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Apenas mais três dias...
Sexta-feira,
dia nublado, no hospital apenas Denise e Demi, que já tinha dado todas as aulas
do dia; Paul ainda estava no trabalho, Logan e seu pai precisavam descansar já
que haviam passado a noite no hospital e Miley não poderia ir.
O
frio parecia mais intenso dentro do hospital, o vazio parecia mais profundas
entre aquelas paredes brancas que se perdiam pelos corredores e salas. Aquelas
paredes já presenciaram nascimentos e mortes, sorrisos e choros. Uma sensação de
vazio ‘preenchia’ Demi e Denise. A alegria é prazerosa, a tristeza é
torturadora, mas o vazio pode ser fatal...
_
Ele nunca mais voltou a me tocar. – comentou Denise. _ Você acha que isso é um
aviso? – perguntou.
_
Um aviso?
_
Você acha que ele quer se afastar de nós? – perguntou. Demi não respondeu, não
sabia o que falar, nunca pensou por esse ponto. _ Se ele pode nos tocar, porque
ele não toca? O que mais o impede do que a própria vontade?
_
Você acha que ele quer partir?
_
Eu não sei, talvez seja isso. – respondeu.
_
Você acha que ele esta sofrendo? – perguntou Demi.
_
Eu me faço essa pergunta todos os dias. – falou Denise. _ Mas nunca consegui
uma resposta. – confessou.
_
Se for esse o caso ele vai conseguir parar de sofrer em pouco tempo. – falou
Demi. _ Dois dias. – disse com o aperto no coração.
_
Às vezes eu penso se fora egoísmo meu não ter permitido que as máquinas fossem
desligadas antes. Talvez tenha até mesmo sido masoquismo da minha parte, sofri
tanto, eu prolonguei o meu sofrimento o máximo que pude, e agora... – Denise
não conseguiu terminar a frase, ela não conseguia mais se expressar, os
sentimentos eram maiores e mais intensos do que qualquer palavra que ela
conhecesse.
_
Era o nosso destino Denise, - disse Demi. _ mais cedo ou mais tarde isso iria
acontecer, nós só tentamos evitar o inevitável. – concluiu.
Ao
contrario do que pode parecer, Demi não estava conformada com o fim, ela queria
matar a pessoa que atirou em Joe com as próprias mãos, queria ‘puxar’ Joe para
vida novamente, queria bater em Paul por não ter dado a oportunidade de que se
esperasse um pouco mais, queria extravasar com o pai que não a deixou ir ao
hospital anular a decisão de Paul enquanto ainda havia tempo, queria derrubar o
idiota que decidiu que o caso de Joe já era perdido, que não valeria gastar o
dinheiro publico com ele, queria xingar Joe por ter sonhado algo tão
estupidamente perigoso, queria se xingar por ter sido tão cabeça dura e não ter
escutado o pai, quando ele disse que era melhor não se relacionar com Joe, que
mulher de soldado nunca é feliz... Fora uma sucessão de erros e decisões
errôneas que trouxeram a todos a esta situação deplorável.
Tudo
bem, nem tudo foi um desastre, Demi fora muito feliz ao lado de Joe. Noites em
claro, rindo, acarinhando-se, amando-se; momentos em que mesmo já adultos e
nada inocentes, agiam como crianças, brincavam feito idiotas; mesmo sendo homem
e mulher, sempre tinha aquele momento em que paravam para conversar um com o
outro, onde desabafavam um com o outro, onde se aconselhavam e vez ou outra
choravam no ombro um do outro.
Eles
compartilharam de conquistas. No dia que Demi se formou, lá estava Joe tão
feliz quando ela em sua formatura, ao pegar seu diploma, Joe só perdeu para
Eddie na questão quem chorou e gritou mais, foi um mico e tanto, motivos para
muitas risadas depois, mas fora um momento de muita felicidade. O casamento,
não foi nada extravagante, com milhares de convidados, apenas amigos próximos e
familiares, decoração simples, com muitas rosas, igreja ligeiramente cheia,
festa com muita fartura, muita dança, muito amor... Talvez um momento bem
marcante para ambos fora no dia em que conseguiram comprar o apartamento deles,
Joe ainda estava em treinamento, e fazia um bico ali e aqui para tentar viver,
Demi tinha começado a trabalhar tinha pouco tempo, ainda não tinha muito controle
sobre suas finanças, eles seguraram a chave como se fosse um troféu, e ao
abrirem a porta pela primeira vez se sentiram entrando em um castelo, era um
sonho sendo realizado, um sonho que realizaram juntos. Oliver, aquele
cachorrinho pequeno e companheiro, o cachorrinho fora dado de Joe para Demi, no
fundo foi uma maneira de acalmar Demi já que foi bem na época em que os dois
estavam brigando por causa de Joe ter sido admitido pelo exercito, era algo
inevitável já que ele estava treinando para se alistar fazia um bom tempo, mas
talvez Demi tivesse pensado que ele desistiria fácil. Oliver sempre foi o bebê
dos dois, quando chegou ao apartamento era um filhote de três meses que cabia
na palma da mão de Joe, em pouco tempo destruiu um fio de telefone, três
sapatos, sendo todos se Joe – para sua revolta – e deixou marcas de dentes pé
da cama, que perduram até hoje, ainda sim, ambos tinham tomado um amor tão
grande pelo bichinho que nem se importaram de ter que comprar um telefone ou
sapatos novos, muito menos de ter uma ‘arte’ no pé da cama, ele é o filhinho
deles. E agora, por último, porem muito importante, vinha a bebê.
Definitivamente era um presente na vida dos dois, ambos ficaram felizes. Sim, a
tristeza não deixou com que Demi aproveitasse da maneira que se deveria sua
gravidez, mas ela ama aquela criança, assim como Joe também ama, se os dois
pudessem cria-la juntos, seriam ótimos pais...
Demi
nem mesmo sabia o que estava fazendo ali, não se tinha muito que fazer, ela já
tinha tido o seu tempo de visita com Joe e provavelmente não iria poder vê-lo
novamente neste mesmo dia, exames eram feitos a todo o momento, mas os
resultados nunca eram repassados a ela, nunca eram repassados a ninguém, se
Demi não confiasse tanto em Ian, pensaria que eles a estavam escondendo alguma
coisa ou tentando engana-la, porem, Ian mostrou-se um bom homem, disposto a
colaborar, ele não a faria isso.
Talvez
fosse aquela esperança, que como dizem, é a última a morrer, que a mantem
naquele hospital, todos os dias, sendo obrigada a encarar os mesmos corredores
vazios, a mesma sensação de nada, aquela mesma tortura. Ou talvez, como disse
Denise, fosse masoquismo. O que quer que seja que a prendia ali era forte. Demi
iria ficar lá, até o último momento.
Este
Domingo, até o último respirar de Joe ela estaria ao seu lado.
DEMI
Não
é atoa que tive medo desde o começo. Primeiro tive medo que Joe não quisesse se
comprometer comigo e o bebê, sua carreira de soldado não permitiria que ele
fosse o que eu queria que ele fosse, um pai, uma pai presente e companheiro,
queria que ele fosse mais que fotos, visitas ocasionais, telefonemas nas horas
mais improprias possíveis, tipo, duas da manhã de uma segunda ou cinco da manhã
de um sábado, e de longe não estava nas minhas intenções que Joe só vesse sua
filha por web can que sempre davam problemas. Eu aguentava isso, eu o amo, ele
é meu marido e mesmo que eu tenha reclamado, eu adorava, eu nem me importava de
ficar com o braço doendo de tanto segurar o telefone falando com ele, se fosse
necessário passar a madrugada em claro para vê-lo eu faria, mesmo que eu
tivesse que estar animada para dar aulas algumas horas depois, suas licenças
eram dadivas para mim, suas fotos eram presentes, e suas cartas são minhas
joias. Mas não para minha filha, eu cresci tendo um pai presente e companheiro,
e sei muito bem o que é não ter um dos pais presente, eu perdi minha mãe cedo,
e eu pude sentir a tristeza que sua ausência me causava, é algo doloroso e que
eu nunca queria que minha filha passasse, mas no fim um ciclo iria seguir, eu
sem minha mãe e minha filha sem um pai. Ela nem teria a oportunidade de
conhecê-lo, ele seria apenas historia, fotos e lembranças.
Ele
é muito mais que isso, ele é o homem que eu amo; o homem que eu escolhi para
viver por toda minha vida, o homem que eu queria ter ao lado até estar com a
cabeça toda branca e a cara cheia de rugas. Por quê? Porque eu não poderia ter
isso? Porque esse não poderia ser o meu
final?
Porque
eu teria que perdê-lo tão jovem? Eu ainda estava começando minha vida ao seu
lado. Eu não posso ser feliz? Porque eu sempre tenho que perder aqueles que eu
amo? É um karma?
Eu
queria brigar, queria reclamar, mas reclamar com quem? Quem pode trazê-lo de
volta?
É
um sentimento de impotência enorme, estou perdendo o homem da minha vida e não
posso fazer nada, nem mesmo reclamar ou exigir que façam alguma coisa. Minhas
únicas opções é entrar em desespero ou desencanar de uma vez.
Na
minha condição seria melhor eu desencarnar, não sofrer mais, esperar que ele
morresse e seguir minha vida. Mas Joe não era qualquer um, eu não posso fazer
isso. Desesperar foi o que restou para mim.
Eu
só queria ir junto com ele...
JOE
Uma
hora isso ia acontecer. Nos meus melhores pensamentos eu pensava que eu ainda
teria mais tempo e que talvez eu conseguisse achar respostas e possivelmente
minha cura.
De acordo com minhas possibilidades eu tentei
procurar respostas. Claro que eu não pude procurar na internet, mas aposto que
se fizesse não conseguiria muita ajuda, não acredito que alguém possa saber o
que fazer com um fantasma querendo reviver. Tudo o que eu já tinha escutado
dizer eu fiz, mas nada adiantou.
Mas
agora pouco me adianta lutar, meu destino já estava traçado. Eu vou morrer.
É
tão estranho você assistir seu próprio fim de braços cruzados, como se
estivesse assistindo um filme de drama qualquer.
(...)
Eu
queria fazer as coisas direito, eu queria me despedir daqueles que eu mais
presava, meus amigos e minha família.
Usei
todas as minhas forças e passei os meus dias visitando-os e tocando-os, a maior
parte não pareceu perceber-me, o que até prefiro, menos sofrimentos, não só
para eles, mas também para mim, o pior momento foi com minha família, a qual eu
deixei para o último dia.
Não
ia ser fácil.
No
penúltimo dia de minha vida eu os acompanhei, eu pude ver a tristeza corroendo
a todos, eu pude sentir a esperança se desvairando de seus corpos. Assim como
eu, eles decidiram desistir de lutar. Não os culpo, eu sei que eles tentaram me
salvar, morrerei feliz por saber que os tenho em terra.
Não
sei se quando morto eu ainda os poderei ver, a morte ainda é um mistério para
mim, descobrir que alguém é capaz de entrar em estado de espirito já foi uma
grande surpresa, a qual eu agradeço, pois pelo menos assim, tive a oportunidade
de despedir-me dos que amo. Gostaria de saber se todos têm esta mesma
oportunidade, seria ótimo descobrir que sim, poder dizer adeus é bom para quem
parte, assim não fica aquele sentimento preso no peito, como se estivesse
faltando algo, como se estivéssemos deixando algo por terminar.
Não
que eu não vá partir com o sentimento de que não deveria ficar. Na verdade eu
quero ficar, mas é um desejo inútil. Ainda sim, sabendo que não ficarei. Eu
quero. Eu quero ter a oportunidade de ficar com minha família, de conhecer
minha filha, de construir uma vida com Demi.
Sei
que deixarei meus pais, sei o quanto eles irão sofrer, sou o filho único,
mimado desde pequeno, eu sempre fui querido e desejado, ao perder-me eles
perderam tudo, não haverá mais a quem chamar de filho, não haverá mais quem os
chame de pais. Isso deve doer de uma maneira inimaginável. Eu, que ainda nem
conheci minha filha, que ainda não tive a oportunidade de escutar sua voz, que
não tive a oportunidade de chama-la de minha, já tive momentos de pensar que a
perderia, e senti uma dor tão, mas tão grande, senti-me como o mais infeliz do
mundo, imagine alguém que teve a oportunidade de conviver com seu filho?
Saber
que lhes vou causar toda essa dor, me faz sentir péssimo. Se fosse para
terminar assim, era melhor não ter nascido.
E
ainda tem Demi. Quando eu a conheci ainda éramos moleques, eu mal sabia que
aquela menina quieta e inteligente, que sentava nas primeiras carteiras da sala
de aula, um dia se tornaria minha mulher. Mas aí eu vi seu sorriso, mais tarde
tive a oportunidade de fazer um trabalho junto a ela, aí começamos uma amizade,
me cresceu um desejo, o amor, e mais tarde eu estava pedindo sua mão em
noivado, sobre o olhar furioso de Eddie e os choros de minha mãe, emocionada.
Levarei
comigo as lembranças do nosso casamento. Nunca, nunca, mas quando eu digo
nunca, é nunca mesmo. Nunca existiu uma noiva mais bonita que Demi, perfeita é
pouco para descrever como ela estava no dia do nosso casamento. Lembro-me de a
todo o momento agradecer ao cupido que a acertou com sua flecha, permitindo com
que eu pudesse ter a chance de me casar com alguém como Demi. Eu, um cara
desleixado, mimado e brincalhão, me casando com uma mulher inteligente,
centrada, linda... Era mais do que eu podia pedir. Eu nunca disse um “Eu
aceito” com tanta certeza e prazer em toda minha vida. Se eu pudesse repetir
aquele dia, eu repetiria com prazer, quantas vezes me fossem necessário
repetir. Eu aceito. Eu aceito. Eu aceito ser seu homem, eu aceito ser seu
marido, até que a morte nos separe...
--
A
noite chegou. Eddie já tinha chegado para buscar Demi e Denise e leva-las a
Fort Bragg, amanhã seria o dia do desligamento das máquinas.
Amanhã
todos voltariam cedo, os parentes de outros estados de Joe também viriam,
amigos e alguns soldados que conseguiram licença idem.
Porém,
antes de irem, doutor Ian chamou Demi.
Ela
pensou que já seria para se despedir. Seguiu Ian à sua sala com o coração
apertado, sabendo o que ele iria dizer. Não havia mais o que ser feito, Joe
morreria.
_
Sente-se. – pediu Ian, ao entrarem na sala. Demi sentou. _ Você deve estar se
perguntando por que eu lhe chamei aqui, não é? – perguntou ele.
_
Acho que já sei. – respondeu Demi, seu olhar denunciava sua tristeza, mesma ela
tentando disfarçar com um meio sorriso. Ian fez uma cara de desconfiado.
_
Eu acho que você não sabe. – falou Ian. _ O seu direito de escolha no que se
diz a Joe foi-lhe roubada e por isso eu decidi falar com você primeiro, queria
que você tivesse o direito de escolha desta vez. – começo dizendo. Demi olhou
para Ian sem entender o que ele estava falando. _ Não me olhe assim, eu não
estou louco. – defendeu-se Ian ao perceber o olhar de Demi. _ Você sabe que
nesta última semana eu me emprenhei muito para conseguir uma solução. – falou, depois
de um tempo. Mesmo não sendo uma pergunta, Demi confirmou com um sinal de “sim”
com a cabeça. _ Pode parecer que eu não achei nada. – continuou. _ Mas não é
assim. – Ian fez uma pausa, Demi estava sem reação. _ Eu não posso te dar cem
por cento de certeza, mas há uma possibilidade de que um dos tratamentos que
tentamos fazer dê resultado. – falou Ian. No mesmo momento Demi começou a
chorar. _ Demi. – chamou-a. _ Ainda há uma esperança.
CONTINUA...
Postado. Sei que demorei, na verdade o capítulo estava pronto desde
sexta-feira, mas estive muito ocupada neste final de semana e não tive para
postar, ainda sim, espero que tenham gostado.
Esta é a segunda parte do capítulo anterior e também é o penúltimo
capítulo desta fic, além do próximo capítulo esta fic terá um epílogo.
Não se esqueçam de comentar/avaliar.
Bjssss.
Eriimiilsa:
Hahahaha espero que este tenha ficado melhor J
Muito obrigada por comentar, bjss linda.
Polly
Jones: Fico feliz em saber que além de ler minha fic, você entra no
personagem, e mais feliz ainda fico em saber que consigo sensibilizar meus
leitores. Eu lhe entendo, as vezes fica complicado comentar. Muito obrigada,
bjss linda.
Emmy:
divulgado ;)
Anônimo:
obrigada.
adooorei
ResponderExcluirmeu deus. chorei mt nesse cap ... qnd o joe falou dos pais e da filha , eu chorei pakas.
ownn amor. ta mt lindo esse cap
pooosta logoooo mor.
Triste Demais... lagrimas correndo.
ResponderExcluirAinda há uma esperança, mas a gente nao sabe se Demi ainda quer tentar e esta acabando :( a fic ta acabando :'( tristeza profunda
Oi...
ResponderExcluirEu amo demais seu blog,não tinha comentado ainda porque eu estava com problema na minha conta do blog..
Mas é linda,perfeita demais...
Pena que já está acabando,mas com certeza,vai começar outra...
Não sei se você conhece meu blog,mas se não te convido a dar uma visitinha e se puder divulgar eu agradeço... http://jemiprasemprejemi.blogspot.com.br/
beijos!!!