sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Capítulo 6

    


Não nego, fico um pouco perturbado com o que Marissa me falou, mas isso não me impede de continuar.

_ Aqui está sua passagem. – Wagner me entrega as passagens de ônibus para cidade em que Demetria vive hoje. Ele está tenso, nervoso, ele sabia que ao me ajudar se colocaria em uma situação complicada com minha mãe.
Estamos sentados no banco de espera da rodoviária, hoje é dia de semana e por isso está vazio.
_ Você pode falar que eu te enganei. Que você descuidou e que fugi. – digo.
_ Sim claro, eu chego lá e digo: Ei tia, sabe seu filho que passou 14 anos em coma, que anda de bengala, que não consegue correr, e também não consegue subir uma escada sozinho, então ele fugiu de mim, um cara que faz uma corrida de 16 km toda manhã, pratica Muay Thai duas vezes por semana, desculpa tá? – ele diz irônico, eu acabo rindo. _ Sua mãe vai me castrar – ele diz.
_ Daqui a cinco dias eu tenho uma fisioterapia marcada, prometo voltar antes. – garanto.
_ Se eu me esconder no inferno sua mãe me acha. Não subestime alguém que largou tudo por 14 anos por vocês. – ele diz e eu fico em sem resposta.
_ Você acha que eu devo desistir?
_ Não, desculpa, é só que... Vai ser difícil ficar aqui e encarar sua mãe, mas você precisa disso Joseph, é necessário. – responde. _ Olha. – ele diz pegando seu celular no bolso de sua calça. _ Pegue. – eu pego. _ É seu agora.
_ Você está me dando o seu celular? – pergunto chocado.
_ Já esta na hora de trocar mesmo, já está ficando ultrapassado, mas pra você qualquer coisa é nova. – diz sério, mas eu acabo rindo, e ele após perceber o que falou começa a rir também. _ A intensão não é ofender, você sabe não é?
_ Não fico ofendido. É a realidade. Meu celular era duas vezes mais largo que o seu e isso de tela Touch? Eu lhe agradeço e tudo, mas nem vou saber como mexer nisso. – confesso.
_ Olha, vou lhe ensinar a dar telefonemas, a receber telefonemas e se localizar no mapa, qualquer outra coisa, pergunte quando chegar ao seu destino, sem duvidas terá alguém até mais entendedor que eu para lhe ensinar mais. – ele diz.
_ Demi agora gosta de tecnologia? – pergunto. _ Ela mal gostava de tirar fotos. – observo e Wagner me olha sério, pensativo.
_ Acho que... Hoje em dia até quem não gosta muito teve que se render a tecnologia. – Ele diz sem jeito.
_ Você acha que ela vai me receber bem?
_ Posso ser sincero? – ele pergunta.
_ Bom, já perguntei, acho que aguento a resposta. – digo não muito seguro.
_ Não me pergunte o porquê, tudo bem?
_ Acho que sim.
_ Não é o suficiente.
_ Não vou perguntar nada. – ele acena com a cabeça e demorar alguns segundos para falar algo.
_ Ela, na medida do possível, vai te receber bem. – ele diz. _ O problema é como você vai receber ela.


Passo a viagem pensando no que Wagner me disse. A esta altura já tenho algumas certezas, primeiro que Demi não me odeia, apesar de querer certa distancia, e ela também não me abandonou por que cansou de mim, mas sim porque foi obrigada por não aguentar minha mãe, isso me faz sentir certo alivio, pois isso significa que serei bem recebido e que talvez (sim eu sei que é sonhar demais), mas só talvez a gente possa recomeçar. A outra certeza é que algo de estranho, ou pelo menos algo que me chocará aconteceu, e que isso pode fazer com que eu me torne o problema.
Wagner me explicou como fazer telefonemas, usar o mapa e, como demorou para chegar a hora do embarque, a escutar música, ele baixou algumas músicas que eu lembrava de gostar, foram apenas 6 músicas, pois confesso que não lembro da maioria das canções que eu costumava gostar, por conta própria Wagner também baixou mais umas 4 que estão na moda, só para que eu pudesse começar a me atualizar. Marissa foi ao apartamento e pegou algumas roupas de Wagner para que eu pudesse levar, já que as minhas estavam no apartamento com minha mãe e ela ainda não poderia desconfiar. As roupas ficariam largas, disso não tenho duvida, mas pelo menos servem, e acredito que seja melhor largo do que apertado. Os dois me deram 350 dólares para o caso de emergências, sem duvidas eu teria que agradecê-los muito posteriormente.
O ônibus em que estou viaja praticamente vazio, apenas 15, das 38 cadeiras disponíveis, estão ocupadas. Já é noite quando o ônibus sai da rodoviária. Ajeito-me na cadeira para que eu possa dormir, ultimamente não tenho dormido muito, mesmo não tendo muito para fazer e geralmente estar bem cansado, não consigo me relaxar o suficiente para dormir, talvez seja minha cabeça que ainda não aceitou que passei os últimos 14 dormindo. Mas hoje, particularmente, gostaria de dormir, viagem de ônibus por si só já cansa e eu já não estou na melhor da minha forma, eu não quero que a primeira vez que me Demetria me vê em 14 anos, eu esteja parecendo um zumbi.
Não sei em que momento eu dormi, mas sei que cai no sono, pois a viagem que é de 8 horas parece passar em no máximo 2 horas.
Olho no relógio do celular que Wagner me deu e são 6 da manhã.
Demetria sempre foi de acordar cedo, ela nem mesmo precisava de despertador, mas será que ela continua assim?
Ligo para Wagner (na verdade ligo para o número salvo com o nome: Marissa ♥. Wagner havia me dito que eu poderia ligar para ela que um dos dois atenderia) não sei se ele ou ela está acordado, mas sinto que preciso avisa-lo que cheguei e que estou bem.
Ele não demora a atender.
_ Joseph, você chegou?
_ Sim, cheguei. – respondo.
_ Você está bem? – ele parece preocupado.
_ Estou sim, vou para casa da Demi agora. – digo. _ Como está minha mãe?
_ Não sei. – confessa. _ Vim para casa de minha mãe e eu disse que você estava junto comigo, falei que você estava muito chateado, minha mãe está ajudando e por isso ela concordou, mas eu não duvido nada que ela apareça aqui hoje, e se, bom, quando isso acontecer, terei que dizer a verdade.
_ Tudo bem, tente me dar o máximo de tempo possível, eu acredito que resolverei tudo aqui rápido.
_ Joseph, sinceramente? Eu não acho que vai ser algo rápido, você tem muito a conversar. – ele diz.
_ E iremos. – confirmo. _ Muito obrigado por tudo primo. – digo, já com a intensão de desligar.
_ Eu prometi a seu pai que lhe ajudaria, e vou fazer isso. – ele responde. _ E Joe, lembre-se: Existe uma explicação.
Jogo no mapa o endereço de Demetria. Ela mora a uma boa distancia, talvez para o Joe de 14 anos atrás a distancia não fosse um problema, mas hoje já não ando distancias longas, e ter que ficar desfilando por aí com uma bengala não é legal, eu já não sou novo, mas não sou velho o suficiente para andar de bengala, até agora ninguém na rua comentou, mas eu posso ver os olhares estranhos.
Vou até o estacionamento e procuro por um taxi, quando encontro um e digo o endereço torço para que ele não pegue o caminho mais longo, pois o dinheiro que Wagner e Marissa me deu teria que ser suficiente para minha estada aqui. Pois, caso Demi não me quisesse em sua casa eu teria que procurar um hotel e sabe-se lá quanto é a estadia em um hotel nos dias de hoje, fora a passagem de volta, caso tudo desse desastrosamente errado.
A viagem dura pouco mais que vinte minutos, e agora tenho menos 30 reais, deixando com os restantes 320.
A casa em que ela vive é pequena, mas parece boa, o bairro é bem tranquilo e parece ser familiar, isso me faz hesitar, ela tem outra família, é claro que ela tem outra família. Quero dar meia volta, mas o taxi já foi embora e eu já fui longe demais para desistir. Olho no relógio falta 15 minutos para 7 da manhã.
Tento pensar que Wagner e Marissa não me deixariam ir tão longe se esse fosse o caso. Marissa pareceu ainda ser amiga de Demi, a não ser que o atual marido dela seja bem ruim, ela não iria querer que eu atrapalhasse o casal, iria?
Vou até a porta, encosto meu ouvido na porta, se eu escutasse algum barulho eu poderia tocar a campainha, pois saberia que ela estaria acordada.
Não escuto nada, então não bato, mas fico por ali, na porta da frente, eu esperaria por mais alguns minutos antes de tentar novamente.
Talvez eu tenha me distraído olhando pra as casas vizinhas, mas não vejo que alguém abre a porta.
_ Posso lhe ajudar? – pergunta um garoto, ele é jovem, entrando na adolescência.
_ An, me desculpe. – peço. _ Eu acho que estou no endereço errado. – digo e começo a me virar para ir embora, será que eu bati na porta errada? Será que o taxista me trouxe para o lugar certo? Será que Demetria se mudou e não falou com Marissa?
_ Ei, espere. – o garoto me chama, ele ainda está na porta. _ Você é o irmão do meu pai, não é?
_ Como?
_ O irmão do meu pai. Você era o cara que está em coma, quer dizer, que estava em coma. – ele se corrige. Eu fico paralisado, meu queixo cai, minha cabeça dói. _ Nicholas, você é o irmão do Nicholas, não é? – pergunta, tentando ser mais especifico.
_ Sim. – minha voz mal sai, o Nicholas tem um filho? Mas porque diabos estou na casa de Nicholas?
_ Jonathan, você é louco de sair sem sua mochila, como você chega à escola sem seu material, e anda logo você já está atrasado. – grita a voz feminina que eu não esqueceria nem que se passassem 100 anos. Vejo-a apontando na porta, entregando a mochila ao garoto e sinto como se meu coração tivesse parado.
_ Mãe, olha mãe. – o garoto ignora a repreensão da mãe e aponta para mim.
Seus olhos se arregalam a me ver e ela fica totalmente branca, provavelmente estou do mesmo jeito.
_ Joseph? – ela pergunta incrédula.
_ Demetria. – eu digo sem duvidas.


Continua

Babii: Olha que talvez você esteja certa em? Será que a Demi realmente trocou de irmão? Nós próximos capítulos essa história vai se desenrolar melhor. Muito obrigada por comentar
Nessa: Vish, será que se casaram mesmo? Ou será que algo mais aconteceu? Muito obrigada por comentar
Marina: Muito obrigada mesmo ♥♥
Aônimo: Capítulo postado    ;)
Thayla: Não morra, capítulo postado k. Muito obrigada por comentar

2 comentários:

  1. Aaaaaaah já to ansiosa para o proximoo

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  2. Ahhh Merda,OMG,Aí Deus, Droga... Eu entendi tudo que droga,Primeiro a Denise colocou culpa do acidente na Demi e no Nick, segundo a Demi descobri que estava grávida foi conta pra Denise e a Denise disse horrores aposto que até tenha mandado a Demi abortar,Terceiro Demi contou tudo pro Nick que pra ajudar se casou com ela e a Denise não tem e nem quer ter contato eles por que ela ainda culpa eles e por causa disso tudo ela não quer que o Joe saiba a verdade e quando ele souber aposto que vai culpar a Denise por tudo e vai escatitar com ela... Aí Meu Deus

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