Nenhum dos lados havia me convencido e cada um tinha sua
proposta irrecusável e em apenas dois dias eu teria que sair do muro e decidir
por qual caminho seguir.
Assim
que Dianna foi embora, eu me dirigi ao quarto de Joe, ele estava sentado na
ponta de sua cama e lia um livro, não parecia muito concentrado no que estava
lendo, tanto que não hesitou em larga-lo de lado assim que abri a porta.
_ O que aconteceu, meu amor? – perguntou,
vindo me abraçar forte, afundei-me em seus braços, e não respondi nada de
imediato. Joe não insistiu. Isso era algo de se admirar nele, Joe não força as
coisas, ele espera o tempo de todos, muito ao contrario de mim, eu sou bem
curiosa, não sou do tipo de pessoa que espera, mas sim o tipo de pessoa que
irrita até descobrir. Ficamos abraçados, em silêncio, por um tempo, até que eu
decidi falar.
_ Minha mãe veio pedir para que eu fosse
para seu lado. – falei. Joe afastou-se um pouco, para poder analisar meu rosto.
_ E você? – perguntou.
_ Não sei. – confessei.
_ Talvez seja melhor para todos que minha
mãe ganhe, mas... – eu não consegui continuar. O que me fazia relutar tanto em
apoiar minha mãe?
_ Se você está apoiando seu pai só por mim,
não precisa. – falou, Joe, compreensivo.
_ Não é só isso, ok. Fora que minha mãe
disse que pode ajudar. – falei, tentando parecer animada.
_ A é? – perguntou Joe, tentando parecer
interessado, nada que fosse capaz de me enganar.
_ Ela pode conseguir uma bolsa para você em
Yale. – falei, esperando pela comemoração.
_ Wow, isso é... Ótimo! – falou ele dando
um breve sorriso grande, a animação dele quase me comoveu... De tão falsa.
_ Não é isso que você quer. – falei
desanimada.
_ Não é assim também... – tentou
justificar-se, mas nem mesmo conseguiu terminar a frase.
_ Qual é o seu problema em estudar medicina
aqui? – perguntei.
_ Não é nada, Demi, é só que... – Joe
parecia nervoso, não conseguia terminar nenhuma frase que começava. Como se
escondesse algo.
_ Tem alguém lá? – perguntei, me afastando
de Joe e cruzando os meus braços sobre o peito.
_ Um... É... Demi... Eu te amo, e não seria
capaz de... É...
_ Quem? – perguntei, sem esconder minha
raiva.
_ Não é assim, Demi. – disse ele, ainda
mais nervoso.
_ Então me explique, Joe. – pedi
impaciente, ciente de que a qualquer momento, qualquer palavra em falso eu
poderia explodir com Joe. Ele hesitou, parecia procurar a melhor forma de me
dizer o que realmente o levava a querer tanto ir estudar na Inglaterra. Comecei
a bater o pé de tanto nervosismo e isso parece apenas ter piorado as coisas
para Joe, que também começou a ficar agitado.
_ É o meu sonho. – disse por fim. Meu
queixo caiu, depois de todo este tempo pensando em o que me dizer é isso que
ele me responde? “É o meu sonho”. Sério?
_ Seu sonho? – gritei.
_ É. – respondeu, pouco convincente.
_ Pois então pegue o seu sonho e vá para o
inferno junto a ele. – gritei e saiu de seu quarto bufando de raiva, bati a
porta do meu quarto tão forte que cheguei sentir o chão dar uma pequena
tremida.
Eu não sabia se voltava ao quarto de Joe e
continuava a brigar, não sabia se ia para o lado de minha mãe só para me vingar
ou se apenas me jogava na cama para chorar.
Agora me pergunto o que Joe e eu realmente
temos. O que eu sinto por ele é sincero, mas e o que ele sente por mim? É
sincero também?
O meu celular tocou, era Miley.
_ Oi Miley. – cumprimentei-a com um falso
entusiasmo. Como se eu fosse capaz de enganar Miley.
_ Ei Demi, o que esta acontecendo, em? –
perguntou.
_ Nada serio. – dei de ombros.
_ Umm sei. – disse desconfiada. _ Eu vou
ter que te obrigar a me dizer o que está acontecendo? – perguntou.
_ Miley...
_ Fala logo!
_ Eu tive uma discussão com Joe. – falei
finalmente.
_ Por quê? O que ele fez com minha amiga? –
perguntou exasperada. _ Se ele te machucou espero que ele esteja pronto para
encarar minha fúria. – ri um pouco só de imaginar Miley tentando atacar Joe.
_ Depois eu te falo. É uma longa história.
_ Pois hoje será uma ótima oportunidade. –
disse Miley. _ Hanna está saindo definitivamente do hospital hoje e todos nós
vamos lá busca-la. – falou, eu fiquei calada, já esperando a bomba. _ E isso
inclui você.
_ Não. – respondi.
_ Porque não? – perguntou confusa.
_ Todo este tempo em que ela esteve no
hospital eu não a fui visitar, eu estou me sentindo uma péssima amiga. –
confessei.
Hanna sempre foi uma ótima amiga, sempre
esteve ao meu lado e no momento em que ela mais precisava de mim, eu não
estive, como é que hoje eu vou olhar para cara dela? Ela deve estar muito
decepcionada e não deve estar querendo me ver nem pintada de ouro.
_ E você acha que ela se importa com isso?
– perguntou Miley.
_ Sim. – respondi. _ Eu me importaria.
_ A Hanna não é você. Aposto que ela vai
ficar super feliz em te ver. – disse.
_ Sua intenção melhorar meu astral? Isso só
faz me sentir uma amiga pior.
_ Demi, para de ser chata, garota! Te busco
daqui a quinze minutos. – falou.
_ Miley. – reclamei.
_ É melhor que você esteja pronta. – falou
desligando o telefone na minha cara. Miley, como sempre, esbanjando sua
educação.
Sabendo que entrar em uma discussão com
Miley é uma luta perdida, me levantei devagar da minha cama, e desanimadamente
abri meu armaria, na busca de qualquer coisa que me servisse, sem animação para
me arrumar e muito menos para sair, peguei uma calça jeans de lavagem escura e
uma blusa xadrez de manga longa, penteei meu cabelo e o amarrei um rabo te
cavalo, não passei muita maquiagem, apenas um batom e um pouco de base só para
não parecer tão desleixada.
Após estar pronta olhei-me no espelho, e
tudo que consegui ver foi a tristeza em meus olhos, eu tinha medo de estar
cometendo um erro, eu tinha medo de que Joe não estivesse sendo sincero, eu
tinha medo de eu o estar jugando mal. Mas de tudo, o que eu tinha mais medo era
de perde-lo.
Escutei o telefone da portaria tocar, com
certeza deveria ser o porteiro avisando a chegada de Miley, corri para atender
e pude perceber que Joe vinha logo atrás de mim.
_ Sim.
_ Senhorita Demi, a sua amiga Miley está
aqui, posso deixa-la subir? – perguntou. “Claro que pode” – escurei Miley dizer
no fundo.
_ Não, diga ela para esperar aí, eu vou
encontra-la aí em baixo. – respondi, sabendo que ele iria ficar puta por não
poder tirar satisfações com Joe, saber o que realmente aconteceu.
Coloquei o telefone da portaria no
interfone e voltei para meu quarto, para pegar minha bolsa, dentro havia pouca
coisa, o que não é muito comum, mas ainda sim estava totalmente bagunçada,
celular, óculos de sol, batom, dinheiro, alguns cartões de crédito, etc. Voltei
para sala e passei por Joe como se nem mesmo o tivesse visto, peguei as chaves
em cima da mesa.
_ Vai aonde? – perguntou ele, por fim, até
aquele momento, ele tinha apenas me acompanhado com o olhar.
_ Vou ao hospital com Miley. – respondi.
_ Tá sentindo algo? – perguntou _eu posso
de ajudar.
_ Não, é só Hanna, eu vou vê-la hoje, ela
irá sair do hospital. – disse. Ele sorriu.
_ Isso é muito bom. – falou. _ Se precisar
de algo me ligue, por favor. – pediu.
_ Já sei, seu telefone esta na minha agenda
do celular. – repeti as suas palavras de sempre.
_ Isso mesmo. – confirmou.
_ Vê se desta vez o usa. – falou.
_ Tudo bem. – respondi sem realmente
entender o que ele queria dizer com isso, talvez fosse o fato das poucas vezes
que saí de casa sem ele, sempre me meti em problemas que me causaram riscos de
algum modo, era como se ele já estivesse esperando por isso. _ Tchau. – despedi-me.
_ Tchau.
Assim que o elevador chegou ao térreo vi
Miley de braços cruzados olhando-me feio.
_ Desde quando eu não sou bem vinda ao seu
apartamento? – perguntou.
_ Miley nos temos que ir.
_ Não antes de você me responder, sua
tampinha. – falou.
_ Você ia implicar com Joe. – respondi.
_ Se fosse necessário. – falou, dando de
ombros.
_ E eu realmente não quero que isso
aconteça agora. – falei.
_ Porque não? – perguntou. _ Se você esta
triste por culpa dele, ele merece pagar e eu posso o fazer pagar direitinho,
ninguém se mete com amiga minha. – falou, eu ri.
_ Eu tenho certeza disso, Miley. – falei. _
Agora vamos, eu te conto tudo pelo caminho. – Miley não me pareceu muito animada, mas sei
que o meu “eu te conto tudo pelo caminho” surgiu efeito, pois ela saiu na frente
para entrar em seu carro. Eu senti-me no banco do carona e só comecei a
conversar quando ela arrancou o carro.
_ Mas você não acha que talvez ele esteja
falando a verdade? – perguntou Miley.
_ Valeu pelo apoio. – falei irônica.
_ Eu não estou falando neste sentido, eu só
estou tentando trazer uma hipótese. – falou ela.
_ Eu pensei sim, mas não há razão para ele
ter ficado tão nervosos sobre o assunto.
_ Talvez ele tenha se sentido pressionado.
_ Ainda sim, se ele me amasse eu não vejo
razão de não ficar e estudar aqui.
_ Bom, aí eu já não sei, realmente é
justificativa um pouco fraca, mas...
_ Mas nada, Miley, já que é para ir pra
longe eu prefiro me afastar. Eu não vou ficar sofrendo ou chorando por um
garoto mais uma vez, eu prometi que jamais faria isto novamente. – falei segura,
mesmo estando com um aperto no coração.
_ Você tá tentando enganar a mim ou é só um
ensaio para mostrar aos outros que você não esta sentindo nada.
_ Miley!
_ Serio, Demi, você ama ele e é claro que
você esta sofrendo.
_ Ele não precisa saber disso, ok?! – falei
um pouco exaltada. Miley riu.
_ Converse com ele, Demi. – disse ela. _
termine as coisas de melhor maneira. - Calei-me. Não iria discutir com mais
ninguém por hoje.
_ Demi! – cumprimentou-me Hanna feliz,
sentada em uma cadeira de rodas.
_ Olá Hanna. – cumprimentei-a abaixando-me
para lhe dar um abraço forte, meu coração estava despedaçado. O que eu fiz com
minha amiga? Como que ela ainda tinha coragem de ficar feliz por me ver?
_ Você está tão bem, Demi. – disse ela.
_ É. – falei, sorrindo de canto. Meus olhos
ardiam, eu queria chorar.
_ A hora de chorar já acabou na semana do
acidente, agora não há mais necessidade. – falou ela, humorada.
_ Mas eu não tinha te visto ainda. – falei
com a voz embargada. Eu não tinha coragem de olhar em seus olhos.
_ Eu sei. – falou ela compreensiva.
_ E você ainda fica feliz em me ver.
_ Você é minha amiga.
_ Uma péssima amiga.
_ Demi. Olha pra mim. – tentei obedece-la,
mas eu mal conseguia manter meu olhar no seu por mais de que dois segundos. _
Eu te conheço, eu sabia que você não viria. – falou ela. _ Eu senti sua falta e
no fundo eu queria que você viesse, mas eu te conheço há anos e sei como você
é, você não viria. – falou dando de ombros.
_ Isso é horrível.
_ Eu duvido que você não pensou em mim em
nenhum momento. – falou ela, tocando em minha mão. Eu sorri fraco.
_ Eu senti sua falta, até mesmo dos seus
momentos de chata. – ela riu.
_ Eu também senti sua falta. – falou ela.
Só aí eu tive coragem para olha-la e vi um sorriso sincero em sua face.
_ Me desculpa. – pedi.
_ Só se você me promoter não deixar mais o
Travis dirigir novamente. – falou rindo. Ri junto.
_ Tudo bem, eu prometo. – falei e lhe dei
outro abraço.
Acabei passando maior parte do dia na casa
de Hanna, agora ela voltaria a morar com seus pais que lhe ajudariam a se readaptar
a vida fora do hospital, eles não pareciam chateados comigo, apesar da mãe de
Hanna ter falado por varias vezes sobre as situações de risco que os jovens de
hoje em dia se põem só para um pouco mais de adrenalina, no fundo eu sabia que
ela estava me mandando indiretas. Como se eu já não tivesse aprendendo por
conta própria.
Miley também ficou comigo e até seu irmão,
Trace, apareceu por lá, e o mais incrível, ele estava totalmente sóbrio.
Acredite, pra Trace não há hora nem lugar para se beber, se ele não estiver
dormindo é hora de encher a cara de álcool.
Quando cheguei a meu apartamento o sol já
tinha se posto. Encontrei Joe conversando no telefone, na sala, com a TV ligada
no jornal. Assim que ele me viu chegando ele desligou a ligação.
_ Como que foi lá? – perguntou.
_ Bem. – respondi. Ficamos em silêncio por
um tempo. _ Joe. – ele me olhou. _ Nos precisamos conversar.
CONTINUA...
Capítulo postado, espero que tenham gostado.
E aí o que vocês acham que vai acontecer nessa conversa, eles vão melhorar ou
vão piorar? O que será que o Joe esta escondendo? Façam suas apostas.
Não se esqueçam de comentar/avaliar.
Bjsss
Kika & Paty: Que isso, não há necessidade de pedir
desculpas, o importante é que você continua acompanhando a fic, muito obrigada
por comentar. Bjsss
ThaahLovatic: Sabia que você me deu uma ótima ideia? Não
tinha pensado nisso, mas posso dizer que algumas das suas ideias foram bem
legal, fique tranquila que se eu usar eu ponho crédito, ok? :D Muito obrigada
por comentar. Bjsss.
AH MEU DEUS
ResponderExcluirTá perfeito....
Fiquei curiosa o que será que a Demi quer dizer?
Espero que eles não acabem =(
Como não me recordo do Joe ter falado da mãe dele, eu acho que é ela que vive lá #Euesperoque seja isso, se ele já falou, eu tenho má memória xD.
Eu senti que devia-me desculpar por tanto desculpei-me.
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Bjs