Apesar de toda essa confusão, Joe, ao contrario
de mim, parecia ainda bem confiante, segundo ele os números das contas poderiam
nos levar ao dono da conta e com isso descobriríamos quem desviou o dinheiro de
meu pai e, muito provavelmente, seu assassino. Apesar de sua positividade,
voltei para casa totalmente desanimada.
_ Nós estamos
nos organizando para assistir um filme, quer participar? - Lauren perguntou,
entrando no meu quarto de surpresa.
_ Quando você diz
“nós” a quem você se refere?
_ Eu, Nick,
Lucas e, quando ela chegar, Selena.
_ Nada de
Lara? – perguntei.
_ Depois do
café da manhã? Não mesmo.
_ Ela só está
estressada. – tentei defendê-la.
_ Ela está
estressada demais ultimamente.
_ Ela tem os
motivos dela.
_ Nós todos
temos motivos para estarmos estressados, ela não é a única aqui.
_ Só vamos
manter a paciência.
_ Eu tenho
bastante paciência. – defendeu-se. _ Bom, você que sabe, se quiser chama-la. –
deu de ombros.
_ Qual filme? –
perguntei.
_ Não sabemos
ainda.
_ Então eu
estou presa entre você e Nick escolhendo um filme de terror e Lucas escolhendo
um filme de super-herói?
_ Melhor que
deixar o Logan escolher e termos que assistir um documentário de 3 horas sobre
as arvores da floresta tropical. – eu ri.
_ Ele nunca
fez isso.
_ Mas sugeriu.
– disse. _ O que é por si só assustador. Sério, eu não tó brincando, vocês
terminarem foi uma coisa ótima.
_ Tá, Lauren,
eu já entendi. – queria sair daquele assunto.
_ Posso contar
com sua presença?
_ Pode. –
sorri.
_ Ok, tem
dinheiro para comprarmos alguma guloseima? – perguntou me olhando com olhos
pidões.
_ Sabia que
sua insistência não era por querer minha companhia.
_ Eu quero sua
companhia, mas sua companhia mais um pacote de bala é bem melhor que só sua
companhia. – explicou-se rindo. Ri junto.
_ Você não
presta Lauren. – falei pegando minha bolsa.
_ Me ame menos
Demetria. – entreguei-lhe uma nota de cinquenta.
_ Esperarei
pelo troco. – ela gargalhou.
_ Talvez eu
volte com uns cinco centavos. – fui com ela até a sala, vi que um dos seguranças
iria comprar os doces junto a ela. Apesar do inicio conturbado, os seguranças
agora não incomodavam tanto mais, as inspeções no quarto ainda aconteciam, mas
apenas uma vez por dia, nada de toda hora que precisamos entrar eles entram
primeiro, porém quando se trata de visitas eles continuam tão chatos quanto
antes.
_ Me ajuda na
pipoca? – perguntou Nick, vinda a sala também, logo após Lauren sair.
_ Me ajuda com
a pipoca, ou faça a pipoca enquanto você fica olhando? – perguntei e ele riu.
_ Oh quem
fala, é sempre você que fica olhando – ri.
_ Vamos lá. –
falei, não tinha o que fazer mesmo. _ Fiquei sabendo que Selena virá, vocês se
acetaram mesmo em? – perguntei assim que cheguei à cozinha.
_ É, ontem eu
fui falar com os pais dela. – disse sorrindo grande. Era estranho vê-lo
apaixonado, por tanto tempo ele foi aquele primo que sempre estava sozinho e
sempre poderia sair comigo para alguma festa por que nada o amarrava. Ainda assim, a sua felicidade
me dava felicidade, era algo bom de ser, ele todo bobo, sorrindo sem motivo.
_ E como foi?
_ Me senti
como um garotinho. – riu. _ Mas foi bom, eles foram muito gentis comigo e
aceitaram bem.
_ E o Joe?
_ Digamos que
eu prefiro ficar um pouco longe dele por um tempo.
_ Ele vai se
acostumar.
_ Assim
espero, não tenho a intenção de criar confusão com ele, mas também não quero me
separar dela só por causa dele.
_ Pode deixar,
se ele arrumar confusão, eu dou um jeito nele. – falei. Nick já colocava a
manteiga na panela.
_ Pega o
milho? – perguntou. Fui até o armário, peguei o pacote de milho e o entreguei.
_ Vocês dois estão juntos? –perguntou.
_ Não! –
respondi sem hesitar.
_ Desculpa, é
que, agora que você terminou com Logan...
_ Eu sei, eu
acho que vou ficar sozinha por um tempo, é o melhor.
_ É, talvez
seja bom. – disse e ficamos uns segundos em silêncio, _Eu acho tão irônico ele
trabalhar para você.
_ Por quê? –
perguntei. Ele jogou a pipoca na panela e começou a mexer um pouco com a
colher.
_ O fato do
pai dele ter trabalhado para o banco.
_ O banco do
meu pai?
_ É. Você não
sabia? – perguntou.
_ Não, tudo o
que eu sei é o que o pai dele teve sérios problemas por causa do trabalho.
Problemas de saúde.
_ É... E o Joe
odiou o banco por isso por muito tempo.
_ Odiou...
_ Isso foi
antes. – disse como se percebesse meu incomodo.
_ Ele nunca me
disse nada.
_ E eu acho
que eu não deveria ter dito também. – sussurrou.
_ Joe sempre me
falou sobre a doença do pai com tanto... Tão nervoso, como se o emprego que o
pai tinha fosse o pior do mundo.
_ O pai dele
exagerou no trabalho. Só isso. – a pipoca começou a estourar.
_ Mas do jeito
que o Joe falava, ele não culpa o pai, mas o trabalho.
_ Demi, isso
não é muito importante.
_ É sim Nick.
_ Sério, eu
não te disse nada, ok?
_ Não, você me
disse. – falei e comecei a sair da cozinha.
_ Aonde você
vai?
_ Vou
conversar com ele.
_ Demi! – foi atrás
de mim. _ Não faça uma tempestade num copo d’água.
_ Eu não estou
fazendo tempestade em copo d’água. Eu só quero esclarecer as coisas para ele.
Não quero que ele fique com a ideia de que o banco do meu pai é o vilão da
história.
_ Ele não acha
isso, Demi, o Joe não tem mais raiva o banco, na verdade ele é agradecido, foi
graças ao tratamento pago pelo banco que o pai dele está vivo.
_ Agradecido?
Não foi o que ele pareceu me dizer a um tempo atrás.
_ Demi, você
não vê? É por isso que ele não te contou nada.
_ Pois
deveria, se ele tivesse sido sincero comigo desde o começo, eu não...
_ Você não...?
_ Não teria
contratado ele.
_ Ele esta
fazendo um bom trabalho, não está? Não há motivos para você falar assim.
_ Será mesmo?
Toda vez ele vem com algo novo, mas sempre terminamos de onde saímos. Nunca evoluímos.
_ Isso não
necessariamente significa falta de empenho dele, ele nunca disse que seria fácil.
Disse?
_ Ele nunca me
disse muitas coisas, Nick.
(...)
O segundo
segurança me acompanhou, ele dirigiu até a casa de Joe. Durante todo o caminho
o silêncio foi a regra da vez. Ele, como sempre, não se atreveu a falar, e eu
não queria assunto naquele momento.
_ Ei Demi. –
disse Joe, atendendo a porta. _ Nós tínhamos algo marcado? – perguntou assustado,
olhando ao relógio que estava em seu pulso. Já era tarde, quando saí de casa já
era mais de seis da tarde.
_ Não. –
respondi. _ Mas eu preciso falar com você.
_ Ah, tudo
bem, pode entrar. – disse, abrindo espaço para que eu entrasse.
_ Não, tem
como ser aqui fora? – perguntei. Ele fez cara feia, provavelmente por causa do
frio, mas cedeu, pegou um casaco que estava pendurado logo na entrada da casa, atrás
da porta, e saiu até o jardim para conversar comigo.
_ Algum
problema? – perguntou.
_ Você não tem
nada para me falar? – perguntei sugestiva.
_ Aé, sim,
tenho, você não vai acreditar, na verdade, nem eu acredito ainda... As contas
do banco, todas as contas são de pessoas que já morreram, todas!
_ Pessoas
mortas não movimentam contas em bancos, muito menos desviam dinheiro.
_ Eu sei, não
é aterrorizador isso? – perguntou.
_ Então, onde
nós estamos nessa investigação, no zero, novamente, não é? – perguntei estressada,
era sempre assim, quando tudo nos diz que estamos perto de descobrir quem é,
voltamos ao zero.
_ É, mas não tão
ao zero quanto achamos, podemos descobrir quais gerentes cuida destas contas,
isso pode nos dar uma luz.
_ Uma luz?
Claro, uma luz...
_ Demi, você
está bem?
_ Por quê? Por
acaso não pareço bem?
_ Sei lá, você
não parece muito feliz. Não se empolgou com essa nova pista.
_ Ah não? E
porque você acha isso?
_ O fato de
você está falando de maneira extremamente irônica ajuda um pouco.
_ Irônica? Eu?
_ Demi, dá
para você falar o que está acontecendo?
_ Dá sim. –
comecei. _ o quão comprometido a essa investigação você está, Joseph?
_ Muito, eu
sei que teve uma época que hesitei, mas agora que voltei eu realmente quero
terminar o caso.
_ Ah claro.
_ Demi, o que
foi? – desesperou-se.
_ Porque você
não falou nada sobre o seu pai?
_ O que tem meu
pai?
_ Seu pai
ficou doente por trabalhar no banco do meu pai. – ele hesitou.
_ Quem te
contou?
_ Não
interessa, a única coisa aqui que importa aqui é que eu não descobri isso de
você.
_ Eu não
pensei que isso faria grande diferença.
_ Quando você
falou sobre a doença do seu pai, você disse que o trabalho tinha deixado seu
pai doente, doente por uma falsa promessa.
_ Eu talvez
tenha exagerado, é um assunto que me tira um pouco do sério.
_ Você culpa
meu pai. – acusei. _ Você culpa meu pai pela doença do seu pai. – Joe parou e
olhou-me já perdendo a paciência.
_ Quer a
verdade então?
_ É a única
coisa que eu quero.
_ Sim, o fato de
o seu pai ter surgido do nada e se tornado praticamente o dono do banco iludiu
muita gente, meu pai foi um deles, porque você acha que o banco do seu pai
cresceu tanto logo após a entrada dele? Por sorte? Por trabalho do seu pai?
Não! Foi por causa de funcionários que se mataram de trabalhar com um único
objetivo: Se tornarem o próximo Eddie Lovato. O plebeu que virou rei.
_ Você não
sabe o quanto meu pai trabalhou para chegar aonde chegou, não ouse a achar que
foi por coincidência! – estressei.
_ Mas eu sei o
que meu pai trabalhou, eu sei o que o seus colegas trabalharam, eu sei o que
eles passam naquele banco, eu sei o que os pobres lá dentro passam para pessoas
como você vá lá e fique por meia hora, ganhe o quadruplo em um mês do que eles
ganham em um ano.
_ Eu sei que
não mereço estar na posição que eu estou, mas meu pai perdeu muito tempo da
vida dele, enfiado dentro daquele banco, trabalhando que nem um condenado para
chegar aonde chegou, não ouse acusar ele ou qualquer outro dos que estão lá de
preguiça ou de qualquer outra coisa que você esteja pensando. – já gritávamos
um com o outro.
_ E o que o
faz diferente, Demi? Meu pai quase perdeu a vida naquele lugar, mas ele nunca
chegou nem perto de uma promoção de cargo, o que você tem a dizer sobre isso? Meu
pai é um incompetente?
_ Eu nunca
disse isso.
_ Não? Pois é
isso que eu vejo entre as entrelinhas das suas falas.
_ Ah, então
agora você lê entre as entrelinhas? Pois então deixa que te falar o que eu leio
entre as entrelinhas: Você acha que meu pai não trabalhou o suficiente, foi
promovido como marketing, pois a subida do meu pai faria outros trabalharem como
escravos. Você não acha que meu pai merecia ter chegado aonde chegou, pelo
simples fato de que seu pai não conseguiu o que ele conseguiu.
_ E talvez eu
ache mesmo, quem te garante que não foi isso? Nenhum homem consegue o que seu
pai conseguiu em tão pouco tempo.
_ E porque
não? Existem vários milionários por aí que eram pobres e graças aos estudos e
ao trabalho ficaram ricos... Eu nunca vi ninguém falando do Bill Gates, você
acha que ele foi uma jogada de marketing também.
_ É diferente,
ele criou algo novo, o seu pai chegou em algo de já existia, algo dominado por
magnatas. Magnatas que enxergam pessoas como eu pai e como o seu pai era, como números, mão de obra, não
humanos merecedores de chances, chances que seu pai conseguiu de maneira
surpreendente.
_ Sabe qual é
a verdade? Você não se conforma do seu pai não ser meu pai.
_ Ah, sem
duvidas, claro. – disse irônico.
_ Ah não?
Porque tudo o que eu vejo aqui é, “meu pai trabalhou duro e continuou pobre,
mas seu pai não, ele cresceu na empresa, ele ficou rico, o que é injusto, pois
meu pai trabalhou também”.
_ E sabe o que
você me diz? “Seu pai é um idiota e invejoso, quis trabalhar para crescer na
vida e dar um bom futuro para os filhos? Que idiota, ele deveria se contentar
com o tem, pois as pessoas deveriam fazer isso. Seu pai trabalhou feito um
louco porque é um idiota, idiota e
idiota”.
_ Eu nunca
disse que seu pai é um idiota, ele só criou um. – falei.
_ Nossa, que
ruim, a dona Demetria Lovato me acha um idiota, vou me jogar da ponte.
_ Você não
conheceu meu pai para saber pelo que ele passou, Joseph, meu pai trabalhou
muito, você não sabe o quanto...
_ Talvez eu
faça. – interrompeu-me, gesticulando com os braços em direção a sua casa. Olhei
para o lado e vizinhos do Joe espiavam nossa briga pela janela, na casa dele,
Selena observava tudo, ela estava bem arrumada, provavelmente porque iria assistir
ao filme em meu apartamento, ah que
ótimo, ainda tinha esse filme. Perto do carro, o segurança estava tenso,
pronto para agir, bastava eu pedir. _ Quer saber? – ele não mais gritava. _
Talvez tenha sido bom meu pai não crescer tanto assim na empresa, pelo menos
assim ele ficou vivo. – meu coração doeu, meu mundo apagou, eu não acreditava
nas suas palavras, olhei em seus olhos e seu olhar era frio, ele não tinha remorsos
pelo que falou.
_ Seu pai
ainda está vivo graças a meu pai ter pagado o tratamento dele. – falei com voz
de choro, eu odiava ser frágil assim, mas este era o meu ponto fraco, eu não
conseguia não chorar.
_ Seu pai não
pagou nada, ele nem devia saber da existência do meu pai, quem pagou foi o
banco, e não foi mais que a obrigação, afinal de contas, foi aquele antro que o
deixou doente.
_ Então é
isso? É assim que você pensa? – perguntei, ele cerrou o maxilar, cruzou os
braços e assentiu com a cabeça. _ Você está despedido. – ele riu
sarcasticamente e deu de ombros. _ Nunca mais chegue perto de mim, eu não quero
te ver nem pintado de ouro. – falei dura.
_ Digo o mesmo
a você e aquele seu priminho idiota. – falou ele.
_ Você é o único
idiota aqui. – falei com nojo, não era possível que eu tinha me enganado não só
uma, mas duas vezes.
_ Foi você que
procurou Demetria, nós estávamos bem, tudo estava bem, foi você que procurou.
Continua
Olá gente, como podem ver mais uma briga rolou
aí, será que no fim Demi vai ficar sozinha e sem conseguir encontrar o
assassino do pai dela? Bom, para a resposta vocês ainda terão que esperar mais
6 capítulos. Sim, faltam seis capítulos para o fim definitivo da fic. Enfim
chegamos a reta final, muita coisa vai acontecer nesses últimos capítulos,
então preparem seus coraçãozinhos, e nos vemos no próximo domingo.
Kah: postado, espero que tenha gostado. Bjsss
Milena: posso te garantir que não vai demorar muito
para que isso aconteça. Obrigada por comentar. Bjsss