domingo, 26 de março de 2017

10. Lara (Parte 2)

Escuto um grito.
É minha mãe.
Mas que merda! Porque ela não ficou quieta em seu quarto?
Agora o barulho se intensifica, não são apenas alguns objetos caindo, mas sim coisas pesadas, gritos, não somente de minha mãe, mas também de meu pai, os cachorros da vizinhança começam a latir, claramente alarmados pela bagunça que esta acontecendo em minha casa. Torno a tentar abrir a porta, agora não mais me importo com a minha segurança, meus pais estão lá embaixo, lutando? Apanhando? Não sei, mas não posso abandona-los.  Se eles vão lutar ou apanhar, eu vou lutar ou apanhar junto.
Minha porta faz um barulho estanho e alto enquanto a forço para frente e para trás, bato na porta, grito, mas nada acontece, a porta não se abre, e o barulho do lado de fora só se intensifica.
Corro até a janela do meu quarto, do lado oposto a porta, ela também estava fechada, e trancada.
Mas o que?
Posso até tê-la fechado, pois estava uma noite fria, porém eu não havia a trancado.
Tento pegar algum livro em minha estante, que fica bem ao lado da janela, e tacar no vidro da janela, que nada mais faz do que soltar um barulho oco.
Tento novamente, mas nada muda. Corro, tentado encontrar algo mais pesado e firme, algo que realmente me ajude a quebrar a janela.
O barulho para. Porém eu ainda posso escutar o meu coração acelerado. Talvez tudo já tenha acabado e eu não precise pedir ajuda.
_ Mãe? – grito. _ Pai? – ainda não escuto nada. _ Mãe? – vou até a porta, e dou alguns murros. _ Pai? – continuo gritando, porque eles não me respondem?
Um soco vem do outro lado da porta. Tomo um susto e dou alguns passos para trás.
_ Mãe? – grito, porém sai um grito tremulo.
Não obtenho resposta.
Meu corpo inteiro treme.
_ Pai? – tento gritar, mas sai praticamente um sussurro.
Outro estrondo vem do outro lado da minha porta, e desta vez a porta sai voando em grandes e pequenos pedaços. Berro sem nem mesmo perceber e tento correr, sem nem mesmo ter para onde fugir.
 Na porta vejo uma figura alta, toda de preto, com mascara e luvas. A figura não se movimenta; se mantem parada, frente à porta, que agora não mais existe. Eu olho apavorada e fico paralisada, quero tentar correr novamente, talvez tenha uma possibilidade de fuga, não sei qual, mas mesmo se tivesse, sei que não vou descobrir, meus pés parecem pregados com prego no chão.
_ Olá Lara. – diz a figura, que agora sei que se trata de um homem. _ Chegou a hora. – diz, vindo em minha direção. Tento me afastar, mas não ando, ainda estou presa. Ele me agarra e eu apago.


Acordo.

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