segunda-feira, 11 de março de 2013

19º CAPITULO “Tempo a perder” – AMOR EM GUERRA


_ Sinceramente, caso Joe acorde, eu não gostaria que sua criança nascesse. – falou sem pudor. Meu coração gelou naquele momento, como ele podia ter a coragem de falar isto comigo? Como alguém poderia desejar a outra um mal tão grande. _ Seria o melhor para ele.
O melhor para ele?  O que de tão extraordinário aconteceria a Joe se eu perdesse o bebê? Nada!
Aquelas palavras de Rick fizeram meu estomago embrulhar. Por sorte minha, como um bom comandante, ele soube que era hora de se retirar, mais uma palavra e mais um minuto perto daquele homem, na qual em tão pouco tempo eu aprendi a odiar, eu vomitaria tudo o que comi. O local não era agradável, afinal de contas é um cemitério, não há como ser feliz, a não ser para aqueles em que a morte não é motivo de medo ou de tristeza, mas sim de curiosidade, lucro e até mesmo diversão. Claro que depois daquela conversa, toda e qualquer alegria que eu sentia fora detonada. Joe ainda tinha coragem de me falar que ao conhecê-lo melhor você até poderia começar a gostar dele? Ele só podia estar brincando comigo. 
_ Você está bem amiga? – perguntou Miley, preocupada, eu nem tinha percebido sua presença no local.
_ Miley? Oi amiga, nem tinha te visto. – falei, abraçando-a, talvez o fato de Miley estar por perto me fizesse esquecer dos últimos minutos passados junto a Rick. Miley retribuiu o abraço, mas assim que desfizemos o abraço percebi que em seu rosto ainda tinha sinais de preocupação. _ Eu estou bem. – respondei por fim.
_ Não parece. – falou, Miley me conhece muito bem, ela sabe quando meu sorriso é verdadeiro ou não. _ Eu vi você conversando com Rick, não foi bom não é? – perguntou. Ela mesma foi uma que já me falou sobre Rick, tinha falado com ele apenas uma vez e, assim como eu, acabou odiando-o.
_ Você estava totalmente certa sobre ele. – falei.
_ O que ele te disse?
_ Ele teve a cara de me falar que se Joe acordasse do coma ele não queria que meu bebê nascesse. – falei. A lembrança de sua voz dura ao falar aquela frase novamente me atingiu em cheio, me fazendo ter vontade de chorar, não seria algo tão estranho, já que para onde se olhava tinha alguém aos prantos.
_ Eu não acredito que ele foi capaz de dizer isso. – o choque estava tanto estampado em sua face quando em sua voz.
_ Eu também não acreditei na hora. – falei, olhando para o chão. _ Ele disse que seria o melhor para Joe.
_ Seria o melhor para a guerra, perder homens, que não seja para morte, não é bem vinda para eles. – falou Miley, indignada. Eu não disse nada, ela tinha razão, desistências eram pior que morte. _ Me desculpe por ainda não ter ido visitar o Joe, eu...
_ Não amiga, está tudo bem. – falei, interrompendo-a. _ É até bom você não o ter visto no estado que ele está.
_ Oh amiga. – lamentou. _ Ele vai ficar bem. – falou. Eu confesso que já perdi a conta de quantas vezes eu tinha escutado aquela frase desde o momento em que cheguei, mas no fundo eu nem me importava, ele vai ficar bem, eu sei que vai, todos sabem que ele irá.


Ambos foram enterrados no cemitério reservado para os soldados, é triste olhar em volta e ver que há muitos túmulos lá, prova do quanto à guerra faz mal. Na guerra não há finais felizes, sempre há morte e destruição, o que há é vitória, mas não felicidade.
John e Gabriel foram enterrados um ao lado do outro, o que permitiu que todos os conhecidos pudessem se concentrar em um único local, teve a última benção do padre e da salva de tiros dada pelos soldados, em homenagem a eles.
Se eu já achava que o clima estava ruim, a hora em que os caixões começaram a ser colocados na cova foi uma tragédia, Alice, inconsolável se jogou no chão ao lado da cova, chorando e gritando para que Gabriel voltasse, era sua última esperança, talvez seus gritos o fizessem levantar, para muitos seu ato pode ter sido considerado idiota, mas eu a entendia, eu sei o que é se agarrar a esperança de um milagre, mesmo que no fundo, sua parte racional diga que é inútil. Provavelmente se um homem, na qual eu não conhecia, não tivesse se agachado ao seu lado e a segurado pelos braços, ela teria se jogado na cova, e obrigado a deixarem-na ser enterrada junto a ele. O filho mais novo de John começou a ter crise de asma, tendo que ser retirado as presas, Edna ficou sem saber o que fazer, queria ficar até o marido ser totalmente enterrado, queria ir junto ao filho para o hospital, com isso começou a desesperar-se e a desesperar quem estava em volta, o outro filho de John começou a berrar de dor, não física, mas sim de dor de perder um pai. A mãe de Gabriel teve queda de pressão, de um minuto para outro começou a aparecer câmeras de televisão, querendo gravar o enterro dos guerreiros que morreram em prol da pátria... De canto de olho procurei Rick, algo me instigou a curiosidade de saber como ele estava reagindo a aquela tragédia, será que toda aquela comoção o fizera demonstrar um pouco de sentimento?
Ele estava perto da cova de John, bem perto de Edna, bem no meio da confusão. Em seu rosto, um enorme nada. Sem lágrimas, sem sorriso, sem raiva, nada. Uma porta teria mais expressão.

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Ao contrario do que Demi pensara o dia não melhorou com o passar do tempo. Os repórteres, ao descobrir que ela era a mulher de Joe, um dos soldados com nome noticiado, começaram a fazer perguntas, assim que terminou o enterro. Eram perguntas incomodas algumas que ela sabia como responder e outras que ela tinha medo de saber a respostas, como por exemplo, haverá sequelas quando ele acordar? Quais são as reais chances dele despertar?
Haverá sequelas? Se sim, quais? Ele a reconheceria quando acordasse? Ele reconheceria alguém? Ele se reconheceria? Ele poderá andar? Ele poderá falar corretamente? Ele poderá se mexer normalmente? Todas estas duvidas estão sem respostas, os médicos não tem como informar nada enquanto ele não acordar. Poderia muito bem ele acordar como se apenas tivesse dormido por um tempo, e logo voltaria sua vida ao normal, mas também ele poderia acordar sem se lembrar de ninguém, sem conseguir se movimentar ou com a fala prejudicada, prolongando ainda mais o sofrimento de todos.
Quais são as reais chances dele despertar? Zero? Um? Cinco? Ninguém arriscava chutar uma estimativa, mas pela maneira que os médicos diziam, em uma media de zero a dez, ninguém se arriscaria dizer mais de quatro, nem mesmo Demi, que ganhara uma esperança a mais ao saber de sua presença. Ele não poderia acordar a qualquer momento, esta fora a única frase concreta que Ian se permitiu dizer, ele não acordará enquanto não ocorrer algumas cirurgias, o sucesso delas que o farão ter chances. A cirurgia está marcada para a próxima semana, enquanto isso é apenas esperar e rezar para que ou as previsões médicas estejam erradas e Joe desperte antes da operação, ou que a operação seja bem sucedida.

Os repórteres que começaram a irritar a todos os conhecidos de Joe, só pararam quando foram impedidos pelos seguranças do hospital.
Logan, Eddie, Demi, Miley, Liam, Denise e Paul, todos lá, sentados nas cadeiras do corredor do quarto de Joe, em silêncio, ainda tentando assimilar o que tinha ocorrido naquele enterro, tão catastrófico e agitado, e entendendo a situação de Joe, posta por Ian. Valia apena manter tudo aquilo? Todos estavam sofrendo, agarrando-se num fio de esperança. Não seria melhor acabar com tudo aquilo? E se Joe também estivesse sofrendo? Era justo com ele?  

Miley e Demi agora estavam no refeitório do hospital, ambas já tinham terminado o lanche, mas ainda conversavam sentadas à mesa.
_ Você não pode deixar sua esperança morrer. – falou Miley. _ Não pense no pior, isso não faz bem.
_ As coisas devem estar piores do que eu acreditava que estavam. – falou Demi, sem olhar para amiga. _ Nenhum médico que tenha alguma esperança de que o paciente sobreviva sugerirá para decidirmos se devemos continuar tentando ou parar. – falou com voz de choro, Demi queria chorar, mas as lágrimas não saiam, formando um nó em sua garganta e um buraco em seu coração. A dor é pior quando prendida dentro de si. _ Eu tenho medo que desistam de tentar, eu tenho medo de que achem que não há nada mais a fazer. – confessou.
_ Eles estão fazendo o melhor que podem Demi, você sabe que eles não irão desistir tão fácil.
_ Então porque eles já querem?
_ Eles não querem desistir.
_ Então porque ele disse o que disse? – Miley ficou sem respostas. “Sei que é difícil para vocês tomarem uma decisão como esta, mas vocês tem que levar em consideração a opção de desligamento das maquinas” - Ian “Ainda há chance de ele acordar? O u você está dizendo isto porque não há mais nada a ser feito?” – Paul, “Só estou querendo deixar claro que há outras opções, opções estas que podem diminuir o sofrimento de longo prazo. Às vezes dizer adeus é o melhor” – respondeu Ian. Aquela conversa ainda estava bem clara na memoria de Demi, cada palavra, repetindo e repetindo em sua mente como se fosse o refrão de uma música que “grudou” em sua cabeça, porem esta letra martela a torturando, não havia nada de agradável ou harmonioso naquelas palavras, mas sim a de um profissional acostumado com a morte, a ponto de não se importar em ter mais uma, e de um pai que parecia esta considerando a ideia de que um final naquele sofrimento fosse a melhor escolha para todos. _ Joe nunca considerou este fator, ele não deixou por escrito e nunca falou se queria ser salvo ou não, a vida deles não está na mão só dos médicos, se Paul e Denise quiserem acabar com tudo, eu não poderei fazer nada.
_ Denise jamais considerará isso. – disse Miley.
_ E se por acaso ele não acordar neste mês, ou no próximo, você realmente acha que ela aguenta? Você realmente acha que o Paul vai deixa-la daquele jeito? – perguntou Demi, vendo que a chance de Joe sobrevier pareciam ainda menores.
Joe jamais conheceria o filho.

(...)

Mais um momento a sós com Joe. Era o único momento em Demi conversava com ele a espera de respostas, ela sabia que ele estava o tempo todo com ela, por varias vezes sentia seu toque, mas quando estava no quarto de Joe, conversar com ele não parecia tão louco assim, afinal de contas, o que iriam pensar caso a vissem falando com o nada e dizendo que sentira o toque de um homem em coma? Até os mais espirituais poderiam duvidar de sua fala.

JOE

No primeiro momento eu fui junto a Demi, minha mãe e meu pai de volta à Fort Bragg. Confesso que fui para tentar mais um momento junto a Demi, saber que nossa conexão era forte o suficiente para que ela me sentisse mesmo em espirito me encheu de felicidade. Porem quando entramos no apartamento lá estava Logan, não reclamo, eu ficaria preocupado de deixar Demi sozinha, mas sei que isso impediria que ficássemos a sós.
Logan é o tipo ideal de se ter por perto nos momentos triste da vida, ele tem uma energia constantemente positiva que anima todos os que estão por perto, não importa o que esteja acontecendo com esta pessoa e não importa o quanto ela está sofrendo, se ficar perto de Logan, seus sorrisos sairão sem nem mesmo perceber. Nisso eu o agradeço, fazia tempo que não via Demi tão bem, sorrindo, a última vez a escutei rindo foi quanto tirei licença do exército, já fazia um mês, um mês que eu não escutava a sua risada tão contagiosa. O melhor som para os meus ouvidos.
Aproveitando o tempo em que Logan estava com Demi, eu quis entender melhor o meu estado, eu sei que posso tocar as coisas, mas não posso movê-las, sei que algumas pessoas podem me sentir, como por exemplo, Demi e minha mãe, sim, minha mãe pode me sentir, ela só não sabe disso ainda. Os animais podem me ver, prova disso é Oliver e o cachorro do vizinho que também começou a me latir feito um louco assim que me viu sair do elevador antes de eu entrar no apartamento.
Primeiramente experimentei algo que sempre vi nos filmes de fantasmas, passar sobre as coisas, tentei em vários objetos e pude observar um fato curioso. Objetos de ferro, prata ou que contenham conexão com energia eu sou incapaz de transpassar, como por exemplo, TVs, geladeiras ou elevadores, mas eu sou capaz de passar por portas de madeira ou de vidro. Porem a minha maior descoberta foi a que eu mais duvidava que eu poderia ser capaz de fazer, eu posso me transportar para qualquer lugar que eu queira, desde que eu conheça, tentei ir para outros países, sei não é o momento, mas tentei me transportar para Paris, mas fui parar na Rua Paris, que é a rua da minha primeira escola, porem quando desejei estar na casa de meus pais, cheguei sem problemas.
Demi agora estava com Logan e parecia ter se esquecido por alguns minutos dos problemas, porem meus pais estavam apenas um com o outro. Minha mãe já estava se preparando para dormir, já meu pai continuava acordado, conversando no telefone, ele falava com um tio meu que mora no Texas, parecia que a notícia sobre o meu coma tinha acabado de ser noticiada no jornal, toda família estava preocupada, ansiando por notícias e perguntado o porquê de não terem sido avisados antes. Meu pai falou pouco, ele tampouco sabia muito sobre o meu estado, apenas que eu estava em coma, que em breve faria uma cirurgia e que os médicos não estão muito confiantes no meu caso. Nada animador. Alguns parentes prometeram vir me visitar o mais rápido possível.
Não posso dizer exatamente o porquê, mas eu quis ir para o hospital, eu já tinha passado o dia inteiro lá, mas ainda sim eu quis voltar para lá. Transportei-me para sala do doutor Ian, ele olhava alguns papeis e analisava alguns raios-x, com ele haviam mais dois outros médicos e três enfermeiros, os médicos eu não reconheci, ambos pareciam experientes, mais velhos, já os enfermeiros eu conhecia, um dele sei que o nome é Andrés, formou há dois anos. Demorei uns cinco minutos para me dar conta de que os papeis e os raios-x eram do meu caso, a todo o momento eles estavam falando sobre mim.
 _ Talvez seja um pouco precipitada tal decisão. – falou Andrés.
_ Infelizmente não, já vi casos como estes, tentar é inútil. – disse um dos médicos.
_ Você sabe que eu irei tentar, não sabe doutor Gerald? – falou Ian, ao médico que acabara de falar.
_ Sei que não desiste fácil doutor Ian, mas além do risco e do gasto de dinheiro e tempo, não temos garantia de nada.
_ Tente. – falou o outro médico. _ Mas dê outras opções.
_ Eutanásia?  - perguntou Ian.
_ É uma opção a se levar em conta. – respondeu.
Eu não quis escutar mais nada, me transportei para o quarto em que estou internado. Eu não tenho muitas chances, provavelmente a minha morte seja apenas questão de tempo. Eu preciso encontrar a minha salvação, o mais rápido que eu puder, eu não tenho tempo a perder.

           CONTINUA...

Olá, capítulo postado, espero que tenham gostado. Já estou com o próximo capítulo quase pronto, por isso acho que até quarta-feira já postarei.
Não se esqueçam de comentar/avaliar
Bjsss.

Silvia: Fico feliz que tenha gostado. Já fui lá e votei, tomara que eles sejam os ganhadores da pesquisa ;) . Postado, bjsss.
Barbara: HAHAHA, o Rick realmente não é uma pessoa amável.
Que bom que entende, neste ano mudei para uma escola mais rígida e agora está mais difícil ainda acompanhar o ritmo :\
Obrigada por comentar. Bjss.
Eriimiilsa: O Rick é um personagem que veio para irritar, mas só um pouquinho, logo logo eu dou um jeito de sumir com ele xD. Obrigada por comentar. Bjsss.

3 comentários:

  1. Oie , desculpe não cometar o último capitulo

    OMG , eles não podem desligar os aparelhos , não podem

    posssssta logooooo , bjssssss da sua fã ♥♥

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  2. Se os pais do Joe decidirem desligar a Demi pode intervir.
    Que situação.
    Mas uma vez lágrimas correndo pelo meu rosto... parece que estou sentindo tudo que acontece. Muito triste

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  3. Omg! Meu coração garota. Gente, que isso? Não podem desligar os aparelhos T.T
    Me coloco no lugar da Demi e to chorando pacas. Espero que dê tudo certo. Não demore a postar ok?
    Bjs...

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