_ Eu não posso
te dar cem por cento de certeza, mas há uma possibilidade de que um dos
tratamentos que tentamos fazer dê resultado. – falou Ian. No mesmo momento Demi
começou a chorar. _ Demi. – chamou-a. _ Ainda há uma esperança.
Deveria Demi deixar-se levar
pela sua ilusão? A realidade ainda lhe custava muito, porém, aos poucos
chegavam a sua mente, iludir-se novamente só lhe causaria mais dor.
Mas
era uma oportunidade, uma última chance, Demi queria que fosse feito tudo o
possível para que Joe pudesse ser salvo, pois se o pior acontecesse, pelo menos
ela saberia que tentou de tudo. Isso não a faria mais feliz, porém lhe trazia
um conforto maior, saber que fez tudo o que pode salvar o seu marido.
Talvez
fosse um pouco de masoquismo...
Não
havia muito mistério. O desligamento de máquinas é um processo longo e
demorado, não é feito de uma vez.
As
máquinas são mantidas em uma potência recomendada pelo médico, o desligamento
consiste em uma diminuição gradativa dessa potência, até que se desligue
totalmente. Neste meio tempo, os médicos injetarão um remédio que aumenta a
adrenalina do corpo, se o tratamento feito funcionar, o corpo de Joe vai reagir
automaticamente, retomando o seu controle e despertando-o. Infelizmente não é
muito comum isso acontecer. As possibilidades são pequenas, quase nulas, porém
havia uma chance. A última chance.
DEMI
Passei
a noite em claro, fiquei com o que Ian me disse em minha cabeça, martelando. Eu
não queria me enganar novamente, eu não queria me iludir novamente, fiz isso
por mais de uma vez, sofri em todas elas e da última vez eu pensei que tinha
aprendido a lição. Mais uma vez eu estava me deixando levar pela esperança. Eu
queria não acreditar que ainda haveria uma chance, minha mente tentava me
controlar, falando que era para desistir, que tudo tinha acabado, que não havia
mais jeito, mas meu coração dizia: acredite, algo muito bom pode acontecer, se
deixe permitir, se deixe acreditar.
“Os
espertos escutam a mente, os idiotas o coração” já diziam.
Eu
devo ser muito idiota.
Praticamente
vi o dia amanhecer, meus olhos estavam pesados de sono, mas eu não conseguia
dormir. Às oito da manhã iriamos para o hospital e sei que essa será minha
última oportunidade de dormir. Sei muito bem que se Joe realmente morrer, o que
é o mais provável, não conseguirei dormir, nem sei muito bem se realmente
conseguirei viver.
A
única que me manteve viva esse tempo todo foram à esperança de que ele
acordaria e a minha bebê. A esperança, apesar de viva, já era mínima, e minha
bebê, não seria uma boa cria-la em meu estado, que tipo de mãe eu seria?
JOE
Último
dia de vida. Se é que eu poderia dizer que eu estava vivo. Eu não me sentia vivo.
Ainda
sim me assusta saber que em menos de 24 horas eu estarei pronto para ser
enterrado. Arrependo-me de não ter tido a chance de não ter aproveitado minha
vida melhor, deixei de fazer e falar muitas coisas, eu não achei que minha vida
chegaria ao fim tão rápido, em minha cabeça eu ainda teria tempo de corrigir
meus erros e falar o que eu devia. Grande erro.
Acho
que isso é bem comum, sei muito bem que não sou o único que morre se
arrependendo ou achando que deveria ter feito algo a mais, é natural do ser
humano achar que é imbatível, que pode deixar para depois as suas pendências.
Infeliz ideia.
O
dia estava correndo mais rápido do que eu queria, ou talvez a minha tristeza
estivesse me impedindo de agir com a mesma agilidade de antes. O fato de já
estar me sentindo mais fraco a um bom tempo não ajuda muito.
O
corredor que dava para o meu quarto estava cheio, amigos, familiares,
companheiros de guerra... Todos estavam lá compartilhando de um sentimento
unanime naquele momento, a tristeza, a tristeza de uma perda.
As
despedidas eram dramáticas, muitos daqueles que eu visitei nos últimos dias
vieram se despedir pessoalmente. Eu só queria poder sanar a dor deles, meu coração
se partia com cada lágrima derramada ao meu lado. E o pior, sem duvidas, foi a
minha mãe e Demi.
Neste
meio tempo foi com ela as que eu mais me conectei. Tive a oportunidade de tocas
e ser sentido, é claro que para elas a minha partida doeria mais, pois tiveram
mais tempo ao meu lado, e provavelmente, alimentadas pelos meus toques, foram
as que tiveram mais esperança que o final desta historia seria outra.
As
horas iam passando, e nada mudava, eu queria tanto acordar de uma hora para
outra, mas agora eu estava aqui, do lado do meu corpo, vendo Demi chorar, sem
sentir nada que me indicasse que eu iria poder voltar. Eu queria, mas sei que
não voltaria.
--
Não
se tinha muito tempo para as visitas, havia muita gente querendo se despedir de
Joe e pouco tempo restante. Ainda sim, ninguém reclamou quando Demi ficou pouco
mais de meia hora no quarto de Joe.
Demi
chorava muito e durante sua visita, ao mesmo tempo em que se mostrou
esperançosa com a possibilidade da última tentativa de Ian dar certo, ela desmoronava
se despedindo e lamentando não ter a oportunidade de passar o resto de sua vida
com Joe.
Assim
que percebeu que já havia passado mais tempo que podia no quarto de Joe, Demi
levantou-se da cadeira do visitante, colocada grudada a cama do paciente,
deixou que as lágrimas silenciosas caíssem, curvou-se a altura da cabeça de Joe
e lhe depositou um doce beijo na testa e com a voz falha despediu-se “Eu sempre
vou te amar” falou Demi.
(...)
O
último visitante, Paul, saiu do quarto mais arrependido que nunca, pois lá,
novamente fora tocado por Joe, sentiu-se como um idiota. Era obvio que o filho
estava ali, Paul o estava assassinando, sua mente o torturava. Sentia-se
fracassado como pai, e o pior de tudo é que sabia que não haveria como se
redimir.
Os
enfermeiros já se aprontavam para o desligamento, e os médicos, no caso Lucas e
Ian, já estavam no quarto para começar o processo de desligamento. Lucas ao
saber da ideia de Ian nada fez, pois estava convicto de que de nada adiantaria,
porém, Ian, mesmo sabendo que as chances eram mínimas, acreditava que poderia
salvar Joe, no fundo ele era o único que ainda acreditava em um final feliz.
Demi
não havia contado a ninguém sobre a última tentativa que Ian a propôs, não que
ela seja má, ela pensou muito antes de decidir esconder este fato de todos. Ela
preferia que se algo desse certo todos se surpreendessem, não queria que
ninguém novamente tivesse esperanças para que depois o trágico acontecesse.
Era
melhor assim.
A
primeira parte da tortura terminara, a segunda apenas começou.
Alguns,
mais desacreditados, foram embora assim que as visitas acabaram. Porém, não foi
um numero grande de pessoas. Quem escolheu esperar não tinha nenhum motivo para
ficar, talvez fossem cabeças duras assim como Joe ou talvez estivessem
pressentindo um fim surpreendente.
Mas
tempo se passou. Lucas saiu do quarto e lá deixou Joe apenas com Ian e mais
dois enfermeiros, mais algumas pessoas foram embora. Já se tinha passado uma
hora e meia e o processo ainda não tinha terminado, mas nada de entusiasmante
tinha acontecido e Demi deu fim a toda sua esperança de uma vez por todas. Não
durou muito, pois apesar das máquinas já estarem operando em uma potencia
consideravelmente baixa, Joe, ainda estava lá e deixou para toca-la por último.
Ele
que queria que fosse especial, o último toque de sua vida seria dado à pessoa
que ele mais amava e que menos queria perder.
(...)
Duas
horas, o processo já estava no final e nada de noticias. “Era isso, o fim, ele
morreu, de nada adiantou tentar.” Pensou Demi.
Será
mesmo que ela estava certa?
JOE
Muitas
vezes escutei dizer que quanto nós estamos morrendo vemos toda a nossa vida
passar pela nossa cabeça, e assim podemos reviver nossos erros e acertos,
podemos reviver nossas tristezas e alegrias. E ali temos a nossa última
oportunidade de nos redimir e salvar ou não nossa alma.
Eu
já estava esperando por isso, acho que seria uma boa, poder me redimir e poder
rever tudo o que eu vivi. Mas nada disso estava acontecendo.
Tudo
estava indo normal, normal até de mais em minha opinião, eu estava me sentindo
o mesmo de sempre, continuava em estado de espirito e estava junto a todos que
estavam no corredor do hospital, uma hora e outra chegava perto delas, por um
momento pensei que isso poderia conforta-las de alguma maneira, não sei se
ajudou, mas eu o fazia sempre que achava necessário. Até que eu senti como se
toda a minha energia tivesse sido tirada de meu corpo de uma vez só, foi algo
muito rápido e apavorante. Se eu estivesse em corpo, provavelmente eu iria cair
ao chão feito uma jaca, porém eu não estava em corpo e sim em espirito, eu não
estava caindo, mas sim me elevando. Era como se eu pudesse voar, seria bom, se
eu não estivesse tão apavorado. Eu não podia controlar minha direção, meus
movimentos eram involuntários, eu queria voltar, eu não queria me afastar, mas
eu ia subindo.
Então
é assim que se morre.
DEMI
Por
mais que eu tentasse me conformar, era difícil, despedidas são muito dolorosas
e não importa quantas vezes eu tenha que passar por esta situação, eu nunca
estarei preparada o suficiente.
Joe
sempre foi importante para mim, eu sempre precisei dele ao meu lado, e agora
era o momento em que eu mais iria precisar dele.
Minha
barriga de gravida já estava mais que evidente, a criança nasceria daqui a
pouco mais de um mês e, por puro azar, já seria órfã de pai e provavelmente de
mãe também.
Joe
era uma parte de mim, uma parte muito importante, ao morrer ele levou uma parte
de mim e eu fiquei incompleta. Como viver incompleta?
Aos
pouco as pessoas foram indo embora, no fundo agradeci, era difícil ficar com
todas aquelas pessoas aqui, eu estava me sentindo tão mal, tão triste que a
única coisa que eu queria era ficar sozinha, de preferencia, em um quarto
escuro e que eu pudesse dormir e, se possível, nunca mais acordar. Elas
tentavam me consolar, já que desisti da imagem de mulher forte e me deixei
chorar e liberar toda a tristeza que eu guardei durante todos esses meses, mas
nada adiantava, a dor era maior e mais forte que qualquer frase de conforto,
era um vazio imenso que me deixou sem direção, eu não estava vendo o meu futuro
com bons olhos, minha vida tinha ido junto com a de Joe.
No
fundo eu também queria ter ido, seria melhor, eu não sei se aguentaria ver Ian
saindo do quarto de Joe para confirmar seu óbito, mas eu fiquei, eu havia
prometido que ficarei com ele, não importa o momento, minha aliança era prova
material da minha promessa. E assim eu
iria fazer, até que a morte nos separe.
--
Aquele
não era o momento de esperança, mas Ian ainda tinha. Três horas já haviam se
passado no total, sua parte já tinha sido feita e em poucos minutos seria a
parte de Joe. Será que a medicação aplicada surgiria efeito?
Assim
como Ian, os enfermeiros que estavam na quarto estavam ansiosos por reações,
não tiravam o corpo de Joe e das máquinas, quem sabe um movimento? Isso já
seria o suficiente para eles.
Aqueles
minutos pareciam horas, mas paciência é um dom que Ian possui, se precisasse
ele esperaria dias, mas, infelizmente, ele não possuía dias, era agora ou
nunca.
Seria
tão ruim se no final nada desse certo, apesar de estar acostumado com a morte,
Ian tinha motivos especiais para querer que o caso de Joe terminasse bem,
primeiro por que, com o tempo de convívio, se apegou muito a família de Joe,
ele pode acompanhar todo o drama que se passou naquela família e se compadeceu
de seu sofrimento, e seu segundo motivo é bem determinante para tal empenho, o
pai de Ian havia sido soldado, e morreu em situações iguais as de Joe, quando
ele ainda era bem pequeno, salvar Joe era o mesmo que salvar seu pai.
Talvez
tenha passado apenas cinco minutos, mas para eles pareceu ter se passado cinco
horas, o tempo agora não estava sendo muito justo e muito menos lógico. No
final o que importa é que o previsto aconteceu, todos ficaram paralisados por
um momento, eles realmente tinham visto aquilo? Não era imaginação?
Não,
não era.
JOE
Eu
não sei quanto tempo demorou para que toda estas sequencias de situações
acontecessem, em minha mente parecia ter sido frações de segundos, mas algo me
dizia que demorou bem mais que isso.
Em
pouco tempo eu tinha passado por um momento de completa fraqueza, sem nenhum
tipo de energia, para um momento de completo descontrole energético, eu sentia
que podia correr três maratonas uma atrás da outra e ainda teria energia para
fazer o que eu quisesse, a força chegava a dar ardência em minhas veias, algo
queimava dentro de mim, senti meu peito inflando-se todo, como se por muito
tempo ele não tivesse feito isso e agora quisesse recuperar o tempo perdido, meus
olhos abriram com dificuldade e uma luz, mais forte que o sol, cegou-me por
instantes. Eu sentia dores por várias partes do corpo, eu não fazia ideia de
onde eu estava, eu escutava alguns barulhos, que me pareciam familiares, porém,
talvez pela minha confusão mental, não conseguia reconhecer.
O
primeiro sinal de que eu estava em algum lugar e que não estava sozinho foi o
som da voz, familiar, mas que eu não conseguia reconhecer, de um homem, talvez
se eu conseguisse abrir os olhos novamente para tentar reconhecê-lo...
_
Ele acordou – falou o homem. _ Joe está vivo! – disse entusiasmado.
Eu
não sei bem o que ele quis dizer com isso, eu ainda estava bem confuso, mas
pelo menos eu estou vivo.
CONTINUA...
Último capítulo postado, mas não, este não é o fim definitivo, ainda terá
um epílogo, o qual eu prometo que não vai demorar tanto para ser postado quanto
foi este capítulo.
Não se esqueçam de comentar/avaliar.
Bjsss.
Juh
Lovato: Que bom que você gostou e se emocionou com este capítulo. Postado,
espero que tenha gostado. Muito obrigado por comentar. Beijos especiais a minha
fã #1.
Eriimiilsa:
Fico feliz em saber que você se emocionou com este capítulo, no final ela
escolheu o melhor caminho, não é? Esta
acabando, mas logo começarei a postar uma outra J.
Muito obrigada por comentar. Bjss linda.
Natalia_lovato:
OMG eu nem creio que li isso, eu conheço suas fic, acompanho seu blog já
faz um bom tempo, se não me engano foi ao segundo blog que eu comecei a
acompanhar. Fico muito feliz em saber que uma escritora que eu admiro gostou da
minha fic. Divulgado. Muito obrigada por comentar. Bjss.
Minha nossa sua história é fantástica,sou viciada, apaixonada...Tava quase entrando em desespero Joe não acordava,mas agora sim ele acordou...
ResponderExcluirMas que pena que ta acabando a fic,mas ta incrivel....
Posta logo,fiquei curiosa agora,ele não fica com aminésia não,né??????kkkkkkk
beijos!!!
Omg! Perfeito, perfeito e perfeito. Fiquei tão tensa na parte do Joe :(
ResponderExcluirEspero que ele lembre de tudo... Mas só de ele acordar já fico feliz. Imagino a Demi quando souber *-*
Triste pq ta acabando, mas ela ta perfeita. Posta logo! Sério, muuuuuito curiosa!
Beijos...
Nanda, posso não comentar sempre mas eu estava acompanhando a história e estava adorando.
ResponderExcluirMuitos parabéns pela imaginação que teve a escrever essa história.
Beijos.
Omgg ele ta vivoooo !!! eu por um momento achei q ele ia morrer msm.
ResponderExcluircara ... q felizzzzzzz ... so happy day kkk
pooosta logo o epilogo bb
bjssssssss baby !! I love u and your fanfics *---*