domingo, 16 de dezembro de 2012

39º CAPITULO “Viver bem por muitos e muitos anos” (penúltimo) - Recomeçar


_ Esta tudo bem Demetria, sei que será difícil para você, mas estamos aqui para lhe ajudar.
M inha mente ainda se acostumava com a ideia de que eu estava errada, o que via no espelho não era eu, mas sim uma versão maior, eu não me entendi mais, eu estava confusa com tudo isso, se eu não poderia confiar em meus próprios olhos, como melhorar? Como esse lugar conseguiria me ajudar?
Pior que a confusão que estava em minha mente, era a culpa que eu sentia, eu acusei a todos de estarem fazendo mal a mim, os ignorei, briguei, os magoei e no fim das contas eles estavam completamente certos, eu tinha um problema, eu tinha que ficar nessa clínica, eu tinha que me trata, eu não poderia continuar vivendo da maneira que eu estava.
Eu tinha feito papel de idiota, de criancinha que não escuta quando é necessário, eu briguei com Joe, eu não poderia voltar atrás e mudar tudo isso, eu o perdi por pura ignorância. No final das contas eu fui o meu pior monstro.

Assim que sai da sala do psicólogo, me levaram para uma sala com vários equipamentos de medico e começaram a fazer exames, de sangue, para saber se me faltava algum nutriente, de peso, para saber o quanto eu estava abaixo do peso. Deve ter demorando quase uma hora para fazer tudo, mas eu só receberia os resultados amanhã.

Já era hora do almoço, mais uma seção de tortura, eles colocavam no prato o tanto que eles acham que nos devemos comer, porem era claro que meu corpo jamais aguentaria aquilo tudo, eu ainda não tinha digerido a sopa, o sanduiche ainda estava em minha garganta e eles já queriam me empurrar o almoço? É, agora já estava mais que comprovado que meu lugar era ali.
                               (...)
Quando a noite já chegava, depois que todas as atividades haviam terminado, recebi uma ligação de casa, conversei com Maddie, Dallas e minha mãe, todas ficaram felizes ao perceber que eu percebi que estava doente e que estava disposta a me recuperar, eu iria aproveitar essa chance que estavam me dando e voltaria saudável e pronta para refazer minha vida. Demoramos tempos no telefone, eu poderia ficar por meia hora e é claro que eu iria usar todo esse tempo para conversar com minha família.
Quando percebi que meu tempo estava acabando e que minha mãe logo iria finalizar a chamada, a chamei a atenção.
_ Mãe. – falei.
_ Sim filha.
_ Ele. – comecei a falar. _ Você o viu? – perguntei. Minha mãe entendeu o que eu queria dizer.
_ Sim filha, eu o vi. – respondeu.
_ Ele está muito nervoso comigo? Eu fiz burrada com ele. – lamentei-me.
_ Claro que não filha, ele te ama, você não sabe o quanto. – falou ela e fez uma pequena pausa. _ Ele queria falar com você, ele iria participar dessa ligação. – falou-me.
_ Jura? – perguntei feliz na esperança que talvez eu não o tivesse perdido. _ Porque ele não falou comigo então?
_ Ele ficou com medo de sua reação, ficou com medo de você tornar a rejeita-lo. – respondeu-me. Claro, eu o ignorei o máximo que pude, ele deveria estar pensando que eu o odiava, mas em nenhum momento eu o odiei, de fato, eu fiquei com raiva, me senti traída, mas eu nunca deixei de ama-lo. _ Se quiser posso chama-lo amanhã. – sugeriu.
_ Você acha que ele aceitaria? – perguntei.
_ Se ele souber que você quer falar com ele, sem duvidas. – respondeu.
_ Eu quero, muito – afirmei.
_ Paciente Demetria, o seu tempo acabou, despeça-se e vá para o refeitório. – ordenou, com o tom autoritário, uma das enfermeiras que circulam pela clínica observando se estava tudo em ordem.
_ Já vou. – respondi. _ Mãe, eu já tenho que ir. – anunciei triste. _ Eu te amo viu?
_ Eu entendo filha, eu também te amo minha linda. Beijos.
_ Beijos. Tchau.
_ Tchau linda. – desligamos. Hora do jantar, seria meu corpo capaz de aguentar mais uma refeição?
                               (...)
Mesmo sabendo que eu não estava sonhando, ou melhor, tendo um pesadelo, eu, novamente, acordei com a esperança de estar em casa e não nessa clínica, aquele era o meu lugar, eu precisava estar ali, mas mesmo sabendo disso, eu definitivamente não queria ficar ali, se eu ficava era por:
 1. Eu era obrigada,
2. Não tinha para onde fugir,
 3. Não tinha como fugir e
4. No fundo eu sei que é o melhor para mim.
Porem confesso que hoje eu acordei um pouco mais animada, motivo? Havia a possibilidade de receber um telefonema de Joe, eu queria tanto voltar a escutar sua voz, e mais ainda pedir desculpas por ter sido tão idiota com ele.

Na hora do café da manha pensei em fazer igual a uma das meninas na noite de ontem, na hora do jantar, que se recusava de qualquer jeito a comer, fez um escândalo quando algumas enfermeiras tentavam convence-la a comer, o que fez com que todos no refeitório participassem indiretamente da confusão, isso durou até um dos psicólogos do lugar aparecesse, não sei o que eles conversaram, muito menos qual foi o conselho ou, seja lá o que eles façam nessa situação, funcionou, no final ela comeu. Por esse detalhe no final eu acabei não fazendo nada, vi que não adiantaria mesmo, no final todas acabavam comendo o que davam, algumas passavam mal por isso, mas não tinha como fugir da refeição.
                               (...)
Na conversa com o doutor Robert, o psicólogo do meu caso, antes de tudo, ele me passou os resultados dos exames que eu havia feito.
_ Bom Demetria – começou falando.
_ Desculpa. – pedi o interrompendo. _ Mas me chame apenas de Demi, se possível.
_ Tudo bem, Demet... Demi. – falou, consertou-se a tempo. _ Os resultados não foram muito bons. – falou. _ Mas tampouco foram os piores. – falou, fiquei feliz ao saber que meu caso não era impossível. _ Você está com começo de anemia, por isso sua dieta ganhará porções extras de beterraba, feijão e folhas verde escuras. – falou, eu fiz cara feia. Não gosto de feijão e a única folha que às vezes, nas minhas raras refeições, eu comia era alface, beterraba até que ia, mas o feijão e as folhas eu teria muita dificuldade de engolir. Ele deu um breve sorriso da minha cara. _ Isso só até você sair do risco de ter. – falou. _ Seria bem pior se você já estivesse com, algumas pessoas tem que tomar vitamina com fígado cru como ingrediente. – disse. Fiz uma cara mais feia ainda, ainda bem que meu caso não era tão critico, por que era capaz de eu morrer a ter que tomar vitamina com fígado cru, doutor Robert também fez cara de nojo. _ Eu sei. Bem nojento... Agora sobre o seu peso, você, para estar no peso, que foi calculado como o ideal, deveria ter, pelo menos, 16 quilos a mais. – falou. Eu estava incríveis 16 quilos abaixo do peso, eu nunca tinha visto isso, por mim, se pudesse, eu emagreceria muito mais, é bem confuso tudo isso, como eu poderia estar tão magra e não ver?
                               (...)
Na hora da ligação, confesso que meu coração estava a mil, porem ao rolar da conversa ele foi se tranquilizando, pois parecia que Joe não iria falar nada. Minha mãe não disse nada sabre ele, porem eu estava feliz, pois pelo menos eu as tinha para conversar, mas não posso mentir, eu queria muito falar com Joe.
Quando pensei que iriamos finalizar a chamada, minha mãe torna a chamar minha atenção:
_ Demi. – falou ela. _ ele esta aqui, você quer falar com ele? – perguntou, não precisei fazer muito esforço para perceber de quem ela falava, era Joe, ele estava lá, meu coração novamente acelerou.
_ Quero. – falei empolgada.
_ Vou passar para ele, beijos minha linda. – despediu-se.
_ Beijos mãe. – despedi. Aguardei um pouco até que, depois de tanto tempo, pude novamente escutar sua voz.
_ Demi?
 _ Joe. – fez-se um silencio ambos não sabiam o que dizer. _ Eu sinto sua falta. – falei por fim.
_ Eu te amo. – falou do outro lado, sua voz mostrava que ou ele já estava chorando ou em breve choraria.
_ Você esta chorando? – perguntei.
_ Você aflora o gay que há em mim. – falou ele agora com um tom de humor, mas que não foi o suficiente para esconder o fato de que ele chorava. _ Você me perdoa? – perguntou. _ Eu juro que não fiz por mal.
_ Você não tem que pedir perdão, você não fez nada de mal. – respondi. _ Eu que tenho, eu lhe ignorei e lhe juguei como se você tivesse feito algo de mal a mim, mas tudo o que você fez foi me ajudar. – falei. _ Perdoa-me Joe.
_ Eu lhe entendo Demi, eu te amo. O importante é que quando você sair daí você estará pronta para começarmos nossa vida, juntos, nos vamos nos casar Demi. – falou ele. Eu ri do seu pensamento. _ Eu estou falando sério, não estou com um anel aqui, nem ajoelhado, isso é um pedido não oficial de casamento. Você aceita? – perguntou.  Eu não consegui dizer nada, Joe era brincalhão estaria ele brincando agora? _ Demi você ainda esta aí? Eu não brinquei no que disse. – falou ao perceber que eu não respondia nada.
_ Eu aceito. – respondi.
                               (...)
Já havia se passado duas semanas, eu estava começando a me acostumar com tudo, apesar de ainda ser difícil comer aquela comida, muitas vezes o meu corpo reclamava da quantidade, a qual ele não estava acostumado, mas que era o ideal. Todos os dias eu recebia ligações de casa e sempre conversava com Joe, que constantemente reforçava seu pedido. Eu sentia tanta falta deles, queria tanto vê-los novamente, queria melhorar logo para poder sair dessa clinica, não que ela fosse tão ruim como disse na minha chegada, mas eu ainda considerava aqui uma prisão, era um lugar lindo, espaçoso, porem não se pode nem pensar em sair dessas paredes, a comunicação com o resto do mundo era pequena, somente uma ligação por dia, as regras e horários eram rígidos, há pessoas te vigiando por todo momento, nem mesmo na hora de dormir estamos sozinhas, se não há uma enfermeira lhe observando, há câmeras, e tudo é tão triste, a maior parte das pessoas que estão aqui estão com problemas, alguns com o caso mais critico que o meu, isso faz com que o clima fique sempre tenso e um pouco depressivo, e isso não me ajudava nada. Só de pensar que algumas das garotas já estavam aqui há cinco meses e ainda não tinham previsão de sair me dava calafrios, eu não podia ficar todo esse tempo.
                               (...)
Enquanto os dias iam passando me aproximava cada vez mais do peso que os médicos calcularam ser o melhor para mim. Apesar de o meu peso estar melhorando, o trabalho ainda estava longe de ser concluído, pois o tratamento consiste em muito mais além do que apenas engordar, pois isso é relativamente fácil, é só nos dar um monte de alimentos gordurosos e nos obrigar a comer, mas não era isso o que eles faziam, as alimentações eram balanceadas, e nada de obrigatoriedade, claro que ao dizer não teríamos que ficar mais tempo na psicologia, eu mesmo um dia fiz isso, e não gostei, os psicólogos são legais, principalmente Robert, que cuida do meu caso, mas não é nada fácil se abrir para alguém, mesmo que ela seja paga para isso, principalmente porque não era só uma conversa um pouco mais intima, tínhamos que falar tudo, de cada sentimento, cada pensamento, cada ação, tudo, eles precisavam enxergar o meu ponto de vista, para conseguirem me ajudar. Algumas seções eram um tipo de divã, na qual eu simplesmente falava o que sentia, sem pressão, eu ia até onde eu achava que tinha que ir, e nessas seções era sempre eu e doutor Robert, ninguém mais, isso me dava um pouco mais de segurança, outras vezes era um conversa com ele, ele fazia perguntas, eu respondia, nesta eu sentia um pouco mais de pressão para dizer as coisas, eu definitivamente não gostava quando era assim, principalmente que elas nem sempre eram privadas, algumas vezes outros psicólogos, ajudantes ou estagiários acompanhavam essa conversa, e nos finais de semana sempre eram seções em grupo, juntavam todas as meninas e falávamos a todas como tinha sido a nossa semana, sobre nossas lutas, dificuldades, melhoras, superações, nesse todos os psicólogos, que deveriam ser ao todo uns 6, cada um cuidava de, em media 7, 8 garotas, participavam, apesar dessa seção ser a que mais nos expomos, era justamente a que eu mais gostava, pois todas lá estavam passando pelo mesmo que eu, elas me entendiam perfeitamente, no final parecia uma conversa entre amigas.
 
Eu precisava aprender a me olhar no espelho, ver-me do jeito em que eu estou e gostar do que vejo. Esse talvez seja o meu maior desafio, olhar e gostar do que vejo, nunca fui de sentir-me bonita, busquei por algo que eu achava que iria me fazer sentir melhor, sem saber que a única coisa que eu estava fazendo a mim mesmo era me matar, eu não era, nem de longe, parecida com as modelos das capas de revista, nem mesmo com as meninas populares da escola, eu era simples, nada em que eu pudesse realçar, nada que eu via me fazia parar e falar “eu sou bonita por que tenho isso”, “por que sou assim”, nada, eu não tinha absolutamente nada e agora com o ganho de peso essa minha visão se tornava cada vez mais difícil, e isso me apavorava, eu preciso sair daqui, mas isso parece ainda algo tão distante.

Para piorar minha situação estávamos na semana do natal, época de encontrar a família envolta da mesa, trocar presentes, simplesmente curtir o espirito natalino, mas eu não poderia ter isso, somente algumas pessoas ganharam permissão para sair, só as que os psicólogos avaliaram como boas o suficiente para conseguir passar esses dias no mundo lá fora. E infelizmente eu não estava nessa lista.
                                               (...)
O ano novo foi o pior da minha vida, eles até fizeram uma festinha para tentar animar as que ficaram, mas eu queria mesmo era ter passado com minha família. Janeiro passou e estávamos agora na primeira semana de fevereiro, eu estava e me sentia cada vez melhor, Laura, a menina na qual fiz amizade sairia do tratamento no final de semana, eu via a felicidade em seu olhar e sonhava com o dia que seria a minha vez.

Dia 22 de fevereiro, jamais esquecerei, fui chamada na sala do psicólogo em um horário que não costumava ser o meu de consulta, estranhei, mas fui.
_ Boa noite Demetr... Demi. – corrigiu-se a tempo, mesmo estando tanto tempo no meu caso Robert continuava com a mania de me chamar pelo nome, formalmente, porem nas últimas consultas ele parecera se acostumar.
_ Boa noite doutor Robert.
_ Sente-se. – pediu. Eu sentei. _ Arriscas saber o que fazes aqui numa hora dessas? – perguntou.
_ Ãn. – pensei. _ Não faço a mínima ideia. – confessei. Ele riu.
_ Pois bem, serei breve, avaliando o desenvolvimento aqui na clinica eu conclui que você esta apita para voltar para casa. – disse ele com um sorriso no rosto, provavelmente eu devo ter ficado olhando para ele com cara de idiota, pois fiquei totalmente surpresa, feliz, eu nem sabia o que fazer, eu enfim poderia voltar para casa, eu enfim estava bem. _ Não quero ser estraga prazeres, mas tenho que lhe informar, apesar de você esta saindo daqui, você terá que ir semanalmente a um psicólogo para avaliar como você está indo fora da clinica, isso quer dizer que você poderá ter que voltar, aqui dentro é uma coisa lá fora é algo totalmente diferente. – informou-me
_ Me esforçarei ao máximo para que isso não aconteça. – falei por fim.
_ Devo levar isso como uma coisa boa ou ruim? – perguntou humorado.
_ Boa, gostei muito de conhecer o senhor, mas eu realmente queria voltar para casa.
_ Lhe entendo. Pode voltar para seu aposento, amanhã à tarde já devem vir lhe buscar. – aquelas palavras pareciam musicas para meu ouvido. Voltei para o meu quarto bem humorada, faltava dar pulinhos de alegria, eu enfim estaria livre, veria minha família, veria Joe. Ah Joe, como eu sentia a falta dele, meu corpo clamava pelo seu toque desde que eu cheguei a esse lugar, saber que ele estava a minha espera fazia meu coração explodir de felicidade. Chegando ao quarto não consegui dormir, aproveitei e comecei a arrumar minha mala, queria estar preparada na hora em que chegassem.
As luzes já haviam sido apagadas, mas eu ainda estava acordada, ficava imaginando como estavam todos, como seria minha vida daqui para frente, estes foram os mais longos três meses da minha vida, porem foram justamente os mais decisivos, graças a estes últimos três eu teria certeza que abri as portas para viver bem por muitos e muitos anos.

                CONTINUA...
Oi gente, capitulo postado, penúltimo já, espero que gostem, o próximo capitulo já está quase pronto, por isso acredito que até terça-feira eu consigo posta-lo. Decidi que vou escrever mais um fic, assim que eu postar o último capitulo dou mais informações.
Não se esqueçam de comentar/avaliar.
Bjssssssssssss

Juh Lovato: Sei mais o menos o que acontece numa clínica, não por experiência própria, mas sim pelo que já me falaram e pelo que eu já vi, e é praticamente isso que acontece mesmo, é bem difícil, meu coração também aperta quando eu penso que a Demi pode ter passado por isso.
Fico muito feliz em saber que gosta da minha fic, você, muito bem por sinal, e deve saber como é bom receber esses elogios.
P.S.: Eu estou Addicted na sua fic Addicted, serio me explode a mente de tão bem que você escreve, estou louca para começar a acompanhar as postagens. Bjssss.

Um comentário:

  1. kkkkkk que bom que está gostando =)))

    bom , sei sim como é receber elogios , mas vc merece todos eles , pq eu realmente amo a sua fic , sabe ... quando conheci o seu blog , a fic já estava com uns 15 capitulos , e nem sempre eu comentava ... não por não gostar mais sim pq não tinha tempo , mas agora eu sinto necessidade de comentar ... eu preciso dizer que amo sua fic ... muito mesmo =) e eu nem acredito que já está acabando kkkkk e saiba que eu já sou sua fã ... de carteirinha *-*

    bjssssss linda =)

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