Música Whatever Will Be de Vanessa Hudgens, sugestão da
leitora Silvia.
Fazer o caminho de volta não fez com que
as coisas melhorassem para mim, era como se a culpa, as palavras e os
pensamentos tivessem grudado em mim como carrapato, e de mim não sairia, era
algo que teria que viver com...
Assim que avião pousou no aeroporto, Kevin e
Edgar logo foram para suas respectivas casas.
_ Quer carona até algum ponto? – perguntou
Nicholas. Já estávamos do lado de fora do aeroporto, no estacionamento, para
ser mais preciso.
_ Não, eu irie pegar um taxi. – respondi.
_ Cara, sério, me desculpe. – pediu Nicholas
pela 12ª vez.
_ Já falei que está tudo bem...
_ Eu deveria ter deixado você resolver suas
merdas por si mesmo. – lamentou-se novamente.
_ Você apenas fez o melhor, você me conhece
bem pra saber que eu não iria resolver merda nenhuma. – falei, meu coração
ainda doía, não só pelas palavras de Demetria a mim, mas também as minhas a
ela.
_
Isso não me faz menos intruso.
_ Você é meu padrinho de casamento,
padrinhos estão aí para ajudar a manter um casamento de pé, pelo menos é assim
que deveriam ser... Você só cumpriu sua tarefa. – falei, eu tentava consola-lo,
mas quem realmente precisava de consolo era eu, eu não conseguia nem mesmo
andar de cabeça erguida. O que eu tinha feito? O que eu fiz comigo? Com
Demetria? Com Rachel?
_ Você amava-a, não amava? – perguntou
Nicholas, após um incomodo silêncio. Eu hesitei a responder.
_ Eu ainda a amo. – respondi, por fim.
_ O suficiente para desistir do seu
casamento? – eu não consegui responder. _ Eu posso pagar uma passagem para você
voltar para lá, talvez ela te perdoe...
_ Não. – falei. _ O que aconteceu já foi.
Agora é seguir em frente e ver o que acontece. O tempo é sábio, ele saberá o
que fazer...
(...)
Chegar em casa pareceu fazer com que tudo
ficasse pior, meus pais, já acordados, receberam-me alegres, querendo saber
como a convenção do trabalho tinha sido, era como se fosse um mundo totalmente
diferente. Para eles, eu ainda sou aquele moleque inocente, mais um filho para
ficaram orgulhosos de. Mas eu nunca fui assim, eu já tinha me deteriorado,
segundo suas crenças, antes mesmo de ir para Las Vegas, mas antes eu parecia
não me importar com minha pulada das regras, mas também, século 21, a
probabilidade de alguém casar ainda virgem está bem pequena em consideração do
que era na época deles ou as dos meus avós, tudo bem que se eu levar em
consideração que hoje em dia alguém ser traído já é até mesmo considerado parte
da vida, o meu erro ainda continuava totalmente comum e perdoável. Mas o problema
não era esse, não era a traição em si que me fazia sentir tão mal – com a
consciência tão pesada, que mais parece um pesado pássaro negro trancafiado e
triste. – mas sim o que fiz com Demetria, ver sua feição triste ao escutar
minhas palavras de nojo, seu choro, as pessoas presenciando, mas uma vez, ela
ser completamente humilhada, como esquecer que isso aconteceu? Como esquecer o
que fiz?
Com a desculpa de estar cansado consegui me
livrar do questionamento por um momento.
Subi até meu quarto, joguei minha mala no
chão, sem nenhum cuidado, aproximei-me da janela e vi: lá estava eu novamente,
na mesma Lewis de sempre, respirar aquele ar de cidade pacata é bom, mas minha
alma invejava aqueles que vivem em Salt Lake City ou em Las Vegas, ver aquela
gente totalmente livre, diferentes, sentia inveja até mesmo dos riscos, do
perigo, pode ser bobo, mas nada é novo por aqui, nada muda, e não seria eu que
poderia mudar o curso das coisas. Las Vegas não é minha casa e Demetria jamais
poderia ser minha, era assim que tinha ser, eu tinha que novamente aprender
que, seja bem ou mal, eu tenho que aceitar o que vier, respirar fundo, segurar
a dor, ir em frente, se assim o destino mandar, não avançar, não tentar mudar o
imutável.
Eu me comprometi a casar-me com Rachel, com
Demetria ou sem Demetria, é isso que será.
(...)
Acordei com o barulho de alguém batendo na
porta, olhei para o relógio em meu pulso e era meio dia em ponto, o que eu
tinha dormido? Quinze minutos talvez... Mas provavelmente, para me sentir
realmente relaxado, eu deveria ficar em coma por, sei lá, um ano talvez já
melhorasse as coisas um pouco.
_ Pode entrar. – gritei, espreguiçando-me e
só aí percebi que eu não tinha me trocado para dormir, isso incluí o sapato,
que ainda estavam firmes em meus pés. Sentei-me, cotovelos apoiadas em minhas
cochas e cabeça entre as mãos, talvez eu nunca consiga erguer-me da culpa e
vergonha novamente, não importa o quanto eu durma.
Ao ver o pequeno ruído da porta se fechando
olhei em direção a ela e surpreendi-me ao ver Noah parado por lá. Como já dito,
ele é o mistério da família e nunca tivemos uma verdadeira relação de irmãos, é
mais como “Vivemos na mesma casa, fique no seu canto enquanto eu finjo que não
te acho super estranho que eu fico no meu e você finge que gosta de mim.”
Provavelmente em toda a sua vida ele só tenha entrado em meu quarto umas cinco vezes no máximo, isso quando ele era
pequeno e parecia normal, estava aprendendo a andar, então ainda corria para
todo lado, batendo a cabeça em todo lugar que fosse fisicamente possível,
talvez por isso tenha ficado assim agora que cresceu.
_ Aconteceu algo? – perguntei ao perceber
que ele não parecia ter a intensão de fazer algo mais do que ficar me olhando
fixamente por tempo indeterminado.
_ Seu patrão ligou. – disse por fim. Ele já
estava ficando um homenzinho, sua voz já estava mais grossa e parecia
desproporcional para seu corpo de um pré-adolescente que não era muito ligado
aos esportes.
_ Me ligou agora? – perguntei estranhado.
_ Não, ontem e antes de ontem. – disse. _
Estava procurando por você. – Meu coração gelou, tentei sorrir para disfarçar o
nervosismo, mas pareceu só piorar as coisas, eu só torcia para que Noah fosse
ingênuo o suficiente para ser enganado facilmente.
_ Estranho, nós estávamos no mesmo lugar. –
ri.
_ Não estavam não. A não ser que você
estivesse na casa dele. – falou tranquilo.
_ Ok. – suspirei, era incrível minha
capacidade de me ferrar, talvez eu até merecesse... _ O que você quer para
manter isso em segredo?
_ Eu por acaso te pedi algo? – perguntou,
aparentemente ofendido. _ Só peço que você cuide da sua vida, você tem sorte de
estar perto daquele telefone das duas vezes e não nossos pais. – falou, era a
primeira vez o que via falar daquela maneira, na verdade era a primeira vez que
o via completar duas frases seguidas, com mais de três palavras, perto de mim.
_ Eu já tenho meus próprios problemas, não tenho tempo para cobrir os seus. –
mas que problemas aquele moleque poderia ter? _ Ah sim. – disse, abrindo a
porta novamente. _ Rachel está com a mamãe lá embaixo. – concluiu, antes de
sair.
Quando cheguei à sala, Rachel se jogou em
mim.
_ Joe, senti tanto sua falta. – disse
enquanto me abraçava forte. _ Nossa eu tenho tanta coisa para falar, o
casamento já é amanhã e teve algumas pequenas mudanças e eu tenho que ver se
você aprova tudo. – ela falava sem nem mesmo dar espaço para respirar. _ Minha
tia chegou, você precisa ver ela, você conhece ela? – perguntou, como se
tivesse a intensão de me deixar responder, mas era claro que ela não iria
deixar... _ Aposto que não se lembra dela, você tem uma cabeça tão avoada... Mas
ela está me ajudando tanto, até mesmo a filha dela, minha prima, ela não iria vir
por que ela teve uma discussão com a família, mas hoje mais cedo ela ligou e
falou que vai vir, amanhã ela chega, ah! Em falar nisso, você poderia pegar ela
no aeroporto? Ela não vem cá desde que pirralha, não deve lembrar mais como
chegar aqui. E ela tem uma filhinha, você sabia disso? Ah não, claro que não,
eu nunca falei muito sobre ela. – disse a última frase como se fosse uma
resposta a si mesma. _ Mas ela sempre foi uma grande amiga, mesmo depois da
briga, nós nos separamos um pouco depois disso, ela nem te conhece. Que horror,
eu a amo tanto e não lhe apresentei a ela, mas o importante é que amanhã vocês
irão se conhecer, ela super gente boa, fica tranquilo, você sabe, foi criada
fora daqui, é outra mente... – eu apenas assentia enquanto ela não dava sinal
de cansaço, eu comecei a fazer uma aposta comigo mesmo, por quantos minutos a
mais ela conseguiria ficar falando, sem nem me dar uma oportunidade de falar um
simples ‘oi’? Minha aposta era cinco minutos, talvez mais... _ Meu vestido
chegou ontem! – disse sorrindo e batendo palminhas. _ Eu estou doida para você
ver, claro que não agora, se não dá azar, mas eu sei que você vai chorar quando
me ver entrar na igreja. Você vai chorar, não vai? Não precisa se fazer de
machão, no dia do casamento todo homem pode chorar, nem que seja de tristeza, o
que eu sei que não será seu caso, claro. Ai Joe, você não sabe o quanto eu
estou ansiosa, como que você está conseguindo ficar assim? Parado? Calado? Não
te dá vontade de gritar? – claro que dá, principalmente se for pra você calar a
boca (pensei, mas claro que não falei.) _ Eu vou no salão de festa hoje, eles já
começaram a arrumar as coisas, deixar tudo pronto para amanhã, você quer ir
comigo? Você quase não participou das escolhas para enfeite, você precisa ver,
talvez ainda dê para mudar alguma coisa. Você pode me pegar às duas da tarde? –
não respondi nada, não achei que ela fosse parar para escutar a resposta, mas
por incrível que pareça, ela se calou e olhou-me esperançosa. Bom, perdi minha
aposta, foram ‘míseros’ 4 minutos falando como uma matraca.
_ Claro. – respondi.
_ Ah Joe. – pulou em meu colo e quase que
nós dois caímos no chão. _ Eu sabia que você não iria me decepcionar, sabia que
você é o homem perfeito? Eu não podia ter escolhido melhor... – mal ela sabia o
quão ‘bom’ eu era. _ Você percebeu? Eu achei uma dieta de um chá que emagrece,
eu já emagreci dois quilos desde a última vez que você me viu. Nossa Joe! Eu
preciso marcar um cabelereiro para você, seu cabelo cresceu rápido, não dá para
você entrar com o cabelo assim... – e continua...
Lotus Party é a único salão de festa em
Lewis, fica bem na fronteira entre Lewis e a capital, é o tipo de lugar que só
tem festas grandes quando todos os salões da capital estão todos ocupados,
ainda sim é um luxo para quem nasce em Lewis, toda festa de casamento, tirando
os festejados nos quintais das casas, são festejados lá, o lugar não é tão
grande, mas acomodam umas 100 pessoas, miseravelmente bem.
Quando cheguei lá me assustei. Se aquilo era
só o começo da arrumação eu mal podia imaginar como seria o final. As mesas já
estavam postas e grandes vasos de vidro esperavam apenas pela colocação dos
arranjos de flores – que serão postas amanhã. – as luzes já estavam postas,
holofotes no teto e pelo chão contornavam a o lugar reservado para a pista de
dança, no chão um tinha um adesivo grande, com as iniciais do meu nome é do
dela, escritos em fonte francesa clássica. Tudo estava lindo e Rachel me
mostrava tudo contando o porquê tinha escolhido, perguntando se eu gostava...
Sua animação era linda, mas não me cativava.
Eu claramente estava com o medo do agora, eu
sempre tive tudo planejado, mas de um instante a outros tudo havia mudado, eu
havia mudado, meus sentimentos haviam mudado, no meio do caminho algo
aconteceu, algo não previsto, um novo capitulo em uma história que há gerações
não sofria alterações. Algo inédito; havia um traidor, um lobo na pele de
carneiro.
(...)
Um novo dia tinha chegado e era ingenuidade
pensar que havia alguma possibilidade de que seria um dia normal, não era. Agora
eu tinha acabado de sair do salão para cortar o cabelo, já que Rachel se
recusava casar comigo no visual em que eu estava, cheguei em casa e toda a
família estava reunida, as mulheres faziam cabelo, pintavam as unhas, faziam
escovas e penteados... O casamento ainda era daqui a sete horas, mas a
ansiedade já tinha atingido a todos... Bom, a quase todos...
_ Joe, Rachel ligou perguntando se você pode
pegar a prima dela no aeroporto agora. – disse meu pai, que estava com cabelo
penteado e barba feita, ele ainda estava com o sapato na mão, o qual estava
lustrando.
_ Claro, Rachel falou em qual setor ela
estará me esperando? – perguntei.
_ Acho que terminal A2. – respondeu.
Aproveitei o tempo que estava no carro indo
ao aeroporto da capital para pensar, relaxar. Bom, eu iria me casar, isso
deveria ser bom, não é? Da mesma maneira que de uma hora para outra eu comecei
a gostar da Demetria, eu poderia voltar a amar Rachel, certo? O destino estava
me dando à oportunidade de viver uma vida feliz, com a mulher certa, de
construir uma família equilibrada e unida, de continuar a história da maneira
em que ela deveria ser. Eu errei, aceitar que errei é o melhor a se fazer, se
eu pudesse pedir perdão a Demetria, eu o faria, mas agora é tarde e ela não
ouvirá, portanto perdoar a mim mesmo é a única maneira de conseguir seguir. O
homem erra, todos erram, eu errei, mas eu tenho a chance de consertar tudo, e
dizendo ‘sim’ a Rachel hoje, será a maneira certa de me relatar.
O aeroporto parecia bem mais movimentado
hoje do que ontem quando eu cheguei, fui até ao terminal A2 e os passageiros já
tinham desembarcado, eu nem me lembrava da prima de Rachel, só a vi quando
muito pequeno, assim como sua mãe, a qual ainda não cheguei a rever, olhei em
volta e desejei ter feito uma plaquinha escrito “Prima de Rachel”, eu não a
iria reconhecer e nada me garante que ela me reconhecerá...
_ Pensei que iria me deixar plantada aqui te
esperando, vamos, eu tenho que ver o casamento de minha prima. – disse alguém
em minhas costas, a voz fez-me lembrar de algo que eu não desejava, não ela!
Impossível. Virei-me para o encontro da dona da voz familiar, e lá estava ela,
sua filha estava em seu colo e brincava com uma pequena boneca de pano, alheia a
grande tensão que havia entre mim e sua mãe. Eu desejava ainda estar dormindo
ou imaginando coisa, mas era claro que não, era por isso que o seu nome era
familiar, era por isso que ela sabia sobre Lewis, ela era a prima de Rachel, a
que teve uma briga com a família, tudo se juntava, tudo fazia sentindo.
A mim só restava uma opção. Respirar fundo e
aceitar, pois o que tiver que ser será.
CONTINUA
Postado! E aí galera, o que vocês acham que
vão acontecer? Façam suas apostas...
E aí, o que acharam da nova cor do cabelo da
Demi? Eu confesso que adorei, mal posso esperar para vê-la ao vivo *--*
Não sei quando postarei o próximo, só espero
ser mais rápida que deste.
Não se esqueçam de comentar/avaliar
Bjsss
Kika: Pois é, o capítulo não foi um capítulo feliz, mas que bom que
você gostou... Eu confesso que não conhecia ele, acho que sua música não chegou
aqui no Brasil :\ ainda terá mais um capítulo inspirado em uma música dele...
Obrigada pela sugestão, vou escutar sim, pode deixar :D bjssss
Nessa: Bom, demorei um pouco, mas postei hoje, obrigada por
comentar, espero que goste, bjsss
Samara: kkk me assustou, mas eu amei. Pois é, toda história tem seu
momento triste... Eu nem sei como te agradecer pelo carinho, serio, fico MUITO
feliz quando leio coisas assim, dá um up na motivação para continuar
escrevendo, muito obrigada mesmo. Tenho sim: https://www.facebook.com/fernanda.carolina.3133?ref=tn_tnmn
muito obrigada por comentar. Bjssss
Shirley Barros: Não precisa me pedir desculpas, linda, tudo bem... Realmente
não foi um capítulo feliz, mas fico feliz por saber que mesmo assim você
gostou. Realmente foi horrível para Demi, mas vamos ver o que vai acontecer... Bjsss
Êh Samara: Divulgado, pode deixar que eu vou dar uma olhada ;) bjsss
Fabiola Barboza: Postado linda, bjsss