domingo, 25 de novembro de 2012

33º CAPITULO “O que está acontecendo aqui?” - Recomeçar


A noite se repetia. Assim que Dallas subiu uma nova briga recomeçou, agora o motivo era o porre que ele tinha tomado e o dinheiro pego de Dallas. Mais uma noite fizemos nossa “festinha” para afastar, disfarçar o clima ruim. Mais uma noite, a história se repete.
Os dias foram se passando, e ficando cada dia pior, eu já não comia nada e vomitava todos os dias. O Joe percebia que eu estava mal e ao não obter respostas acabávamos nos desentendendo, ainda estávamos juntos, mas nos afastamos muito um do outro, ele não tinha mais aquele carinho e cuidado que sempre teve comigo, era evidente que se eu não o esclarecesse tudo ou não resolvesse nosso relacionamento terminaria em pouco tempo, Travis ao ver-me desmoronando me atormentava cada dia mais, ele tinha gosto em me ver mal, era todo santo dia, sempre que o professor não estava em classe, ele ficava me lembrando de fatos do passado, me chamava apenas pelos velhos apelidos, e começou a parar-me no corredor para me atormentar, o pior é que enquanto ele me humilhava eu tinha que ficar lá, fingindo que nada de mal acontecia, eu até poderia arrumar um escândalo, brigar, xingar de volta, reclamar, fazer alguma coisa para minha defesa, mas eu nunca fui assim, eu sempre fui aquela que leva desaforo para casa, nunca soube me defender na frente de quem me agride, Travis sabia disso, e se esbaldava. Todos os dias tinham brigas entre nossos pais, e cada dia ficava mais violentas, após as nossas “festinhas noturnas” ainda se podiam escutar os gritos, os objetos sendo arremessados de um lado a outro... Maddie começava a sentir que algo não estava bem e isso a afetava, se via que a sua alegria natural estava apagando, Dallas e minha mãe estavam cansadas de trabalhar e chegar em casa e ainda terem problemas com Patrick que raramente não estava bêbado em casa, não se sabe de onde ele arranjava dinheiro, já que depositamos tudo o tínhamos em casa para não ter como ele pegar, mas ainda sim não teve jeito ele continuava conseguindo de alguma forma as bebidas; as agressões psicológicas que ele fazia em mim estavam cada vez piores e constantes, ele ainda não tinha chegado a me agredir fisicamente, pelo menos não como antes. Nossa família mais uma vez desmoronava, mas diante de todos que passavam, éramos felizes, sem problemas, apenas mais um família.
É estranho quando se percebe que tudo isso já tinha acontecido e não fazia muito mais que duas semanas que ele voltou para nossas vidas, tudo o que demoramos meses para reconstruir estava sendo demolido pela mesma pessoa pelo mesmo motivo em poucos dias.

Hoje já era sábado, teve um atraso na assinatura do contrato e o jantar comemorativo de Paul atrasou por uma semana, mas em pouco tempo começaria o tão esperado jantar. Era claro que não queríamos ir, por Patrick tanto faz tanto fez, mas não sabíamos se o iriamos controla-lo, se tivesse alguma bebida estragaria a festa, porem Paul passou toda a semana falando e nos lembrando do jantar, ele havia convidado os amigos mais próximos e os funcionários da empresa, seria um total desprezo por tudo que já fez por nos não ir a esse jantar. Todos já estávamos terminando de nos aprontar. Coloquei um vestido.

_ Vê se comporta como um homem menos desprezível hoje. – falou minha mãe dirigindo-se a Patrick
_ Me comportarei bem, fique tranquila. – falou se aproximando da minha mãe. _ Se quiser podemos falar que voltamos. – falou quase a abraçando, ela se afastou antes que ele chagasse a toca-la.
_ Nem morta. – respondeu grossamente.
É, a noite seria longa.
                               (...)
Quando chegamos à casa de Paul ela estava moderadamente cheia. Maddie foi logo brincar com Frankie, Dallas foi conversar com os colegas de trabalho, minha mãe ficou conversando com Denise já que Paul tinha que dar atenção para o monte de gente, Patrick sumiu entre as pessoas, provavelmente já caçava por bebida, Joe? Nem sei onde Joe estava, cheguei o procurando, mas ao não acha-lo comecei a conversar com a Dani e com Kevin, na verdade mais com Dani do que com Kevin, pois ele mais escutava do que falava. Ele tinha uma paciência incrível, grande parte dos homens fogem de conversas de mulher e ele ficou ali sem reclamar, ao contrario de Paul e Joe ele era bem tranquilo, homem de poucas palavras, ele e Nick se pareciam bastante nisso.

Já era sete da noite quando a mesa foi posta, tinha comida a perder de vista. Só aí vi Joe, ele estava do outro lado da sala em que eu estava, conversava com alguém que eu não conhecia. Ele me olhou, dei um sorriso e ele respondeu com o sorriso fraco, ele ainda estava mal comigo, ontem mesmo tínhamos brigado, Joe me viu “conversando” com Travis e quis saber sobre o que era como eu não o disse, pois Travis apenas estava me atormentando mais com historias que ele havia descoberto do meu passado, não consegui inventar uma historia na hora para dá-lo como desculpa e ele ficou irritado, duvidando da minha fidelidade.

Assim que terminei de por a comida no prato fui para perto dele, já que a pessoa com que ele conversava o havia deixado sozinho.  Agora ele estava no quintal sentado em uma das cadeiras que colocaram para que as pessoas pudessem sentar-se.
_ Oi Joe. – cumprimentei-o e sentei-me ao seu lado.
_ Oi. – respondeu seco.
_ Desculpa. – pedi. Ele comia sem se dar muita atenção para mim, eu apesar de ter posto comida no prato, não toquei na comida. _ Por favor. – insistir ao ver que ela não respondeu nada.
_ Tá tudo bem Demi. – falou. Eu não acreditei.
_ Não está tudo bem, não tem nada bem entre nós agora. – falei. _ Você nunca me tratou deste jeito.
_ Me desculpe se estou te tratando mal, só estou precisando de um tempo agora... As coisas não estão dando certo. – admitiu, tirando um pouco a atenção do prato e se concentrando em mim. Fiquei em silencio. Era o meu estupido medo de falar tudo o que aconteceu e acontecia comigo que estava acabando com o nosso relacionamento. _ É um saco não saber o que está acontecendo com você – falou. _ Eu te amo Demi, eu me sinto um inútil, um incapaz ao te ver mal e não conseguir fazer nada é um saco te ver pra cima e pra baixo com o Travis, você se arriscou tanto para se livrar dele e agora quase todos os dias os vejo conversando... – falou.
_ Não é assim Joe. – falei o interrompendo, ele estava entendendo tudo errado. _ Você não sabe o que esta acontecendo...
_ E você não me explica, eu queria entender, eu queria saber, mas você é... – ele parou, parecia se esforçar para conseguir achar as palavras certas. _ É como se você tivesse criado um muro em torno de você, e você se esconde, não deixa que ninguém a explore, eu me abro todos os dias com você Demi. Você sabe tudo sobre mim, você sabe de coisas que eu me envergonho, e eu não sei praticamente nada sobre você... É como se só eu me esforçasse para manter nosso relacionamento, eu confio em você, eu me entrego a você, mas eu não vejo você fazer o mesmo... O quê que te prende tanto Demi?
_ Me desculpe Joe. – pedi novamente. _ Eu sei que a culpa para estarmos assim é minha, eu sinto muito...  Eu não quero te perder, você não sabe mais me ajuda muito. – falei, fez-se um novo silencio.  _Eu vou contar. – falei, ou era isso ou nossa relação acabaria aqui mesmo. _ Podemos conversar em particular depois? – perguntei.
_ Podemos, vamos esperar as pessoas irem saindo, vai ser melhor. – sugeriu. Eu concordei, usaria esse tempo para tomar coragem e preparar a melhor maneira para lhe contar toda historia. Ele voltou a se concentrar na comida. _ Não vai comer? – perguntou ao perceber que não toquei na comida, alias já a tinha esquecido.
_ Vou. – respondi sem vontade. Obriguei-me a começar a comer, apesar de já estar sem comer a mais ou menos quatro dias completos, eu não queria comer, a cada garfada que eu punha na boca eu me lembrava de um dos xingamentos que meu pai ou que as outras crianças da minha antiga escola me chamavam, eu me lembrava de cada apelido...

No resto da festa me mantive perto de Joe, trocamos algumas falas, nada de real importância, ele me apresentou a alguns amigos da família que lá estavam. Mais a tarde foi à hora de Denise distribuir os doces da festa, alguns bombons e pedaços de torta, para não ficar feio na frente dela e de todos comi um bombom, minha consciência me castigava por isso.

Aos poucos a festa foi se esvaziando até que só ficássemos os Jonas mais Danielle, minha família e umas duas pessoas que são da família de Denise. Estávamos todos no jardim, tinha um clima agradável, o céu estava limpo as estrelas brilhavam como nunca.
Todos estavam conversando e tudo ia muito bem, até mesmo Patrick se comportava não que já não tivesse bebido tudo o que conseguiu, mas conseguia manter certa classe.
Eu esperava um sinal de Joe que já poderíamos conversar, mas ele parecia já se esquecido do combinado, fiquei na duvida se o recordava ou não, pois eu não queria falar, mas deveria, pois só ele sabendo toda historia poderíamos manter, ou não, a nossa relação.
_ Tia Denise. – chamou Maddie, Denise estava sentada logo ao meu lado. _ Posso pegar mais um pedaço de torta? – pediu.
_ Claro, eu já as guardei na geladeira, você acha que consegue pegar? – perguntou.
_ Eu posso pegar se preferir. – falei.
_ Se não se importar.
_ Eu também vou querer um pedaço. – gritou Frankie.
_ Pode deixar, eu pego para você também. – disse. Levantei-me e fui para cozinha. Abri a geladeira, tirei a torta, peguei dois pratinhos de sobremesa.
_ Virou empregadinha foi? – assustei-me com a aproximação de Patrick.
_ O que você quer? Um pedaço da torta? – perguntei irônica enquanto cortava os pedaços da torta.
_ Sabe, quando eu cheguei percebi que você não ficou com o Joe, você não o achou né? – perguntou, não o respondi. _ Não sei se você percebeu, mas tinha meninas muito bonitas nesse jantar, não me surpreenderia se o Joe estive com uma delas durante o começo da festa. – falou, ele queria que eu desconfiasse de Joe, mas isso não iria acontecer, eu sei que Joe é uma pessoa confiável. _ Quando o homem se afasta assim da mulher, pode saber que tem outra no meio. – falou. _ Se eu fosse você tomava mais cuidado. Cuidava-se mais... Você vai perdê-lo.  
_ É só isso? – queria que ele percebesse que estava me incomodando para ver se ele parava, não estávamos em casa, ele não poderia me atormentar como se estivéssemos. Ele se calou por um momento. Terminei de por os pedaços da torta no prato e fui guarda o resto da torta na geladeira.
_ Você até que estava indo bem, voltando a se cuidar, voltando a ter aquela sua neurose ridícula. – falou se referindo ao fato de eu não comer. _ Mas hoje afundou o pé na jaca e comeu feito uma porca né?! – continuou a falar.
_ Dá pra você me deixar em paz? Não estamos em casa. – falei, já me bastava a minha consciência me atormentando, não precisava dele falando assim comigo.
_ Você tinha tudo para ser bonita, normal, tipo a Dallas, ela até que é bonitinha, mas você conseguiria ser mais, mas preferiu ir se estragando aos poucos. – começou a dizer, eu nem sei o porquê eu continuava ali o escutando, eu já estava com tudo pronto só para sair e servir os meninos, mas eu continuava ali, parada escutando tudo o que ele queria dizer, era como seu eu quisesse que ele continuasse a me atormentar. _ Outra que vai para o mesmo caminho é a Madison.
_ Deixa a Maddie em paz. – pedi.
_ Fala serio Demetria, se eu fosse aquela menina parava de comer que nem você, mas não, todo mundo já parou de comer e aquela gordinha continua comendo.
_ Você é um monstro. Ela é sua filha e te ama como você tem coragem de falar isso dela?
_ Eu só estou falando a verdade, ela fica comendo que nem uma vaca e depois dá uma de problemática que nem você só pra desgraçar com a família. – falou. _ É isso que acaba com a família, ter uma filha doente. – falou, só aí percebi, eu o culpava por tudo, eu ficava dizendo que o motivo da nossa infelicidade era ele, mas se o problema fosse eu? _ Se uma já é ruim imagina duas problemáticas? – continuava a falar. Depois de escutar aquilo tudo, comecei a sair da cozinha, apressada, para ir entregar-lhes o pedaço de torta que eles haviam pedido.
Tornei a sentar-me no lugar de antes, mas agora minha cabeça estava a mil, eu queria explodir sumir, ele tinha razão, eu comi muito, com certeza eu tinha engordado tudo o que poderia ter perdido nesses dias em que não comi, eu me sentia mal por isso, eu era o problema da minha família. Eu queria me livrar de tudo isso, da comida dos pensamentos, mas eu não estava na minha casa. Não teria jeito, eu não conseguiria ficar bem. Levantei-me sem dar explicações a ninguém que lá estavam, subi para o segundo andar, entrei no quarto de Joe, nem sei se podia, mas não me importei na hora, e fui para a suíte que lá tem, comecei a forçar o vomito, seria difícil, já havia comido a um tempo considerável, e quanto mais tempo se passava mais difícil fica para conseguir vomitar, ainda sim me forcei, não parei até conseguir o que eu queria, vomitei, mas ainda sim continuei a me forçar a vomitar, eu queria ter certeza que não tinha nada mais dentro de mim, eu queria ter certeza de que tinha eliminado tudo. Eu ainda estava me forçando a vomitar quando escuto:
_ Demi? O que está acontecendo aqui?
                CONTINUA...

Capitulo postado, espero que tenham gostado, já adianto que no próximo tudo será esclarecido, provavelmente não será um capítulo muito grande, não sei ainda, mas pela ideia que tenho na minha cabeça, não será maior que esse.
Não se esqueçam de comentar/avaliar.
Bjssssss. 

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