Sábado
Como sempre,
estou atrasado, e como de costume, tampouco me importo.
Quando
estaciono o carro, todos já estão lá. Mesmo sem estar perto deles eu já escuto
alguns gritos de ofensa. Eu começo a rir.
_ A princesa
resolveu aparecer é? – Carlos brinca.
_ Ao
contrário de você, tenho mais o que fazer na vida. – respondo-o.
_ Mais o que
fazer? Você dorme o dia inteiro. – agora quem fala é Rafael.
_ É verdade.
– Carlos concorda. Eu acabo rindo, sem ter uma resposta rápida para dar, pois
eles estavam certos, eu não faço nada o dia inteiro.
_ Vocês
deveriam se preocupar mais com a vida de vocês. – digo. O tom parece
desrespeitoso, mas somos assim, um fala mal e zoa com o outro e todos acabam
rindo juntos no final.
_ ih, a
princesa ficou irritadinha? – Carlos começa rir compulsoriamente.
_ Vamos ver
quem vai ser a princesa quando eu fizer meu segundo gol. – digo.
Todo o
sábado nos unimos na quadra do bairro, para jogar uma partida entre os amigos,
o time que ganha além de sair com o gostinho saboroso da vitória ainda pode
beber no bar, tudo na conta dos que estão no time perdedor, e o artilheiro do
jogo pode criar um desafio para quem ele quiser do time adversário pagar. Eu já
havia sido o artilheiro várias vezes, eu sou bom no futebol, mas nas últimas
duas partidas, eu perdi a artilharia para Artur, que geralmente joga no time
adversário.
Hoje eu
cheguei preparado para uma revanche.
Ajeito minha
chuteira e Carlos chega do meu lado.
_ Tem gente
nova hoje. – ele comenta.
_ Gente
nova? – Estranho. _ Não aceitamos gente nova no time, nem tem vaga.
_ Parece que
o Leonardo saiu e, por algum motivo, Vitor cancelou a participação dele, então
colocaram outros dois no lugar. – ele aponta para o outro lado da quadra,
mostrando-me quem serão os novos jogadores.
Espanto-me.
Primeiro
vejo um homem, ele é loiro e alto, estou de longe, mas posso ver que ele não pertence
ao nosso grupo, ele parece ter quase 40 anos, sendo que eu, com 23 anos, sou um
dos mais velhos, mas o que me surpreende mesmo é a figura ao seu lado.
Seu cabelo
preto é bem curto e suas pernas são longas, mas assim que ela se vira de
frente, percebo que não estou enganado.
_ Uma
garota? – reclamo. _ Vamos jogar com uma garota no time? – Carlos também faz
uma careta rápida.
_ Dizem que
ela é boa. – repete a careta. Ele também não a quer no grupo, posso ver, mas
ele está tentando aceitar.
_ Samuel
aceitou isso? – pergunto, ainda não engolindo esta história. Samuel é o líder,
não só do nosso time, como dessa reunião que fazemos, ele que aluga a quadra,
que organiza os times e, a cada ano, vai atrás de renovar os uniformes. _ Ele
nunca deixou uma mulher entrar no time. – digo. _ E existe um motivo para isso.
– sei que Carlos me entende.
_ Sim. Ele
está totalmente tranquilo com essa história. – diz.
_ Será que é
namorada dele? – pergunto.
_ Só se for
amante, esqueceu? Samuel é noivo. – Carlos diz.
_ Eu não vou
pegar leve com essa garota, nem passar a bola para ela. – digo.
_ Deixe
alguém escutar isso, vão te chamar de machista. – Carlos ri.
_ Fazer o
quê? Mulher não joga bem mesmo. – dou de ombros.
Samuel apita
no centro do campo.
_ Hora de
começar o jogo, galera. – Ele diz.
Todos se
reúnem no centro do campo.
_ Todos já
devem perceber que temos gente nova aqui. – Samuel diz sorrindo, como se isso
fosse algo bom. _Infelizmente o Leo
deixou o grupo, por problemas no joelho, aquela última lesão o pegou de jeito e
o Vitor não poderá vir hoje, terá que fazer hora extra no trabalho. Para
substitui-los vamos ter dois... – ele para, como se pensasse no que falar. _
Amigos... – ele para novamente, como se as palavras o soassem estranhas. _
Meus... Amigo meus... – ele agora diz mais confiante. Começo a questionar a
saúde mental de Samuel. Primeiro ele deixa uma mulher entrar no time, agora ele
começa a falar todo estranho. _ São eles Dalton e Eva. – os dois sorriem ao
escutarem seus nomes. _ Não se deixem enganar pelas aparecias, eles são bons
jogadores. – Samuel diz. _ Sei que tanto Leonardo, quanto Vitor, são do time
azul, mas apenas Dalton fará parte do time azul, Paulo virá para o time azul e
Eva ocupará o espaço dele no time verde. – Samuel conclui e eu comemoro, Eu sou
do time azul e acabei de ser livrado de um peso morto. Eva.
O arbitro,
que já é contratado do clube em que a quadra em que jogamos fica, apita.
O time verde
sai com a bola.
Fico no
campo de defesa, mas não corro para a bola, pois vejo que Carlos está fazendo
uma boa marcação e que não vai demorar muito para que ele consiga toma-la.
Assim que
Carlos tira a bola do time adversário, começo a correr para o lado adversário,
colocando-me a disposição do toque de bola, Carlos começa com uma jogada
individual, mas logo vê que não poderá seguir assim, pois Ricardo o marca
forte. Posiciono-me mais próximo de Carlos, e ele, quando me vê, passa a bola.
A adrenalina
toma conta de mim, posso fazer o gol mais rápido do ano, do nosso grupo, estou
quase chegando à grande área quando sou cortado bruscamente por... Eva. Perco a
bola e, por mais que eu tente não demonstrar, o meu chão também.
Eu perdi a
oportunidade fazer um gol para uma garota?
Ela passa a
bola para Gustavo, do seu time, sem demorar muito e olha para mim com um
sorriso maldoso no rosto, talvez ela já tenha sentindo minha repulsa por ela,
dizem que mulheres sentem essas coisas.
Vejo que
Carlos me olha incrédulo, ele também não crê que perdi a bola para uma garota.
Gustavo, em
uma jogada praticamente solo, faz o primeiro gol do time adversário.
Voltamos com
a bola para o centro da quadra, estou decidido a não deixar-me abalar por Eva e
vou recuperar minha estima, farei um gol e este será o mais lindo.
Carlos sai
com a bola e toca para Dalton, ele não é muito ágil, mas por algum motivo,
ninguém consegue para-lo. Ele manda a bola para mim, quando já estou perto da
grande área, vejo que Eva não está na minha cola novamente, e sinto-me um
idiota por achar isso um alívio, eu não deveria ter medo de uma mulher.
Chuto a gol,
mas Daniel, o goleiro, defende, porém ele não agarra a bola, ela volta e no
rebote eu chuto novamente, desta vez é gol.
Comemoro com
a galera, grito para extravasar a adrenalina e a raiva. Eu sou um ótimo
jogador, só não sou profissional porque não investi nesse meu lado, mas eu sou
naturalmente bom, sou demais, sou um deus do futebol amador, nenhuma mulher vai
tirar isso de mim.
A bola volta
ao centro da quadra, e desta vez os times ficam num vai e volta do campo de
ataque, os goleiros começam a pegar uma bola atrás da outra, sem dar nenhuma
chance para ninguém.
Já estamos
quase no fim do primeiro tempo, quando recebo a bola de Carlos. Não estou numa
posição que me favorece, pois a marcação está pesada, tento enfrentar a
marcação, quero fazer o segundo gol e me colocar logo como artilheiro da
partida, mas quase perco a bola no processo, então decido passar a bola para
Dalton, que está livre do outro lado, ainda tenho o segundo tempo para fazer
mais gols. A marcação corre para Dalton, mas vejo que nem todos vão, Eva fica e
me olha profundamente, arrepio-me, ela é bonita, tem um rosto bonito, tem cara
de garota inocente, mesmo com seu cabelo cortado bem curto, tipo Joãozinho, que
para mim é quase um sinal de rebeldia.
Seu olhar é forte, dura apenas alguns
segundos, mas me dá calafrios.
Não vejo
quando Dalton faz o gol, só percebo que algo aconteceu quando vejo a galera
vindo para mim querendo que eu me junte ao abraço.
Encolho-me
com medo.
_ Cara você
está bem? – Carlos pergunta. Eu olho para ele e não consigo responder, estou
tremendo, meu coração está acelerado, eu não consigo dizer nada, eu não entendo
o que estou sentindo. Eu estou em desespero. _ Roni? Roni? – ele me chama, percebo
que ele está preocupado. _ Gente, acho que o Roni não está bem. – Carlos grita
e todos param o jogo para vir até a mim.
_ Dalton,
você é médico não é? – escuto Samuel perguntar. Não escuto a resposta de
Dalton, mas vejo que todos abrem caminho para que ele se aproxime de mim.
_ Ele parece
estar tendo um ataque. – Dalton diz.
_ Ataque? –
creio que quem pergunta é Daniel.
_ Deite-se
no chão. – Dalton pede e eu praticamente caio feito uma fruta podre. _ Por
favor, se afastem, ele precisa de espaço. – Dalton diz e todos dão passos para
trás. Eva se aproxima e se ajoelha ao meu lado, Dalton também.
Eva me olha
com um olhar malicioso, ela está gostando de me ver assim.
_ Eva. –
sinto como se Dalton estivesse repreendendo-a.
_ Fique
tranquilo, estou pegando leve com ele, o que ele está sentindo não é nada perto
do que eu posso fazer. – ela diz. Ambos conversam baixo, quase sussurram.
_ Eu sei. O
fato de ele estar vivo já me demonstra isso, mas você já pode parar.
_ Ainda
precisamos tirar ele daqui.
_ Eu o faço
desmaiar e pronto.
_ Do meu
jeito já está funcionando.
_ Você quer
dar uma parada cardíaca nele?
_ Ele não vai
ter uma parada cardíaca, eu já disse, estou pegando leve.
_ O coração
dele está a mil.
_ Porque ele
é um bundão medroso. – eu quero brigar, primeiro porque eles querem me levar
para algum lugar, querem me raptar, segundo que ambos são dois lunáticos, que
merda é essa de que um está me causando ataque e outro pode me fazer desmaiar?
É algum tipo de hipnose. E terceiro, ela realmente me chamou de bundão medroso?
Ninguém me chama de bundão medroso. Eu sou corajoso, sou macho com M maiúsculo.
_ Bartolomeu
disse sem traumas, você está traumatizando ele.
_ “Bartolomeu
disse sem traumas” – Eva zomba da maneira em que ele diz. _ A única coisa que
me impede de te fazer cagar de medo é Bartolomeu. E eu não estou
traumatizando-o.
_ Você
traumatiza a todos, Eva. – Dalton diz.
_ Doutor,
ele está bem? Temos que leva-lo para o
hospital? – Carlos pergunta, interrompendo a conversa dos dois.
_ Sim. –
Dalton responde como se não tivesse pensando nisso antes e se como isso pudesse
ajuda-lo. _ Leva-lo para o hospital seria ótimo.
_ Nós
levamos. – Eva diz. Pegando o meu braço direito e forçando para cima, para que
eu me levante. Porém não levanto. Dalton se junta a ela, e me puxa pelo lado
esquerdo, não quero levantar, mas levanto. Samuel se aproxima e os ajuda a me
por de pé.
_ Não, eu
levo, sou amigo dele. – Carlos diz.
_ Não, eu
sou médico é melhor eu levar, posso acelerar a consulta dele. – Dalton diz.
_ Eu acho
que um rosto familiar seria melhor para ele. – Carlos insiste.
_ Devíamos
ir todos. – diz Samuel.
_ Vinte e duas
pessoas num hospital, só porque um cara de 23 anos está tendo um ataque? –
Dalton pergunta em tom de menosprezo.
Vejo que
alguns se olham concordando com Dalton. Será que eles não me olham? Não veem
minha cara de desespero? Eles precisam me tirar da mão desses dois!
E espera.
Como ele
sabe minha idade?
_ Nós o
levaremos, somos novos no grupo, não faremos falta e vocês podem voltar a
jogar. – Dalton diz.
_ Não, não
vamos jogar com um dos no hospital. – Samuel diz.
_ Podemos
leva-lo. E vocês podem ir para casa. – Nunca agradeci tanto a existência de
Carlos.
_ Se eu
fosse vocês eu parava de falar.
_ Eva. –
Dalton repreende. Todos a olham com o cara de quem não entendeu o que ela quis
dizer.
_ Não está
adiantando, Dalton. – ela responde.
_ Não, Eva. –
ele fica estressado.
Paro de
sentir medo, paro de tremer e paro de sentir como se meu coração estivesse
querendo sair do meu peito e a secura em minha boca para de incomodar. Sinto até mesmo que posso voltar a falar.
Mas vejo que
algo aconteceu.
Alguns
começam a correr para todos os lados, gritando de pavor. Vejo Samuel, estagnado
no mesmo lugar, seus olhos estão esbugalhados e ele treme. Daniel está
encolhido no chão. Rafael urina na roupa sem nem ver. Vejo Gustavo batendo sua
cabeça na trave do gol, ele bate forte, logo começará a sangrar.
_ O que está
acontecendo? – eu deixo escapar, não sinto mais o pavor de antes, mas ver todos
meus amigos assim, me assusta.
Olho para
Eva, que ri, e Dalton que não parece surpreso com o que vê. De alguma maneira
eles que estão fazendo isso, não sei como isso é possível, mas eu tenho que me
livrar deles.
Começo a
correr.
_ Você tirou
o efeito dele? – escuto Dalton reclamar com Eva.
_ Ops.- ela
ri.
Caio no chão
quando já estou quase saindo da quadra. Olho para trás e Eva e Dalton se
aproximam sem pressa. Tento arrastar-me, para continuar fugir, já que não
consigo me levantar, mas meus braços não têm forças para me tirar do lugar.
Os dois
chegam até a mim.
_ Quem são
vocês? – pergunto.
_ De certa
forma. – Dalton diz, deixando algumas caretas escaparem. _ Somos o mesmo que
você. Você só não sabe disso ainda.
Continua
Mais um capítulo, mas
um sequestro, ou seria captura? Bom, vocês decidem como chamar.
Espero que tenham
gostado.
Sei que este blogger
é dedicado a histórias/fanfics, mas quem me conhece, mesmo que apenas pela
internet, sabe que eu também canto e componho e que esta também é uma grande
paixão minha, pois isso eu vejo pedir para vocês que me ajudem nesse projeto.
Preciso do voto de
vocês.
Para quem quiser me
ajudar, é só entrar neste link (http://www.queremos.com.br/venue/nowunitedbrhttp://www.queremos.com.br/venue/nowunitedbr)
e votar em Nanda Neves. Caso você não tenha conta neste site, você pode loggar
com conta do Facebook ou Twitter e fica tudo bem fácil. Amanhã farei um post
aqui explicando melhor.
Espero que vocês
possam me ajudar nessa também.
Muito obrigada.
Fernanda: Jura?
Gente, somos xarás. E você é de onde? Tipo é do Brasil também? Muito obrigada
por comentar, Bjss (e se você tiver um tempinho extra e quiser votar em mim,
agradeceria em dobro J)
Amando, passando rapidinho aqui pq o tempo tá apertado por conta dos estudos! Sou gaúcha, do Sul do estado (RS)!bjs
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