Meu coração estava a mil, eu sabia que esse
encontro não seria nada amigável, e as chances de tudo ficar pior do que já
estão eram enormes.
Meu dia tinha
começado angustiante, a primeira noticia que recebi, enquanto eu ainda tomava
meu café da manhã, era que Joe havia conseguido marcar uma entrevista com ela,
eu não queria ir, falei para ele que não queria, mas ele disse que havia
prometido minha presença e que ela só havia aceitado falar nessas condições.
Mas afinal das contas, o que ela queria comigo? Não é ela que me odiava? Que
odiava a meu pai? Odiava ao ponto de se tornar uma das suspeitas da morte dele?
Passei pelo
escritório do banco quase que voando. Escutei Logan explicando as clausulas que
ele achava que mereciam maior atenção, e que seria bom negocia-las melhor,
esperei pelo advogado do banco, repassei as recomendações da mesma maneira que
Logan havia me passado, e assim, em pouco menos de uma hora e meia de “trabalho”
saí de lá e voltei para casa.
Desta vez um dos
seguranças nos acompanhava, era o mesmo que tinha invadido meu quarto no primeiro dia. Apesar da tensão pelo
encontro, o jeito em que Joe e o segurança – que a proposito se chama Samuel –,
se olhavam era ridiculamente engraçado. Samuel com o seu jeito sério, calado e
carrancudo, o encarava pelo retrovisor toda vez que tinha que parar no sinal,
já Joe, tentava parecer tão ameaçador quando o segurança, mas no final das
contas só parecia bravo demais, e sei lá
era engraçado de vez em quando.
_ Tem como
você ficar no carro? – perguntou Joe, assim que chegamos à porta da casa de
minha avó, ao Samuel.
_ Não. –respondeu
com sua voz grossa. _ Mas ficarei distante de onde vocês vão conversar. –
completou depois. Joe suspirou frustrado.
_ A primeira
coisa que vou fazer quando terminarmos aqui é ir conversar com Lara, vamos
descobrir quem telefonou e acabar com isso logo. – sussurrou Joe em meu ouvido.
Eu ri, se tinha alguém que estava odiando os seguranças, sem duvidas era ele,
isso tudo porque não é ele que tomou um susto ao sair do banho enrolada na
toalha e deu de cara com um cara como o Samuel, fazendo uma vistoria surpresa,
pois escutou um barulho estanho vindo do meu quarto, quando na verdade era que
eu tinha deixado a janela aberta e deu uma ventania que derrubou meu abajur no
chão.
Vocês fazem
ideia do quão constrangedor isso é? E eu não sei o que é pior, o fato em si ou
ele totalmente tranquilo sobre isso. Não era para ele estar constrangido
também? Só eu que tinha que passar por isso? Caramba!
A casa da
minha avó era atípica para aquela região de Nova Iorque. Tudo bem que aquela
era uma área mais residencial em que o maior prédio era um de três andares e
que grande parte das casas tinham jardim e quintal. Bem diferente de onde eu moro,
em que tudo é prédio e concreto.
Quando você
via por fora, provavelmente até acharia que estava abandonada, não que ela
estivesse feia, mas pela quantidade de plantas, mal se via a casa, arvores e
diferentes flores cresciam no jardim da frente, e eu sabia por vaga lembrança
da última vez que estive nessa casa – se não me engano quando tinha apenas quatro
anos – que o fundo da casa era maior ainda, quase que parecia um sitio no meio
da cidade.
Batemos a
campainha e quem atendeu foi uma jovem ruiva cheia de sardas, que se apresentou
como empregada da casa, ela não tinha muito cara de quem era empregada, parecia
jovem demais para isso, tinha cara de quem ficaria o dia inteiro em casa no
computador.
Ela nos guiou
até uma sala grande em que Linda, sentada em uma poltrona rustica de madeira,
com almofadas de estampa de flores. Ela escutava uma música na qual eu não
reconheci, mas sabia que era bem antiga, e balançava a cabeça junto ao ritmo da
musica, bem suavemente.
_ Linda. –
chamou a garota ruiva, despertando
minha avó de seu transe. Ela olhou para a garota e com o gesto de mão a
dispensou.
_ Vou ficar
atrás da porta. – disse Samuel. _ Qualquer coisa é só gritar. – falou sem
prestar atenção em mim ou em Joe, mas revistando com um olhar a sala.
_ Tudo bem. –
falei, fazendo-o perceber que só esperávamos por ele, para poder começar a
conversa. Samuel saiu e fechou a porta. Alguns segundos de silêncio até que Joe
começou.
_ Senhora
Devonne...
_ Shiiiiiiii. –
interrompeu. Ela se levantou e por um instante fiquei me perguntando se aquilo
era possível. Ela tinha 82 anos, como que ela podia ter aquele corpo? Sério,
ela tinha um corpo melhor que o meu, e sério, ela nem tinha tanta ruga assim,
claro que tinha umas e outras, mas sério, para uma mulher com tal idade ela
estava bem até demais. À passos rápidos ela foi até o vitrola e o desligou
e depois veio até a mim e tocou
delicadamente em meu rosto, fiquei sem reação. _ Tão parecida. – disse meio que
pra si mesmo. _ Chega ser amedrontador. – arregalou os olhos. E na mesma rapidez
que ela foi até a mim, ela andou até um estante, pegou um porta-retratos e me
trouxe. Colocou o porta-retratos ao lado de meu rosto e se dirigindo a Joe
perguntou:
_ Olhe! Não é
a mesma coisa? – Joe olhou e meio indeciso se deveria falar ou não disse meio
inseguro:
_ Sim, são
iguais.
_ 19 anos, não
é garota?
_ É. –
confirmei.
_ Mesma idade
dela quando tirou esta fotografia. – disse e virou a fotografia para mim. Eu já
tinha visto fotos de minha mãe, grande parte delas quando ela já estava quase
na idade de me ganhar, nenhuma dela tão jovem. Sem duvidas ela era bem parecida
comigo, talvez penas a cor dos cabelos mudara um pouco, já que o meu,
originalmente, é castanho – apesar de fazer alguns anos que só o uso loiro – e o
de minha mãe ser um castanho bem claro, quase que loiro. Eu podia ver que as
sardas que por anos eu quis tirar, mas no final acabei aceitando, tinham vindo
dela, que tinha um rosto mais sardento que o meu. Porém do resto, o formato do
rosto, o olhar, a boca, o nariz, tudo dela, tudo exatamente igual ao dela. Era
realmente amedrontador. Linda pegou a fotografia de minha mão, meio que sem
pedir e a abraçou. Agora, enquanto ela caminhava de volta a sua poltrona, seus
passos já não eram mais rápidos, eram lentos e penosos. _ Sentem-se – disse com
uma voz baixa. Joe e eu sentamos em um sofá que era do mesmo estilo de sua
poltrona, um do lado do outro, perto até demais, mas eu não reclamei, no fundo
eu queria que ele estivesse perto mesmo, eu precisaria do seu apoio naquele
momento. _ Pode falar. – olhou para Joe.
_ Como a
senhora sabe, estamos aqui pois estamos fazendo uma investigação sobre a morte
de Eddie...
_ Querem saber
o porquê ele se suicidou? – perguntou o interrompendo novamente. _ Tristeza. Sabiam
que pessoas que se suicidam são tristes? – ela nem mesmo tentava disfarças a
ironia em sua voz. _ Talvez até mesmo tristeza por culpa, culpa por ser um
assassino.
_ Meu pai não
é um assassino. – tentei manter minha voz calma, mas não posso negar que aquela
mulher, em poucos segundos, tinha me tirado do sério.
_ Vai tomar a
culpa por ele? Afinal de contas foi para você nascer que ela morreu, não foi?
Você é tão culpada quanto ele. – agora sim ela me atingira no mais profundo,
isso é algo na qual me culpo desde pequena, era difícil lidar com o fato que
sua mãe deu a vida por você, meu pai sempre tentou me dizer que não, até mesmo
fiz alguns anos de psicólogo para tentar entender que o que acontecera fora uma
fatalidade, mas era difícil, pois era obvio que se eu nunca tivesse existido,
minha mãe provavelmente ainda estaria viva. Senti Joe se aproximar mais ainda
de mim, para manter o papel de profissional, ele não poderia demostrar
sentimento ali, mas eu sabia que ele queria, pois ele sabia que nesse momento
eu já estava a ponto de chorar.
_ Seria bom se
a senhora se calasse e me deixasse falar, afinal de contas sua situação não
está nada boa. – falou Joe de maneira grossa, Linda arregalou o olho para ele.
_ Como assim
minha situação não está nada boa? Tenho culpa se é essa a única verdade?
_ Você tem
culpa sim de não aceitar que o que aconteceu foi uma fatalidade, tem culpa de
por não respeitar a ultima decisão da sua filha, tem culpa por rejeitar o que
há de mais precioso que sua filha deixou. – disse Joe em minha defesa.
_ O que há de
mais precioso que minha filha deixou foram seus livros que ela nunca publicou
por causa dessa daí. – olhou-me com nojo. _ E por causa daquele suicida.
_ Pois para
sua filha o bem mais precioso foi Demetria, pois ela não hesitou em nenhum
momento em desistir da carreira pela filha, pois para a sua filha, ter uma filha era o mais importante. E se você realmente
a amasse seria uma avó que preste. – podia perceber que ele estava ficando
alterado, eu sabia que não era função dele me defender, mas eu estava me
sentindo tão mal, que eu nem mesmo conseguia reagir por mim mesma, nenhuma
palavra saía da minha boca, nenhuma lágrima saía dos meus olhos, tinha um vazio
tão grande em meu peito que eu me sentia aos poucos sendo engolida por ele, eu
só queria desaparecer, dormir e nunca mais acordar.
_ Não tenho
culpa se minha filha gostava de fazer escolhas erradas.
_ E ela não
tem culpa por ter tido uma mãe como você. – podia ver Joe ficando vermelho de
raiva e não digo menos por Linda, eu podia ver que ela estava a ponto de
explodir. Eles ficaram em silêncio para respirarem e se acalmarem.
_ Fui a melhor
mãe que pude. – sua voz agora estava mais serena. _ e mesmo assim ela não
pensou em mim.
_ E por causa
disso você não pensa nela por 19 anos.
_ Não há um
dia em que eu não pense nela. – defendeu-se.
_ Não a
conhecia, mas duvido que seja dessa maneira que ela gostaria de ser lembrada. –
Joe também falava com mais calma.
_ Não os
deixei vir aqui para me ofenderem.
_ Nem eu
trouxe minha cliente aqui para que ela fosse humilhada. Você não disse que era
para esse proposito que você exigia a presença dela.
_ Queria
vê-la. Queria comprovar o que sempre dizem: que ela é a cópia de minha filha, eu
queria ver frente a frente, apenas isso.
_ E agora que
a viu, pode cooperar? Pode me deixar fazer o meu trabalho?
_ Já disse o
que acho.
_ Cale a boca.
– falou Joe já irritado novamente. _ Não lhe fiz nenhuma pergunta ainda, então
não avance.
_ Você deveria
ser mais educado.
_ Digo o mesmo
a senhora. – eu já não aguentava aquela brigalhada, será que isso não teria
fim? _ Suspeita-se que a morte de Eddie não tenha sido suicídio, mas sim um
assassinato...
_ Pois que
descubram o assassino, preciso saber a quem agradecer. – interrompeu-o
novamente.
_ Pois então a
senhora deve agradecer a si mesma, suponho.
_ Como? –
pareceu assustada.
_ A senhora é
uma das principais suspeita. Sempre o odiou e nunca negou, evidentemente
comemora sua morte, e já o ameaçara por várias vezes, sendo que o ameaçaste em
rede nacional.
_ Estais é
louco, eu não mataria ninguém. – defendeu-se.
_ Pois há um
ano não tinha esse mesmo discurso, o que mudou? O medo de ser presa?
_ Não direi
nada sem consultar meu advogado. – falou.
_ Sabes que
estais bem encrencada, não sabe?
_ Não sei de
nada rapazinho.
_ Pois deveria
saber, pois você está.
_ Como eu já
disse, eu não falarei mais nada sem a presença do meu advogado, então sugiro
que vocês se retirem. – falou, levantando-se e a passos rápidos indo até a
porta parar abri-la, indicando sua urgência para que nós saíssemos de lá.
Não
insistimos, Joe pegou minha mão, e assim fomos embora.
Não perguntei
o que ele achava, na verdade não falei nada. Apenas chorei em seu ombro durante
todo o percurso de volta a casa.
(...)
Eu sempre
soube que minha avó não gostava nem de mim nem de meu pai, mas o fato de eu não
ter tido muito contato com ela me fez crer que talvez não fosse algo tão grave
assim, mas hoje eu tinha visto que não, ela não só não gostava da gente, ela nos
odiava com todas as suas forças. Era demais para mim, eu estava sem meus dois
pais e acabara de descobrir que eu nunca teria uma avó.
Joe ficou
comigo por um bom tempo, mas saíra a pouco, não sem dizer que iria pedir para
que Nick viesse ficar comigo, falei que não era necessário, mas ele não
escutou, digo isso porque Nick acabara de entrar no meu quarto e me vendo
naquele estado ficara sem reação por um tempo.
Aos poucos
Nick me fizera voltar a conversar, ele me distraia um pouco com assuntos
alternados, eu não estava feliz, ainda sentia um vazio enorme, mas aos poucos
eu sentia como se o buraco diminuísse.
_ Eu sei que é
um péssimo momento, mas eu queria falar sobre certo assunto com você.
_ Qual? –
tentei mostrar interesse, mas minha voz monótona entregou que na verdade eu não
estava tão interessada assim.
_ Promete não
rir... Quer dizer, não me zoar.
_ Hoje é seu
dia de sorte, não estou em condições de fazer nada disso. – falei.
_ Bom, é
estranho vindo de mim, você me conhece bem e tudo. – ele estava bem sem jeito.
_ Mas é, tipo, eu acho que estou amando.
Continua
Olá, capítulos postados, um na data certa e outra
na errada, me desculpem, mas é porque me atrasei na revisão das duas.
Bom, o que acharam? Já desconfiam mais de
alguém com as dicas do Juan? Não? Acham que pode ter sido a Linda? Não? E o
Nick apaixonado, vocês já sabem por quem? Comentem J
Caah: Nossa até lembrete? Pelo jeito você está
gostando mesmo em? Bom, ano passado esqueci pagar lá o boleto e por isso não
fiz, me arrependo até hoje disso, já que se eu tivesse feito talvez tivesse me
dedicado mais nesse ano, mas já que não deu fazer o quê né? Que curso você quer
fazer? Sobre sua suspeita, pode ser ou não ser, se seguirmos o raciocínio do
Juan é uma boa aposta, já que a Lara é alguém próximo, mas vai saber...
Obrigada por comentar. Bjsss
Nessa: Nossa que legal, e está gostando do curso? Bom,
espero que tenha gostado deste capítulo, mesmo ele sendo meio drepe ,
muito obrigada por comentar. Bjsss
Milena: Parece que os seguranças estão fazendo sucesso
por aqui em? Kkkkk vamos ver o que eu arranjo pro Logan depois, pode ser que
ele termine bem, mas pode ser que não também, só depois vamos descobrir. Espero
que tenha gostado do capítulo. Obrigada por comentar. BjssS
Aff essa mulher é um monstro! Minhas suspeitas estão entre ela e lara agora kkkkk u.u Quero fazer jornalismo sempre quis, enfim eh q eu sou muito esquecida ai coloco lembrete pra maioria das coisas e tmb sou muito sem tempo ai o jeito eh esse kkkk enfim posta logo bjus
ResponderExcluirestou gostando do curso sim!
ResponderExcluirassim, como tambem estou amando cada capitulo postado !!
beijoo