_ Sinceramente, caso
Joe acorde, eu não gostaria que sua criança nascesse. – falou sem pudor. Meu
coração gelou naquele momento, como ele podia ter a coragem de falar isto
comigo? Como alguém poderia desejar a outra um mal tão grande. _ Seria o melhor
para ele.
O melhor para ele?
O que de tão extraordinário aconteceria a Joe se eu perdesse o bebê?
Nada!
Aquelas palavras de Rick fizeram meu estomago embrulhar. Por sorte
minha, como um bom comandante, ele soube que era hora de se retirar, mais uma
palavra e mais um minuto perto daquele homem, na qual em tão pouco tempo eu
aprendi a odiar, eu vomitaria tudo o que comi. O local não era agradável,
afinal de contas é um cemitério, não há como ser feliz, a não ser para aqueles
em que a morte não é motivo de medo ou de tristeza, mas sim de curiosidade,
lucro e até mesmo diversão. Claro que depois daquela conversa, toda e qualquer
alegria que eu sentia fora detonada. Joe ainda tinha coragem de me falar que ao
conhecê-lo melhor você até poderia começar a gostar dele? Ele só podia estar
brincando comigo.
_ Você está bem amiga? – perguntou Miley, preocupada, eu nem tinha percebido
sua presença no local.
_ Miley? Oi amiga, nem tinha te visto. – falei, abraçando-a, talvez o
fato de Miley estar por perto me fizesse esquecer dos últimos minutos passados
junto a Rick. Miley retribuiu o abraço, mas assim que desfizemos o abraço percebi
que em seu rosto ainda tinha sinais de preocupação. _ Eu estou bem. – respondei
por fim.
_ Não parece. – falou, Miley me conhece muito bem, ela sabe quando meu
sorriso é verdadeiro ou não. _ Eu vi você conversando com Rick, não foi bom não
é? – perguntou. Ela mesma foi uma que já me falou sobre Rick, tinha falado com
ele apenas uma vez e, assim como eu, acabou odiando-o.
_ Você estava totalmente certa sobre ele. – falei.
_ O que ele te disse?
_ Ele teve a cara de me falar que se Joe acordasse do coma ele não
queria que meu bebê nascesse. – falei. A lembrança de sua voz dura ao falar
aquela frase novamente me atingiu em cheio, me fazendo ter vontade de chorar,
não seria algo tão estranho, já que para onde se olhava tinha alguém aos
prantos.
_ Eu não acredito que ele foi capaz de dizer isso. – o choque estava
tanto estampado em sua face quando em sua voz.
_ Eu também não acreditei na hora. – falei, olhando para o chão. _ Ele
disse que seria o melhor para Joe.
_ Seria o melhor para a guerra, perder homens, que não seja para morte,
não é bem vinda para eles. – falou Miley, indignada. Eu não disse nada, ela
tinha razão, desistências eram pior que morte. _ Me desculpe por ainda não ter
ido visitar o Joe, eu...
_ Não amiga, está tudo bem. – falei, interrompendo-a. _ É até bom você
não o ter visto no estado que ele está.
_ Oh amiga. – lamentou. _ Ele vai ficar bem. – falou. Eu confesso que
já perdi a conta de quantas vezes eu tinha escutado aquela frase desde o
momento em que cheguei, mas no fundo eu nem me importava, ele vai ficar bem, eu
sei que vai, todos sabem que ele irá.
Ambos foram enterrados no cemitério reservado para os soldados, é
triste olhar em volta e ver que há muitos túmulos lá, prova do quanto à guerra
faz mal. Na guerra não há finais felizes, sempre há morte e destruição, o que
há é vitória, mas não felicidade.
John e Gabriel foram enterrados um ao lado do outro, o que permitiu que
todos os conhecidos pudessem se concentrar em um único local, teve a última
benção do padre e da salva de tiros dada pelos soldados, em homenagem a eles.
Se eu já achava que o clima estava ruim, a hora em que os caixões
começaram a ser colocados na cova foi uma tragédia, Alice, inconsolável se
jogou no chão ao lado da cova, chorando e gritando para que Gabriel voltasse,
era sua última esperança, talvez seus gritos o fizessem levantar, para muitos
seu ato pode ter sido considerado idiota, mas eu a entendia, eu sei o que é se
agarrar a esperança de um milagre, mesmo que no fundo, sua parte racional diga
que é inútil. Provavelmente se um homem, na qual eu não conhecia, não tivesse
se agachado ao seu lado e a segurado pelos braços, ela teria se jogado na cova,
e obrigado a deixarem-na ser enterrada junto a ele. O filho mais novo de John
começou a ter crise de asma, tendo que ser retirado as presas, Edna ficou sem
saber o que fazer, queria ficar até o marido ser totalmente enterrado, queria
ir junto ao filho para o hospital, com isso começou a desesperar-se e a
desesperar quem estava em volta, o outro filho de John começou a berrar de dor,
não física, mas sim de dor de perder um pai. A mãe de Gabriel teve queda de
pressão, de um minuto para outro começou a aparecer câmeras de televisão,
querendo gravar o enterro dos guerreiros que morreram em prol da pátria... De
canto de olho procurei Rick, algo me instigou a curiosidade de saber como ele
estava reagindo a aquela tragédia, será que toda aquela comoção o fizera
demonstrar um pouco de sentimento?
Ele estava perto da cova de John, bem perto de Edna, bem no meio da
confusão. Em seu rosto, um enorme nada. Sem lágrimas, sem sorriso, sem raiva,
nada. Uma porta teria mais expressão.
--
Ao contrario do que Demi pensara o dia não melhorou com o passar do
tempo. Os repórteres, ao descobrir que ela era a mulher de Joe, um dos soldados
com nome noticiado, começaram a fazer perguntas, assim que terminou o enterro.
Eram perguntas incomodas algumas que ela sabia como responder e outras que ela
tinha medo de saber a respostas, como por exemplo, haverá sequelas quando ele
acordar? Quais são as reais chances dele despertar?
Haverá sequelas? Se sim, quais? Ele a reconheceria quando acordasse?
Ele reconheceria alguém? Ele se reconheceria? Ele poderá andar? Ele poderá
falar corretamente? Ele poderá se mexer normalmente? Todas estas duvidas estão
sem respostas, os médicos não tem como informar nada enquanto ele não acordar.
Poderia muito bem ele acordar como se apenas tivesse dormido por um tempo, e
logo voltaria sua vida ao normal, mas também ele poderia acordar sem se lembrar
de ninguém, sem conseguir se movimentar ou com a fala prejudicada, prolongando
ainda mais o sofrimento de todos.
Quais são as reais chances dele despertar? Zero? Um? Cinco? Ninguém
arriscava chutar uma estimativa, mas pela maneira que os médicos diziam, em uma
media de zero a dez, ninguém se arriscaria dizer mais de quatro, nem mesmo
Demi, que ganhara uma esperança a mais ao saber de sua presença. Ele não
poderia acordar a qualquer momento, esta fora a única frase concreta que Ian se
permitiu dizer, ele não acordará enquanto não ocorrer algumas cirurgias, o
sucesso delas que o farão ter chances. A cirurgia está marcada para a próxima
semana, enquanto isso é apenas esperar e rezar para que ou as previsões médicas
estejam erradas e Joe desperte antes da operação, ou que a operação seja bem
sucedida.
Os repórteres que começaram a irritar a todos os conhecidos de Joe, só
pararam quando foram impedidos pelos seguranças do hospital.
Logan, Eddie, Demi, Miley, Liam, Denise e Paul, todos lá, sentados nas
cadeiras do corredor do quarto de Joe, em silêncio, ainda tentando assimilar o
que tinha ocorrido naquele enterro, tão catastrófico e agitado, e entendendo a
situação de Joe, posta por Ian. Valia apena manter tudo aquilo? Todos estavam
sofrendo, agarrando-se num fio de esperança. Não seria melhor acabar com tudo
aquilo? E se Joe também estivesse sofrendo? Era justo com ele?
Miley e Demi agora estavam no refeitório do hospital, ambas já tinham
terminado o lanche, mas ainda conversavam sentadas à mesa.
_ Você não pode deixar sua esperança morrer. – falou Miley. _ Não pense
no pior, isso não faz bem.
_ As coisas devem estar piores do que eu acreditava que estavam. –
falou Demi, sem olhar para amiga. _ Nenhum médico que tenha alguma esperança de
que o paciente sobreviva sugerirá para decidirmos se devemos continuar tentando
ou parar. – falou com voz de choro, Demi queria chorar, mas as lágrimas não
saiam, formando um nó em sua garganta e um buraco em seu coração. A dor é pior
quando prendida dentro de si. _ Eu tenho medo que desistam de tentar, eu tenho
medo de que achem que não há nada mais a fazer. – confessou.
_ Eles estão fazendo o melhor que podem Demi, você sabe que eles não
irão desistir tão fácil.
_ Então porque eles já querem?
_ Eles não querem desistir.
_ Então porque ele disse o que disse? – Miley ficou sem respostas. “Sei
que é difícil para vocês tomarem uma decisão como esta, mas vocês tem que levar
em consideração a opção de desligamento das maquinas” - Ian “Ainda há chance de
ele acordar? O u você está dizendo isto porque não há mais nada a ser feito?” –
Paul, “Só estou querendo deixar claro que há outras opções, opções estas que
podem diminuir o sofrimento de longo prazo. Às vezes dizer adeus é o melhor” –
respondeu Ian. Aquela conversa ainda estava bem clara na memoria de Demi, cada
palavra, repetindo e repetindo em sua mente como se fosse o refrão de uma
música que “grudou” em sua cabeça, porem esta letra martela a torturando, não
havia nada de agradável ou harmonioso naquelas palavras, mas sim a de um profissional
acostumado com a morte, a ponto de não se importar em ter mais uma, e de um pai
que parecia esta considerando a ideia de que um final naquele sofrimento fosse
a melhor escolha para todos. _ Joe nunca considerou este fator, ele não deixou
por escrito e nunca falou se queria ser salvo ou não, a vida deles não está na
mão só dos médicos, se Paul e Denise quiserem acabar com tudo, eu não poderei
fazer nada.
_ Denise jamais considerará isso. – disse Miley.
_ E se por acaso ele não acordar neste mês, ou no próximo, você
realmente acha que ela aguenta? Você realmente acha que o Paul vai deixa-la
daquele jeito? – perguntou Demi, vendo que a chance de Joe sobrevier pareciam
ainda menores.
Joe jamais conheceria o filho.
(...)
Mais um momento a sós com Joe. Era o único momento em Demi conversava
com ele a espera de respostas, ela sabia que ele estava o tempo todo com ela,
por varias vezes sentia seu toque, mas quando estava no quarto de Joe,
conversar com ele não parecia tão louco assim, afinal de contas, o que iriam
pensar caso a vissem falando com o nada e dizendo que sentira o toque de um
homem em coma? Até os mais espirituais poderiam duvidar de sua fala.
JOE
No primeiro momento eu fui junto a Demi, minha mãe e meu pai de volta à
Fort Bragg. Confesso que fui para tentar mais um momento junto a Demi, saber
que nossa conexão era forte o suficiente para que ela me sentisse mesmo em
espirito me encheu de felicidade. Porem quando entramos no apartamento lá
estava Logan, não reclamo, eu ficaria preocupado de deixar Demi sozinha, mas
sei que isso impediria que ficássemos a sós.
Logan é o tipo ideal de se ter por perto nos momentos triste da vida,
ele tem uma energia constantemente positiva que anima todos os que estão por
perto, não importa o que esteja acontecendo com esta pessoa e não importa o
quanto ela está sofrendo, se ficar perto de Logan, seus sorrisos sairão sem nem
mesmo perceber. Nisso eu o agradeço, fazia tempo que não via Demi tão bem,
sorrindo, a última vez a escutei rindo foi quanto tirei licença do exército, já
fazia um mês, um mês que eu não escutava a sua risada tão contagiosa. O melhor
som para os meus ouvidos.
Aproveitando o tempo em que Logan estava com Demi, eu quis entender
melhor o meu estado, eu sei que posso tocar as coisas, mas não posso movê-las, sei
que algumas pessoas podem me sentir, como por exemplo, Demi e minha mãe, sim,
minha mãe pode me sentir, ela só não sabe disso ainda. Os animais podem me ver,
prova disso é Oliver e o cachorro do vizinho que também começou a me latir
feito um louco assim que me viu sair do elevador antes de eu entrar no
apartamento.
Primeiramente experimentei algo que sempre vi nos filmes de fantasmas,
passar sobre as coisas, tentei em vários objetos e pude observar um fato
curioso. Objetos de ferro, prata ou que contenham conexão com energia eu sou
incapaz de transpassar, como por exemplo, TVs, geladeiras ou elevadores, mas eu
sou capaz de passar por portas de madeira ou de vidro. Porem a minha maior
descoberta foi a que eu mais duvidava que eu poderia ser capaz de fazer, eu
posso me transportar para qualquer lugar que eu queira, desde que eu conheça,
tentei ir para outros países, sei não é o momento, mas tentei me transportar
para Paris, mas fui parar na Rua Paris, que é a rua da minha primeira escola,
porem quando desejei estar na casa de meus pais, cheguei sem problemas.
Demi agora estava com Logan e parecia ter se esquecido por alguns
minutos dos problemas, porem meus pais estavam apenas um com o outro. Minha mãe
já estava se preparando para dormir, já meu pai continuava acordado,
conversando no telefone, ele falava com um tio meu que mora no Texas, parecia
que a notícia sobre o meu coma tinha acabado de ser noticiada no jornal, toda
família estava preocupada, ansiando por notícias e perguntado o porquê de não
terem sido avisados antes. Meu pai falou pouco, ele tampouco sabia muito sobre
o meu estado, apenas que eu estava em coma, que em breve faria uma cirurgia e
que os médicos não estão muito confiantes no meu caso. Nada animador. Alguns
parentes prometeram vir me visitar o mais rápido possível.
Não posso dizer exatamente o porquê, mas eu quis ir para o hospital, eu
já tinha passado o dia inteiro lá, mas ainda sim eu quis voltar para lá. Transportei-me
para sala do doutor Ian, ele olhava alguns papeis e analisava alguns raios-x,
com ele haviam mais dois outros médicos e três enfermeiros, os médicos eu não
reconheci, ambos pareciam experientes, mais velhos, já os enfermeiros eu
conhecia, um dele sei que o nome é Andrés, formou há dois anos. Demorei uns
cinco minutos para me dar conta de que os papeis e os raios-x eram do meu caso,
a todo o momento eles estavam falando sobre mim.
_ Talvez seja um pouco
precipitada tal decisão. – falou Andrés.
_ Infelizmente não, já vi casos como estes, tentar é inútil. – disse um
dos médicos.
_ Você sabe que eu irei tentar, não sabe doutor Gerald? – falou Ian, ao
médico que acabara de falar.
_ Sei que não desiste fácil doutor Ian, mas além do risco e do gasto de
dinheiro e tempo, não temos garantia de nada.
_ Tente. – falou o outro médico. _ Mas dê outras opções.
_ Eutanásia? - perguntou Ian.
_ É uma opção a se levar em conta. – respondeu.
Eu não quis escutar mais nada, me transportei para o quarto em que
estou internado. Eu não tenho muitas chances, provavelmente a minha morte seja
apenas questão de tempo. Eu preciso encontrar a minha salvação, o mais rápido
que eu puder, eu não tenho tempo a perder.
CONTINUA...
Olá, capítulo postado, espero que tenham gostado. Já estou com o próximo
capítulo quase pronto, por isso acho que até quarta-feira já postarei.
Não se esqueçam de comentar/avaliar
Bjsss.
Silvia: Fico feliz que tenha gostado. Já fui lá e votei, tomara que
eles sejam os ganhadores da pesquisa ;) . Postado, bjsss.
Barbara: HAHAHA, o Rick realmente não é uma pessoa amável.
Que bom que entende, neste ano
mudei para uma escola mais rígida e agora está mais difícil ainda acompanhar o
ritmo :\
Obrigada por comentar. Bjss.
Eriimiilsa: O Rick é um personagem que veio para irritar, mas só um
pouquinho, logo logo eu dou um jeito de sumir com ele xD. Obrigada por comentar.
Bjsss.
Oie , desculpe não cometar o último capitulo
ResponderExcluirOMG , eles não podem desligar os aparelhos , não podem
posssssta logooooo , bjssssss da sua fã ♥♥
Se os pais do Joe decidirem desligar a Demi pode intervir.
ResponderExcluirQue situação.
Mas uma vez lágrimas correndo pelo meu rosto... parece que estou sentindo tudo que acontece. Muito triste
Omg! Meu coração garota. Gente, que isso? Não podem desligar os aparelhos T.T
ResponderExcluirMe coloco no lugar da Demi e to chorando pacas. Espero que dê tudo certo. Não demore a postar ok?
Bjs...