segunda-feira, 21 de setembro de 2020

O Chamado

Bom, antes que comecem a ler a história, gostaria de deixar mais algumas informações. 

Como foi dito anteriormente essa história faz parte de um desafio. Como todo desafio há  regras a serem cumpridas e (como esperado), me empolguei e excedi o número de palavras. 

Decidi postar aqui no Blogger a versão completa e no Wattpad a versão resumida, que cumpre a regra de limite de palavras. 

Caso queira ler a versão completa, é só prosseguir com sua leitura aqui mesmo, porém, se preferir ler a versão resumida, basta entrar neste link A Lenda (Versão Resumida)


...


Lia anda sobre a avenida, seus cabelos cacheados voam com a brisa gélida da madrugada, o pássaro canta sobre a lua. Nenhum carro passa pela rua, o que é  estranho, ela não sabe dizer muito bem onde está, mas a larga avenida e o canteiro central muito se assemelha a Avenida Amazonas, no centro da capital mineira. 


O sonho era quase sempre o mesmo, desde quando Lia ainda era bem pequena, mas a medida que a sua idade avançava o sonho se tornou mais vivo e ganhava novas partes, mas a essência ainda estava ali. 


No começo, até meados dos seus 10 anos, o sonho sempre se passava em uma estrada simples de chão batido, numa floresta densa que a levava para uma caverna e como seu guia, sempre tinha um pássaro a cantar, seu piar é mavioso, longo e melodioso, parecido com uma flauta. Aos 12, pela primeira vez, quando chegou perto da caverna, o pássaro se calou, mas um grito horrendo ecoou pela entrada da mesma, a jovem ficara muito traumatizada com aqueles sonhos, tanto que evitava ao máximo entrar em sono profundo, mas é claro que às vezes o cansaço a vencia e lá estava sua jornada até a caverna. 


Por volta dos seus 19 anos, no sonho, ela não mais caminhava pela floresta em direção a caverna, ela agora andava sobre as ladeiras do que parecia ser uma cidade histórica, como Ouro Preto. Sobre as ruas de pedra e casas construídas no estilo barroco que se desenvolveu no estado de Minas Gerais entre o início do século XVIII e o final do século XIX, ela sobe a ladeira. O pássaro se mantinha o mesmo, mas ao chegar ao que seria seu destino final, ela não mais escuta o grito que tanto a atormentava, mas uma risada. A risada não era contagiante, chegava próximo a uma risada maléfica, mas naquele ponto, desde que não fosse o grito, Lia não mais se importava com o que escutaria no final.


O sonho hoje mudara pela primeira vez em muito tempo. Ela agora está na capital, no meio urbano. A avenida está vazia e o pássaro canta. A caminhada parece mais longa desta vez e o piar do pássaro se torna mais forte a cada passo. Lia espera pela risada ou pelo grito, mas no fim, no meio do asfalto ela apenas vê um pequeno pássaro com os pés grandes e plumagem pardo-avermelhada.


Lia já sabia que se tratava de um Uirapuru, um pássaro  mais comumente encontrado (apesar de hoje estar na lista de animais em extinção) no norte do Brasil, principalmente na floresta Amazônia. Ainda assim, mesmo nunca tendo saído de Minas Gerais, Lia conhece sua melodia, já que seu som a persegue em seus sonhos desde muito nova. Esta porém é a primeira vez que o pássaro dá o ar de sua graça.


A pequena ave a fita com intensidade, seus olhos não parecem selvagens, mas sim algo próximo de um olhar humano, o que surpreende a Lia. 


Quando ela sente que irá despertar do seu sinistro sonho, algo ainda mais inesperado acontece. O pássaro fala, não, ele não pia, ele não canta, ele fala:


– Nos ajude!


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