sábado, 11 de maio de 2013

35º CAPITULO “Eu estou vivo” (último capítulo) – AMOR EM GUERRA





_ Eu não posso te dar cem por cento de certeza, mas há uma possibilidade de que um dos tratamentos que tentamos fazer dê resultado. – falou Ian. No mesmo momento Demi começou a chorar. _ Demi. – chamou-a. _ Ainda há uma esperança.

Deveria Demi deixar-se levar pela sua ilusão? A realidade ainda lhe custava muito, porém, aos poucos chegavam a sua mente, iludir-se novamente só lhe causaria mais dor.
Mas era uma oportunidade, uma última chance, Demi queria que fosse feito tudo o possível para que Joe pudesse ser salvo, pois se o pior acontecesse, pelo menos ela saberia que tentou de tudo. Isso não a faria mais feliz, porém lhe trazia um conforto maior, saber que fez tudo o que pode salvar o seu marido.
Talvez fosse um pouco de masoquismo...

Não havia muito mistério. O desligamento de máquinas é um processo longo e demorado, não é feito de uma vez.
As máquinas são mantidas em uma potência recomendada pelo médico, o desligamento consiste em uma diminuição gradativa dessa potência, até que se desligue totalmente. Neste meio tempo, os médicos injetarão um remédio que aumenta a adrenalina do corpo, se o tratamento feito funcionar, o corpo de Joe vai reagir automaticamente, retomando o seu controle e despertando-o. Infelizmente não é muito comum isso acontecer. As possibilidades são pequenas, quase nulas, porém havia uma chance. A última chance.

DEMI

Passei a noite em claro, fiquei com o que Ian me disse em minha cabeça, martelando. Eu não queria me enganar novamente, eu não queria me iludir novamente, fiz isso por mais de uma vez, sofri em todas elas e da última vez eu pensei que tinha aprendido a lição. Mais uma vez eu estava me deixando levar pela esperança. Eu queria não acreditar que ainda haveria uma chance, minha mente tentava me controlar, falando que era para desistir, que tudo tinha acabado, que não havia mais jeito, mas meu coração dizia: acredite, algo muito bom pode acontecer, se deixe permitir, se deixe acreditar.

“Os espertos escutam a mente, os idiotas o coração” já diziam.
Eu devo ser muito idiota.

Praticamente vi o dia amanhecer, meus olhos estavam pesados de sono, mas eu não conseguia dormir. Às oito da manhã iriamos para o hospital e sei que essa será minha última oportunidade de dormir. Sei muito bem que se Joe realmente morrer, o que é o mais provável, não conseguirei dormir, nem sei muito bem se realmente conseguirei viver.
A única que me manteve viva esse tempo todo foram à esperança de que ele acordaria e a minha bebê. A esperança, apesar de viva, já era mínima, e minha bebê, não seria uma boa cria-la em meu estado, que tipo de mãe eu seria?

JOE

Último dia de vida. Se é que eu poderia dizer que eu estava vivo. Eu não me sentia vivo.
Ainda sim me assusta saber que em menos de 24 horas eu estarei pronto para ser enterrado. Arrependo-me de não ter tido a chance de não ter aproveitado minha vida melhor, deixei de fazer e falar muitas coisas, eu não achei que minha vida chegaria ao fim tão rápido, em minha cabeça eu ainda teria tempo de corrigir meus erros e falar o que eu devia. Grande erro.
Acho que isso é bem comum, sei muito bem que não sou o único que morre se arrependendo ou achando que deveria ter feito algo a mais, é natural do ser humano achar que é imbatível, que pode deixar para depois as suas pendências.
 Infeliz ideia.

O dia estava correndo mais rápido do que eu queria, ou talvez a minha tristeza estivesse me impedindo de agir com a mesma agilidade de antes. O fato de já estar me sentindo mais fraco a um bom tempo não ajuda muito.

O corredor que dava para o meu quarto estava cheio, amigos, familiares, companheiros de guerra... Todos estavam lá compartilhando de um sentimento unanime naquele momento, a tristeza, a tristeza de uma perda.
As despedidas eram dramáticas, muitos daqueles que eu visitei nos últimos dias vieram se despedir pessoalmente. Eu só queria poder sanar a dor deles, meu coração se partia com cada lágrima derramada ao meu lado. E o pior, sem duvidas, foi a minha mãe e Demi.
Neste meio tempo foi com ela as que eu mais me conectei. Tive a oportunidade de tocas e ser sentido, é claro que para elas a minha partida doeria mais, pois tiveram mais tempo ao meu lado, e provavelmente, alimentadas pelos meus toques, foram as que tiveram mais esperança que o final desta historia seria outra.

As horas iam passando, e nada mudava, eu queria tanto acordar de uma hora para outra, mas agora eu estava aqui, do lado do meu corpo, vendo Demi chorar, sem sentir nada que me indicasse que eu iria poder voltar. Eu queria, mas sei que não voltaria.

--

Não se tinha muito tempo para as visitas, havia muita gente querendo se despedir de Joe e pouco tempo restante. Ainda sim, ninguém reclamou quando Demi ficou pouco mais de meia hora no quarto de Joe.
Demi chorava muito e durante sua visita, ao mesmo tempo em que se mostrou esperançosa com a possibilidade da última tentativa de Ian dar certo, ela desmoronava se despedindo e lamentando não ter a oportunidade de passar o resto de sua vida com Joe.
Assim que percebeu que já havia passado mais tempo que podia no quarto de Joe, Demi levantou-se da cadeira do visitante, colocada grudada a cama do paciente, deixou que as lágrimas silenciosas caíssem, curvou-se a altura da cabeça de Joe e lhe depositou um doce beijo na testa e com a voz falha despediu-se “Eu sempre vou te amar” falou Demi.

(...)

O último visitante, Paul, saiu do quarto mais arrependido que nunca, pois lá, novamente fora tocado por Joe, sentiu-se como um idiota. Era obvio que o filho estava ali, Paul o estava assassinando, sua mente o torturava. Sentia-se fracassado como pai, e o pior de tudo é que sabia que não haveria como se redimir.

Os enfermeiros já se aprontavam para o desligamento, e os médicos, no caso Lucas e Ian, já estavam no quarto para começar o processo de desligamento. Lucas ao saber da ideia de Ian nada fez, pois estava convicto de que de nada adiantaria, porém, Ian, mesmo sabendo que as chances eram mínimas, acreditava que poderia salvar Joe, no fundo ele era o único que ainda acreditava em um final feliz.

Demi não havia contado a ninguém sobre a última tentativa que Ian a propôs, não que ela seja má, ela pensou muito antes de decidir esconder este fato de todos. Ela preferia que se algo desse certo todos se surpreendessem, não queria que ninguém novamente tivesse esperanças para que depois o trágico acontecesse.
Era melhor assim.

A primeira parte da tortura terminara, a segunda apenas começou.

Alguns, mais desacreditados, foram embora assim que as visitas acabaram. Porém, não foi um numero grande de pessoas. Quem escolheu esperar não tinha nenhum motivo para ficar, talvez fossem cabeças duras assim como Joe ou talvez estivessem pressentindo um fim surpreendente.
Mas tempo se passou. Lucas saiu do quarto e lá deixou Joe apenas com Ian e mais dois enfermeiros, mais algumas pessoas foram embora. Já se tinha passado uma hora e meia e o processo ainda não tinha terminado, mas nada de entusiasmante tinha acontecido e Demi deu fim a toda sua esperança de uma vez por todas. Não durou muito, pois apesar das máquinas já estarem operando em uma potencia consideravelmente baixa, Joe, ainda estava lá e deixou para toca-la por último.

Ele que queria que fosse especial, o último toque de sua vida seria dado à pessoa que ele mais amava e que menos queria perder.

(...)

Duas horas, o processo já estava no final e nada de noticias. “Era isso, o fim, ele morreu, de nada adiantou tentar.” Pensou Demi.
Será mesmo que ela estava certa?

                JOE

Muitas vezes escutei dizer que quanto nós estamos morrendo vemos toda a nossa vida passar pela nossa cabeça, e assim podemos reviver nossos erros e acertos, podemos reviver nossas tristezas e alegrias. E ali temos a nossa última oportunidade de nos redimir e salvar ou não nossa alma.
Eu já estava esperando por isso, acho que seria uma boa, poder me redimir e poder rever tudo o que eu vivi. Mas nada disso estava acontecendo.

Tudo estava indo normal, normal até de mais em minha opinião, eu estava me sentindo o mesmo de sempre, continuava em estado de espirito e estava junto a todos que estavam no corredor do hospital, uma hora e outra chegava perto delas, por um momento pensei que isso poderia conforta-las de alguma maneira, não sei se ajudou, mas eu o fazia sempre que achava necessário. Até que eu senti como se toda a minha energia tivesse sido tirada de meu corpo de uma vez só, foi algo muito rápido e apavorante. Se eu estivesse em corpo, provavelmente eu iria cair ao chão feito uma jaca, porém eu não estava em corpo e sim em espirito, eu não estava caindo, mas sim me elevando. Era como se eu pudesse voar, seria bom, se eu não estivesse tão apavorado. Eu não podia controlar minha direção, meus movimentos eram involuntários, eu queria voltar, eu não queria me afastar, mas eu ia subindo.  

Então é assim que se morre.

DEMI

Por mais que eu tentasse me conformar, era difícil, despedidas são muito dolorosas e não importa quantas vezes eu tenha que passar por esta situação, eu nunca estarei preparada o suficiente.
Joe sempre foi importante para mim, eu sempre precisei dele ao meu lado, e agora era o momento em que eu mais iria precisar dele.
Minha barriga de gravida já estava mais que evidente, a criança nasceria daqui a pouco mais de um mês e, por puro azar, já seria órfã de pai e provavelmente de mãe também.
Joe era uma parte de mim, uma parte muito importante, ao morrer ele levou uma parte de mim e eu fiquei incompleta. Como viver incompleta?

Aos pouco as pessoas foram indo embora, no fundo agradeci, era difícil ficar com todas aquelas pessoas aqui, eu estava me sentindo tão mal, tão triste que a única coisa que eu queria era ficar sozinha, de preferencia, em um quarto escuro e que eu pudesse dormir e, se possível, nunca mais acordar. Elas tentavam me consolar, já que desisti da imagem de mulher forte e me deixei chorar e liberar toda a tristeza que eu guardei durante todos esses meses, mas nada adiantava, a dor era maior e mais forte que qualquer frase de conforto, era um vazio imenso que me deixou sem direção, eu não estava vendo o meu futuro com bons olhos, minha vida tinha ido junto com a de Joe.

No fundo eu também queria ter ido, seria melhor, eu não sei se aguentaria ver Ian saindo do quarto de Joe para confirmar seu óbito, mas eu fiquei, eu havia prometido que ficarei com ele, não importa o momento, minha aliança era prova material  da minha promessa. E assim eu iria fazer, até que a morte nos separe.

--

Aquele não era o momento de esperança, mas Ian ainda tinha. Três horas já haviam se passado no total, sua parte já tinha sido feita e em poucos minutos seria a parte de Joe. Será que a medicação aplicada surgiria efeito?
Assim como Ian, os enfermeiros que estavam na quarto estavam ansiosos por reações, não tiravam o corpo de Joe e das máquinas, quem sabe um movimento? Isso já seria o suficiente para eles.
Aqueles minutos pareciam horas, mas paciência é um dom que Ian possui, se precisasse ele esperaria dias, mas, infelizmente, ele não possuía dias, era agora ou nunca.
Seria tão ruim se no final nada desse certo, apesar de estar acostumado com a morte, Ian tinha motivos especiais para querer que o caso de Joe terminasse bem, primeiro por que, com o tempo de convívio, se apegou muito a família de Joe, ele pode acompanhar todo o drama que se passou naquela família e se compadeceu de seu sofrimento, e seu segundo motivo é bem determinante para tal empenho, o pai de Ian havia sido soldado, e morreu em situações iguais as de Joe, quando ele ainda era bem pequeno, salvar Joe era o mesmo que salvar seu pai.

Talvez tenha passado apenas cinco minutos, mas para eles pareceu ter se passado cinco horas, o tempo agora não estava sendo muito justo e muito menos lógico. No final o que importa é que o previsto aconteceu, todos ficaram paralisados por um momento, eles realmente tinham visto aquilo? Não era imaginação?
Não, não era.

JOE

Eu não sei quanto tempo demorou para que toda estas sequencias de situações acontecessem, em minha mente parecia ter sido frações de segundos, mas algo me dizia que demorou bem mais que isso.
Em pouco tempo eu tinha passado por um momento de completa fraqueza, sem nenhum tipo de energia, para um momento de completo descontrole energético, eu sentia que podia correr três maratonas uma atrás da outra e ainda teria energia para fazer o que eu quisesse, a força chegava a dar ardência em minhas veias, algo queimava dentro de mim, senti meu peito inflando-se todo, como se por muito tempo ele não tivesse feito isso e agora quisesse recuperar o tempo perdido, meus olhos abriram com dificuldade e uma luz, mais forte que o sol, cegou-me por instantes. Eu sentia dores por várias partes do corpo, eu não fazia ideia de onde eu estava, eu escutava alguns barulhos, que me pareciam familiares, porém, talvez pela minha confusão mental, não conseguia reconhecer.
O primeiro sinal de que eu estava em algum lugar e que não estava sozinho foi o som da voz, familiar, mas que eu não conseguia reconhecer, de um homem, talvez se eu conseguisse abrir os olhos novamente para tentar reconhecê-lo...
_ Ele acordou – falou o homem. _ Joe está vivo! – disse entusiasmado.
Eu não sei bem o que ele quis dizer com isso, eu ainda estava bem confuso, mas pelo menos eu estou vivo.

                CONTINUA...

Último capítulo postado, mas não, este não é o fim definitivo, ainda terá um epílogo, o qual eu prometo que não vai demorar tanto para ser postado quanto foi este capítulo.
Não se esqueçam de comentar/avaliar.
Bjsss.

Juh Lovato: Que bom que você gostou e se emocionou com este capítulo. Postado, espero que tenha gostado. Muito obrigado por comentar. Beijos especiais a minha fã #1.
Eriimiilsa: Fico feliz em saber que você se emocionou com este capítulo, no final ela escolheu o melhor caminho, não é?  Esta acabando, mas logo começarei a postar uma outra J. Muito obrigada por comentar. Bjss linda.
Natalia_lovato: OMG eu nem creio que li isso, eu conheço suas fic, acompanho seu blog já faz um bom tempo, se não me engano foi ao segundo blog que eu comecei a acompanhar. Fico muito feliz em saber que uma escritora que eu admiro gostou da minha fic. Divulgado. Muito obrigada por comentar. Bjss. 

4 comentários:

  1. Minha nossa sua história é fantástica,sou viciada, apaixonada...Tava quase entrando em desespero Joe não acordava,mas agora sim ele acordou...
    Mas que pena que ta acabando a fic,mas ta incrivel....
    Posta logo,fiquei curiosa agora,ele não fica com aminésia não,né??????kkkkkkk
    beijos!!!

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  2. Omg! Perfeito, perfeito e perfeito. Fiquei tão tensa na parte do Joe :(
    Espero que ele lembre de tudo... Mas só de ele acordar já fico feliz. Imagino a Demi quando souber *-*
    Triste pq ta acabando, mas ela ta perfeita. Posta logo! Sério, muuuuuito curiosa!
    Beijos...

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  3. Nanda, posso não comentar sempre mas eu estava acompanhando a história e estava adorando.
    Muitos parabéns pela imaginação que teve a escrever essa história.

    Beijos.

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  4. Omgg ele ta vivoooo !!! eu por um momento achei q ele ia morrer msm.
    cara ... q felizzzzzzz ... so happy day kkk

    pooosta logo o epilogo bb

    bjssssssss baby !! I love u and your fanfics *---*

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