segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Capítulo 1 - A Separação dos Campbells (A Origem de Lincoln Campbell)

 




A primeira infância de Lincoln foi boa e normal, Rosalind (que sempre se apresentava aos outros com o nome de Margaret) ainda estava trabalhando para o governo americano e Edwin se tornara chefe da área da cardiologia do maior hospital da cidade de Cincinnati. 


Por volta dos seus 9 anos, porém, Rosalind foi remanejada para um cargo maior dentro da NASA. Rosalind estava por isso por anos, depois de tudo que passara e fizera, ela finalmente estava reconquistando seu prestígio dentro dos órgãos do governo e voltando a ocupar altos títulos. 

No seu novo cargo o sigilo e a dedicação tomavam quase todo o seu tempo, e a sua quase sempre ausência na vida do filho foi sentida profundamente pelo mesmo, que aos poucos notou que sua relação com a mãe se tornou fria. 


Apesar de ser mais apegado ao pai, a relação dos dois tampouco era tão próxima, assim como Rosalind, o cargo no trabalho de Edwin lhe sugava muito tempo e energia, porém, o dedicado pai sempre se desdobrava para passar um tempo com o filho que tanto ama. Sempre lhe tentando lhe ajudar nas tarefas escolares, fazendo passeios aleatórios no cinema, em partidas de basquete e beisebol... 


Já adolescente, com um temperamento nada fácil de se lidar, os poucos momentos em que a pequena família passava reunida eram um desastre. Lincoln se tornara impulsivo, Edwin não conseguia controlá-lo, nem mesmo se esforçava muito, pois sentia-se culpado pelo mal comportamento do filho e acreditava que aceitá-lo desta forma era a melhor forma de ajudá-lo. Rosalind, por outro lado, não conseguia se manter calma quando filho se mostrava rebelde e no fim os dois sempre discutiam muito. 


Rosalind ama o filho, o marido e seu trabalho, e não se arrependera de escolher nenhum dos três, mas aos poucos ela sentia que seu filho, seu tão amado filho, escapava-se pelas suas mãos. O mesmo ocorria com seu marido. Edwin continuava sendo o mesmo homem dedicado a ser um bom marido e fazer Rosalind feliz, ele em nenhum momento revelou a sua verdadeira profissão, sempre se dirigindo a ela como Margaret quando estava em público, nem mesmo para sua família (o qual o mesmo tanto estimava) ele disse algo. Mas o pouco contato, o constante cansaço por parte dos dois (graças ao trabalho intenso) e as discussões dos encontro em família, tornou o relacionamento distante.


Após se formar no Ensino Médio, Lincoln decidiu que tentaria seguir os passos de seu pai e começou a estudar medicina. Edwin ficara tão orgulhoso do filho. O levou para conhecer todas as melhores faculdades de medicina, o ajudou a escolher para qual queria ingressar. Esta foi uma das fases em que os dois mais se aproximaram. 


Lincoln, fisicamente muito se assemelha a seu pai, cabelos loiro escuro, o formato do rosto com curvaturas bem definidas, sobrancelhas grossas e olhos claros, o nariz, porém, é da mãe, assim como o formato da boca e o temperamento forte.  


Após as inúmeras visitas e pesquisas, o jovem decidiu-se por uma faculdade que se localizava no mesmo estado em que nascera, mas não na mesma cidade, dessa forma o mesmo não se afastaria completamente de onde já estava acostumado a viver, mas poderia se esquivar das desastrosas reuniões familiares. 


No dia que se mudou para o dormitório da faculdade, Rosalind e Edwin fizeram questão de acompanhá-lo. Durante o trajeto havia uma tensão, todos estavam esperando pelo momento em que a briga começaria, mas Rosalind decidiu que não discutiria com filho naquele dia, o mesmo agora estaria ainda mais longe dela e ela não queria que sua breve despedida fosse marcada por gritaria e acusações. 


Ainda no primeiro período do curso, Lincoln conheceu sua namorada, Gabriela que era sua colega de turma. Sua vida parecia estar finalmente entrando nos eixos. Ele ia bem nas matérias, ele amava sua namorada, e, longe da casa de seus pais, ele se sentia mais calmo. 


Rosalind e Edwin aprovaram o namoro de Lincoln, o que não era de se estranhar. Gabriela era uma menina doce e simpática, não gostar dela era quase impossível. Ela sempre se preocupava com Lincoln e sabia sobre o constante sentimento de vazio que o mesmo sentia.


Ele não sabia o porquê, talvez a ausência de seus pais lhe fizesse sentir incompleto, talvez fosse a crescente pressão sobre si mesmo a medida que ele se aproximava da graduação,.ou talvez fosse outra coisa da qual ele ainda não sabia explicar... Por mais que Gabriela tentasse ajudá-lo, o vazio começou a tomar controle da mente do rapaz, a drenar sua energia, a dominar sua vida… Lincoln afundou-se nas bebidas, por várias vezes chegara na sala de aula de ressaca, mas o pior mesmo era quando ele chegava na faculdade ainda bêbado. 


Sua namorada fazia o que podia para ajudá-lo, aguentava seu temperamento imprevisível, buscava-o desacordado nos bares e o levava até seu dormitório, cuidava das suas ressacas. Ela acreditava que o seu amor iria curá-lo em algum momento. 


O ponto baixo da vida de Lincoln porém, iniciou-se no dia em que foi expulso da faculdade por, bebado, discutir com um professor que lhe chamou a atenção. Apesar de ter sido rapidamente controlado pelos colegas de classe, Campbell chegou a agredir o professor. Aquele era o limite, a instituição não poderia mais aceitá-lo. 


Na noite do mesmo dia, sua namorada tentou fazer uma intervenção, ela queria que o mesmo procurasse ajuda, do AA ou de um psicólogo, igreja, qualquer coisa. Ela estava disposta a ajudá-lo no que fosse preciso. Mas Lincoln, ainda transtornado e ainda mais bêbado do que na manhã daquele dia, transformou a tentativa de intervenção numa discussão calorosa.


Quando a discussão começou a sair do controle, ele decidiu se afastar da situação, e foi para o carro. Preocupada, sua namorada não o permitiu ir muito longe. Ela entrou no carro junto a ele, e tentou de toda forma fazê-lo parar. Ela sabia que ele estava bêbado, que não seria capaz de dirigir daquela maneira. 


Lincoln usava de sua força bruta para manter-se na direção e impedir que a namorada o coibisse. Ela tentava acalmá-lo, mas ele nem mesmo a escutava. 


Lincoln não se lembra de todos os detalhes, sua embriaguez não permite. Mas a visão do carro batido no poste e da sua namorada agonizando, prestes a morrer, presa no banco do passageiro nunca saiu de sua mente. 


Ali ele atingiu seu ponto baixo, mas também foi ali que uma nova chance lhe foi dada...



Ao receber a chamada do acidente Edwin caiu ao chão, sem forças para lutar. O carro tinha sido consumido em chamas, os bombeiros informaram que não havia restado nada. Rosalind só foi informada sobre o ocorrido um dia após o acidente, pois estava numa missão que a deixou totalmente desconectada do mundo exterior. No mesmo instante ela pediu licença do trabalho e se juntou ao luto com o marido.


Quando o relatório final da polícia chegou, uma surpresa, não havia provas de que o Lincoln morrera no acidente. Tal revelação coincidiu com a volta, misteriosa de Gabriela. Ela estava desmemoriada, porém totalmente saudável. Uma grande investigação foi aberta, mas nenhuma pista surgia e Gabriela não recobrava sua memória por nada. A polícia parou de tentar descobrir algo e arquivou o caso. Rosalind, porém, não desistiu, algo dizia que seu filho ainda estava vivo.


Novamente ela largou tudo e afundou-se no trabalho. Conseguiu uma transferência para o FBI e usou de todo seu conhecimento e influência para encontrar alguma pista sobre o paradeiro de seu único filho. Foram anos de pura frustração, sentimento que só aumentou quando ela recebeu outra notícia avassaladora. 


Edwin estava com câncer. Rosalind queria estar próximo a seu marido, mas ela queria mais ainda encontrar o filho, para que o mesmo pudesse ver seu pai e dá-lo a força necessária para se recuperar… Todos sabiam que a perda de Lincoln afetara muito a Edwin e indicavam que o avanço rápido de sua doença se dava exatamente por essa tristeza profunda. 


Rosalind só parou de buscar pelo filho quando percebeu que já era tarde demais… O médico informara que Edwin não viveria mais que um mês. Rosalind tinha perdido muito tempo, foram anos distante, um mês ao lado do homem que tanto amou não foram o suficiente para que o sentimento de culpa fosse sanado. 


Quando seu marido faleceu, ela se viu completamente perdida. Ela odiava trabalhar para o FBI e por isso pediu demissão, ela perdera o filho e o marido. Seus três grande amores não mais existiam. 


Oito meses após enterrar seu marido, Rosalind (que se desfez completamente do personagem de Margaret Campbell), foi convocada pelo próprio presidente para uma nova missão. Ela seria a responsável por uma nova organização, responsável por controlar uma nova ameaça: Os humanos modificados. 


A ATCU traria algo que Rosalind desejava que tivesse sido lhe apresentado antes. A possibilidade de congelar e manter seguros os humanos afetados por esse estranho surto, até que uma cura fosse encontrada… Como ela gostaria que Edwin tivesse tido essa oportunidade…


Pela primeira vez em sua vida, Rosalind não aceitaria o cargo apenas por ela, mas por crer que era o melhor a se fazer. Que ao lutar pelo humanos que estavam sendo transformados em armas potencialmente letais, ela estaria honrando seu falecido marido.





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