Domingo
Gosto de
sentir o ar fresco em meu rosto. O vento do mar, o pôr do sol...
_ David,
suba mais. – Elliot me chama, para que eu suba mais na formação rochosa da
praia. Olho para todos os lados, para garantir que não conheço ninguém que está
na praia, pois se contassem para minha mãe que eu subi no topo da rocha, eu
teria que escutar muito quando voltasse para casa.
Subo na
rocha e deixo que o vento forte me receba.
O barulho do
mar, a cor do céu, o vento. Estou no paraíso.
Sento-me no
topo da rocha e permito-me deixar levar pela tranquilidade, geralmente não sou
tranquilo, mas a natureza sempre me acalmou.
Elliot
começa a pular de um lado para o outro, ele gosta de explorar tudo, gosta de
aventura, gosta de provocar os limites da natureza.
_ Fique
quieto. – peço.
_ Fique aí
relaxando, deixe-me divertir. – ele responde.
Não gosto da
resposta, mas deixo quieto, não quero brigar com ele por bobagens, cada um tem
sua forma de divertir e relaxar, a minha é apreciar a natureza, a de Elliot é
provocando-a.
Ficamos ali
até o sol se por completamente.
_ Vamos
descer cara, daqui a pouco nossas mães vão voltar para casa e se não estivermos
lá. – digo e ele assente, concordando.
Tudo
acontece muito rápido. Quando vamos descer Elliot se desequilibra e despenca na
areia.
Vejo sangue,
mas não sei dizer se ele apenas raspou as costas na rocha ou se ele bateu a
cabeça em alguma pedra. Tento tomar muito cuidado para terminar minha descida e
socorre-lo.
Vejo que ele
está acordado, mas parece confuso, perturbado, peço para que ele fique calmo e
que se mantenha deitado, e corro para o calçadão em busca de alguém que possa
nos ajudar.
Quando,
finalmente, me aproximo da alguém, ele se assusta ao me ver aproximar.
_ Calma, não
vou te roubar. – já digo, não é como se esta fosse a primeira vez que as
pessoas acham que sou um delinquente.
A mulher
sorri envergonhada.
_ Meu amigo
caiu das rochas, preciso de ajuda. – digo. _ Você pode chamar a ambulância? –
pergunto. Ela volta a me olhar receosa. Suspiro fundo. _ Deixa para lá, vou
procurar outra pessoa. – eu entendo seu olhar, ela ainda não confia tirar o
celular perto de mim.
Continuo
meio correndo meio andando pelo calçadão, a procura de alguém que pareça mais
receptivo.
Vejo um
carro de polícia. Vou até eles e eles já param o carro, alarmados.
_ Meu amigo
caiu das rochas, ele precisa de ajuda. – já saio dizendo.
Um dos dois
policiais olha para mim e diz.
_ Fique
aqui, vou olhar lá. – ele fala.
_ Eu posso
te ajudar a acha-lo. – digo.
_ Fique
aqui! – o policial grita.
Fico
observando-o, para garantir que ele está indo na direção certa.
O outro
policial sai do carro e para do meu lado.
_ Qual seu
nome? – pergunta autoritário.
_ David. –
respondo.
_ Mora onde?
_ Na vila. –
respondo e ele me olha de cima a baixo.
Moro na
Vila, um lugar não bem quisto na cidade e sei que respondê-lo com a verdade foi
um erro. Eu poderia dizer que morava em um bairro chique ou pelo menos um menos
perigoso.
_ E o que
você estava fazendo na rocha? – pergunta, agora já suspeitando de mim.
_ Apreciando
o sol. – digo, sabendo que essa resposta não será bem vista por ele.
_ Apreciando
o sol? – pergunta arqueando uma sobrancelha.
_ É. –
confirmo.
_ Entra aí
no carro vai. – ele ordena.
_ Mas eu não
fiz nada.
_ Entre no
carro.
_ E meu
amigo?
_ Você quer
que eu te prenda por desacato, em garoto?
_ Eu só quero
saber se meu amigo está bem!
O policial
se irrita e começa a me pegar a força.
Eu grito.
_ Socorro,
eu só quero ajudar meu amigo.
Ele me
prensa contra o capô do carro. Tento chuta-lo, mas erro.
_ Fique
quieto garoto.
Ele tenta pegar
sua algema, e com isso desaperta um pouco do aperto. Aproveito e me contorço
para me libertar.
Consigo.
Saio
correndo feito um louco sem rumo. Quero voltar para encontrar Elliot na rocha,
mas temo que isso me faça ser preso. Se o policial o encontrar, espero que ele
o socorra.
Desvio-me
das pessoas que andam no calçadão e isso se torna mais necessário a medida que
o policial começa a gritar para que me parem, alguns se assustam e se afastam
de mim, mas outros tentam se colocar na minha frente, para me capturar.
Tenho
sucesso, mas não por tempo suficiente. Trombo em um homem alto e loiro, e ele
me segura, olhando-me seriamente. O policial nos alcança.
_ Muito
obrigado, por parar esse delinquente. – o policial diz ofegante assim que se
aproxima.
_ O que ele
fez? – o homem pergunta, ainda olhando para mim.
_ Ele é um
moleque.
_ E o que
ele fez?
_ Não te
importa. – o policial se irrita.
_ Mas se
você quer prendê-lo, deve ter um bom motivo. – o homem insiste. Quero
aproveitar a discussão para fugir, mas o homem que me defende não me larga.
_ Você está
me desrespeitando? Porque eu posso te levar preso também.
O homem não
diz nada, apenas olha para o policial, que se cala, dá a meia volta e nos
deixa.
_ O que
aconteceu? – pergunto.
_ Ele foi
embora. – o homem responde obvio.
_ Mas por
quê? – insisto, ainda sem entender nada.
_ Porque eu
mandei. – o homem responde. Eu olho para
o homem e ele não parece estar brincando.
_ Isso não
faz sentido.
_ Eu vou te
levar para um lugar mais seguro. – o homem me ignora.
_ Não. –
reluto. _ Espera. Eu preciso voltar para meu amigo. – digo.
_ Já
cuidamos de seu amigo. – ele responde.
_ Como
assim?
_ Menos
perguntas, mas cooperação, por favor. – ele pede. _ Vamos logo. – ele me puxa
pelo braço, tento lutar contra seu puxe, mas não consigo, ele é mais forte.
Andamos
pouco, ele me coloca dentro de um carro simples e preto, não consigo olhar qual
modelo.
Ele me joga
no banco de trás e entra no banco do motorista.
Tento abrir
a porta, quando vejo que ele não me olha.
_ Está
trancado. – ele diz em tom monótono.
Tento abrir
a janela, sou minudo para minha idade e sou magro, coisa de família, posso
muito bem passar por ela.
_ Não vai
abrir. – ele responde.
Fico irritado,
ele nem mesmo me olha e já sabe o que eu estou tentando fazer.
_ O que eu
estou fazendo aqui? – pergunto bravo.
_ Estamos
esperando algumas pessoas.
_ Quem?
_ Você é
sempre curioso assim?
_ Eu não te
conheço. – digo.
_ Eu não
irei te fazer mal. – ele responde.
_ Não confio
em você. – falo.
_ Eu não
preciso que confie. – ele dá de ombros. _ Prometi que iria te proteger e eu
irei. – ele fala sem olhar para mim.
_ Proteger
do quê? – pergunto.
Alguém bate
na porta do carro.
O homem abre
a porta do meu lado.
Apresso-me
para abrir e tentar fugir, mas paraliso assim que vejo quem entra no carro.
É minha mãe.
Ela entra,
obrigando-me a afastar da porta e me abraça.
_ Mãe, o que
está acontecendo?
_ Fique
calmo querido.
_ Não temos
muito tempo, Amadi. – o homem diz a ela.
_ Quem é
esse homem, mãe? – pergunto.
_ Onde está
Frederico? – minha mãe me ignora e pergunta ao homem.
_ Esta
ajudando ao amigo de seu filho. – o homem responde.
_ Ele sabe? –
ela pergunta. _ Sobre mim?
_ Não. – ele
responde.
_ Isso vai
dar certo? – ela pergunta.
_ Vamos proteger
seu filho, Amadi. Esta foi a nossa promessa e vamos cumpri-la.
_ Eu quero
ajudar. – ela diz.
_ Não creio
que você possa fazer muito. – o homem diz.
_ Eu sei das
minhas limitações, mas ele é meu filho e...
_ Seu filho
vai ficar bem, vai ter o treinamento e proteção que precisa. – o homem a
interrompe e garante.
_ Se algo
der errado...
_ Você já
disse o que tinha que dizer. – o homem a interrompe. _ Agradecemos a você e a
seu marido pelo interesse em nosso plano e por nos facilitar todo o processo.
Agora é com a gente. – ele diz.
_ Posso
despedir-me? – ela pergunta.
_ Não é uma
despedida.
_ Não
sabemos por quanto tempo vou ficar longe dele. – ela diz e o homem não a
contesta. Ela volta a olhar para mim.
_ Mãe, o que
está acontecendo? – pergunto.
_ Filho,
você vai para um lugar, um lugar distante. Mas você não vai estar sozinho, vão
ter muitos como você...
_ Como
assim, como eu? – pergunto interrompendo-a.
_ Você é um
menino especial, muito especial. – ela começa. _ Você tem algo dentro de vocês,
escondido, que o faz muito poderoso.
_ Como
assim?
_ Eu não
posso te explicar agora. – ela diz. _ Não tenho tempo, mas você aprenderá em
breve o que isso significa.
_ Porque
você não vai comigo? – pergunto.
_ Eu não
posso. – ela diz. _ Mas eu prometo estar por perto, indiretamente.
_ Ele não
pode se lembrar dessa parte. – o homem que está sentado no banco do motorista a
interrompe.
Minha mãe
suspira.
_ Apague
tudo. – ela diz.
_ Como
assim? – ele pergunta.
_ Não quero
que ele se lembre de nada.
_ Porque
não? – o homem se vira para trás, e assim pode nos ver melhor do quê apenas
olhando pelo retrovisor.
_ É o melhor
para ele.
_ Não sei se
concordo.
_ Se você
realmente tem quem pode fazer isso, se você realmente vai fazer meu filho se
esquecer do que está acontecendo agora, eu quero que apague tudo. – ela diz
dura.
_ Eu não
concordo, mas, farei o que você manda. Agora vá embora. Frederico está
voltando. – o homem responde.
_ Obrigada,
Dalton. – minha mãe diz e depois olha para mim. _ Você será grande, meu filho.
E eu te amo.
Continua
Capítulo postado como
prometido, eu espero que tenham gostado,
Bom carnaval para
todos.
Olá Nada. É para falar sobre a sua pergunta no Críticas. O formulário é que deu problema. Daí não deu para atualizar na página. Só hoje é que com o aviso eu tentei perceber qual era o problema porque o formulário não tinha recebido nada. Mas já resolvi o problema e vai ser feita a crítica à história.
ResponderExcluirEu ainda não consegui me actualizar na sua fanfic vou tentar assim que possível :)
Bjs :)
Nanda* Desculpa ter errado o nome (que vergonha!).
ExcluirPosta logo!bjs
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