tão chateado, talvez ele torne a se fechar, mas você conseguiu destrava-lo uma vez, destrave-o novamente. – disse, Demi parou para pensar um pouco.
_ Você pode ser boca suja, mente poluída, alta demais para meu gosto, mas sem duvidas você é a melhor amiga que eu podia ter. – disse, esforçando-se para abraça-la, do outro lado da mesa.
_ Eu sei. – respondeu Camilla, sem se movimentar.
_ Ridícula. – reclamou Demi ao ver que Camilla estava brincando com sua cara.
_ Ah vem cá, minha baixinha preferida. – levantou-se e abraçou-a. _ Sabe? Eu realmente senti sua falta.
_ Eu sei. – Demi imitou-a.
_ Eu só deixo essa passar porque provoquei. – as duas ainda continuavam abraçadas.
 Foi um ano e meio sem se verem pessoalmente, apenas por mensagens e Skype. Mesmo Camilla sendo sociável e tendo rapidamente feito amigos em São Francisco, ela sentia falta de sua amiga do interior, Demetria era a única em que Camilla sabia que poderia confiar de olhos fechados, a única que não se ofendia com seu jeito de ser e que, de certa maneira, até entendia e concordava. As duas tinham tipos diferentes de visão do mundo, mas nunca que as diferenças se combinaram tão bem, como com elas.
O telefone de Demi tocou, indicando a chegada de uma mensagem.
As duas se separaram e voltaram a se sentar.
Demi pegou seu celular e leu a mensagem.
_ Ah, é o ilustrador que eu comentei com você hoje cedo. – disse, já sabendo que Camilla perguntaria. _ ele disse que já está aqui. – completou olhando para todos os lados, tentando encontra-lo. Logo Demi encontrou-o, logo na porta, acenando para ela. Como previsto ele estava vestido de maneira bem informal, ele era conhecido por odiar trajes de gala, mas tampouco nunca foi visto andando desarrumado, talvez em seu particular ele se permitisse a tal rebeldia, mas em publico? Jamais. O look de hoje era uma blusa de V branca com listras horizontais de um azul marinho bem escuro e uma calça jeans de lavagem clara. Ao vê-lo Demi viu que tinha acertado no look também casual, um vestido de alcinha estampado, que ia até a altura do joelho, nada de joias, apenas algumas pulseiras sortidas.
_ Ai meu Deus! Não me diga que é ele. – Camilla não conseguia nem piscar. O ilustrador começou a andar até a mesa em que elas estavam. _ Eu vou interromper meu horário de almoço agora, e depois vou voltar, quero que você me conte tudo, inclusive os números de contato. – disse, saindo poucos segundos antes de ele chegar.
_ Ei. – sorriu tímido. _ eu sou o Sam Claflin, o ilustrador. – estendeu a mão para cumprimenta-la.
_ Olá. Eu sou Demetria Lovato, a escritora. – tentou se apresentar da melhor maneira possível, já de cara tentando agrada-lo, ele poderia abrir boas portas para ela, uma boa primeira impressão era tudo o que ela precisava.

Alto, cabelo castanho claro, um sorriso sempre tímido, porém encantador. Era possível aquele homem ser real? Camilla observava de longe, tentando concentrar-se mais em seu trabalho no que em sua amiga. Para sua sorte, ou para seu azar, o movimento agora estava fraco, o que não a deixava com muita opção a não ser, olha-los, quer dizer, olha-lo.
Demi não escaparia de um longo interrogatório.
Ele levanta a mão. Ótimo. Um pedido. A atendente? Camilla.

Aparentemente Demi havia causado uma boa impressão, ela tentara resumir a história da maneira mais eletrizante possível, e, pelas perguntas que ele fazia e as ideias que ele dava para uma possível capa, ela tinha chamado sua atenção. Porém, assim como tudo estava indo bem, tudo poderia ir muito mal. E agora que Camilla vinha para atendê-los, Demetria torcia para que a amiga se mantivesse profissional.
_ Já querem fazer seu pedido? – perguntou simpática, ignorando Demi.
_ Ah sim. – começou Sam, sem perceber a leve tensão entre as amigas. Se Demi estava morrendo de medo da amiga estragar algo, Camilla, já sabendo do pensamento da amiga, sorria por dentro, pois ao contrario do que ela achava, e do que seria mais provável vindo dela, a modelo não faria nada, apenas atenderia aquele ilustrador de livros, com beleza digna de ser descrito como um príncipe encantado dos contos da Disney. _ Eu gostaria de um cappuccino gelado, médio, de chocolate e Muffin napolitano. – Camilla anotou tudo em seu bloquinho.
_ E você? – Demi surpreendeu-se com a maneira que Camilla estava agindo, no fundo ela agradecia, mas era estranho ver a melhor amiga tratando-a como se fosse apenas uma cliente comum.
_ Não, nada, muito obrigada. – respondeu. Sem hesitar, Camilla se retirou, deixando novamente Demi e Sam sozinhos.
_ Tem certeza que não quer nada? – perguntou sem jeito. _ Você não se incomoda em me ver comendo e não comer nada?
_ Claro que não. – Demi sorriu pela preocupação do rapaz. _ Ainda estou meio cheia do café da amanhã. – justificou-se.
_ Pelo jeito foi um belo café da manha então. Já são duas da tarde. – Demi riu sem graça, ela estava tão nervosa com tudo que nem mesmo se permitiu a sentir coisas simples como fome, nem mesmo percebera que já era tão tarde.
_ É, acho que eu exagerei bastante hoje. – mentiu, para não ter que demonstrar seu nervosismo.
_ Exageros às vezes são bons. – disse Sam, dando de ombros. _ Mas e então, você toparia em me dar a cópia do livro?
_ Claro, eu posso imprimir assim que chegar a casa. Tenho tudo salvo em meu computador.
_ Você acha melhor me mandar por anexo no e-mail? Assim você economiza tanto o papel quanto a tinta. Ecologicamente amigável. – sorriu.
_ Me parece bem melhor mesmo. – concordou Demi.
_ Perfeito. Eu te passo meu e-mail. Mas antes, eu vou ao banheiro, tem algum problema? – perguntou.
_ Ah não, claro que não, pode ir.
_ Ok, se meu pedido chegar, é só guarda para mim. – sorriu e levantou-se sem aviso prévio.

Parecia até brincadeira do destino, tinha que algo acontecer, o pior é que desta vez nem foi por maldade, era acidente mesmo.
Assim que Sam levantou e virou-se em direção ao caminho que o levaria ao banheiro, Camilla chegou com o pedido. O resultado? Camilla trombou com Sam com tudo, bandeja, cappuccino e Muffin, deixando-o com camisa toda suja.
_ Ai meu Deus, me desculpe. – pediu Camilla instantaneamente, já pegando um lenço em seu avental de garçonete e tentando limpar algo, mas no fim ela só estava atrapalhando mais.
_ Não, tudo bem. – respondeu Sam, tentando fazer com que ela parasse de tentar limpa-lo. _ Essa blusa já é um pouco velha, e nada que uma boa lavada não resolva. – acalmou-a, sem saber se a parte do “é só lavar” era 100% verdade. _ E eu já estava indo no banheiro, eu dou meu jeito por lá. – retomou, agora obtendo sucesso e fazendo-a parar.
_ Você vai ter um belo desconto, eu falarei com o gerente. – Camilla tentava se concertar.
_ Sem problemas, sério, não precisa se preocupar, foi um acidente, e se seu gerente achar ruim, eu falo com ele, sério, não precisa se preocupar. – tentou conforta-la. _ Eu só vou ao banheiro, e quando voltar, se precisar de mim para algo, eu estarei disposto a te ajudar. – ele esperou por uma interjeição de Camilla, mas ela não disse nada, apenas concordou. Assim Sam retomou seu caminho até o banheiro, deixando as duas amigas para trás.
_ Meu Deus, ele não é só lindo como um príncipe, ele age como um príncipe. – Demi riu.
_ Ele realmente é muito simpático.
_ Até demais não é? – perguntou encabulada. _ Será que na verdade ele é um psicopata e sua gentileza é como ele atrai suas vitimas?
_ Você precisa parar de ver o canal ID.
_ Como se você trocasse de canal. – retrucou Camilla, ela tinha pegado a mania de assistir o Canal ID graças a Demi. Demetria apenas riu concordando, enquanto Camilla abaixou-se, pegando o copo de cappuccino, que agora estava quase que completamente vazio e o Muffin, que não estava tão destruído, mas que, como tinha caído no chão, não era mais aproveitável. _ Sabe? Valeu a pena, eu pude tocar no tanquinho dele e Demi... Que tanquinho. – Demi sabia que a amiga não perderia a oportunidade de se aproveitar da situação. _ E você viu o tamanho daquele sapato? – perguntou. _ Demi, - foi para frente da amiga e tocou-lhe o ombro. _ele não só é lindo, educado e com tanquinho, ele é bem dotado. – Camilla se segurou para não gritar, mas ela sorria de orelha a orelha. _ Por favor, me diga que ele é solteiro.
_ Não sei.
_ Como assim não sabe? – tirou a mão do ombro da amiga, decepcionada. _ Vocês estão conversando a mais de uma hora, não é possível ser só sobre o livro.
_ E se eu te disser que foi?
_ Demetria, eu vou te bater. – ameaçou. _ Você deveria estar descobrindo coisas sobre ele, para me passar a informação.
_ Te juro ser mais eficiente quando ele voltar. – prometeu Demi.
_ Perfeito.
_ Só me responde uma coisa antes. Isso tudo foi apenas um acidente, não foi? – perguntou Demi, querendo sanar o último vestígio de duvida.
_ Nem querendo eu conseguiria fazer uma cagada dessas, amiga. – respondeu, por mais que Camilla tivesse adorado poder toca-lo e sentir seu peitoral definido, esta não era a forma que ela gostaria de ter sido introduzida a ele. _ Ele deve estar me odiando agora não é? – perguntou.
_ Acho que não. Ele sabe que não foi sua culpa. – respondeu Demi, com uma certeza que parecia arriscada demais, já que ela não o conhecia tão bem assim, para poder afirmar algo.
_ Assim espero. – suspirou Camilla. _ Vou pegar o pano, melhor o chão estar limpo quando ele voltar.

Depois de tudo a conversa não durou muito mais, como prometido, Demi conseguiu arrancar algumas informações promissoras, e na hora de se despedirem, Sam gentilmente a convidou para um encontro de artistas de várias áreas que aconteceria em sua casa no próximo fim de semana.
Haveria melhor oportunidade para entrar de vez no mundo da arte? Claro que não.

_ Não só solteiro como recém-largado pela noiva. – respondeu Demi, encontrando com sua amiga no balcão.
_ Ainda sofrendo? Superando? Já superado?
_ Doendo, sangrando. – respondeu Demi.
_ Perfeito, mais sensível impossível, precisando de um carinho. Eu sou ótima com carinhos. – sorriu maliciosa. _ Numero do telefone?
_ Que tal ir comigo a casa dele no próximo fim de semana? – sugeriu Demi. _ Ou você prefere mandar uma mensagem do tipo: Oi, eu sou aquela garçonete trombou com você e sujou sua blusa com cappuccino, como é que você está? Tudo bem? E sua blusa? – Demi riu e de si mesma, e Camilla fez careta, rindo junto.
_ Acho que ir a casa dele é uma ideia melhor. Mas não posso confirmar, fins de semana costumam sempre aparecer algo na agencia. – respondeu. _ Nunca se sabe quando que se pode decolar. – completou sonhadora.
_ Bom, dos dois jeitos você sai ganhando. – ponderou Demi.
_ Você vai voltar aqui amanhã?
_ Algo me diz que você está querendo que eu vá embora. – percebeu.
_ Algo me diz que você tem que encontrar mais alguém hoje.
_ Algo me diz que esse encontro vai ser tão assustador quando esse.
_ Algo me diz que é pura paranoia sua. – Demi suspirou pensativa.
_ Nós duas nascemos para fazer merda, quando se diz em relação a homens. – observou.
_ Não só merda. – respondeu Camilla instantaneamente. As duas riram.

Torta de frango, parecia muito boa, mesmo tendo sido esquentada no micro-ondas, mais uma marmita que a mãe lhe dera para não passar fome. Novamente lá estava ela, com um prato na mão e um pedido de desculpas na boca, frente a porta do vizinho tímido. Os trincos abriram.

Joseph, ao contrario da maioria dos americanos, que aproveitaram o dia do trabalhador para descansar ou sair, passou todo o dia primeiro de maio em casa, fazendo as provas finais que seriam aplicadas em algumas semanas, era um pouco tedioso, mas necessário, quanto mais cedo ele fizesse, menos trabalho ficaria acumulado, daqui para frente ele só tinha que se preocupar em terminar de dar matéria a tempo, para não acabar prejudicando seus alunos.
Ele não podia negar, entre uma questão e outra ele tinha parado para pensar na nova vizinha, até mesmo cogitou de ir novamente a seu apartamento, mas assim que se lembrou de ontem, a ideia lhe fugiu como fumaça entre os dedos.
Ela não deveria estar disposta a aguentar um homem de 28 anos sem vida. Ela tinha mais o que fazer, provavelmente publicar seu livro, há algo mais emocionante?
Bom, Joseph não sabe. Emoções não faz parte de sua vida.
Quer dizer, talvez essa palpitação mais forte em seu peito e a leve tremedeira nas pernas fosse uma emoção, se é assim toda vez, Joseph preferia não mais sentir.
_ Oi. – disse Demi tímida, ao ver que ele ficou sem reação. _ Eu ainda posso te chamar de Joe? – sorriu fraco, mas esperançosa.
_ Não vejo o motivo para não. – sorriu também.
Ela não estava brava.
Ele não estava bravo.
Havia uma chance ali.
Chance para ambos consertarem seus erros.

Continua

Olá, bom gente, neste exato momento não estou em casa, nem no meu computador, esse capítulo será postado automaticamente pelo blogger em algum momento do dia 19/05 (uhuu vidente). Bom, eu terei que fazer uma viagem para o interior e não poderei levar meu pc, por isso já vou deixar na postagem automática.
Com isso não responderei os comentários hoje, já que não quero deixar ninguém para trás, mas prometo responder a todos no próximo capítulo, então, por favor, comentem J

Bjsss 

2 comentários:

  1. Estou sentindo cheiro de romance...
    Posta logooooooooooooooo pleaseeeeee

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  2. Aaaah to gostando, e achando td muito fofo como sempre u,u n demora a postaaar bjs

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