sábado, 24 de outubro de 2020

Capítulo 2: As Próximas Missões (Red Blood Lipstick)



As vozes tagarelas inundam a sala de reuniões, o que deixa Sofia confusa, sem saber em quem prestar atenção, e a quem responder, ou com quem concordar. Se Vanda estivesse aqui isso não estaria acontecendo, a mesma tem uma autoridade que não permite que uma confusão como essa ocorra, talvez ela tenha escolhido mal, Sofia era passiva demais para liderar, mas Vanda lhe havia confiado tal missão e a enfermeira teria que cumprir.

– Falem uma de cada vez! - se exalta para ser escutada.

– Então nosso grupo vai acabar? - Jane pergunta lamentosa.

– Não! - Sofia responde instantaneamente. – Vamos apenas fazer uma pausa.

– Temos que fazer algo! - Rosa se exacerba. – Vanessa não pode ficar agindo assim, como bem entende!

– Rosa... - Lisa tenta acalmá-la, mas é interrompida pela amiga ainda raivosa:

– Ela que está nos traindo, não só nos abandonou, mas agora também está nos traindo.

– Não podemos fazer nada contra ela, fizemos um voto. - Sofia a lembra.

– Ela quebrou o voto no momento em que decidiu ir embora, porque temos que manter a nossa parte? - Rosa questiona, mas nem mesmo espera por uma resposta de Sofia. – Você está sendo muito condescendente, você sempre é assim. - reclama.

– Não estou sendo condescendente. - se defende. – Vanda já está cuidando disso, não precisamos agir, eu sei que Vanda fará o que é melhor para todas.

– Vanda é ainda mais boba que você. - Rosa revira os olhos. – Aposto que ela ainda tem esperanças de que poderá trazer Vanessa de volta ao grupo, e que vai nos obrigar a recebê-la de braços abertos.

– Se esse for o plano da mãe, teremos que respeitá-la. - Jane encerra a discussão. – Devemos isso a ela! - Rosa cruza os braços, insatisfeita.

– Olha... - Sofia reinicia, tentando manter um tom conciliador. – Não é como se fosse o fim do grupo, vamos considerar como uma folga. - Rosa bufa. – Eu sei o que isso significa! - Sofia cerra os dentes. – Mas se quisermos continuar, teremos que ceder!



Todas parecem aceitar sua fala, até mesmo Rosa, que segue injuriada, concorda que a medida é necessária.



– Então apenas uma missão e descanso. - Lisa resume.

– Sim, todas nós já sabemos os nossos próximos alvos, creio que não há muito mais o que discutir sobre eles, ou ainda existe alguma dúvida? - Sofia pergunta.

– Eu já fiz concluí minha missão ontem a noite. - Jane revela.

– Jane! - Sofia chama sua atenção. – Você sabe bem que deve nos avisar!

– Eu sei! Mas eu estava estudando a rotina dele e ontem era um dia particularmente bom, onde ele ficava mais vulnerável... Fora que ele estava planejando uma longa viagem nesse final de semana, eu teria que viajar para cumprir minha missão.

– E qual é o problema? Você é a responsável pelas missões fora da cidade ou estado. - Sofia não deveria, mas se irrita pela atitude da amiga de grupo.

– É, eu sou a única que não trabalha, ou tem responsabilidades e que vive apenas pelo grupo. - diz reclamona. – Mas eu não quero viajar agora, é sempre mais difícil cumprir as missões fora da cidade, eu odeio isso.

– Tá, mas talvez esse fosse um bom momento para que você concluir sua missão fora da região! - a líder interina sente que o controle escapa pelas suas mãos.

– Do que você está falando? - Jane pergunta.

– Tem mais coisas... - Sofia se enrola, as garotas se mantém em silêncio, esperando por uma resposta completa. – Um jornalista...

– Um jornalista... - Lisa a incentiva.

– Um jornalista foi conversar com meu pai, sobre o que ocorreu com minha mãe. - inicia a explicação. – ele disse que está a trabalho de um grande jornal e fala sobre casos que não tiveram justiça, ele pareceu bem interessado em conversar com Vanda e saber mais sobre a ONG... Ele me deu o cartão dele, onde eu pude ver o blog que ele escreve e existe uma série de reportagens intitulada "A conclusão dos casos inconclusos"

– Poético. - Lisa ironiza.

– Ele notifica casos que ocorreram ao redor do país em que a justiça falhou ou que deixou a desejar num certo ponto, mas que de alguma forma os criminosos pagaram, na maior parte ele conseguiu finalizar as reportagens apontando que houve uma vingança ou uma tragédia inexplicável, mas alguns casos acabam de forma misteriosa, sem explicação... Basicamente todos esses casos misteriosos são daqui, da nossa cidade. - ela pausa por poucos instantes. – Todos os casos são nossas missões. - As mulheres se entreolham, estarrecidas pela nova informação. – Eu não sei se ele sabe sobre nós, mas algo me diz que ele desconfia. - Sofia acrescenta. – No blog dele os casos reportados são recentes, não faz sentido ele querer colocar o caso da minha mãe no meio, a não ser que esse grande projeto dele envolva casos mais antigos... Mas...

– Precisamos elimina-lo. - Rosa a interrompe.

– Concordo, não podemos deixar ele ir mais longe na investigação. - Jane complementa. Todas esperam que Lisa diga algo e a mesma sente a pressão para se posicionar.

– Concordo com vocês. - inicia. Sofia sabia que elas provavelmente já decidiram pela morte do jornalista, infelizmente o mesmo estava colocando o nariz onde não havia sido chamado. – mas... - Lisa não gosta muito de ser a que "estraga" os planos das outras, mas ela teria que fazê-lo desta vez. – Se ele realmente estiver trabalhando para um grande jornal, quem garante que só ele saiba sobre nosso grupo? - ela tinha um ponto.

– Provavelmente ele deve estar passando algo para o editor do jornal, matá-lo só iria fazer com que investigassem com mais afinco. - Jane percebe.

– Teríamos que fazer algo muito bem feito, teria que parecer um acidente.- diz Rosa.

– Ainda assim, quem ele estiver informando suas descobertas ainda continuará vivo, outro jornalista pode aparecer, isso virará uma bola de neve. - Sofia conclui.

– Então o que vocês querem fazer? - Rosa pergunta.

– Temos que descobrir se ele está passando as informações para alguém. - Sofia sugere.

– Mas como? - Rosa pergunta.

– É, mas como? - Lisa reforça a pergunta.

– Não sei. - Sofia custa para responder e se sente fracassada ao perceber que não faz ideia de como deveria agir. Geralmente as missões delas não envolviam recolher informações, apenas investigar a rotina do alvo, planejar e executar sua justiça.

– Eu sei como. - Jane diz e todas se entreolham preocupadas. – Eu vou descobrir.



Sofia suspira.



– Jane... Eu não acho que essa é uma boa ideia...

– E porque não? Nenhuma de vocês podem fazer isso melhor que eu. - não é a intenção, mas Jane acaba soando presunçosa.

– Todas nós somos capazes de fazermos de tudo. - Rosa a corrige.

– Não estou falando sobre matar, mas sobre retirar informações... Com todo o respeito, mas... Você, Sofia. - Jane se dirige a morena. – Você é do tipo simples, você estuda seu alvo e executa, raramente você tem contato com o alvo antes, você apenas causa um acidente ou algo do tipo e sai ilesa... Rosa, você pode envenenar alguém ou acertar um tiro certeiro na cabeça de uma pessoa mesmo estando a mais de 20 metros de distância, você é ótima, mas isso não tira informações de ninguém... Lisa... Bom...

– Eu posso descobrir coisas. - ela sorri travessa.

– Sim, talvez você consiga algo, mas no seu caso é um 'talvez', no meu caso é um 'com certeza'. Em algum momento ele vai sucumbir e falar tudo o que eu preciso. Vocês sabem disso.



Todas miram a Sofia, esperando por sua reação. A enfermeira sente como se estivesse carregando o mundo nas costas, Vanda sempre fez com que as delegações de missões parecessem tão fáceis, ela conhece o ponto forte e fraco de cada uma, sempre sabia qual a mais adequada para cada tipo de alvo.



Apesar de toda sua dúvida, Sofia sabia que Jane tinha razão em vários pontos. A enfermeira até teria mais facilidade em entrar em contato com o jornalista, já que o mesmo já a conheceu e tinha deixado seu contato, porém sua capacidade de persuasão não é das melhores, seria ela capaz de tirar-lhe informações sem que isso o deixasse desconfiado?



Rosa é multitalentosa, mas infelizmente nesse momento seus aparatos pouco valiam para algo, a não ser que a química tivesse descoberto ou criado algo como o soro da verdade, ela seria um total fracasso nessa missão.



Lisa... Bom, Lisa já havia conseguido confissões, mesmo quando não era necessário, suas técnicas de dominação muitas vezes tornava seus alvos comunicativos, mas não era algo que funcionava com todos. E se o jornalista fosse imune a suas investidas? E se ele não fosse do tipo de ceder facilmente? E se ele apenas sentisse prazer ao ser dominado, assim como vários outros?



Apenas Jane teria a frieza e as técnicas necessárias para obter a verdade do jornalista.



– Esta será a missão da sua vida, Jane, você não poderá falhar! - Sofia deixa claro.

– E em alguma vez eu já falhei? - pergunta.

– Você terá que matá-lo depois. - Rosa diz. – Não tem como você fazer o que irá fazer e deixá-lo sair ileso. - quase um minuto de silêncio toma conta da sala.

– Posso pesquisar, talvez exista algo no passado dele que faça sua morte mais justificável. - Lisa se dispõe.

– E se não tiver nada? - Rosa insiste.

– Teremos que quebrar nosso voto. - Sofia constata penosa. – Teremos que matar um inocente. 



...



Sim, isso mesmo, postagem surpresa para vocês!
Quem também me acompanha no meu Wattpad já estava sabendo que hoje eu iria postar com capítulo surpresa, este será o última capítulo da fase mais "Clean" da história, já nos próximos capítulos vocês poderão ver as meninas em ação e a história por trás de cada uma.
Bom, espero que tenham gostado desse capítulo surpresa, na terça-feira venho com mais Red Blood Lipstick para vocês.
Bjss e até mais.

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