Quando Rosalind e sua equipe chega ao hospital que sofrera o ataque, os humanos modificados já haviam escapado. Ao interrogar a enfermeira que havia chamado o socorro, eles descobrem que um desse humanos na verdade trabalhava, também como enfermeiro, no hospital.
A equipe então levanta a ficha do tal enfermeiro e quando Rosalind olha para a foto do humano modificado na tela do computador, ela, pela primeira vez em anos, não sabe o que fazer. Uma mistura de medo, raiva, confusão, alegria e tristeza inundavam seu coração.
Claro que ele não estava igual da ultima vez que o vira, anos haviam se passado, o mesmo agora tem uma barba rala, e o cabelo está mais arrumado, e não mais rebelde quando na adolescência. Ele agora não é mais um jovem universitário, mas um homem. Ainda assim, mesmo que anos se passasse, Rosalind jamais iria se confundir.
Aquele enfermeiro. Aquele humano modificado que aparece na imagem é seu filho.
Rosalind tinha que agir rapidamente. A sua equipe esperava isso dela, o presidente espera isso dela, suas mãos estão atadas, e neste momento a missão se tornara pessoal demais. Deveria ela revelar isso ao presidente? O mesmo deveria ser informado de tudo, porém se ela o fizesse, inclusive sua posição de liderança nesta força tarefa poderia ser comprometida e mais uma vez o filho lhe escaparia pelas mãos. Deveria ela esconder ele de tudo e de todos? Rosalind sabe que para isso teria que burlar leis e necessitaria da ajuda de mais algum agente, provavelmente Banks, mas é um movimento tão arriscado quando a primeira ideia.
Lincoln precisa ser resgatado, Rosalind deve isso a ele. Hoje, após ter perdido tanto em sua vida, ela percebe que esteve ausente na vida do filho, se ela o capturasse e o levasse para a U.A.C.A., ele poderia ser curado, poderia voltar a ser seu filho, quem sabe até mesmo perdoá-la?
Uma força tarefa é criada as pressas, Rosalind deixa claro a Banks que ele deve capturar Lincoln vivo a todo custo, ela não diz o porque para ela esse humano modificado é tão importante, mas é bem óbvio que ela tem um interesse enorme no enfermeiro.
Não demora muito para que o encontrem, um grande grupo de agentes é enviado até onde ele se localiza, numa parte mais interiorana, de mata fechada.
Rosalind aguarda pelo retorno do time com agonia. Em seu escritório ela anda de um lado para o outro, com o seu telefone na mão ela aguarda uma chamada, de minuto em minuto olha pela janela que dá ao lado de fora do prédio, talvez eles não a telefonem, apenas retornassem com o seu filho já capturado, seguro e muito em breve salvo.
O telefonema finalmente chega, Rosalind atende de pronto.
– Sim, como foi a missão? Já estão retornando? - questina ansiosa.
– Senhorita Price, nós o perdemos, teremos que chamar a todos para essa missão.
O coração de Rosalind se aperta, ela não gostaria de ter que dar o próximo passo, mas suas opções estavam se acabando.
A agente sabia que seu filho não se renderia fácil, ela conhece o seu temperamento forte, mandar agentes armados atrás dele talvez não tivesse sido a melhor jogada, mas ela tampouco poderia aparecer para ele de cara limpa, pois sabe que talvez isso seria ainda pior.
Fotos de Lincoln são divulgadas em todos os meios de mídia. Agora a U.A.CA., a polícia e o FBI o procuram. Sua cara está pública, civis também sabem de sua existência e alguém em algum momento fará uma denúncia.
Rosalind tem uma noite horrível, se revira na cama sem conseguir dormir, ela tem esperanças de que logo receberá alguma notícia, mas a espera é um tormento.
Logo cedo ela se reencontra com Banks. No carro oficial eles conversam sobre a falha missão de captura e sobre as mais de 24 horas sem nenhum sinal de Lincoln.
– Ele não sumiu. - ela devaneia entre todas as possibilidades. – a menos que sim… Ele não consegue fazer isso, consegue? - Rosalind pergunta ao agente que está a seu lado.
– Não. - ele garante.– o negócio dele é eletricidade… Ele vai aparecer. - Banks garante. – Por isso avisamos a população, ele não tem onde se esconder.
– Eu espero que sim. - Rosalind se força para não deixar seu desespero aparecer em sua voz, mas não faz um bom trabalho. Pela primeira vez em toda sua vida profissional, ela teme. – Precisamos começar a fazer progressos, mostrar resultados… - ela tenta fingir que seu empenho descomunal era apenas pela expectativa de reportar resultados ao presidente.
Uma outra agente, de cabelos castanho e rosto redondo e traços simples a interrompe. Ela senta no banco da frente do carro, ao lado do motorista.
– Senhora Price, tem uma chamada de vídeo para você.
– Pede para esperarem. - ela responde sem hesitar.
– É a Casa Branca. - a agente informa.
Rosalind suspira de olhos fechados. Ela sabe que não será uma ligação muito agradável.
– Pode passar para minha tela. - Rosalind ordena, após gastar alguns segundos tentando se recompor.
Rosalind se sentiria aliviada, se não estivesse tão apreensiva por tudo o que já estava acontecendo ao seu redor. Ao contrário de ver a imagem do presidente na chamada de vídeo, é o rosto de Phil Coulson que aparece.
– Coulson. - ela diz monotonica.
– Me chame de Phil. - ele diz, como sempre mais solícito do que o necessário.
– Eu não posso é chamá-lo de presidente. - ela responde não tão gentil.
– Você não é a única pessoa conectada com a casa branca… Bom, a minha é uma conexão pirata via satélite que logo será descoberta, então serei breve. - o seu bom humor é indestrutível. – Está fazendo muito barulho, e francamente me sinto um pouco insultado, está pedindo ajuda para todo mundo: para o FBI, a polícia local e agora para a população… - enquanto Phil fala, o telefone de Banks começa a tocar, ele atende a chamada e Rosalind mantém sua atenção nas lamentações de Coulson. – A todos, menos as pessoas que realmente sabe das coisas.
– Você quer dizer: você.
– Eu quis dizer, sim. - Coulson assume. – Então vamos nos encontrar. Só nós dois, pessoalmente… – Banks chama a atenção de Rosalind, ele não mais fala no telefone. – terreno neutro… - Rosalind nem mais presta atenção no que Phil está falando.
– É… Pode me dar licença um momentinho? - Rosalind não espera por uma resposta e já muta a conversa. Ela então se dirige a Banks.
– O que foi?
– Já temos a localização do Lincoln Campbell. Ele está hospedado em um apartamento no subúrbio de Chicago.
– Já sabe o que tem que fazer. - Rosalind diz e logo retorna a chamada com Phil. – Tudo bem Phil, vamos nos ver, acho que teremos muita coisa para conversar.
A aceitação de Rosalind para conversar com Coulson pouco tinha haver com uma real vontade de cooperação dela. Perspicaz, ela logo viu uma chance de resgatar Lincoln sem a intromissão da SHIELD. Se ela fosse capaz de manter o diretor da agência fantasma ocupado o suficiente para que a U.A.C.A tomasse a liderança, ela já poderia contar isso como uma vitória.
Banks monta um time com os melhores em campo e partem num avião de combate ultraveloz para chegarem a Chicago, de lá usam carros para chegarem ao prédio em que a denúncia foi feita, e assim não chamarem tanta atenção. Porém agentes com equipamentos de proteção e armados quase que até os dentes não passam despercebidos facilmente.
Ao chegar no apartamento indicado, Banks percebe que Lincoln provavelmente os viu chegar ou foi alertado por alguém. O denunciante, um homem de meia idade, corpulento e entradas nas laterais, está no chão, desacordado. Agentes vasculham por todo o apartamento, mas não encontram o que tanto queriam.
Enquanto isso, Rosalind se desloca até o local de encontro sugerido por Phill. Dirigindo seu próprio carro, ela estaciona em uma bahia próximo a uma praia onde gaivotas cantam e voam livremente. Phill já a aguardar quando ela chega. Ele veste um terno preto e usa óculos escuro. Na sua mão esquerda (que hoje ela sabe que não é real) uma luva preta camufla a prótese tecnológica que ele utiliza no lugar. Parece intimidador, mas Rosalind não se amedronta por aparências.
– É… Admito que fiquei bem surpresa quando você me ligou. - Rosalind se permite confessar.– Olhe para cá. - ela ordena ao perceber que Phil tem os olhos fixos em seu carro conversível. Pego no flagra Phil sorri.
– Me pegou, desculpe. Obrigado por vir me encontrar. - ele agora presta atenção total em Rosalind.
– Você me deu uma desculpa para dirigir pela costa. - mente.
– Ela tem um nome? - Phil se refere ao carro de Rosalind.
– Eu amo meu carro, mas é apenas um carro. - ela responde. – E é ele. - brinca e Phil ri, deixando-se distrair novamente pelo possante.
– É… Da última vez que nos encontramos, você me desarmou com suas táticas evasivas. - Rosalind ainda tinha dificuldade para entender como Hunter e Phil, sozinhos, escaparam de uma armadilha com mais de 10 agentes altamente treinados da U.A.C.A.. A história contada por Banks parecia até mesmo mentira, de tão pitoresca, mesmo ela entendo que a mão protética de Phill ser equipada com vários itens que os ajudaram a fugir, toda a situação lhe parecia um tanto louca demais para ser real.
– Entendi a piadinha.
– Não, não! Eu tenho que admitir, fico pensando o que mais tem debaixo da manga.
– De verdade. Eu entendi. - Phil leva as provocações de Rosalind na brincadeira.
– Imagino que eu não seja a primeira. - diz se referindo as piadinhas sobre a ‘mão’ de Phill.
– Acho que é sim, é bem recente. - Phil explica.
– É… Desculpa. - Rosalind fica sem jeito. – Eu sei que não deve ser fácil.
– É… - a história sobre como ele perdera a mão é longa e complexa demais para a ocasião. – Não foi isso que viemos discutir. - Coulson muda de assunto e retira seus óculos com a mão verdadeira.
Rosalind suspira, queria ganhar mais tempo, mas sabia que não poderia enrolá-lo para sempre.
– Você está usando a abordagem errada. Deixar a população em pânico? Não funciona. Continue fazendo isso e a coisa vai ficar feia. - Coulson começa a orientá-la, o que não a agrada, mas ela o escuta.
– Olha só, a minha agência só existe porque a sua acabou.
– Mas nós voltamos, embora com menos propriedades e mais escondidos.
– Esse ‘escondidos’ é que é o problema, ninguém sabe que vocês existem, mas eventos bizarros estão acontecendo, as pessoas tem que se sentirem seguras.
– Essas notícias sobre ameaças alienígenas é para que as pessoas se sintam seguras? - ele a questiona. – Olha, na verdade é que você não entende com o que está lidando.
– E você sim?
– Sim, por isso que eu estou pedindo para que a minha equipe resgate o Lincoln. - Rosalind então percebe que Phil e ela jogam o mesmo jogo. – Se nós o pegarmos será fácil, se forem vocês pessoas se machucarão.
– Olha, pode até ser, mas… Eu sinto muito, eu não posso concordar. - Rosalind o desfia. Ela não abrirá mão de ter seu filho novamente ao seu lado e nada que Phil venha a dizer poderá mudar isso. Nem mesmo que ela tenha que jogar sujo. – Ele é extremamente perigoso.
– Não se estiver sob nossa custódia. - Phil o defende sem saber que nem mesmo Rosalind acredita no que fala.
– Não vamos desmembrá-lo para pesquisa, se é isso que lhe preocupa. Nós não somos a HYDRA.
– Você diz isso agora. O que tem de tão importante? - Phil começa a desconfiar das reais intenções de Rosalind.
– Você está falando sério? Lincoln consegue derrubar um avião...
– Eu tenho outra teoria. O presidente fez esse grande discurso sobre a organização que ele está formando… Imagino a pressão que está sofrendo para mostrar resultados.
– Não está errado. - Rosalind se contorce por dentro por ter que admitir isso. – É por isso que vou prendê-lo. - mas ela aproveita a deixa e faz com que as suspeitas de Coulson pare por aí. Ele não precisa saber que existe ainda mais por trás do seu interesse em resgatar Lincoln. – Mas porque estamos aqui, Phil? Nós vamos ver o pôr do sol juntos? Porque se não veio aqui fazer um acordo, o que você quer?
– Você tem uma carta na manga e eu cansei de esperar você usá-la. - Rosalind sorri, sabendo do que se trata.
– Ah! Então é isso?
– Você tem as filmagens do hospital, o que significa que tem uma outra imagem que escolheu não divulgar na TV.
Rosalind pega seu celular a procura da imagem que Coulson fala.
– Um rosto bem bonito. Mas não tem nome, certidão de nascimento ou nenhum outro documento… Ela é um deles, e ela trabalha para você, não é? - Rosalind o pressiona. Phil pela primeira vez se mostra desconfortável.
– O que faço para manter isso em segredo?
– Você sabe o que eu quero.
Rosalind sabia que guardar o segredo da humana modificada que está a serviço de Phil poderia vir a calhar em algum momento, só não imaginava que isso poderia ser usado tão rapidamente. Mas o que mais importava no final é que graças a isso, nada mais a impediria de resgatar o seu filho perdido.
...
Olá olá, eu sei que esse capítulo deveria ter sido postado ontem, mas vários pequenos ocorridos me impediram de postar o capítulo do dia correto. Ainda assim corri para hoje ter o capítulo postado e espero realmente que gostem, tentarei fazer um capitulo extra nessa semana, mas não consigo prometer nada por agora.
Até amanhã com mais um capítulo de Red Blood Lipstick
Nenhum comentário:
Postar um comentário