Escuto um grito.
É minha mãe.
Mas que merda! Porque
ela não ficou quieta em seu quarto?
Agora o barulho se intensifica, não são apenas alguns
objetos caindo, mas sim coisas pesadas, gritos, não somente de minha mãe, mas
também de meu pai, os cachorros da vizinhança começam a latir, claramente alarmados
pela bagunça que esta acontecendo em minha casa. Torno a tentar abrir a porta,
agora não mais me importo com a minha segurança, meus pais estão lá embaixo,
lutando? Apanhando? Não sei, mas não posso abandona-los. Se eles vão lutar ou apanhar, eu vou lutar ou
apanhar junto.
Minha porta faz um barulho estanho e alto enquanto a forço
para frente e para trás, bato na porta, grito, mas nada acontece, a porta não
se abre, e o barulho do lado de fora só se intensifica.
Corro até a janela do meu quarto, do lado oposto a porta,
ela também estava fechada, e trancada.
Mas o que?
Posso até tê-la fechado, pois estava uma noite fria, porém
eu não havia a trancado.
Tento pegar algum livro em minha estante, que fica bem ao
lado da janela, e tacar no vidro da janela, que nada mais faz do que soltar um
barulho oco.
Tento novamente, mas nada muda. Corro, tentado encontrar
algo mais pesado e firme, algo que realmente me ajude a quebrar a janela.
O barulho para. Porém eu ainda posso escutar o meu coração
acelerado. Talvez tudo já tenha acabado e eu não precise pedir ajuda.
_ Mãe? – grito. _ Pai? – ainda não escuto nada. _ Mãe? – vou
até a porta, e dou alguns murros. _ Pai? – continuo gritando, porque eles não me respondem?
Um soco vem do outro lado da porta. Tomo um susto e dou
alguns passos para trás.
_ Mãe? – grito, porém sai um grito tremulo.
Não obtenho resposta.
Meu corpo inteiro treme.
_ Pai? – tento gritar, mas sai praticamente um sussurro.
Outro estrondo vem do outro lado da minha porta, e desta vez
a porta sai voando em grandes e pequenos pedaços. Berro sem nem mesmo perceber
e tento correr, sem nem mesmo ter para onde fugir.
Na porta vejo uma
figura alta, toda de preto, com mascara e luvas. A figura não se movimenta; se
mantem parada, frente à porta, que agora não mais existe. Eu olho apavorada e
fico paralisada, quero tentar correr novamente, talvez tenha uma possibilidade
de fuga, não sei qual, mas mesmo se tivesse, sei que não vou descobrir, meus
pés parecem pregados com prego no chão.
_ Olá Lara. – diz a figura, que agora sei que se trata de um
homem. _ Chegou a hora. – diz, vindo em minha direção. Tento me afastar, mas
não ando, ainda estou presa. Ele me agarra e eu apago.
Acordo.
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