_ Demi? O que está acontecendo aqui?
Nem precisei olhar para ver quem era,
reconheci a voz, era Joe, me virei e lá estava ele na porta do banheiro,
assustado, me olhando, ele havia descoberto da pior maneira possível.
_ Demi você esta bem?
– perguntou se aproximando de mim. Pegou uma toalha para que eu pudesse limpar
minha boca, e me abraçou, não consegui segurar e comecei a chorar. _ Demi se
acalme. – pediu me ajudando a levantar e me direcionado a seu quarto, ele se
mantinha abraçado a mim, de lado o tempo todo. Ele me sentou na cama e se ajoelhou
em minha frente. Mesmo eu estando com a cabeça abaixada, com vergonha, para que
não me visse, naquela posição que ele estava ele podia me olhar nos olhos.
Desviei-me do seu olhar. _ Demi, me conte o que está acontecendo, por favor. –
pediu. Eu ainda tentava parar de chorar, mas ele queria uma explicação para o
que acabara de ver, se via que ele estava preocupado comigo. _ Você estava se
forçando a vomitar? Por quê? Está se sentindo mal? Quer um remédio? –
perguntava sem dar-se tempo nem mesmo para respirar.
_ Não Joe... Eu não
preciso de remédio. – falei por fim.
_ Você está passando
mal? A comida não fez bem?
_ Não, não. –
respondia entre o choro.
_ O que você precisa
então? – perguntou preocupado. Não respondi nada, ele se levantou e se sentou
do meu lado, voltou a me abraçar. Esperei um tempo antes de começar a dizer, eu
lhe contaria agora tudo, desde o começo, se ele me entenderia no final, não
sei, mas eu precisava de me abrir com ele. Tentei controlar meu choro para que
ele pudesse me entender.
_ Eu posso te pedir só
uma coisa? – perguntei primeiramente.
_ Pode, claro. –
respondeu Joe prontamente.
_ Não conta nada do
que eu vou te falar para ninguém, por favor? – pedi.
_ Prometo, não vou
contar nada, seja lá o que for. – prometeu. Respirei fundo pela boca, já que
depois do choro meu nariz já estava entupido e comecei a falar:
_ A mais ou menos sete
anos atrás, quando eu tinha uns 10 anos, meu pai, o Patrick sofreu o acidente
de trabalho, ele era caminhoneiro e em um dos seus fretes ele sofreu um grave
acidente. Foi um choque para a família, ele teve que ausentar do trabalho por
um tempo, mas estava tudo bem, eu e Dallas cuidávamos dele enquanto nossa mãe
trabalhava, não víamos problema nisso. Quando ele se recuperou do acidente ele
foi tentar voltar para o trabalho, mas não o aceitaram novamente porque foi
descoberto que o culpado do acidente era ele, ele que estava em uma velocidade
não permitida o que acabou acarretando no batida, isso era totalmente ao
contrario do que ele vinha afirmado, ele sempre disse que o acidente tinha sido
causado pelo outro motorista, mas agora não tinha mais como ele mentir, foi
despedido. Ele ficou arrasado ele já trabalhava naquela mesma empresa há anos.
Ele começou a procurar outros empregos, mas nenhuma empresa o queria por medo
de que ele causasse prejuízos, como a cidade era pequena todos já sabiam que a
culpa do acidente era dele e não há muitos lugares para pedir emprego, ele até
conseguiu arranjar alguns bicos em lugares não ligados a frete, mas não
gostava, ficava reclamando quando chegava em casa, ele não era a pessoa animada
que sempre costumou a ser, ele acabou largando tudo e minha mãe acabou ficando
com todas as despesas nas costas dela, mas ela não reclamou, o amava e sabia
que depois ele poderia voltar a se animar. Um dia, sem mais nem menos, quando
Dallas e chegamos em casa o encontramos bêbado, estranhamos já que isso não era
de acontecer, como Maddie era muito pequena, tinha uns três ano, ela ficava na
creche em tempo integral e a nossa mãe trabalhava o dia inteiro na escola como
professora de educação física e depois como treinadora das lideres de torcida,
então só eu e Dallas que o vimos naquele estado, não contamos nada para nossa
mãe porque foi a primeira vez que aconteceu, e assim que ele voltou a ficar
sóbrio pediu desculpas, prometeu que não iria acontecer a mesma coisa... O
problema é que isso começou a se tornar rotina, eram raros os dias em que não
nos deparávamos com ele bêbado, geralmente só quando minha mãe estava em casa
que ele não ficava bêbado. Ele tinha se
tornado um alcoólatra... – Joe escutava tudo com atenção, pegou minha mão e a
acariciava enquanto eu contava a historia a ele. _ Ele conseguiu gastar todo o
dinheiro que ele tinha na bebida, começou a dever o dono do bar, e como ele não
tinha de onde tirar e não podia pedir para mamãe ele fez a pior coisa que ele
podia ter feito... Ele começou a roubar o comercio de um grande amigo nosso, o
senhor Antônio, era tão amigo que meu pai não precisava fazer esforços para
conseguir ter acesso ao dinheiro e ainda sim era uma pessoa na qual eles jamais
colocariam a culpa pelo desaparecimento do dinheiro... Ele conseguiu roubar o
mesmo lugar umas sete vezes antes de ser descoberto... Acho que no fundo todos
já desconfiavam, mas não queriam acreditar que era ele. Ele só foi pego pelo
fato de uma pessoa o ter flagrado. A gentileza do Sr. Antônio foi tão grandiosa
que mesmo após ter muito prejuízo graças ao roubo de meu pai, não o denunciou
nem fez muito alarde, nem mesmo reclamou com minha mãe, a pedido do meu pai,
ele prometeu que não constaria nada a ela, mas ainda sim muitas pessoas ficaram
sabendo do ocorrido e foi ai que meu pesadelo realmente começou... – falei,
respirei fundo, eu estava desabafando com Joe e isso me fazia bem, mas ao falar
as lembranças vinham em minha cabeça e isso me dava um aperto no coração e uma
vontade incontrolável de chorar. _ Algumas crianças da escola em que eu
estudava começaram a zoar a mim e a Dallas pelo roubo, nos chamando de filha de
ladrão, de ladrazinhas, alguns mais “engraçadinhos” colocavam os próprios
objetos nas nossas mochilas, sem que percebêssemos, só para nos culpar,
brincavam com essa situação. – as lagrimas começaram a sair. _Nossa mãe era
chamada na nossa escola praticamente todos os dias, o pior é que ela acreditava
que erámos as culpadas de tudo, Dallas e eu sempre estávamos de castigo, ela
não queria acreditava que era brincadeira das outras crianças, e quando
tentávamos falar sobre oque nosso pai fez, ela não dava importância, achava
isso um absurdo, nós estávamos acuando nosso próprio pai, o homem em que ela
amava... Queríamos por um fim nisso e começamos a discutir com o nosso pai e
ele não aceitou nossas interjeições, começou a falar que era drama e começou a
ficar agressivo... Muito agressivo...
Ele começou a nos agredir fisicamente, por qualquer coisa, não precisava
de um motivo, éramos como o saco de pancadas dele, se por algum momento ele
tivesse nervoso por alguma coisa, ele descontava na gente... Já perdi a conta
de quantas vezes em que nós tivemos que acordar mais cedo para tentar cobrir
com maquiagem as marcas que ficavam... Chegamos até tentar falar com nossa mãe,
mas ela novamente não acreditou, ela amava nosso pai mais que tudo e pensou que
isso poderia ser crise de adolescência... Dallas estava péssima, assim como eu,
estava desanimada, depressiva, mas eu descontava toda a minha tristeza na
comida, eu comia para me sentir feliz, eu me sentia mal depois, mas era como eu
abafava a tristeza que havia em mim... Em um mês eu consegui engordar 4 quilos,
e assim foi, até que eu fiquei bem gorda, e isso só piorou minha situação,
agora eu era a ladrazinha gorda, foram três anos nisso. Foram três anos com
perseguição na escola, apanhando do meu pai, e me sentindo horrível, eu estava
horrível. – novamente dei uma parada. _ Eu comecei a forçar vomito, eu comia
compulsivamente para me sentir melhor, mas logo começava a me sentir culpada,
eu que estava me destruindo, eu corria para o banheiro e vomitava, eu não
gostava de fazer aquilo, mas era a única forma da culpa não me matar por
dentro. – falei olhando para baixo, eu não conseguia olhar nos olhos de Joe, a
vergonha era maior que tudo. _ Com o tempo eu comecei a parar de comer, mas eu
continuava vomitar, eu consegui emagrecer. No começo ninguém percebeu, mas não
demorou muito para que Dallas descobrisse, ela tentava me impedi, mas não conseguiu,
e meu pai também percebeu, mas não fez nada para impedir... Nesse meio tempo já
tinha se passado cinco anos, cinco anos de infelicidade, foram necessários
cinco anos para que minha mãe percebesse que algo estava errado, cinco anos
para que se percebesse que nossa família não existia mais. Ela começou a chegar
mais cedo do trabalho e em um destes dias ela viu meu pai, bêbado, agredindo a
Dallas... Só aí minha mãe descobriu toda a verdade... Eles começaram a brigar
todos os dias, a casa estava no nome dos dois então por lei ele não poderia ser
expulso, e minha mãe não tinha como sair para outro lugar... Era claro que
depois disso ela começou a ficar mais atenta. Começamos a ficar mais na casa do
senhor Antônio, que não duvidou em nos ajudar, mas o estrago já estava feito...
Meu pai ficou com mais ódio ainda e nos poucos momentos que conseguia ficar
comigo e Dallas sozinho ele nos atacava, mentalmente, ele sabia do meu problema
e meio que incentivava eu continuar, ele dizia que dava graças a Deus por eu estar
fazendo algo para me cuidar, que era o único jeito de eu para de ser aquela
gorda horrível... – Eu tentava controlar o choro, mas era em vão. _ Minha mãe
acabou não aguentando a pressão do trabalho mais os problemas familiares e
pediu demissão, ficava o dia inteiro em casa e foi descobrindo cada vez mais
coisas, incluindo o meu problema, foi o fim para ela, ela até tentou me ajudar,
mas não tinha jeito, ela não sabia como me ajudar e agora que estava sem
emprego não poderia gastar com tratamentos, Dallas queria trabalhar para poder
ajudar, já que tudo o que tínhamos era o que nossa mãe tinha juntado nesses
anos de trabalho, mas nosso pai não a deixou, toda vez que Dallas conseguia um
emprego ele dava um jeito de atrapalhar, estava insustentável a nossa vida lá,
as pessoas começaram a se afastar, até que minha resolveu dar um basta naquilo
tudo, foi quando decidiu que nos mudaríamos para cá. Seu Antônio nos ajudou a
sair de casa sem que nosso pai percebesse e seu pai nos ajudou nos dando um
lar... – fiquei em silencio por um tempo, Joe voltou a me abraçar. _ No dia da
invasão foi Travis, ele invadiu nossa casa e não sei como achou algo sobre
nosso pai, ele o trouxe de volta para minha vida... Desde que eu te conheci eu
melhorei muito, mas quando Patrick voltou eu me afundei novamente, Travis sabe
de toda a historia e fica me atormentando, meu pai não mudou nada, é por isso
que eu estou assim... – falei e me afundei ainda mais nos braços de Joe, meu
choro era mais forte agora. _ Eu não estou bem. – admiti pela primeira vez em
muito tempo.
CONTINUA...
Ola leitores, desculpa pela demora para postar, como eu já disse a alguns
capítulos atrás a fic está prestes a acabar, eu estou tentando escrever ela
toda agora para poder mais informações a vocês, como por exemplo quantos capítulos
ainda virão.
O capitulo ficou pequeno, mas espero que ainda sim tenham gostado.
Não se esqueçam de comentar/avaliar
bjsss
Ameiiiii ! Perfeitooo !
ResponderExcluirNossa ... A demi abriu o coração *-* chorei !!!
Sei que eu não comento muito ... Mas eu acompanho a fic e amo ela D+
possta logooo *-*
pode divulgar o meu Blog ??
Www.jemilovely.blogspot.com
dá uma olhadinha =D se gostar ...
Bjss