segunda-feira, 5 de novembro de 2012

30º CAPITULO “Você deveria ser mais educada no telefone...” - Recomeçar


_ É que... – começou a falar indecisa. _ Hoje eu vi o papai.
Todas nós ficamos paralisadas.
_ Você o que? – perguntou Dallas, na esperança de que ela tivesse escutado errado.
_Eu vi o papai. – tornou a dizer Maddie, desta vez mais segura.
_Onde? – perguntou mãe, seu olhar ainda era de choque.
_ Na escola. – respondeu à pequena.
_ Como ele te achou lá? – perguntei.
_ Não sei, ele disse que uns conhecidos o levaram lá. – respondeu.
_ Você disse a onde estamos morando? – perguntou Dallas.
_ Não. – respondeu.
_ Ele só poderia entrar lá junto com algum aluno ou com os pais de algum aluno. – falei. _ Como ele conseguiu?!
_ Tem alguma coisa errada aí. – disse Dallas.
_ O que ele te disse? O que ele queria? – perguntava nossa mãe.
_ Ele disse que estava com saudades e que logo iria nos ver... Não deu para conversar muito, pois já tinha dado o sinal de ir embora. – falou. Por isso ela tinha demorado um pouco mais para sair.
_ Porque você não falou isso antes? Quando eu te perguntei o porquê de você ter demorado a sair? – perguntei.
_ Porque ele disse que queria fazer surpresa e não era para contar que eu tinha visto ele ainda. – falou triste. Fez-se um silencio. Ainda assimilávamos o que ela disse. _ Eu achei legal... Eu sentia falta dele. – disse.
                                               (...)
Já era noite, Maddie foi a primeira a ir dormir. Dallas, mãe e eu ainda continuávamos na sala.
_ Porque será que ele veio para cá? – perguntou Dallas.
_ Eu não sei. – falou minha mãe, logo depois respirou fundo. _ Quando conversei com Dona Lucia ela disse que muitos suspeitavam que o ataque no shopping tivesse sido causado por ele.  – falou com pesar.
_ Olha, eu sei que o papai não presta, mas ele não mataria alguém, eu não acredito que tenha sido ele. – falou Dallas.
_ Eu concordo. – falei. _ Ele não é uma boa pessoa, mas não mataria ninguém.
_ Eu não me casei com um assassino, eu sei disso, mas depois de tudo que ele fez, não duvido que ele possa ter feito algo... – disse minha mãe. _ Quem me garante que ele não veio para cá fugindo da policia de lá? – finalizou, ela tinha razão, nenhuma de nós queria acreditar que o homem que um dia já amamos poderia ter se tornado um monstro, mas os fatos batiam, foi a tragédia acontecer que ele veio para cá, seria coincidência?
_ O que me preocupa é que ele foi se encontrar com Maddie, o que ele estava querendo com isso? O que ele queria? – perguntava Dallas
_ Ele sabe que a Maddie ficaria feliz ao vê-lo, ele sabe que ela é o único meio de chegar a nós sem ser rechaçado. – respondeu minha mãe.
_ Se ele conseguiu entrar lá uma vez, ele pode conseguir novamente, não vai ter como impedi-lo. – falei.
_ Se lá só pode entrar pais e alunos como ele conseguiu entrar lá? Não deixei especificada a entrada dele lá.
_ Ele pode entrar com algum pai ou com algum aluno? – perguntou Dallas.
_ Pode. – respondi.
_ Mas os únicos que conhecem Patrick, além de nós, é o Paul e a Denise, se eles o levassem lá nos contaria com toda certeza. – falou minha mãe.
_ Você acha que ele pode ter algo haver com a invasão da casa? – perguntei.
_ Se ele invadisse ele iria ficar não faz sentido. – respondeu minha mãe. _ Conheço o pai de vocês. A invasão foi outro caso.  – Criou-se um silencio, todas pensávamos em como ele poderia ter nos achado.
_ Você falou com o Joe sobre nosso pai? Ele pode ter o chamado para tentar fazer você assinar o contrato. – opinou Dallas.
_ Não, eu não falei nada relacionado a nosso pai com ele. – respondi.
_ Você acha que ele pode ter descoberto por si só? – perguntou minha mãe.
_ Não. Ele não faria isso. – respondi.
_ Você acha ou tem certeza? – perguntou Dallas.
_ Certeza, o Joe se conformou. Ele não tem nada a ver com o aparecimento do nosso pai! – falei.
_ Tudo bem... Não temos ideia do que e de quem o trouxe a nós, mas podemos ter uma certeza, ele vai nos procurar. – falou minha mãe.
                                               (...)
Fui para o quarto, ainda pensativa, me intrigava a vinda de meu pai para cá, tinha certeza que Joe não estava envolvido nisso, mas também tenho certeza que para nos achar ele necessitou de ajuda. A única, da antiga cidade, que sabia onde estávamos era Dona Lucia, mas ela mais que ninguém sabe da nossa luta e foi ela quem nos ajudou a sair daquela cidade, não faria sentido dela querer nos prejudicar. “Prejudicar” pensei. A única pessoa que queria me prejudicar era Travis, mas como ele tinha conseguido descobrir sobre meu pai? Tornei-me aprofundar meu pensamento, não sei como, mas Travis tinha ligação entre a vinda de meu pai, esta era a minha única certeza diante de todos esses fatos.
                                               (...)
Demorei a dormir, mas acordei apressada, queria chegar logo a escola, queria tirar esclarecimentos com Travis.

_ O que está acontecendo com você? Está com formiga na cama? – perguntou minha mãe, ao ver que novamente fui a primeira a levantar-me.
_ Do jeito que você fala parece até que eu sou difícil de acordar.
_ Costumava ser. – falou.
_ É o amor, amor dá insônia. – falou Dallas se aproximando de nós. _Bom dia mãe, bom dia maninha.
_ Bom dia – respondemos juntas.
Maddie desceu logo depois.
_ Então Maddie... – começou a dizer Dallas. _ O papai disse se vai passar na escola hoje novamente? – perguntou.
_ Não. – respondeu.
_ Não disse ou você não quer falar? – perguntei.
_ Ele não disse. – respondeu.
                                               (...)
Entrei na sala de aula e logo vi Travis, ele estava encostado na mesa. Dirigi-me até ele e antes mesmo de cumprimenta-lo fui falando.
_ Como você descobriu sobre ele?
_ Bom dia para você também Demi, como vai?
_ Estaria melhor se você apena respondesse a minha pergunta.
_ Toma cuidado do jeito que você fala comigo. – alertou irritado. _ Descobriu sobre quem? – perguntou logo depois mais calmo.
_ Você sabe muito bem sobre quem eu estou falando. – respondi, tentando ser um pouco mais educada, mas não teve muito efeito. Ele deu uma risadinha que não entendi no primeiro momento.
_ Seu querido papai. – falou. Agora era certo, ele realmente tinha ligação com o surgimento do meu pai.
_ Como você descobriu sobre ele? – tornei a perguntar.
_ Você deveria estar feliz, vai ter seu papaizinho de volta. – falou irônico desviando o assunto, durante toda essa conversação ele mantinha um sorriso, que me irritava, no rosto, ele estava contente ao perceber que tinha me atingido.
_ Você pretende responder minha pergunta algum dia?
_ Bom... Há muitas maneiras de descobrir. – limitou-se em dizer. Parei um pouco e pensei em sua resposta. Para ele descobrir algo do meu passado ele teria que ou ser da família ou investigar em minhas coisas, ou nas coisas que estão na minha casa, logo me lembrei do dia da invasão.
_ Foi você que invadiu a minha casa. – acusei-o com o tom de voz alterado, foi alto o suficiente para que todos da sala escutassem.
_ Você tem provas? – perguntou.
_ Só assim para você conseguir informações minhas. – falei, ele se silenciou por um tempo.
_ Digamos que sua casa não era muito protegida, foi fácil. – confessou por fim.
_ Para que ir tão longe? Para que envolver toda minha família nisso? – perguntei injuriada
_ Eu vi uma oportunidade de fazer algo mais avançado – falou convencido. _ Eu não iria te bater, porque apesar de para você eu ser um monstro, eu não bato em mulheres, bater no Joe iria te atingir, mas eu já fiz isso, não quero ser repetitivo, separar vocês dois não era meu objetivo, pelo menos não agora, fazer algo contra sua mãe ou irmãs... Elas também são mulheres e não ia dar muito certo. – dizia sem ter nenhuma vergonha. _ Eu tinha que saber o poderia realmente te afetar, descobri de onde você veio, descobri antigos conhecidos... – falou e parou para reparar-me, eu estava paralisada. _ Quando eu percebi que não achava coisas do seu pai eu fiquei intrigado, porque será que ele não vive com elas? Porque não tem nada referente a ele aqui? – Ele confessava tudo satisfeito e orgulhoso pela vingança. _ Quando eu descobri que as três saíram daquele fim de mundo, de onde você veio, fugindo do papai de vocês, foi fantástico, o troco perfeito!
_ Você não devia ter feito isso. – falei segurando o choro.
_ Por quê? – falou grossamente se desencostando da mesa e levantando-se, como se quisesse mostrar superior. _ Vai fazer alguma coisa? Eu posso piorar sua situação se você quiser... – falou, calei-me. Ele voltou a se acalmar e tornou a se encostar-se à mesa. _ Sabe Demi... Eu descobri muitas coisas sobre você. – falou. _ ladrazinha.
                               (...)
Eu fiquei o resto da aula com o pior astral que eu poderia ter, meu pai estava de volta, e Travis sabia todo o meu passado, e ao invés de deixar tudo quieto, ele estava disposto a usar o seu conhecimento sobre o meu passado contra mim.

No intervalo Joe percebeu que eu não estava bem.
_ Demi, você tá tão baixo-astral, o que foi que aconteceu? – perguntou me abraçando forte.
_ Nada. – respondei. Eu e minha mania de não contar nada a Joe, eu me sentia mal por isso, pois sei que ele só quer o meu bem e que ao me abrir com ele eu poderia me sentir melhor, mas eu não estava preparando ainda para me abrir, eu precisava de mais tempo para falar tudo o que eu tinha para dizer.
_ Demi, eu sei que tem alguma coisa acontecendo... Foi o Travis? – perguntou.
_ Eu só estou um pouco desanimada, acho que estou cansada, só isso. – menti. _ Amanhã eu já vou estar melhor. – menti novamente, mas dei sorriso para disfarçar a tristeza.
                                               (...)
Na sala era impossível ficar bem, Travis fazia questão de me olhar com olhar de vitória, ele realmente tinha ganhado. Nunca quis que a aula terminasse tão rápido como eu queria que acontecesse hoje, mas é como dizem, tudo que é bom, dura pouco, se hoje não tinha nada bom, os minutos pareciam se tornar cada vez mais longos para mim.

Quando o sinal tocou me senti como se tivessem acabado de assinar a Lei Áurea e eu era uma das escravas que estavam libertando, parece dramático, pode até ser, mas eu realmente não estava mais aguentando ficar na presença de Travis, eu teria que mudar de sala ou escola, com ele sabendo tudo sobre mim e me importunando por isso, eu não conseguiria me manter bem ao seu lado.
Na saída Paul já estava lá, todos estavam entrando no carro. Maddie estava perto do carro, mas não havia entrado.
_ Maddie, não vai entrar? – perguntei ao me aproximar, ela não me respondeu de primeira.
_ Você deveria ser mais educada no telefone...
                CONTINUA...

Mais um capítulo, espero que tenham gostado. Queria informar que a partir desse capítulo a fic começa a entrar na sua reta final, ainda terão mais capítulos, mas já aviso que não serão muitos. Pretendo continuar com o blog e até tenho ideias para POSSIVEIS futuras fic, depois lhes darei mais informações.
Não se esqueçam de comentar/avaliar.
Bjss.

2 comentários: