Durante as férias
Falta
pouco mais de uma semana para que as férias de verão acabar, e mesmo faltando
tão pouco tempo, Sara não quer pensar na escola, mas sim em seu namorado, que
passou a maior parte do tempo em outro estado, ajudando a construir casas para
os pobres.
Só
de pensar nisso, Sara já revira os olhos.
Mas
hoje é o dia em que ele vai voltar, em poucas horas os dois estarão nos braços
um do outro.
–
Senhorita Sara, o seu banho já está pronto. – diz Eleonora, sua empregada. – a
senhorita precisa de mais alguma coisa? – Sara pensa um pouco e diz.
–
Você colocou pétalas de rosas na banheira? – pergunta.
–
Sim senhorita. – responde e ri boba.
–
Porque você está rindo? – Sara pergunta séria. – Você está querendo insinuar
alguma coisa? – Eleonora arregala os olhos.
–
Claro que não senhorita.
–
Então você acha que eu sou boba? Objeto de piada talvez?
–
Claro que não, claro que não. – dá para sentir o desespero na voz de Eleonora,
mas isso não afeta a Sara, que segue deitada em sua cama King Size, com uma
expressão séria. – Eu te respeito muito senhorita.
–
Não é o que eu estou vendo. – contrapõe a garota.
–
Eu só acho bonito isso, tomar banho de rosas, é romântico. – ela tenta se
explicar.
–
Cale a boca. – Sara grita. – Quer saber? Você, e sua boca sorridente, não vão me
atrapalhar. – suspira. – Não preciso de mais nada, pode se retirar. – diz mais
calma.
Eleonora
sai sem pestanejar.
Sara
pula para fora da cama e vai se despindo até chegar a seu banheiro privativo.
Lá a banheira já está cheia, as bolhas de espumas estão na medida certa, assim
como as pétalas de rosas. Eleonora podia ser inconveniente, ao olhar de Sara,
mas nem mesmo ela pode negar que a empregada faz um bom trabalho.
O
banho de banheira dura quase meia hora.
Ao
sair da banheira, Sara penteia seu cabelo bem superficialmente, e depois o amarra
em um coque alto, do jeito que seu namorado, Ricardo, mais gosta.
Sara
se embrulha na toalha e volta para o quarto, hora de procurar a roupa ideal.
O
closet, mesmo grande, está cheio, são roupas novas e de grife. Sara procura por
algo comportado, pois sainhas e shortinhos não são bem vindos à casa do
namorado.
Ela
escolhe um vestido branco e florido, ele vai ate os joelhos. Como é de alcinha,
Sara coloca um casaquinho de renda branco por cima, para esconder um pouco mais
os braços. O sapato já é algo mais difícil de escolher, são tantas opções...
Após
muito procurar, ela se decide por um sapato de salto Rosa Nude.
Sara
desce para o primeiro andar de sua casa e encontra seus pais na sala. Isso é
algo raro.
Sua
mãe está concentrada em seu IPAD, provavelmente analisando ou estudando melhor
uma futura cirurgia, já seu pai, está lendo o jornal, ambos estão na sala de
estar, um ao lado do outro.
–
Você vai sair? – seu pai pergunta, assim que a vê.
–
Vou. – Sara responde, mas assim que olha para o pai, percebe que ele já não
presta atenção nela. – Vou a uma boate onde posso comprar drogas. – ela diz sem
medo e comprova que eles não estão escutando-a, pois eles nem mesmo dizem nada.
Sara
revira os olhos e percebe que não há o que fazer ali. Após decidir que não irá
comer seu café da manhã, mesmo ainda faltando horas para a chegada do namorado,
ela resolve ir até sua casa, e assim poderá fazê-lo uma surpresa.
A
casa do namorado não fica longe, apenas dois quarteirões o separam, mas ainda
assim, Sara não recusa usar sua limusine para chegar até lá.
No
caminho, ela decide ligar para sua amiga, Rebecca. As duas haviam conversado
ontem anoite, e Rebecca não parecia se sentir muito bem, mas tampouco revelou o
que era. Isso incomoda a Sara em altos níveis, pois ambas sempre compartilhavam
tudo, de segredo sujo até as roupas caríssimas.
O
telefone chama, chama e chama, mas Rebecca não atende.
Sara
pensa em talvez ir a casa da amiga, afinal, Ricardo, seu noivo, não chegaria em
menos de uma hora...
–
Chegamos senhorita. – diz Rick, o chofer. Sara não responde, ainda está
indecisa se ela irá ver a amiga ou se fica e faz uma supressa ao namorado. –
Senhorita? – Rick o chama, sem saber se a patroa escutou.
–
Eu já escutei. – Sara responde grossa, e por ficar irritada, decide descer ali
mesmo. Ela ainda teria a chance de conversar com a amiga.
Os
funcionários da casa dos avós de Ricardo já conhecem bem a Sara, então ela não
tem muita dificuldade para passar pela portaria e chegar até a grande sala da
casa.
Quando
chega, Sara se senta confortavelmente no sofá, mas logo se sente incomodada com
a aparição de Heitor, o irmão mais velho de Ricardo.
–
Sinto lhe dizer, mas perdeu sua viagem. – Heitor diz, sem cumprimenta-la, ele
nem mesmo a olha direito.
–
O que você quer dizer com isso? – Sara pergunta.
–
O voo do meu irmão foi cancelado, parece que haverá um tufão na região em que
ele está. – Heitor responde sem dar muita importância, mas Sara entra em
desespero.
–
Como assim um tufão? – pergunta de olhos arregalados, se levantando do sofá num
pulo.
–
Fique tranquila, o hotel em que ele está tem pareces mais fortes do que um cofre
de banco. – Heitor dá de ombros.
Isso
tranquiliza a Sara, mas a incomoda, será mais um dia longe de seu amor.
–
E seus avós? – ela pergunta.
–
Viajaram também. – ele responde. – Caribe, conhece? – ele pergunta sorridente e
sarcástico.
–
Não finja amizade, você não gosta de mim. – Sara diz.
–
Eu não tenho nada contra você. – Heitor acha graça. – Só não entendo vocês.
–
Vocês? – Sara não entende o que o rapaz quer dizer.
–
Você e meu irmão. – Heitor se explica enquanto vai ao armário de bebidas do
avô e pega a garrafa de uísque. – Vocês não fazem sentido.
–
Você não faz sentido. – Sara
contrapõe.
–
Não se faça de besta, você gosta de mostrar que é “a doce menina boba”. – ele a
zoa, e a entrega um copo com uísque. – quer? – ela hesita.
–
Não. – ela responde e Heitor ri.
–
Sim, você quer. – ele garante. – mas é como eu disse: você tem que manter a
face de “doce menina boba”, pois é esse tipo de menina que meu irmão gosta.
–
Você não sabe de nada. – Sara tenta dizer, mas é interrompida.
–
Eu conheço você, Sara. Você não é o tipo de garota que espera pelo casamento
para se relacionar sexualmente, nem mesmo que nega bebida ou que larga a balada
para participar de grupos de orações, nem mesmo que fica se cobrindo com panos
e panos de roupas... – Sara quer contrapor, mas Heitor tinha razão.
–
Eu mudei, seu irmão me mudou. – ela mente.
–
Não mudou não. – Heitor diz. – E é isso que eu não entendo. Se ele não gosta de
você pelo que você é, porque você insiste em continuar com ele? Não é pelo
dinheiro, pois você também é rica, não é por sexo, porque isso ele não te dá...
–
Ele é carinhoso. – Sara responde. Heitor parece pensar.
–
Você é realmente tão carente que larga tudo por apenas um pouco de carinho? –
Heitor pergunta. Sara fica surpresa consigo mesma, pois ao invés de responder,
ela se pega pensando na pergunta.
–
Acho que vou embora. – Sara diz.
– Ei, espere. – Heitor pede. – Me desculpe,
não queria te ofender, só queria entender melhor. – Sara para e volta a encarar
Heitor.
–
Você nunca vai entender. – ela responde, pois nem mesmo ela entende.
–
Você não sente falta? – Heitor pergunta. – Do que era antes?
–
Sim. – Sara responde fraco.
–
Então aproveite o hoje. – Heitor sugere. – Meu irmão deve chegar amanhã.
Aproveite o dia de hoje para matar a saudade da antiga Sara. – ele insiste.
Sara
pensa.
–
O que você sugere? – pergunta claramente interessada na sugestão.
–
Que tal começar com um uísque? – ele pergunta sorrindo, levantando ao ar o copo
de uísque que acabara de oferecer a Sara e que fora recusado.
Desta
vez ela aceita.
Continua
Olá gente, primeiro capítulo postado, sei que ele está um pouco
grande, mas foi necessário, prometo que os próximos serão menores.
Comentem o que acharam.
Muito obrigada.
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