4 e 5 de Maio de 2015
O clima
agora estava estranho, não necessariamente ruim, mas estranho. Joe não sabia
exatamente o porquê e Demi temia saber até demais.
Seria
isto possível? – pensava ela.
Mas logo com ele? – pensou enquanto o Homem de Ferro
explodia alguma coisa no filme, do qual ela não conseguira prestar atenção um
segundo sequer.
Não, não, claro que não. – concluiu.
Nada aconteceu e nada vai acontecer. – disse a si mesma.
Mas e se? – olhou-o de canto de olho, ele
parecia um pouco tenso, será que ele também estava sentindo o clima estanho?
(...)
Hoje, Joe,
pela primeira vez na vida, acordara atrasado e, se acordar atrasado já é algo
diferente da sua natureza, o motivo é mais inédito ainda.
Ali, daquela
mesma cama, que agora ele corria para se levantar, ele passara a noite pensando
no havia acontecido durante a tarde do dia anterior.
Ele e Demi
fazendo guerra de travesseiros e ela cai, levando-o junto, ambos se entreolham.
Entreolham-se de maneira que nunca fizeram antes. Algo mudou ali, disso não
havia duvida.
Mas o que mudou? – perguntava-se Joe.
E sua maior
pergunta, a que mais o atormentava: Porque
mudou?
(...)
Podia ser
terça-feira, mas o shopping estava cheio como se fosse final de semana, fato
que incomodou um pouco a Demi, mas o assunto que teria com Camilla não poderia
esperar.
- Espero que
você tenha um bom motivo para você me tirar do meu trabalho. – disse Camilla,
assim que avistou a amiga, frente a uma livraria do shopping.
– Nem tente,
eu sei que você esta me agradecendo por dentro. – contrapôs, mas não em um tom
amigável, como era o esperado. Isto fez com que Camilla não dissesse mais nada,
apenas esperou que a amiga falasse o que tanto a afligia. Demi hesitou. – Eu e
Joe. – começou e olhou de soslaio para Camilla, esperando uma primeira reação, como
não obteve nada, continuou. –Eu estava no apartamento dele e nos estávamos
brincando...
– Brincando?
– perguntou Camilla. – Quantos anos vocês têm?
– Era guerra
de travesseiro. – esclareceu Demi. – Nós duas ainda fazemos isso às vezes. –
relembrou-a.
– Homens não
fazem isso, Demi. – disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo.
– Ele
pareceu gostar. – falou convencida. – E até uma boa parte foi bem legal.
– E então o
quê deu errado? – perguntou.
– Eu caí...
– Normal. –
brincou Camilla. Demi relevou.
– Mas eu o
levei ao chão junto comigo. – disse, já começando a corar. – E ele caiu encima
de mim.
– Uau. –
surpreendeu-se com o rumo da conversa. – E depois? – perguntou.
– Nada. –
respondeu.
– Incrível, é
a segunda oportunidade que ele perde.
– Camilla!
– Tá, tá, e
qual é a urgência nisso Demetria? Você caiu, ele caiu, um encima do outro, porém...
– suspirou. – nada...
– Algo
estranho aconteceu Camilla, ficou um belo de um climão entre nós e... Sei lá...
Por um momento eu pensei... Pensei que... Bom... Que nós íamos...
– Putz Demi!
Fala logo mulher!
– Eu pensei
que nós íamos nos beijar.
– E você
gostaria que isso tivesse acontecido? – perguntou Camilla, agora falando bem
sério.
– Claro que
não! – não hesitou em responder. – Quer dizer... – repensou. – Não sei. –
concluiu.
– E qual é a
sua dúvida?
– Não sei. –
isto era completamente frustrante para Demi, ela sentia algo estranho e sabia
que não era um bom sinal, pois apesar de negar, ela entendia muito bem o que
estava se passando.
– Demi, você
não é boba, se você está assim é porque você se importa e se você se importa é
porque sente, e o que você está sentindo é real, não tem mais volta.
– Talvez eu
esteja só impressionada.
– Impressionada
com o quê? – Camilla gentilmente tentava colocar a amiga de volta aos trilhos,
se enganar não era a solução, e enquanto ela não aceitasse isso ela viveria em
um constante tormento.
– Não sei. –
suspirou cansada. – Quem sabe eu esteja só um pouco carente? Você sabe, toda
esta mudança, ficar longe da minha família, minha mãe que não fala comigo... –
Camilla sabia de toda a história, mais só agora, vendo Demi falar desta maneira,
que ela percebera o quão triste ela realmente estava.
– Ele pode
ser uma boa distração, Demi.
– Isso não
seria justo com ele. – disse Demi duramente, como Camilla tinha coragem de
cogitar uma coisa dessas? – Ele é uma pessoa legal, não o usarei para
satisfazer minha carência. – bateu o pé.
– Não me
leve a mal, não estou falando para você usá-lo e descarta-lo logo após. Ele
nunca teve ninguém e... Bom... Ele me parece bem a vontade com você, se ele se
sentir da mesma maneira que você, porque não?
– Eu não sei
se ele se sente da mesma maneira que eu.
– E o que
você está esperando para ver?
– Talvez eu
não queira saber.
– Você não
precisa ter medo disso.
– Não quero
arriscar, sério, foi só um... Clima estranho... Não preciso ficar paranoica.
– Eu acho que
você talvez não tenha percebido, mas você já está paranoica. – Demi hesitou. E
se a amiga estiver certa? E se agora não tiver mais jeito? E se ela estiver
realmente se... Se... Aí meu Deus e se eu realmente estiver me
apaixonando?!
O dia de Joe
hoje teria sido bem melhor, isto se ele não estivesse com a mente tão longe.
Apesar de
muitos ainda o encarar com uma frequência incomoda, hoje as pessoas se
mostraram bem menos invasivas e por muitas vezes ele conseguira andar pelos
corredores como antigamente, “invisível”. Ainda assim, ele pode dizer com toda certeza
que hoje, definitivamente, ele dera a pior aula de toda sua carreira
profissional, as duvidas dos alunos estavam sendo respondidas de maneira tão
vazia que Joseph tinha consciência de que o famoso “Sim” à pergunta “Todos entenderam?”
Nunca soou tão falsa. Joseph torcia para que nenhum aluno fosse reclamar com a
direção da escola, já basta um problema
em sua vida.
– Sabe? Você
ficou bem gatinho. – disse uma das aulas do segundo ano, interceptando ele no
corredor da escola, agora já era hora da saída, e a escola estava praticamente
vazia, ainda havia alguns alunos por ali, apenas aqueles que estavam enrolando para ir
embora, ou a espera de alguém que os fossem buscar. Ao lado da garota, tinha
duas outras garotas, que Joe sabia que era da mesma turma que ela. Ele sabia
que o nome dela é Amanda, e sabia que uma das amigas era Stefanni, mas não
fazia ideia do nome da terceira, por ser sempre muito quieta ele raramente
tinha que chamar sua atenção o que fazia com que ele não tivesse necessidade de
decorar seu nome. Joseph hesitou. O que falar numa situação destas? No final ele
apenas sorriu e tentou desviar-se da aluna. – Sabe, eu adoro homens mais
velhos. – Joe arregalou o olho?
– Oi? –
perguntou claramente chocado.
– Você é o
tipo ideal, mais velho, bonito e tímido. – Joseph ficou estático, era algum
tipo de piada? Talvez fosse, Stefanni e a outra menina estavam dando risinhos e
tentando esconder isso com as mãos. Porém... Bom, Amanda parecia bem séria. – Meus pais iriam adorar saber que eu estou saindo com alguém responsável. Seria
a primeira vez. – riu. – Não vai falar nada? – perguntou um pouco irritada com
a falta de reação de Joe.
– Você está
bem? – perguntou por fim.
– Claro que
estou, muito melhor agora que você respondeu. – sorriu sugestiva.
– Olha,
sinceramente, eu espero que você esteja brincando. – falou tentando não parecer
grosso, mas acabou não obtendo muito sucesso. As três amigas olharam para ele atônitas.
– Você está
me recusando? – perguntou como se fosse o maior absurdo da terra.
– Sim? –
respondeu ele indeciso. As amigas se entreolharam.
– Você é um
tapado. – disse por fim e se retirou, junto com as amigas. Joe demorou um pouco
para se mover. Mas que merda era essa que
acabara que acontecer? Seja lá o que fosse, que isso nunca mais tornasse a
se passar.
Demi sabia
que Joe já estava quase chegando do trabalho, ela já havia pensado em varias
maneiras de ir tentar falar com ele, mas não sabia como fazer sem assustá-lo,
se ela, que já passara por isso antes, já estava assustada, imagina ele, que
seria a primeira vez?
Respire fundo Demetria.
Camilla
tentara ajudar a amiga, e graças a ela, Demi tomara a coragem de conversar com
Joseph, poderia ser um passo perigoso, ao mesmo tempo em que ele poderia se
sentir bem, até quem sabe, um pouco lisonjeado, ele também poderia sentir medo,
e se afastar dela. Demi não sabia se era um risco que valia a pena correr, mas
no fundo ela precisava disto, ela havia passado o dia inteiro pensado no que quase aconteceu e que em como, no fundo,
ela gostaria muito que o quase aconteceu fosse
um aconteceu.
Como sempre,
Joseph foi pontual, Demi, sabiamente, já o estava esperando do lado de fora, e
assim que as portas do elevador se abriram, revelando a figura dele, o coração
dela disparou. Demetria não sabe, mas assim que Joseph a viu, esperando por
ele, o coração dele também disparou.
– Ei. –
sorriu tímida. – Como foi o trabalho hoje? – perguntou assim que ele saiu do
elevador e se aproximou dela, porque era tão difícil? Por um momento Demi
desejou ser Camilla, sem duvidas a amiga já teria dito tudo na cara.
– Foi... Estranho.
– confessou e sorriu para amenizar. – E o seu... Dia?
– Um
pouco... Complicado. – respondeu. Ambos se fitaram em silêncio, um esperava que
o outro tomasse a iniciativa. – Sobre ontem. – começou Demi, por fim. – Eu acho
que deveríamos conversar.
– Eu também
estava pensando sobre isso. – confessou ele.
– Sério? –
perguntou com uma pontada de alivio e felicidade na voz.
– É. –
respondeu tímido. – Acho que... Algo de...
– Estranho? –
sugeriu ao ver a dificuldade dele.
– Sim, algo
de estranho aconteceu. – falou.
– Eu talvez
saiba a resposta. – disse Demi, se aproximando dele. Algo de estranho
definitivamente estava acontecendo, Joe instintivamente se aproximou de Demi, era
como se de uma hora para outra o corpo dela tivesse se transformado em um imã e
o ele fosse o metal a ser puxado. Isto não parecia certo e nem de longe normal,
mas ainda assim parecia bom.
– E qual
seria? – perguntou ele, agora os dois estavam se fitando tão de perto, tão
perto que Joseph podia sentir a respiração de Demi em sua face.
Demi não
pensou duas vezes. Precipitado? Muito, claramente muito precipitado, mas
pareceu tão certo naquele momento. Enfim o quase
aconteceu se tornaria aconteceu.
Demi o
tascou um beijo e Joe, mesmo sem experiência, deixou-se levar, pareceu tão
natural para ele, foi como se ele tivesse nascido para este momento, como se
tudo o que ele precisava na vida fosse aquele beijo.
Continua
Ei meu povo. Estão gostando? Espero
que sim.
Comentem ;)
Caah: Não roulou na hora, mas depois rolou
kkkk Espero que tenha gostado. Bjsss
Katiele: Desejo atendido kkkk Espero que
tenha gostado do capítulo. Bjsss