Meio dia de uma sexta-feira de dezembro, a neve –
tão adorada pelos turistas. – só fazia mais complicada nossa vida, botas zanzam
de um lado para o outro, a sujeira da própria cidade faz com que a neve se
torne amarronzada/acinzentada, escavadeiras abriam caminho para os carros após
uma nevasca inesperada durando a manhã. Olhei para o meu relógio de pulso e me
recostei mais no banco do carro, graças ao engarrafamento chegaria tarde em
casa. É, esse é mais um dia comum em Nova Iorque.
_ Nós não vamos chegar para o almoço. – disse Pablo, o meu
motorista.
_ Eu amo Nova Iorque, mas odeio seus engarrafamentos. –
falei.
_ Se você quiser ler ou escutar música, talvez o tempo passe
mais rápido. – disse com um sotaque latino forte. Suspirei, gosto de ler e amo
música, mas naquele momento nada disso parecia legal o suficiente.
_ Acho que vou tentar dar um cochilo. – falei. _ Talvez até
consiga dormir mesmo. – Pablo deu uma risada.
_ Quando chegarmos, eu te acordo. – falou.
_ Obrigada. – falei, afundando ainda mais no banco do carro,
apoiando minha cabeça na janela fechada. Fechei meus olhos e comecei a tentar
dormir.
De inicio nada aconteceu, fiquei escutando o barulho de
buzinas, de passos, de conversa, dizem que Nova Iorque é uma cidade que não
dorme, mas ela não dorme porque o barulho nunca cessa.
Demorei um pouco, tive até a oportunidade de sentir o carro
andando por, sei lá, quase meio metro, o que já foi um avanço incrível. Mas
enfim comecei a dormir, foi uma dormida sem sono e embalada pelo barulho da
grande metrópole na qual vivo.
Só acordei com Pablo me chamando.
_ Senhorita Demetria? – disse. _ Senhorita Demetria, nós já
chegamos. – vagorosamente eu acordei, olhei para o lado, tentando me localizar
e reconheci o estacionamento do prédio em que vivo. _ Desculpe lhe acordar, mas
acho que seria melhor você dormir em seu quarto. – disse educadamente.
_ Não tem problema nenhum. – falei, me recompondo. _ Eu devo
estar uma destruição.
_ Você parece mais aquelas atrizes que sempre acordam
radiantes nos filmes. – falou.
_ Obrigada, mas você só fala assim porque nunca me viu
acordando de um sono realmente pesado. – falei, ele riu. _ Então vamos?
_ Sim senhora.
Saímos do carro, Pablo insistiu para me ajudar com minha
bolsa e outros materiais de estudo, mas não permiti, sei que ele tinha ordem de
fazer tudo o que lhe fosse mandado, mas sempre achei o excesso de educação e
mordomia um pouco de exagero, afinal de contas, eu não morreria por carregar
minhas próprias coisas, nem mesmo por receber uma tirada, e isso é totalmente normal, eu sempre faço isso com todo
mundo – bom, na verdade eu faço isso apenas com meus amigos mesmo – mas também
sempre recebi no mesmo nível. Entramos no elevador, ele apertou o último numero
do painel, 75, a cobertura do prédio de luxo, que fica à apenas uma quadra do
Central Park, da grande janela da sala até que dá para apreciar uma parte do seu
verde – que agora está branco, por causa da neve – e ver um pouco da sua
movimentação, mas digamos que mesmo sendo um prédio alto, os outros prédios
vizinhos não deixavam a desejar, tampando uma boa parte da visão.
Apesar do grande número de andares a serem transpassados,
rapidamente chegamos ao último andar, assim que as portas do elevador se abrem,
damos de cara com um pequeno corredor, todo branco, de mármore no chão e de
paredes simples, o que se destaca é apenas a grande porta de madeira, com
alguns detalhes de vidro.
Pablo abriu a porta para que eu entrasse, está é outra
mordomia que me irritava, mas que neste momento era bem-vinda, dado ao grande
número de coisas que eu estava carregando.
Quando entrei, não vi ninguém na sala, então fui direto para
meu quarto. Apesar de estar estudando moda e ter condições de ter o quarto dos
sonhos, meu quarto é bem comum e bagunçado, a única decoração que tem é um
adesivo bem grande atrás da porta banca, de uma arvore toda preta, no geral o
branco prevalece, sendo quebrado apenas pelos moveis que eram de madeira e pela
minha colcha da cama que, hoje, é vermelha. Mesmo sendo simples, eu gosto desta
bagunça organizada, as coisas podiam
até estarem espalhadas, mas eu sabia sempre sabia onde encontra-las...
_ Ei Demi. – cumprimentou-me Lucas, meu irmão mais novo,
filho da minha madrasta, Lara, com meu pai. Ele estava parado na porta do meu
quarto, vestia roupas pesadas de inverno, mesmo estando dentro de casa com o
aquecedor ligado.
_ Ei Lucas, entra aí. – falei. Ele entrou e me deu um
abraço. Minha relação com meus dois irmãos mais novos, Lucas e Lauren, é bem
complicada – apesar de eu achar que toda relação de irmão é complicada – os
mesmo tempo em que nos odiamos, nos amamos, mas se eu fosse comparar, eu era
mais próxima de Lucas de que de Lauren, não acho que tenha um motivo para isso,
mas é como se ela não me quisesse muito por perto, ao contrario de Lucas que
nunca recusava atenção. _Vai sair? – perguntei, levando em consideração seus trajes.
_ Vou à loja com a mamãe. – respondeu. _ Papai resolveu que
eu também terei que ir a festa de fim de ano de hoje. – completou.
Ah, a festa de fim de ano...
É hoje!
É Hoje?
Ai meu Deus! É hoje!
Eu tinha me esquecido completamente da festa.
_ Você tinha se esquecido, não é? – perguntou.
_ Sim. – confirmei.
_ Você também não queria ir, não é?
_ Eu ainda não quero. – respondi, a festa era apenas para
empresários, investidores, banqueiros e
políticos ricos e metidos que só sabem me olhar com segundas intensões.
_ E se falássemos com o papai? – perguntou esperançoso.
_ Isso alguma vez adiantou? – perguntei. Ele parou um pouco.
_ Você vai querer ir comprar roupa também? – perguntou
claramente decepcionado.
_ Agora não, vou ver se tenho algo aqui... Fora que estou
morrendo de fome, vou ter que pedir para requentarem a comida.
_ Tudo bem. Até mais tarde. – disse saindo.
_ Até mais tarde, - falei sem saber se ele me escutou.
Saí até a cozinha, em busca do que comer.
A cozinha é uma parte de luxo no apartamento, é um grande
espaço com tudo o que há de mais moderno para a cozinha. Isso acontece porque,
apesar de termos duas cozinheiras, meu pai ama cozinhar, final de semana ele
tira a gravata de banqueiro e põe o avental de chefe e sempre há algo novo e
extremamente delicioso para nós.
_ Veio almoçar, senhorita Demetria? – perguntou Karla, ele é
a cozinheira mais velha da casa, morena, baixinha, um pouco acima do peso,
sempre vestia saia ou vestido por baixo do avental, era de falar pouco, mas
sempre é muito carinhosa e cozinha muito bem.
_ É. – respondi. _ Não cheguei a tempo do almoço. – falei.
_ Guardei um prato para você. – disse, abrindo a geladeira.
_ Vou esquentar aqui. – disse pondo micro-ondas.
_ Obrigada. – ele não respondeu, mal pareceu me
escutar. _Onde está papai? – perguntei, após
um tempo de silêncio.
_ Ele também não veio almoçar hoje, saiu cedo para o
escritório. – respondeu.
_ Que estranho, ele sempre volta para almoçar.
_ Talvez ele tivesse alguma reunião... – o bip do
micro-ondas soou e ela voltou para o aparelho e tirou meu prato, fumaça saia da
comida e o cheiro era ótimo, senti minha barriga roncar, sabia que eu estava
com fome, mas nem sabia que era tanta. _ Ele já deve estar chegando. – falou e
pôs o prato na bancada a minha frente. Tinha batata puré, frango assado, uma
salada de tomate e alface. Tudo bem saudável, no estilo Lara de ser. Desde que
ela casara com meu pai, decretou uma lei: nada de comida gordurosa. Essa regra
só era quebrada por meu pai, que todo final de semana prepara pratos com muito
sabor e calorias.
_ Depois ligo pra ele. – falei. _ Caso ele não chegar.
Fui para o salão de refeições, sentar-me por lá sozinha era
péssimo, todos os dias sempre nós juntávamos a família e todos os empregados,
todo mundo falava, ria, contava sobre o começo do dia, era algo animado, sem
regras de etiqueta, sem diferença entre ninguém, tipo, você é da família, você não é, você é empregado, eu sou patrão. Essa
era apenas uma demonstração do quão simples meu pai é, não importa o quão rico
ele seja hoje, ele nunca perdeu a simplicidade do tempo em que ele ainda era
pobre, do tempo em que lutou para crescer, e esse é um ensinamento que ele
sempre fez questão de passar para todos os filhos.
Comi rapidamente, nem mesmo senti direito o gosto da comida.
Assim que acabei, deixei meu prato na cozinha, não vi Karla por lá, então
peguei um copo, enchi de suco de laranja (totalmente natural – essa foi outra
exigência de Lara). Quando cheguei à sala, ia direto pegar o telefone, para
ligar para papai, mas nesse exato momento ele chegou.
_ Isso é hora de chegar em casa senhor Eddie? – perguntei,
cruzando os braços e batendo o pé. Ele riu.
_ E se eu disser que foi uma boa razão, sou perdoado? –
disse se aproximando sorrindo.
_ Depende... Eu vou saber a razão? – perguntei. Ele
suspirou.
_ Não agora. – respondeu.
_ Então não. – fiz bico. (Sim, eu sou um pouco mimada quando
quero).
_ Pois eu sei exatamente como lhe animar. – falou. Olhei-o
com um olhar desafiador. Ele chegou e me abraçou bem forte.
_ Você está me esmagando, pai. – reclamei. Ele sempre fazia
isso, e eu gostava, mas respirar era bem difícil.
Eu, em aspectos de estrutura física, puxei mais minha mãe,
baixinha, pouco peito (meu grande complexo), cintura um pouco acentuada, uma
bunda grande (é, vamos deixar isso em off)
pernas grossa (apesar de no mundo da moda isso ser horrível, eu sempre
gostei das minhas pernas) cabelo liso... Já meu pai é tipo um urso, um urso dócil,
mas ainda assim, um urso. Ele é todo grande, alto, gordo, com dentes grandes,
como eu disse um urso. É o tipo de pessoa que te dá medo à primeira vista,
coisa que sempre foi bom para os negócios, mas péssimo para relações pessoais.
Mas como também já foi dito, ele é dócil, simples e bem amigável, não havia
nada a temer.
_ Você já me perdoou? – perguntou.
_ Perdoei, perdoei sim. – falei e ele continuou no abraço.
_ Sério mesmo? – perguntou me apertando mais. Ele sabia que
por mais que pedisse para sair do abraço eu adorava aquilo, sentir o carinho do
meu pai era ótimo, sentir-me querida.
_ Eu juro que perdoei. – falei. Ele afrouxou o abraço.
_ Certeza?
_Pai... – reclamei rindo. Ele me soltou, também sorrindo.
_ Agora sim acredito. – falou.
_ Hum, eu ainda assim quero saber o que é...
_ Eu sei que você quer, afinal de contas você sempre foi
minha pequena curiosa.
_ Eu não sou curiosa, só gosto de estar bem informada.
_ A é?
_ Sim.
_ Então, já que você é tão bem informada, sabe se Logan vai
te buscar para a festa hoje? – perguntou. Logan é meu namorado, ele trabalha
com meu pai, seu cargo ainda é bem pequeno, condiz com sua idade e experiência,
mas meu pai é cheio de orgulho dele, sempre fala que foi uma ótima escolha para
genro, quando temos essas brigas, comuns de casais, meu pai fica mais triste
que eu, às vezes acho que meu pai tem uma queda pelo topete do Logan, mas isso
é apenas uma brincadeira interna.
_ Acho que sim. – respondi. _ Não falei com ele hoje.
_ Vocês estão bem?
_ Vai chorar se eu disser que não?
_ Vou. – riu.
_ Estamos bem sim, é só que nossos horários não estão
batendo mais como antes, no horário de folga dele eu tó na faculdade, no meu horário de folga ele está trabalhando. –
suspirei.
_ Olharei isso para você. – falou.
_ Também não é para tanto pai.
_ Não quero ser o vilão da história, não irei atrapalhar o
casal principal.
_ Você nunca vai ser o vilão da história, pai, assim como eu
e Logan não somos o casal principal.
_ Na minha história vocês são.
_ Na minha história você é o herói. – ele sorriu, foi um
sorriso tão doce que nem parecia sair de um homem de quarenta anos com quase
dois metros de altura.
_ Espero que você
continue sempre achando isso, minha querida. – disse, tornando a me abraçar,
mas desta vez sem apertar, era apenas um carinho, o mais puro que um pai pode
dar.
_ Você sempre será meu herói pai.
_ Eu te amo querida.
_ Eu te amo mais pai.
A partir daí o dia passou bem rápido, estudei bem rapidamente (digo estudei
porque não foi bem um estudo, foi
mais um: abra o caderno e finja que está
lendo), revirei meu armário em busca de algo que eu pudesse vestir, no
convite da festa dizia que é traja esporte fino, tema de fim de ano, o que
significa: branco, cores claras, ou se você estiver realmente querendo chamar
atenção, um vermelho bem forte; salto e vestido, resumindo, eu teria um
trabalho grande para não ficar parecendo uma perua grã-fina, e ainda parecer
chique.
No final acabei pegando um vestido, cor creme, longo, de
botões no decote, com manga (nesse frio ninguém aguentaria algo diferente),
coloquei um cinto preto grosso, para marcar minha cintura, uma bota preta cano
longo completou o visual. Passei uma maquiagem bem clean, não para combinar com
a roupa ou porque é de costume, mas porque eu sabia quer iria chegar exausta da
festa e, quanto mais simples, mais fácil é de tirar depois. Tentei fazer uns
cachos em meu cabelo, para não ficar tão simples, no final não ficou a coisa
mais linda do mundo, mas deu umas ondas que pareciam até naturais.
_ Logan chegou para te buscar. – falou Lauren. Lauren tem
apenas 15 anos, mas tem uma beleza que inveja a qualquer um, inclusive a mim
(só para deixar bem claro, eu não a invejo mal, é uma inveja branca), seus
cabelos são longos e ondulado, pretos feito carvão, olhos verdes, pele pálida, uma
copia da mãe escarrada.
_ Vocês já estão indo? – perguntei.
_ Iremos no carro de trás. – respondeu.
_ Tudo bem, eu já estou indo. – falei, e ela saiu do quarto
sem dizer nada. Como eu já havia dito, nossa relação é bem fria, no fundo eu
até queria me aproximar dela, mas assim como ela nunca fez esforço para isso,
eu também nunca fiz.
Quando saí do quarto, passei pelo pequeno escritório de meu
pai, a porta estava aberta, entrei e vi que ele lia uns papeis concentradamente.
_ Pai, você não vai? – perguntei, ele ainda estava com a mesma
roupa de hoje mais cedo e não parecia preocupado em descer. Ele pareceu se
assustar com minha pergunta, estava tão concentrado no que estava lendo que nem
me viu entrar.
_ Já está na hora não é? Eu terei de ir depois, eu vou ter
uma reunião via internet agora, coisa rápida, se perguntarem fale que já estou
indo. – disse.
_ Nós podemos esperar.
_ Não precisa, Logan já está aí, vocês já estão todos
prontos...
_ Mas...
_ Pode dizer a Karla que ela está dispensada? Amanhã é meu
dia de cozinhar. – sorriu.
_ Tudo bem. – sorri de volta. _ Não demore muito. Eu te amo
pai. – falei me despedindo.
_ Eu te amo filha. – respondeu. Fiz menção de sair, mas ele
me chama de volta. _ Você está linda. – falou.
_ Muito obrigada pai, você se lembra desse vestido?
_ Claro, fui eu que te dei. – sorriu. _ Você está tão
parecida com sua mãe.
_ Mamãe não está mais aqui pai.
_ Ela sempre vai estar aqui filha, não importa quanto tempo
passar. – falou. Desviei o olhar, eu odiava aquele assunto, era uma história
que eu não senti que vivi, mas ainda sim é a parte em que eu me torno a vilã.
_ O importante é que você sempre vai estar aqui. – Ele
concordou.
_ Eu nunca vou te abandonar, minha princesa.
Continua
Esse foi o primeiro
capítulo, tá meio estranho e pode até parecer confuso, já que eu estou tentando
mudar um pouco meu jeito de escrita e não sei se vai dar muito certo ainda :\
mas prometo que a partir do próximo capítulo vai ficar mais legal e mais esclarecedor.
Comente o que achou do
capítulo ;)
Bjsss
Kika: Espero que
tenha gostado do primeiro capítulo, muito obrigada, bjsss
Giovanna: Espero
que tenha gostado do capítulo, muito obrigada, bjsss
Carine: Bom, como
Nelena vai ser um casal secundário, não vai aparecer tanto, então espero que
não fique chato para você. Espero que tenha gostado do capítulo, muito
obrigada, bjsss
Milena: Espero
que você continue achando o mesmo depois de ler esse capítulo. Muito obrigada,
bjsss
Fabíola: Espero
que tenha gostado do capítulo também, muito obrigada, bjsss
Ta perfeito! Você escreve magnificamente bem <3 posta mais logo, to ansiosa por Jemi. Beijos
ResponderExcluirMe.deixou curiosa :) e n se preocupe vc escreve muitoo bem. Posta logo bjs
ResponderExcluirAmei esse capítulo! Já quero o Joe (Lindo casa cmg haha) estou ansiosa :)
ResponderExcluirTbm estou curiosa! Eu gosto do jeito que você escreve!! Você escreve super beeem ♥
Posta maiiiis ♥♥
Já sei quem morre e já não estou feliz. Que ligação mais tudo na vida. Já gostando muito
ResponderExcluirAmei esse capitulo
ResponderExcluirPosta logoo
Bjs
Amei o capítulo. Foi simples mas me deixou curiosa e ansiosa por outro.
ResponderExcluirPosta logo!!
Beijos
Amei o capítulo. Foi simples mas me deixou curiosa e ansiosa por outro.
ResponderExcluirPosta logo!!
Beijos