sábado, 1 de dezembro de 2012

34º CAPITULO “Eu não estou bem” - Recomeçar


_ Demi? O que está acontecendo aqui?
Nem precisei olhar para ver quem era, reconheci a voz, era Joe, me virei e lá estava ele na porta do banheiro, assustado, me olhando, ele havia descoberto da pior maneira possível.
_ Demi você esta bem? – perguntou se aproximando de mim. Pegou uma toalha para que eu pudesse limpar minha boca, e me abraçou, não consegui segurar e comecei a chorar. _ Demi se acalme. – pediu me ajudando a levantar e me direcionado a seu quarto, ele se mantinha abraçado a mim, de lado o tempo todo. Ele me sentou na cama e se ajoelhou em minha frente. Mesmo eu estando com a cabeça abaixada, com vergonha, para que não me visse, naquela posição que ele estava ele podia me olhar nos olhos. Desviei-me do seu olhar. _ Demi, me conte o que está acontecendo, por favor. – pediu. Eu ainda tentava parar de chorar, mas ele queria uma explicação para o que acabara de ver, se via que ele estava preocupado comigo. _ Você estava se forçando a vomitar? Por quê? Está se sentindo mal? Quer um remédio? – perguntava sem dar-se tempo nem mesmo para respirar.
_ Não Joe... Eu não preciso de remédio. – falei por fim.
_ Você está passando mal? A comida não fez bem?
_ Não, não. – respondia entre o choro.
_ O que você precisa então? – perguntou preocupado. Não respondi nada, ele se levantou e se sentou do meu lado, voltou a me abraçar. Esperei um tempo antes de começar a dizer, eu lhe contaria agora tudo, desde o começo, se ele me entenderia no final, não sei, mas eu precisava de me abrir com ele. Tentei controlar meu choro para que ele pudesse me entender.
_ Eu posso te pedir só uma coisa? – perguntei primeiramente.
_ Pode, claro. – respondeu Joe prontamente.
_ Não conta nada do que eu vou te falar para ninguém, por favor? – pedi.
_ Prometo, não vou contar nada, seja lá o que for. – prometeu. Respirei fundo pela boca, já que depois do choro meu nariz já estava entupido e comecei a falar:
_ A mais ou menos sete anos atrás, quando eu tinha uns 10 anos, meu pai, o Patrick sofreu o acidente de trabalho, ele era caminhoneiro e em um dos seus fretes ele sofreu um grave acidente. Foi um choque para a família, ele teve que ausentar do trabalho por um tempo, mas estava tudo bem, eu e Dallas cuidávamos dele enquanto nossa mãe trabalhava, não víamos problema nisso. Quando ele se recuperou do acidente ele foi tentar voltar para o trabalho, mas não o aceitaram novamente porque foi descoberto que o culpado do acidente era ele, ele que estava em uma velocidade não permitida o que acabou acarretando no batida, isso era totalmente ao contrario do que ele vinha afirmado, ele sempre disse que o acidente tinha sido causado pelo outro motorista, mas agora não tinha mais como ele mentir, foi despedido. Ele ficou arrasado ele já trabalhava naquela mesma empresa há anos. Ele começou a procurar outros empregos, mas nenhuma empresa o queria por medo de que ele causasse prejuízos, como a cidade era pequena todos já sabiam que a culpa do acidente era dele e não há muitos lugares para pedir emprego, ele até conseguiu arranjar alguns bicos em lugares não ligados a frete, mas não gostava, ficava reclamando quando chegava em casa, ele não era a pessoa animada que sempre costumou a ser, ele acabou largando tudo e minha mãe acabou ficando com todas as despesas nas costas dela, mas ela não reclamou, o amava e sabia que depois ele poderia voltar a se animar. Um dia, sem mais nem menos, quando Dallas e chegamos em casa o encontramos bêbado, estranhamos já que isso não era de acontecer, como Maddie era muito pequena, tinha uns três ano, ela ficava na creche em tempo integral e a nossa mãe trabalhava o dia inteiro na escola como professora de educação física e depois como treinadora das lideres de torcida, então só eu e Dallas que o vimos naquele estado, não contamos nada para nossa mãe porque foi a primeira vez que aconteceu, e assim que ele voltou a ficar sóbrio pediu desculpas, prometeu que não iria acontecer a mesma coisa... O problema é que isso começou a se tornar rotina, eram raros os dias em que não nos deparávamos com ele bêbado, geralmente só quando minha mãe estava em casa que ele não ficava bêbado.  Ele tinha se tornado um alcoólatra... – Joe escutava tudo com atenção, pegou minha mão e a acariciava enquanto eu contava a historia a ele. _ Ele conseguiu gastar todo o dinheiro que ele tinha na bebida, começou a dever o dono do bar, e como ele não tinha de onde tirar e não podia pedir para mamãe ele fez a pior coisa que ele podia ter feito... Ele começou a roubar o comercio de um grande amigo nosso, o senhor Antônio, era tão amigo que meu pai não precisava fazer esforços para conseguir ter acesso ao dinheiro e ainda sim era uma pessoa na qual eles jamais colocariam a culpa pelo desaparecimento do dinheiro... Ele conseguiu roubar o mesmo lugar umas sete vezes antes de ser descoberto... Acho que no fundo todos já desconfiavam, mas não queriam acreditar que era ele. Ele só foi pego pelo fato de uma pessoa o ter flagrado. A gentileza do Sr. Antônio foi tão grandiosa que mesmo após ter muito prejuízo graças ao roubo de meu pai, não o denunciou nem fez muito alarde, nem mesmo reclamou com minha mãe, a pedido do meu pai, ele prometeu que não constaria nada a ela, mas ainda sim muitas pessoas ficaram sabendo do ocorrido e foi ai que meu pesadelo realmente começou... – falei, respirei fundo, eu estava desabafando com Joe e isso me fazia bem, mas ao falar as lembranças vinham em minha cabeça e isso me dava um aperto no coração e uma vontade incontrolável de chorar. _ Algumas crianças da escola em que eu estudava começaram a zoar a mim e a Dallas pelo roubo, nos chamando de filha de ladrão, de ladrazinhas, alguns mais “engraçadinhos” colocavam os próprios objetos nas nossas mochilas, sem que percebêssemos, só para nos culpar, brincavam com essa situação. – as lagrimas começaram a sair. _Nossa mãe era chamada na nossa escola praticamente todos os dias, o pior é que ela acreditava que erámos as culpadas de tudo, Dallas e eu sempre estávamos de castigo, ela não queria acreditava que era brincadeira das outras crianças, e quando tentávamos falar sobre oque nosso pai fez, ela não dava importância, achava isso um absurdo, nós estávamos acuando nosso próprio pai, o homem em que ela amava... Queríamos por um fim nisso e começamos a discutir com o nosso pai e ele não aceitou nossas interjeições, começou a falar que era drama e começou a ficar agressivo... Muito agressivo...  Ele começou a nos agredir fisicamente, por qualquer coisa, não precisava de um motivo, éramos como o saco de pancadas dele, se por algum momento ele tivesse nervoso por alguma coisa, ele descontava na gente... Já perdi a conta de quantas vezes em que nós tivemos que acordar mais cedo para tentar cobrir com maquiagem as marcas que ficavam... Chegamos até tentar falar com nossa mãe, mas ela novamente não acreditou, ela amava nosso pai mais que tudo e pensou que isso poderia ser crise de adolescência... Dallas estava péssima, assim como eu, estava desanimada, depressiva, mas eu descontava toda a minha tristeza na comida, eu comia para me sentir feliz, eu me sentia mal depois, mas era como eu abafava a tristeza que havia em mim... Em um mês eu consegui engordar 4 quilos, e assim foi, até que eu fiquei bem gorda, e isso só piorou minha situação, agora eu era a ladrazinha gorda, foram três anos nisso. Foram três anos com perseguição na escola, apanhando do meu pai, e me sentindo horrível, eu estava horrível. – novamente dei uma parada. _ Eu comecei a forçar vomito, eu comia compulsivamente para me sentir melhor, mas logo começava a me sentir culpada, eu que estava me destruindo, eu corria para o banheiro e vomitava, eu não gostava de fazer aquilo, mas era a única forma da culpa não me matar por dentro. – falei olhando para baixo, eu não conseguia olhar nos olhos de Joe, a vergonha era maior que tudo. _ Com o tempo eu comecei a parar de comer, mas eu continuava vomitar, eu consegui emagrecer. No começo ninguém percebeu, mas não demorou muito para que Dallas descobrisse, ela tentava me impedi, mas não conseguiu, e meu pai também percebeu, mas não fez nada para impedir... Nesse meio tempo já tinha se passado cinco anos, cinco anos de infelicidade, foram necessários cinco anos para que minha mãe percebesse que algo estava errado, cinco anos para que se percebesse que nossa família não existia mais. Ela começou a chegar mais cedo do trabalho e em um destes dias ela viu meu pai, bêbado, agredindo a Dallas... Só aí minha mãe descobriu toda a verdade... Eles começaram a brigar todos os dias, a casa estava no nome dos dois então por lei ele não poderia ser expulso, e minha mãe não tinha como sair para outro lugar... Era claro que depois disso ela começou a ficar mais atenta. Começamos a ficar mais na casa do senhor Antônio, que não duvidou em nos ajudar, mas o estrago já estava feito... Meu pai ficou com mais ódio ainda e nos poucos momentos que conseguia ficar comigo e Dallas sozinho ele nos atacava, mentalmente, ele sabia do meu problema e meio que incentivava eu continuar, ele dizia que dava graças a Deus por eu estar fazendo algo para me cuidar, que era o único jeito de eu para de ser aquela gorda horrível... – Eu tentava controlar o choro, mas era em vão. _ Minha mãe acabou não aguentando a pressão do trabalho mais os problemas familiares e pediu demissão, ficava o dia inteiro em casa e foi descobrindo cada vez mais coisas, incluindo o meu problema, foi o fim para ela, ela até tentou me ajudar, mas não tinha jeito, ela não sabia como me ajudar e agora que estava sem emprego não poderia gastar com tratamentos, Dallas queria trabalhar para poder ajudar, já que tudo o que tínhamos era o que nossa mãe tinha juntado nesses anos de trabalho, mas nosso pai não a deixou, toda vez que Dallas conseguia um emprego ele dava um jeito de atrapalhar, estava insustentável a nossa vida lá, as pessoas começaram a se afastar, até que minha resolveu dar um basta naquilo tudo, foi quando decidiu que nos mudaríamos para cá. Seu Antônio nos ajudou a sair de casa sem que nosso pai percebesse e seu pai nos ajudou nos dando um lar... – fiquei em silencio por um tempo, Joe voltou a me abraçar. _ No dia da invasão foi Travis, ele invadiu nossa casa e não sei como achou algo sobre nosso pai, ele o trouxe de volta para minha vida... Desde que eu te conheci eu melhorei muito, mas quando Patrick voltou eu me afundei novamente, Travis sabe de toda a historia e fica me atormentando, meu pai não mudou nada, é por isso que eu estou assim... – falei e me afundei ainda mais nos braços de Joe, meu choro era mais forte agora. _ Eu não estou bem. – admiti pela primeira vez em muito tempo.
CONTINUA...

Ola leitores, desculpa pela demora para postar, como eu já disse a alguns capítulos atrás a fic está prestes a acabar, eu estou tentando escrever ela toda agora para poder mais informações a vocês, como por exemplo quantos capítulos ainda virão.
O capitulo ficou pequeno, mas espero que ainda sim tenham gostado.
Não se esqueçam de comentar/avaliar
bjsss

Um comentário:

  1. Ameiiiii ! Perfeitooo !

    Nossa ... A demi abriu o coração *-* chorei !!!

    Sei que eu não comento muito ... Mas eu acompanho a fic e amo ela D+

    possta logooo *-*

    pode divulgar o meu Blog ??

    Www.jemilovely.blogspot.com

    dá uma olhadinha =D se gostar ...

    Bjss

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