domingo, 2 de abril de 2017

10. Lara (Parte Final) - Último Capítulo

Acordo.
Sei que não é a primeira que acordo desde a noite que fui arrancada de minha casa, mas tampouco lembro o que ocorreu das últimas vezes que eu acordei.
Sinto que estou voando, meus pés não tocam o chão e meu corpo parece leve, como se eu pesasse menos que uma pluma, meu cabelo voa, o que me faz pensar que estou caindo, mas sei que não estou, pois flutuo, como se eu estivesse em um taque cheio de água, para ser bem sincera, eu estou em um tanque, vejo uma parede de vidro, que me engloba 360 graus, como um tubo, porém eu respiro normalmente e minha visão está tão translucida quanto antes, então por que flutuo? E onde estou?
Um homem aparece em minha frente, ele observa atentamente, com um caderno na sua mão, ele não me toca. Se mantem todo o tempo apenas me olhando e anotando sabe-se lá o quê. O homem tem os cabelos dourados, que mais parecem serem fios de ouro, seus olhos são claros, verdes. Ele é bonito. Mas seu olhar me apavora.
Outro homem aparece atrás dele. Este é um pouco mais baixo, tem cabelo preto, e é bem magro.
_ Ela parece acordada. – diz o homem de cabelo preto.
_ Sim, ela está. Ela também já está pronta. – diz o homem que tem cabelos de ouro. Sua voz me soa familiar.
_ Isso é bom, a minha última pupila está pronta. – diz o homem, maravilhado. Eu sei que tudo que escuto parece um absurdo, até mesmo penso ser um sonho, afinal de contas, nada aqui parece ser vida real, talvez seja por isso que eu não consigo reagir.
_ É melhor chamar Eraqen, ainda não sabemos o que eles podem fazer. – eles? Isso está ficando mais louco do que o previsto, e quem é Eraqen? Que tipo de pai escolhe um nome desses? Ou melhor, como minha mente foi capaz de criar um nome desses? Afinal de contas, sonhos são feitos pelo seu subconsciente, ainda que você não saiba.
_ Está preparado para controla-los? – pergunta o mais baixo. O cabelo de ouro suspira, vejo o vapor que isso faz no tubo em que estou.
_ Sim, senhor.
_ Então, liberte-a. – diz o de cabelo preto. Fico feliz em saber que serei libertada, mesmo sabendo que só se trata de um sonho, ouvir esta palavra faz meu coração palpitar de alegria, mesmo sem eu saber o motivo.

Acordo novamente.
Agora estou deitada em uma cama, o que me deixa aliviada, pois tudo não se passava de um sonho. Porém, todo o sentimento de alivio se esvai de mim assim que percebo que não sei onde estou. A cama na qual me deito não é a minha cama, o quarto em que estou não é o meu quarto. Seria este mais um sonho, ou no fim tudo é real?
Levanto-me, tentando assimilar tudo o mais rápido possível, preciso saber onde eu estou e, principalmente, como sair daqui.
O quarto é pequeno e minimalista. Uma cama, um espelho do lado direito, preso na parede; uma mesa pequena e quadrada, com apenas duas cadeiras, do lado esquerdo, e claro, uma porta e uma janela. Vou até a janela e percebo que ela é fosca, o que me não me permite ver com detalhes o que há do lado de fora, porém vejo muito verde, o que me indica que estamos em um lugar rodeado por natureza, seria lindo, se eu não morasse no meio de uma cidade grande, em que o verde é raro.
Estar na natureza significa estar longe de casa, e estar longe de casa significa que terei dificuldades de voltar para ela.
Tento empurrar a janela com as mãos, mas ela não se move. O que, nesta altura, já deveria ser bem óbvio para mim.
Afasto-me um pouco da janela e dou uma breve olhada no espelho. Estou vestida com uma calça preta, que parece ser de moletom, e uma blusa de manga cumprida, branca, meias brancas calçam meus pés. Estas não são minhas roupas, eu nunca escolheria essas peças, mas pelo menos são confortáveis, não me atrapalharia caso eu precisasse correr. Estou com o cabelo amarrado, o que geralmente eu não gosto, então o desamarro, deixando-o cair em meus ombros.
Escuto um ruído atrás de mim, me viro e logo a frente da porta está o homem de cabelo de ouro, solto um grito, assustada, e me afasto, andando de costas, até bater com tudo na parede.
_ Não irei te machucar. – diz ele, e agora posso reconhecer sua voz, ele é o mesmo homem que invadiu minha casa. Sinto meu coração se acelerar como nunca. _ Poderia se sentar, por favor. – diz, gesticulando em direção à mesa.
_ Não. – tento responder. Minha voz sai fraca.  Ele não diz nada. Apenas ajeita sua postura, ficando mais ereto.
Eu não quero ir. Mas vou. Não porque tenho medo dele, nem porque quero obedece-lo, mas sim porque meu corpo me obriga a ir, é como se eu tivesse perdido o controle dos meus movimentos.
Sento-me, sinto meu corpo pesado, o me faz sentar de maneira encolhida, corcunda. Entretanto minha respiração fica mais calma e meu coração para de disparar, não entendo o motivo de o meu corpo estar fazendo isso, eu ainda estou sentindo medo, não há motivos para eu me acalmar. Será que eu estava desmaiando?
Espero que a escuridão chegue, mas ela não chega.  Eu não irei desmaiar.
A porta se abre e o outro homem, o de cabelo preto, entra.
Ele anda diretamente até onde estou, e se senta na cadeira a minha frente.
_ Liberte-a. – diz, olhando para o homem de cabelo de ouro. Não entendo o porquê de ele insistir em falar isso.
Não sei o que acontece neste momento, mas não sinto mais o peso me puxando para baixo, agora eu consigo me erguer e sentar-me menos deselegante. Meu coração volta a se acelerar, não tanto quando estava antes de eu me sentar, mas ainda assim, bate mais rápido do que o normal.
_ Olá Lara. – o homem de cabelo preto diz. Não respondo. _ Meu nome é Bartolomeu, e este. – diz olhando para o de cabelo de ouro. _ É o Dalton – ele parece esperar que eu diga algo, mas eu sigo muda. _ Eu sinto muito pela forma em que tudo vem acontecendo, mas foi necessário– ele diz sério. _ Você quer falar algo? – pergunta. Continuo sem dizer nada. O homem de cabelo preto, Bartolomeu, que até a pouco parecia bem animado, agora olha para o homem de cabelo de ouro, Dalton, como se eles estivessem se comunicando. Olho para Dalton e as palavras começam a jorrar da minha boca.

_Meu nome é Lara Sullivan, tenho 19 anos, e... – não entendo o porquê estas palavras vêm e minha mente, nem mesmo sei seu significado, mas eu sinto que devo dizê-las. _ sou uma Statera Ilegal.




Fim (?)

Antes de tudo, eu sei, nada parece fazer sentido, mas calma aí, você logo entenderá.
Vamos pensar, a história se chama "Antes de Ilegais", e se existe um antes, isso significa que existe um depois, não é? 
Basicamente é isso, toda esta história era apenas uma introdução para uma história maior ainda e em breve passarei mais informações a vocês sobre a continuação desta história.
No mais, quero agradecer a todos que acompanharam, espero que tenham gostado.
Muito obrigada por tudo

Um comentário:

  1. OMG, fico quase um mês sem celular e quando volto me deparo com isso, garota não brinca comigo não, adorei , agora tô mais curiosa do q estava no início, posta logo por favor! Bjs

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