A última missão havia sido um fracasso, nem Rosalind nem o presidente estavam satisfeitos com o que estava acontecendo. Ao mesmo tempo em que o time liderado por Luther Banks, um homem branco, careca, com feição séria e carrancuda, que é antigo amigo de Rosalind nos seus tempos de serviços no FBI; estava a cada dia resgatando mais e mais humanos modificados, contendo-os, impedindo que eles se tornassem uma grande ameaça a população geral e lhes dando a oportunidade de serem salvos num futuro, se possível, próximo; o número de corpos encontrados com um buraco no meio do peito, demonstrava que o projeto estava falhando, e isso não poderia continuar desta maneira.
Um dos privilégios do novo cargo foi uma lista atualizada de informações consideradas as mais sigilosas de todo o governo. Uma delas, em questão, fez o estômago de Rosalind contorcer, Coulson estava vivo, ele foi trazido de volta a vida por ordens de Nick Fury. Ela não estava triste por isso, mas saber que um recurso como este existe e o mesmo nunca foi apresentado ao restante do mundo, que nunca foi apresentado a seu marido, a machucou...
Focando, porém, na parte que realmente importa, Rosalind sabe que Coulson está por trás dos humanos modificados que ela não foi capaz de salvar, sabe também que o mesmo coordena a SHIELD, mesmo a agência sendo considerada extinta pela população em geral. Rosalind não sabe quais são as intenções de Phill Coulson com os humanos modificados, mas sabe que ele parece ter muito interesse nessas pessoas, e estava constantemente a atrapalhando em capturá-los. Rosalind também sabe que ele sabe sobre a U.A.C.A. e consequentemente sobre ela e tem consciência de que o mesmo estava investigando-a.
– E o que você pretende fazer? - Luther a questiona.
– Deixarei que ele me investigue. - responde. – criarei uma rotina pelas próximas semanas, com uma brecha em que ele poderá se mostrar para mim, mas claro, nesse momento preciso ter uma pequena equipe na retaguarda, sempre em disfarce, para me proteger e contra-atacar, caso seja necessário. Quero surpreendê-lo. Quando ele achar que me pegou, na verdade eu o terei pego.
– E se ele desconfiar? Perceber que é uma armadilha? - Luther sabe do prestígio que Coulson tem e duvida que um plano tão simples pode funcionar.
– Phill é um agente excepcional, contudo é sentimental. Seus sentimentos o torna descuidado. Algo me diz que os humanos modificados para ele é muito mais que apenas parte do trabalho. Ele irá cair. - Rosalind não pestaneja.
Sua confiança se torna sustentável mais rápido do que se espera, após dias a fio mantendo uma rotina especial, totalmente planejada para que Coulson aparecesse, o mesmo aparece.
Nos últimos dias Rosalind, religiosamente, pegava a mesma linha de metrô todas as noites, ao fim do seu expediente, o vagão que ela usava, era esvaziado de civis e para distração, agentes disfarçados simulavam serem passageiros. Havia um intenso cuidado para que alguns agentes saíssem ou entrassem no metrô em estações alternadas, evitando que uma ligação entre eles e Rosalind fosse detectada. Hoje, porém, havia a presença de dois intrusos. Coulson, de meia idade e cabelos ralos e castanho escuro, sua feição é dócil mesmo quando ele está sério, olhos escuros e sem barba; e um homem de estatura mediana, cabelos loiro escuro, de cavanhaque e feição séria. Os dois homens, agentes da SHIELD, simulavam não se conhecerem, assim como Rosalind e os outros 12 agentes disfarçados dentro do vagão.
Luther tinha dificuldade de acreditar que o tão famoso e estimado Coulson poderia agir de forma tão amadora. Como ele trouxera o reforço de apenas um agente? Rosalind é uma boa espiã, tem boas técnicas de combate, ela poderia derrotá-los numa luta, talvez não sem muito esforço, mas ela poderia escapar dos dois se assim desejasse.
Enquanto Rosalind simula estar respondendo a emails em seu tablet, sentada sozinha em um banco do metrô, Coulson decide interceptá-la. Ele e seu outro agente se levantam e caminham até Rosalind, que ao percebê-lo se aproximando, não esboça nenhuma surpresa.
– É uma pessoa difícil de localizar. - Coulson diz num tom seguro, porém discreto, ele claramente não quer causar alarde entre os outros passageiros.
– É sério? - Rosalind ironiza. – Pois localizá-lo não foi problema nenhum. - nesse exato momento os "passageiros" do metrô se revelam agentes, apontando suas armas em direção aos dois agentes da SHIELD, deixando-os sem ter como fugir.
Enquanto os seus agentes disfarçados algemam Coulson e o outro agente da SHIELD, que agora ela sabe que se chama Hunter e que se trata de um britânico com um humor bem ácido. Rosalind inicia sua conversação.
– Eu teria enviado um carro, mas, então, teria desconfiado de alguma coisa, Sr. Coulson.
– E como é que lhe devo chamar? - Coulson não reluta, parece inclusive bem tranquilo com toda a situação, mesmo estando cheio que agentes armados, preparados para qualquer ação dele. – Senhora Kinley? Senhora McBride? Tantos nomes falsos, por onde escolher...
– Me chame de Rosalind.
– Rosalind... Sei que é esse o nome que utilizou na NASA.
– Na NASA, eles têm o hábito de utilizar apelidos, na verdade. - a agente não tem pressa em tirar a verdade de Coulson, ela sabe que tem o controle da situação e que o fará falar quando quiser. – Toda essa história de mentalidade do exército está tão profundamente enraizada.
– E, de alguma forma, você parece estar ligada ao Departamento de Defesa...
– A Exploração Espacial e o Departamento de Defesa já não trabalham separadamente. - explica.
– E também não gostam de compartilhar informações... Você tem a tendência de desaparecer, e depois materializar-se no interior de uma agência rival. Sinto que estou falando com um fantasma.
– E eu estou a falar com um cadáver. - Rosalind não hesita e Coulson parece surpreso, pela primeira vez desde que começaram a conversar. – Você não é o único que fez suas pesquisas.
– Parece que não mesmo. - Coulson concorda.
– Aos olhos do público, a SHIELD já não existe. E você foi morto muito antes da agência para a qual trabalhava ter sido encerrada... Mas, ainda assim, ambos ressurgiram das cinzas... Se eu não estivesse tão intrigada, estaria aterrorizada.
– Sinto que nada a assusta. - Coulson retruca.
– Não é verdade. - Rosalind confessa. – Mas, certamente, não me sinto intimidada pelo fato de ter andado a vigiar o meu caminho habitual para casa, recorrendo a técnicas de intimidação do KGB.
– Eu não saberia disso. Não passei tanto tempo como você a trabalhar com a Contra-inteligência Russa.
– E eu não passei tempo algum no Tahiti, embora tenha ouvido dizer que é um lugar mágico. - novamente Rosalind pode perceber que surpreende Coulson com uma informação que deveria ser confidencial. – Vamos concordar que nós dois apreciamos um bom segredo, embora os meus aparentem ser insignificante perto dos seus
– Tem que acompanhar os tempos, Roz. Você não vai querer ficar ultrapassada - Coulson mostra o seu humor.
– Por isso que eu planejo prendê-lo... Para que isso pare de acontecer.
– Temos duas equipes em posição na próxima parada, senhora. - Luther informa a Rosalind.
– Isso é uma equipe para cada um de nós. - Hunter, que até então se mantivera bem quieto, destaca o óbvio. – Mais uma vez, matemática.
– Eu espero que possamos continuar a nossa conversa num local mais íntimo. - Rosalind ignora a intromissão de Hunter.
– Terei prazer em responder a qualquer pergunta que venha ser necessário para você, o encerramento não me parece ser necessário.
– Muito gentil da sua parte ser tão acolhedor, mas então, me diga. Onde você está a escondê-los? - Rosalind se levando do banco do metrô e se aproxima mais de Coulson. – Estes humanos modificados são uma ameaça, e eu fui encarregada de neutralizar essa ameaça.
– "Custe o que custar" parece ser a frase que vem a seguir. - Coulson a interrompe. – E para quem você trabalha?
– Senhor Coulson, são os outros que respondem a mim... As leis da natureza mudaram, e até que as leis humanas façam refletir isso, apenas poderemos fazer aquilo que nos parece correto.
– Creio que concordo. - ele responde.
– Eu sei que você concorda.Então... compreendo o rastro de corpos que anda deixando para trás. Os mortos não me interessam. Quero aqueles que você protege.
– Mortos? Eu não matei ninguém. - Coulson parece realmente confuso. – Tivemos desaparecimentos antes que pudessemos protegê-los.
– Então como você me explica os cadáveres que encontramos atingidos por algum tipo de arma energética?
– Não foi a SHIELD! - garante.
– Nem nós. - Rosalind responde.
– Ainda estamos a ser cautelosos e ironicos ou, de repente, estamos sendo honestos? - Coulson pergunta.
– Se você não está matando aqueles indivíduos, então, quem está? - Rosalind sente um leve medo pelo desconhecido.
Os celulares de Rosalind e Coulson começam a tocar no mesmo instante.
– Se nós dois estamos recebendo uma chamada, então acho que sabemos do que se trata.
– Me dê licença. - Rosalind irá atender a ligação; para isso ela muda para o outro vagão, garantindo a privacidade que necessita para o assunto que provavelmente trataria. Por mais que os dois agentes da SHIELD estejam cercados e, ao que tudo indica sejam inocentes a respeito dos cadáveres, ela ainda quer manter as informações em sigilo.
A notícia não podia ser pior, um dos humanos modificados atacara um hospital, e deixou o local destruído. Se não bastasse isso, outros dois humanos modificados também foram avistados no mesmo complexo hospitalar.
Rosalind não tem muito tempo para arquitetar um plano para tentar capturar os três humanos antes que fosse tarde demais, pois um barulho vindo do vagão em que ela estava a conversar com Coulson chama sua atenção e quando ela retorna ao mesmo percebe que os dois agentes, de forma inexplicável, conseguiram fugir.
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