Os dias, ao
mesmo tempo em que pareciam passar rápido demais, para que eu conseguisse
descobrir algo sobre o paradeiro da minha irmã, parecia lento demais, um
sofrimento sem fim.
Eu tinha descoberto pouco até agora. Sei que nunca existiu nenhum curso
de moda, e isso significa que ela provavelmente fugiu, pior, com o namorado, já
que ele também anda desaparecido. Uma grande mentira no final das contas, ela
nunca se separou, era apenas um plano. O que fazia tudo parecer mais doloroso.
Não há duvidas sobre seus motivos, mas nos custa a aceitar que ela tenha tido
coragem de fazer algo tão ariscado.
_ E aí, alguma coisa? – perguntei assim que cheguei a minha casa, ao sair
da delegacia distrital. Esse “E aí,
alguma coisa?” Havia se tornado nosso “Bom
dia” “Oi” “Como vai?”. Sempre
esperávamos por algo, uma pista, um sinal de vida, o que fosse para
confortarmo-nos ao menos um pouco.
_ Nada, nem mesmo uma mensagem. – disse minha mãe com olhos de choro.
Seus olhos estavam sempre inchados e vermelhos, evidenciando que chorou há
pouco, olheiras crescia abaixo de seus olhos, ela não dorme bem desde o dia
após o natal. Minha mãe sem duvidas é uma guerreira, esta a todo o momento
tentando manter-se no mesmo ritmo, fazer as mesmas coisas, tudo para que não
caia em uma depressão. Não posso dizer que esteja conseguindo. Mas ela estava
dando o melhor de si. _ Mas e como foi na policia? Eles têm alguma informação?
– perguntou aflita.
_ Onde está meu pai?
_ Lá fora. – suspirou. _ Cortando grama.
_ Sem barulho de cortador. – observei.
_ É – olhou para o chão. Nós dois sabíamos que ele estava era chorando, cortar
grama era só sua desculpa para ficar sozinho e chorar sem que ninguém o veja.
_ Vou chama-lo, é melhor contar com todos presentes. – enquanto minha mãe
se sentava no sofá eu fui até o nosso pequeno jardim, encontrei meu pai
escorado no cortador de gramas, era obvio que ele chorava, mas assim que me viu
se recompôs, enxugou as lagrimas na manga da camisa e sorriu.
_ Parei um pouco, parece que não tenho mais tanta energia para cortar a
grama.
_ Pois é pai. A idade chega pra todos. – sorri de volta. Não comentei
sobre o fato de nem um centímetro de grama ter sido cortada, não seria bom
piorar as coisas. _ Vem, pai, tenho algumas noticias. – falei. Juro ter visto
um brilho em seu olhar. Não sei dizer se era humidade, pois a pouco chorava, ou
se foi de esperança. Por mais cruel que seja, talvez fosse melhor a primeira
opção.
A passos lentos nós chegamos a
sala.
_ Mas e então? Acharam ela? – perguntou meu pai, assim que se sentou no
sofá ao lado de minha mãe.
_ Não. – respondi com pesar. _ Mas acharam o Jacob.
_ Eles estão juntos, tenho certeza, vamos atrás deles. – disse meu pai
ansioso.
_ Eles o identificaram em uma câmera de rua, no sul de Boston, ele estava
sozinho, por isso a policia não pode fazer nada por enquanto. Eles vão mandar
um mandato amanhã, para que ele compareça a policia, no intuito que perguntar
sobre a Selena.
_ Só? – perguntou meu pai frustrado.
_ É.
_ E se ele negar que a viu?
_ Se a policia achar que o testemunho dele foi falso, investigarão, mas
se não acharem nada de errado...
_ Eu não acredito. É claro que ele sabe, é claro que eles estão juntos
nisso! – levantou-se nervoso. _ Eu sei que foi ela que quis isso, mas eu a
quero de volta, ela ainda é jovem, não tem responsabilidade, não sabe na
confusão que está se metendo.
_ Nós vamos tê-la de volta pai.
_ Será mesmo? Eu nem sei porque ainda me preocupo. – disse e saiu para
seu quarto. Mamãe continuou sentada no sofá, seu olhar estava perdido.
_ Pai. – tentei ir atrás dele, mas logo minha mãe chamou-me.
_ Às vezes eu acho que teria sido melhor que ela tivesse desaparecido ao
invés de ter fugido. Saber que ela escolheu nos abandonar dói muito. Falhamos
como pais Joe. Entenda seu pai.
_ Vocês não falharam como pais, vocês sempre foram os melhores pais do
mundo.
_ Se fossemos mesmo, não estaríamos passando por isso agora.
_ Se Selena fez uma besteira, não significa que vocês falharam...
_ Mas nós falhamos Joe. – interrompeu-me. _ Todos nos preferimos priva-la
de realizar o sonho dela do que apoia-la e ajuda-la a não cometer o mesmo erro
de quando ela era mais nova.
_ Mãe, nós só estávamos protegendo-a.
_ Nós tentamos, mas no fundo só estávamos perdendo-a.
_ Mãe.
_ Não Joe - interrompeu-me. _ Se ela voltar, eu vou apoia-la em tudo, não
me importarei se seu pai e você vão apoiar-me também. Eu não irei perdê-la
novamente.
_ Eu prometo traze-la de volta mãe. – falei.
_ E como você vai fazer isso Joe? Você não está pensando no que eu acho
que você está pensando, não é?
_ Estou sim mãe. – pude ver seu olhar de preocupação. _ Eu vou à Boston.
(...)
Eu não havia contado tudo a meus pais, além de terem capturado Jacob em
uma câmera de vídeo, também consegui um comprovante no nome dele em uma loja de
aluguel de carros e alguns gastos no cartão de credito dele, com isso, eu
juntaria informações o suficiente para descobrir onde ele estava morando, ou
melhor, se escondendo junto com minha irmã.
A viagem foi longa, cinco horas, com apenas uma parada, dirigi no limite
máximo, quanto mais cedo eu chegasse melhor seria, maiores seriam as minhas
chances de encontra-los.
Fui até ao lugar em que Jacob alugou o carro, eles já estavam quase
fechando, o que me deu pouco tempo para arrancar-lhes alguma informação.
E novamente tive que enfrentar o mal de parecer novo demais para ser
detetive. Tive que fazer o homem ligar para o departamento de policia de Nova
Iorque para que ele acreditasse em mim. A investigação não era oficial, mas o
policial que atendeu fez a bondade de confirmar que Jacob estava sobre a suspeita
de um sequestro.
A policia também sabia que Selena na verdade havia fugido, mas por ser
menor de 21 anos, e Jacob ser maior, pela lei, podemos denuncia-lo por iludir
minha irmã e induzi-la a uma ação irresponsável, no caso, sequestro.
Com o endereço em mãos fui até o lugar registrado, percebi que a
informação estava certa quando passei por um supermercado que era o mesmo em
que Jacob havia feito compras com o seu cartão. O endereço dava a um
apartamento em uma parte nada bonita no centro da cidade.
Sem nenhum tipo de segurança,
consegui entrar no prédio. De acordo com a informação que consegui o
apartamento era no segundo andar, subindo as escadas, esbarrei com um cara
novo, não deveria ser mais velho que eu, mesmo no frio ele usava roupas
frescas, nada de camadas de casacos como a maioria estaria, tudo bem que o hoje
o clima frio estava um pouco mais ameno, mas agora que a noite chegara, sem o
sol para aquecer, o tempo havia voltado a ficar gelado, tudo bem que, levando
em consideração o seu cheiro, ele não deveria estar muito sóbrio para saber
qual a temperatura de hoje.
Ele olhou-me de maneira estranha.
_ Você não é daqui, é? – perguntou, cambaleou um pouco, mas ficou de pé,
apesar de claramente bêbado, sua fala não foi muito embolada.
_ Não. – respondi. _ Estou procurando por Jacob, conhece?
_ O lutador? – sorriu, seus dentes eram separados na frente e ao sorrir
pude ver que talvez ele não fosse tão novo assim, pois enrugou-se todo, no fim
das contas ele só era pequeno mesmo.
_ Isso mesmo.
_ Saiu. – respondeu. _ Com a namoradinha dele, só voltam amanhã. –
informou-me.
_ Mas eles vão voltar mesmo, não vão? – perguntei.
_ Claro que vão, pode ir lá, se você é amigo, pode passar a noite aí.
_ Eu não tenho a chave. – ele gargalhou.
_ Chave? Não precisa de chave não, tá aberto.
_ Aberto?
_ Aqui ninguém rouba ninguém não amigo, ninguém nem tem nada pra ser
roubado. – riu.
No primeiro momento eu pensei que ele estava bêbado demais e não estava
falando nada com nada, mas no fim, ele não estava brincando.
A porta agarrou um pouco, mas só empurrei com um pouco de força e ela se
abriu com um rangido. O lugar era minúsculo, provavelmente era um quitinete e
realmente não haveria nada a roubar, tinham apenas uma cama de casal, um
micro-ondas, que não parecia ser muito novo, e um mini freezer que, pelo
barulho que faz, não iria durar muito tempo.
Sério que Selena preferiu isso a sua própria família?
Senti meu celular vibrar no bolso.
Pensei ser meu pai ou minha mãe, mas para minha surpresa era Demi.
“Se você
encontrar sua irmã, você voltaria a investigar sobre a morte do meu pai?”
“Sim” –
respondi, sem pensar muito. Primeiro porque a pergunta me pareceu bem inusitada
e totalmente inconveniente, e outro porque provavelmente eu voltaria mesmo.
“Então eu tenho
ótimas noticias.”
Continua
Demorei mais
postei, tentarei postar sempre no domingo e nesse horário mesmo.
Mas e então,
já votaram hoje? Desta vez fui obrigada a ir, mas tudo bem, espero que o melhor
vença e que o Brasil comece a realmente andar pra frende.
Bom, não vou falar muito porque eu realmente
não tenho muito tempo, mas espero que gostem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário