Atônita. Por minutos
eu não consegui reagir. Mas que merda é
essa? Joe havia considerado isso, mas ainda assim, não entrava na minha
cabeça, que o homem que escolhi passar a minha vida tinha tirado a vida daquele
que me deu a vida.
Tentei respirar, me acalmar, pensar um pouco, mas a cada tentativa me
parecia mais difícil espairecer a mente.
_ Me desculpa Demi, me perdoe. – disse Logan, sua voz saia cortada e
fraca, ele estava sofrendo, mas não tanto quanto eu. _ Eu juro que eu não
sabia. Eu...
_ Cala a boca. – o interrompi. Por alguns minutos não falamos nada, parados
como duas estatuas, incapazes de dizer alguma coisa. _ Me explique. – pedi.
_ Eu o matei. – ele se desesperou novamente.
_ Eu já escutei isso ok?! – Gritei. E ele se calou, seu corpo se
encolheu como se fosse um filhote assustado. _ Como? – perguntei.
_ A arma. – ele falou, segurando-se para não desesperar novamente. _ Eu
dei a arma, ele se matou, com a arma, mas eu que o dei, eu o ajudei a se matar.
– concluiu. Então era isso? Meu pai havia
se matado.
_ Por quê?
_ Porque o que?
_ Porque da arma? – meu pai nunca gostou de armas, nunca foi violento,
porque ele receberia uma arma? Ele já estava planejando a sua morte? Foi apenas
um incentivo a mais? E porque Logan o deu a arma? Logan é outro que, para o
desespero de seu pai, um atirador de primeira, nunca teve interesse por armas.
_ Ele pediu. De presente.
_ Presente?
_ Ele disse que era de presente para um amigo. – respondeu e logo voltou
a se descontrolar. – Eu não sabia que era para ele Demi, ele não me disse que
era para isso, eu achei que fosse apenas presente para outra pessoa como ele
disse, mas não foi, foi para ele mesmo, para que ele se matasse, e eu o ajudei,
eu o ajudei a se matar, eu matei seu pai. – ele mal respirava entre as
palavras, ele estava com o rosto todo vermelho, eu nunca o tinha visto daquela
maneira.
_ Logan, pare. – pedi, eu já nem sabia o que pensar, e o seu desespero
apenas me atrapalhava mais ainda. _ Senta nesse sofá e se acalme ok? – ordenei
e ele veio, arrastando os pés, e se sentou. _ É a mesma arma? – perguntei, ele,
pela primeira vez, desde que cheguei; olhou-me nos olhos, mas parecia confuso
com minha pergunta. _ A arma que você deu a meu pai, é a mesma que ele usou
para... – engasguei-me com a palavra, sem conseguir terminar a frase.
_ Eu... Eu... Não sei. – respondeu.
_ Como assim não sabe? – exaltei-me um pouco. Ele fez esse escândalo todo
e nem mesmo sabe se é verdade.
_ Eu. Não. Sei. – gritou e se levantou novamente, desta vez eu
estava afastada o suficiente para não ser empurrada.
_ E como você não sabe? – gritei. _ Você fica se acusando e nem
mesmo sabe se é culpado! – Já não falávamos apenas gritávamos feito loucos.
_ Você não está vendo aquela porcaria de pilha de jornais? –
gritou apontando para o monte de jornal que eu vi assim que entrei. _ Todos
intocados! Todos com manchetes falando sobre seu pai, provavelmente falando
sobre tudo, relatando como se fosse um resumo de uma novela ou de um filme
qualquer. – respirou um pouco. _Você acha que eu tenho coragem de ler
isso? Se falarem qual é a arma e for a que eu comprei para o seu pai? Como você
acha que eu me sentiria?
_ Pior? – perguntei. _ Pior do que agora você não vai ficar Logan! Olhe
pra você. – agora quem estava prestes a chorar era eu. _ Você não é mais o
mesmo homem pelo qual me apaixonei.
_ Por quê? Porque eu não estou mais tão bonito é?
_ Não! Porque você agora é um covarde. – Aquilo era demais para eu
conseguir manter a calma. _ Logo você que sempre foi racional, sempre foi
daquele que tem que ver para crer, mas
agora do nada você se torna um eremita só por uma hipótese.
_ Eu não sou covarde.
_ Então me diga agora, qual é a arma, como e porque você comprou essa arma,
me fale qual o calibre, não precisa nem mesmo abrir esses jornais, apenas me
diz aqui, eu posso sanar sua duvida, pra bem ou pra mal. – finalizei. Ele não
pareceu muito convencido. _ Por favor, Logan, é o único jeito de nós acabarmos
com esse sofrimento.
_ Foi há um mês. – falou ainda exaltado,
mas mais calmo. _ Seu pai pediu para que eu comprasse um presente para alguém,
ele não falou quem, nem disse o que ele era. – Logan estava se controlando para
não chorar, nunca o vi tão fragilizado assim. Ele se sentou no sofá e levou
suas mãos a cabeça. Sentei-me ao seu lado, mas não me encostei a ele. A espuma
que saia do rasgo era uma confortável barreira entre nós dois. _ Ele me deu o
dinheiro, falou uma loja e me disse quais que poderiam ser a arma, falou para
que escolhesse, eu nunca fui bom em arma, então eu acabei comprando a mais
barata. Foi um Revólver Colt Single Action Frontier. Winchester – parou um
pouco e olhou-me tímido. _ Não sei para você, mas para mim isso é grego. –
ariscou um sorriso fraco, mas acabou saindo como um sorriso dolorido. _ Pedi
para embrulhar, entreguei para seu pai no dia seguinte e fim. – ficamos em
silêncio, eu sabia que ele não estava mentindo, mas nada fazia sentido para
mim, porque meu pai iria querer uma arma? Será que foi realmente para
presentear alguém? Se foi, porque ele pediu justo a Logan para comprar? Porque
não ele mesmo? Queria deixar alguma dica? Mas porque uma dica? Uma carta não
seria suficiente? Quem poderia ter sido presenteado com essa arma? Essa pessoa
teria coragem de matar meu pai com a arma que ele ganhou dele? _ É a mesma
arma? – perguntou, ele precisava de uma resposta, só que eu não tinha uma.
_ Não sei, grego demais para que eu me importasse na hora. – ele suspirou
frustrado.
_ Eu tenho como descobrir, eu só preciso que você repita essa história a
uma pessoa. – ele me olhou confuso.
_ Demi o que você esta fazendo?
_ Eu só preciso que você conte essa história novamente, não me pergunte o
porquê, só... Faça.
_ Posso saber pelo menos para quem?
_ Não, você saberá no futuro, se tivermos sorte em um futuro bem próximo.
_ Quando?
_ Hoje.
_ Hoje?
_ Hoje. – tudo bem que era natal e que Joe provavelmente queria passar
com a família, mas seria rápido, ele teria que aceitar. _ Se arrume, eu vou
olhar tudo.
_ Arrumar?
_ É, se arrume Logan, você não pode ficar assim.
_ Eu fiquei assim durante toda essa semana e ainda estou vivo.
_ Você saiu durante essa semana? – ele apenas se levantou emburrado e foi
em direção a seu quarto. Pelo amor de
Deus, quando anos ele tinha? Isso é hora de agir como uma criança mimada?
Falar com Joe havia sido complicado, as três primeiras chamadas foram
recusadas, ele não respondeu nenhuma mensagem, só na quarta tentativa que ele
atendeu com uma voz nada paciente.
Ainda bem que Logan estava comigo, pois não sei como Joe iria chegar, ele
não estava nada feliz e provavelmente bem irritado comigo. Não que Logan esteja
esbanjando a saúde que ele costumava esbanjar, e se eu já o estava achando
magro, a roupa apenas evidenciou isso, pois tudo o que ele punha – e que antes
o servia perfeitamente bem – agora está largo, como se coubesse um e meio dele
na mesma roupa.
Combinamos de nos encontrar em um dos restaurantes que ficam na rua do
prédio do Logan, que abriram em plena noite do dia 25, não estava muito
movimentado, a clientela era, na sua grande maioria, jovens que não pareciam
muito preocupados com passar esse dia com a família. Mal eles sabem o quanto
isso faz falta.
Joe demorou a chegar, e quando chegou vi que ele estava com terno
incompleto e apressado.
_ Olá. – sentou-se afobado. _ Então o que é? E quem é ele?
_ Quem é ele? Quem é você? – perguntou Logan.
_ Joe, ele é o Logan, Logan esse é o Joe.
_ Joe? E o que ele faz?
_ Ele é... – Joe me olhava do tipo: “Que mentira você vai inventar
agora?” _ Um investigador.
_ Investigador?
_ É.
_ E está investigando sobre a morte de seu pai.
_ É. – falei, mesmo percebendo que ele não estava fazendo uma pergunta.
_ Então seu pai não se matou?
_ Talvez.
_ Ok. – respondeu sem muita expressão, talvez ele estivesse sentindo um
pouco de esperança, menos culpa em suas costas.
_ Demi, você sabe que essa investigação é restrita...
_ Eu sei, o Logan é de confiança. – interrompi-o.
_ Demi? Por acaso o seu nome é realmente Joe ou esse é apenas o
diminutivo do seu nome real.
_ Diminutivo.
_ Então vocês se chamam por apelidos?
_ Você não vai ter crise de ciúmes agora né?
_ Eu não estou com crise de ciúmes Demi, eu estou tentando entender que
merda é essa? Ele por acaso tem idade para ser investigador?
_ Ele no caso, está aqui e sim
eu tenho. – começou Joe. _ Assim como você tem idade para ocupar um cargo de
grande importância em um Banco tão grande, ou será que você foi por causa do
seu namoro com a Demi?
_ Olha aqui. – Logan se irritou. _ Se eu estou onde estou é porque tenho
capacidade para isso.
_ O mesmo digo eu. – retrucou Joe.
_ Será que vocês dois poderiam parar? – só não gritei porque estava em um
restaurante, mas meu tom pareceu assusta-los o suficiente para se calarem. _
Joe... – senti o olhar Logan pesar do meu lado. _ Joseph, eu o pedi para vir
aqui porque o Logan tem algo a dizer e eu acho que seria muito importante para
nossa inver... Para a sua investigação.
_ Tudo bem, vamos escutar o que seu noivo tem a nos oferecer. – Logan não
estava feliz, sei que por ele, ele teria continuado em casa, já tinha sido
demais para ele contar-me sobre o acontecido. Mas ele contou, contou da mesma
maneira que a mim, rápido e apenas o necessário.
_ Você por acaso comprou a munição ou só o revolver?
_ Só o revolver, eu não comprei nenhuma munição. – Logan respondeu a Joseph.
_ bom, pode ser uma triste coincidência, mas o revolver do disparo é uma
Winchester, não tenho informações sobre qual modelo, mas é da mesma marca então
não posso garantir nada. O que diria um pouco mais seria a munição. Ela seria a
diferença.
_ Então eu não ajudei em nada.
_ Ajudou e muito, basta saber que comemoração teve há um mês e assim
teremos mais ou menos suspeitos.
_ ótimo, pode ir embora.
_ Logan. – reclamei.
_ Que?
_ Eu gostaria de continuar conversando com ele. – falei. _ Sozinha. –
Logan revirou os olhos.
_ Que seja. – disse, se levantou e nós deixou sozinhos sem nem mesmo se
despedir.
_ Você conseguiu deixa-lo bem nervoso.
_ Eu sei. Depois eu resolvo isso. Eu estou mais preocupada com você hoje.
_ Comigo?
_ É, você está estranho, você sempre é estranho, mas hoje você está mais.
– sei lá, Joe estava agindo de uma maneira fria demais, parecia apenas
parcialmente presente, não era o mesmo que havia tomado chocolate quente comigo
ou que havia me convidado para passar a véspera de natal em sua casa.
_ É.
_ É?
_ Eu não sei se vai dar para continuar Demetria.
_ Porque não?
_ Minha irmã, ela desapareceu, quando acordamos, ela já não estava em
casa, estamos esperando que ela volte, já acionamos a policia, mas nada, nem
pista. – meu coração se partiu, Joe estava realmente triste. _ Irônico, um
detetive perde a própria irmã.
_ Não é sua culpa Joe.
_ Será?
_ Claro que não é.
_ O fato é, Demi, enquanto eu não achar minha irmã...
_ Não continue. – interrompi-o. _ A policia pode procurar sua irmã, mas
não pode procurar o assassino do meu pai.
_ A diferença é que seu pai está morto, essa investigação não vai mudar
isso, já minha irmã ainda pode estar viva. – falou nervoso, calei-me, então era
isso, fim. _ Desculpa. – disse ao perceber o que tinha dito.
_ Então acabou tudo?
_ Talvez.
_ Talvez?
_ É. Talvez.
Continua
Como
prometido, capitulo postado, vou demorar mais para postar nessa próxima semana,
pois estarei viajando a São Paulo e não poderei escrever.
Espero que
tenham gostado, no final das contas ainda não dá para garantir se Eddie se
matou ou não. Nem mesmo se Demi e Logan continuarão juntos.
Façam suas
apostas.
Carine
Santana: kkkkkk bom te matei, mas você voltou, então está tudo bem kkkkk Como você
achava, ele não matou o Eddie, pelo menos não diretamente... Muito obrigada,
bjssss.
Kika: Postado, espero
que tenha gostado. Muito obrigada. Bjsss
Fabiola Barboza:
Perguntas respondidas? No final das contas foi mais é exagero dele, mas há
possibilidades de ele ainda sim, estar envolvido. Ou então foi a Lara como você
suspeita. Muito obrigada. Bjsss
Erii: Muito
obrigada pelo selo, saudades suas.
Silva: Muito
obrigada pelo selo, sem problemas. Bjsss
Anônimo: Muito
obrigada, fico feliz que goste da fic, bjssss.
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