Música First Time do
Jonas Brothers, sugestão de um leitor anônimo.
Um beijo. Era só isso que eu queria, e eu
podia ver que ela queria isso também.
Centímetros,
milímetros nos separava, eu podia sentir sua respiração quente em minha pele.
Meus pensamentos que me condenavam pela minha ação não podiam me atrapalhar
agora, nada poderia nos atrapalhar, a não ser, ela.
_
Vamos atravessar? – disse cortando o clima, ela olhava para baixo, não me
deixava fazer contato visual. Eu não respondi. Atravessamos a rua em silêncio,
e assim fomos por alguns minutos.
_
Já decidiu para onde quer ir? – tentei quebrar o silêncio.
_
Me desculpe. – pediu. _ Tente me entender. É o melhor para nós dois. – falou,
eu não queria admitir, mas ela, mesmo que sem saber, estava totalmente certa. _
Daqui a dois dias você irá embora, tudo vai voltar ao normal, você irá para
seus clássicos da Disney e eu voltarei para meu drama mexicano. – rimos.
_
Eu que peço desculpas. Eu prometi para você amizade, te pedi um voto de
confiança e, digamos que eu queria ultrapassar os limites da amizade. – falei.
_
Sem problemas. – continuamos a andar, passamos direto da frente da casa de
Stripper e consequentemente do hotel em que eu estava hospedado.
_
A sua amiga não gostou muito de mim, não é? – perguntei.
_
Minha amiga?
_
É, aquela, é Marissa o nome dela, não é?
_
A Marissa é minha amiga de infância, ela sabe toda minha história, e sabe muito
bem meu dedo podre pra homens. Ela não te odeia, ela só é um pouco protetiva.
_
Ela acha que eu vou te machucar? – perguntei.
_
Não. – aliviei-me. _ Ela tem certeza. – olhei-a e ela sorriu. _ Você que
perguntou. – disse levantando as mãos se mostrando inocente.
_
Tudo bem, e você irá escuta-la? – perguntei.
_
Eu devo? – perguntou.
_
Provavelmente.
_
Você pelo menos é sincero, isso lhe torna mais confiável que os outros.
_
Você por acaso já teve muitos? – perguntei.
_
Dois. Um você já sabe a História.
_
E o outro?
_
Conheci assim como eu conheci você, na casa de strippers, ele me prometeu me
tirar daquela vida, mas no final das contas eu percebi que ele estava mais
interessado em uma escrava sexual que uma mulher. – resumiu.
_
Eu posso te garantir que não é essa minha intensão. – ela apenas sorriu em
resposta. _ Você ainda vê o pai da sua filha? – perguntei. Demetria continuou
em silêncio. Arrependi-me instantaneamente.
_
Sim. – respondeu.
_
Você ainda o ama? – Demetria hesitou.
_
Eu não o odeio, mesmo depois de tudo. – falou, não havia felicidade em suas
palavras.
_
Se ele quisesse voltar, você voltaria?
_
Não. – respondeu sem ponderar. _ Eu não vou dar mais murro em ponta de faca, já
cansei de me machucar.
_
Sem duvidas é o mais certo a se fazer. – concordou apenas com um aceno com a
cabeça.
_
É aqui que eu fico. – disse, parando em um ponto de ônibus.
_
Pensei que íamos sair. – indaguei.
_
Eu não sei se você escutou bem a parte de que eu tenho uma filha. – contestou.
_
Ela não está com sua mãe? – perguntei.
_
Não, ela esta com uma vizinha minha, é uma idosa que ama crianças, mas isso não
significa que eu vá explorar dela. – falou.
_
Mas...
_
Olha...
_
Não. – interrompi. _ Olha você... Eu quero conhecer sua filha. – falei, ela
ficou calada.
_
Você o que?
_
Quero conhecer sua filha. – repeti.
_
Olha, eu te contei toda minha vida, eu estou conversando com você, mas eu não
irei te colocar na minha casa, nós acabamos de nos conhecer, eu não sei quem
você realmente é. – falou.
_
Eu não sou nenhum ladrão, nem mesmo um tarado ou psicopata.
_
E quem pode me confirmar isso?
_
Você pode simplesmente confiar em mim.
_
Sem querer ofender, mas eu não costumo ter muita sorte nesse assunto, eu não posso
confiar em você. – eu respirei frustrado.
_
Você pode ir a policia procurar minha ficha criminal, você verá que ela está
limpinha. – falei.
_
O do meu patrão também está, e digamos que ele já derramou mais sangue do que
tem no total de estoque de doação aos hospitais.
_
Seu senso de humor é bem questionável. – falei. Demetria riu.
_
Tudo bem, você tem vinte minutos para me levar onde você quer me levar e me
fazer confiar em você. – propôs. _ Após esses vinte minutos nós veremos o que
acontecerá.
Vinte
minutos, era tudo ou nada. Minha cabeça procurava alguma coisa, algo... Preciso
fazer algo.
Se
eu estivesse em Utah eu a levaria em uma das suas praças ou talvez em um bar,
quem sabe em um dos seus charmosos restaurantes, se fosse em Lewis eu a levaria
a cabana de Lia, um restaurando chique até demais para a cidade, tinha até
mesmo aparecido na TV uma vez, mas não, eu estava em Las Vegas, não conheço
nada de Las Vegas e não ajuda nada o fato de ela já conhecer aqui.
Demetria
me olhava com o olhar de vitória, era claro que ela estava se divertindo com
isso, ela sabia que ia ganhar.
_
Você não faz ideia para onde me levar, não é? – perguntou. Confirmei. _ Quando
você está disposto a gastar comigo? – perguntou.
_
Pensei que não fosse mulher de se importar com dinheiro.
_
Pensou errado, hoje estou afim do torrar a grana de um homem. – riu.
_
Você está abusando da minha amizade. – brinquei.
_
E você da minha boa vontade. – retrucou. _ Você pode me levar para o seu hotel
se você quiser. – falou, eu hesitei. _ Eu não irei para cama com você, eu não
sou assim. – deixou claro. _ Você tem cara de ser rico, aposto que seu hotel é
um luxo. – concluiu.
_
Tem um casino lá dentro, acho que as lembranças não lhe farão bem.
_
Você tem intensão de jogar até ter que vender até a roupa do corpo? –
perguntou.
_
Eles não deixam apostar dinheiro, só fichas. – respondi.
_
Você fala assim como se as fichas não fossem compradas com dinheiro. – deu de
ombros.
_
Eu não sou muito chegado em jogos. – falei.
_
Seus minutos estão passando. – falou.
(...)
_
Bem conveniente. – disse Demetria, assim que chegamos ao hotel. _ Despedida de
solteiro com o hotel na frente de uma casa de strippers.
_
Foi bem conveniente para mim. – Demetria riu.
_
Você é sempre assim tão bobo? – perguntou.
_
Se eu falar que sim, você vai confiar em mim? – ela apenas riu em resposta.
_
Você já foi ao topo desse hotel? – ela perguntou sorrindo, assim que passamos
pela porta, ela não me olhava, estava olhando para o teto, que tinha sanca com
imagens de anjos esculpidos em dourado.
_
Não. – respondi sem entender o porquê da pergunta.
_
Eu fico impressionada com vocês, ricos. – disse como se ela estivesse se
referindo a pessoas de outra espécie. _ Se hospedam em um hotel caríssimo e
cheio de coisas lindas para se ver, mas mal saem do quarto.
_
E você por acaso já foi lá? – perguntei.
_
Sim, meu pai me levou lá, ele queria fazer minha festa de sweetsixteen* no
lugar em que tivesse a melhor vista para toda Las Vegas. – falou. _ E de acordo
com ele a vista deste hotel é incomparável. – eu podia ver o sorriso dela
enquanto falava do pai.
_
E sua festa foi aqui? – perguntei.
_
Eu não sei como as coisas funcionam no seu mundo de fantasia, mas no meu,
quando se é filha de uma babá e de um pai mecânico que gasta tudo o que ganha
com jogos, não há como gastar vinte mil só para alugar um lugar para uma festa.
– falou, apesar o fato ser triste, ela não parecia decepcionada, parecia até
mesmo levar na brincadeira.
_
Isso foi horrível por parte do seu pai, lhe fazer visitar lugares para sua
festa e depois não fazê-la.
_
Meu pai antes de tudo era um sonhador, ela tinha realmente esperança de ficar
rico jogando, talvez ele pensasse que conseguiria me dar uma festa se ele
tivesse um dia de sorte na mesa de jogo. – disse. _ Mas sabe de uma coisa? Eu,
meus pais e meus três melhores amigos, sentados naquela lanchonete,
empanturrados de batata frita e sanduiches, gargalhando enquanto tomávamos o
nosso Sundae, é uma das melhores recordações da minha vida. Eu nunca precisei
mais do que aquilo. – sorriu.
_
Eu acho que eu nunca vou lhe entender.
Você é realmente tão conformada com as coisas que te acontece? Você não
se revolta pelas coisas que você não teve? – perguntei.
_
Ficar revoltada não vai me ajudar muito.
_
Ou você simplesmente resolveu esconder tudo?
_
É assim que você pretende me conquistar? – perguntou.
Para
mim ficou obvio naquele momento, ela se esconde.
(...)
_
Wow. – o topo do hotel era simplesmente incrível. Era totalmente espelhado e
com o sol já posto se podia ver todas as luzes de Las Vegas brilhando. O vidro
da janela era perfeitamente cristalino, produzia a ilusão que não havia nada
entre o espectador e a paisagem, que era capaz de dar vertigem até mesmo quem
não tinha medo de altura. Não tinha muitas pessoas por lá, apenas um casal de
adultos que estavam sentados um sofá de três lugares, de couro preto.
O
piso era de mármore branco, de tão limpo chegava a brilhar. Um grande lustre de
cristais iluminava bem no centro do salão, no canto direito havia um pequeno
bar, em que se via varias qualidades de bebidas, alcoólicas ou não, maquinas de
café, balinhas e biscoitos doce em vasilhames de vidro.
_
Sinto muito pela sua festa não ter sido feita aqui. – falei. _ Iria ser uma
festa linda.
_
Não sinta. – pediu educadamente. _ Não tome a dor dos outros, não faz bem. –
olhei-a, mas ela não pareceu perceber, ela olhava fixamente para frente, para o
lado de fora.
_
Eu disse isso por...
_
Educação. – interrompeu-me. _ Eu lhe agradeço por isso. – ela ainda não olhava
para mim. _ Eu e as meninas que trabalhamos na casa de strippers, em uma
tentativa de divertir um pouco no trabalho costumamos observar os nossos
clientes. – falou olhando para mim pela primeira vez desde que chegamos ao
salão. _ Avaliamos como seria ele na vida pessoal. _ Na maioria das vezes eu
falo que são fracassados, que provavelmente são péssimos de cama, que vivem
bêbados, ou que são homens que se acham de mais, chatos e arrogantes. – riu
fraco. _ Eu nunca avaliei um homem bem. –fez-se silêncio.
_
Posso saber qual é minha avaliação? – perguntei.
_
Mistério.
_
O que? Não quer me dizer? – perguntei sem entender.
_
Não, não é isso, você é um mistério. – explicou. _ Você não parece fracassado,
nem mesmo arrogante, bêbado, e não parece ser um broxa. – falou. Eu gargalhei,
e ela me acompanhou logo após. _ Você é um mistério, tem algo em você que o
torna confiável, que o torna diferente, que me faz gostar de estar do seu lado,
de conversar com você, de ter coragem de me abrir com você, mas há algo, algo
que eu não sei explicar que me diz “afaste-se”. Você é muito perfeito.
_
Isso é um problema?
_
Sim. – respondeu e tornou a olhar para frente. _ Eu não acredito em perfeição.
– falou.
_
Eu não sou perfeito. – falei.
_
Eu sei. – disse.
_
Você deveria enfrentar esse seu medo. – falei tocando em sua mão, ela pareceu
bem surpresa com minha ação.
_
Eu não sei de que medo estais falando.
_
Do seu medo de se apaixonar.
_
Eu não tenho medo de me apaixonar – defendeu-se.
_
Então o que lhe impede de se apaixonar por mim agora, nesse momento? –
perguntei. Demetria olhou para baixo. Quando tornou a olhar para mim ela
parecia distraída, como se nem mesmo me visse em sua frente, tinha um sorriso
fraco de iluminava seu rosto e certo brilho no olhar.
_
6ª Sinfonia de Beethoven.
– sussurrou. Eu nem mesmo tinha percebido, mas embutidas no teto havia caixas
de som que tocavam não muito alto alguma música. _ Foi umas das musicas dançada
pelas bailarinas no dia que meu pai me levou para ver o espetáculo. – disse e
seu sorriso aumentou. _ 14 minutos de pura magia.
Peguei
a mão direita de Demetria e pus em meu ombro esquerdo, ela me olhou como se
tivesse acabado de acordar de um sonho, eu ainda segurava sua mão direita.
_ Eu não sei dançar balé. – falei. _ Mas sei
dançar um pouco de valsa. – falei e comecei a guia-la pelo salão. _ Imagine que
essa é a sua dança de Sweetsixteen. – falei, Demetria fechou os olhos e
instantaneamente começou a sorrir. Ela parecia leve e feliz e eu me derreti
mais ainda, eu provavelmente me odiaria pelo que eu estava fazendo, mas eu
estava apaixonado por Demetria, não mais pela mulher sexy ou pelo prazer que
ela poderia me dar, mas por Demetria em si, a cheia de azar, a que tem medo de
se apaixonar, por aquela que agora com um sorriso no rosto imaginava algo que
não teve, enquanto eu a guiava ao som de Beethoven. Eu a beijei, Demetria não
se afastou, apenas se entregou, correspondendo aos meus movimentos, já não
dançávamos, estávamos lá, apenas sentindo um ao outro, a música ainda tocava de
fundo, mas só o beijo nos importava naquele momento. Assim que separamos os
nossos lábios, segurei o rosto de Demetria, com cuidado para não machuca-la. _
Vamos brindar a uma boa vida. Deixe-se ir e liberte sua mente, deixe a batida
dessa música ser seu destino. Não se prenda mais, bem aqui e agora é onde
deveríamos estar. Faça parecer como a primeira vez.
*Sweetsixteen:
É a festa de 16 anos para americanos e canadenses, que equivale a de 15 anos,
aqui no Brasil. É a festa mais importante para as garotas.
CONTINUA
Bom
galera, esse foi o capítulo de hoje, não foi o melhor da fic, mas espero que
tenham gostado. Boas noticias, dia 16 entrarei de férias e isso significa de
terei mais tempo para escrever, assim postarei mais rápido, e também voltarei a
comentar nas fics, coisas que eu parei por motivos de tempo.
Não
se esqueçam de comentar/avaliar.
Bjsss
Kika: Muito
obrigada. Minha mãe me deu o sound nessa semana, isso que dizer que eu vou
entrar mais cedo e terei mais chances de ficar bem perto da grade, então estou
mais ansiosa ainda :D Eles realmente foram burros, mas fazer o que? Quem sabe
eles resolvam voltar um dia, pelo menos para uma apresentação especial, sei lá,
tipo, comemoração de sei lá quando anos de criação da banda... Eu não sei, espero
que façam algo juntos no futuro... De nada, você mereceu o selinho... Muito
obrigada por comentar. Bjsss
Shirley: Fico
muito feliz em ler seu comentário, muito obrigada mesmo pela compreensão e pelo
apoio. Hahahaha suas ideias são muito boas mesmo e não acredito que não tens
boas ideias para suas próprias fics, aposto que se eu ler vou adorar, mande o
link? Só terei tempo para ler quando entrar de férias, mas se já quiser mandar
;) Muito obrigada por comentar. Bjsss
Mayla: Agradeço
muito por você ter tirado um tempinho para ler minha fic. Muito obrigada por
comentar. Bjsss
Yumi H e Rafa S: Olá, senti sua falta aqui no blog, se bem que eu também não
estou mais tão presente no seu :\ desculpe-me. Muito obrigada pelo selinho e
por comentar. Bjssss