sexta-feira, 29 de março de 2013

24º CAPITULO "Apenas espero meu fim" - AMOR EM GUERRA


Em um dia eu passei de ansiedade para nervosismo, para culpa, para tristeza, para culpa novamente e agora para medo. Muita coisa para um dia só. Coisa demais para mim.
 Eu senti uma dor forte atrás do pescoço. Forte até demais para o meu gosto. _ DEMI. - foi a última coisa que eu escutei e depois nada além da paz.
                                                                               
Aquela risadinha sínica, agora tinha som, e ela ecoava em minha mente, de maneira estrondosamente alta enquanto lentamente eu perdia todas as minhas forças. Seu rosto ia ficando distorcida em minha visão, mais longe e imperfeita, mas sua risada continuava lá, mais alta e mais alta, continua, sem pausa, ele não parava para tomar folego, o seu entusiasmo em me ver cair frente a ele fazia com que sua necessidade de ar fosse colocada em segundo plano. Eu sabia que ele aproveitaria este tempo para extravasar todo o ódio que depositara em mim após eu ter lhe desafiado.
Parecia uma tortura, eu não tinha nenhuma força, toda ela tinha sido sugada, sei lá por quem, sei lá onde, sei lá como. Mas como se fosse teimosia ou falta de sorte, meus olhos não se fechavam totalmente, meus sentidos, já fracos, não paravam totalmente, eu gastava uma energia desnecessária para manter-me consciente, mas porque? Se o que eu mais queria agora era apagar completamente, porque raios eu continuava lutando? Eu já estava no chão, Rick tinha vencido, e já dava sua risada de vitória. Acabou.



Acordei em uma sala branca igual a que Joe ficava quando estava internado, eu nem mesmo me lembrava de o que tinha acontecido só me lembro de que em algum momento apaguei completamente, não sei por que nem por quanto tempo.
Soro estava sendo injetado em meu braço e havia maquinas monitorando meus batimentos cardíacos.
_ Demi? - escutei alguém me chamar, meus olhos ainda estavam lutando para se acostumar com a claridade do quarto. _ Ah minha filha, graças a Deus você acordou. - eu pude ver o alivio em seu rosto, a partir do momento em que meus olhos começaram a conseguir focalizar melhor os detalhes.
Meu pai estava bem do meu lado, em pé, se dobrando sobre minha cama, para poder me tocar. Ele me tocava com se eu fosse a pedra preciosa mais rara do mundo.
_ Onde eu estou? - perguntei, como se não fosse obvio. Não me juguem, a pergunta foi idiota, mas digamos que minha consciência ainda estava na luta, tentando se decidir se eu deveria acordar ou não. Pessoas nesta situação, ou fazem ou falam coisas retardadas.
_ Você está no hospital filha. Você teve uma alta de pressão. - explicou-me. Alta de pressão? Desde quando eu tenho pressão alta? Pior, casos de morte no parto, tanto a mãe quando a criança acontece por causa da pré-eclâmpsia, que é o aumento exagerado da pressão.
_ E meu bebê? - perguntei, o nervosismo estava presente em minha voz e também na maquina que monitorava meu coração, que começou a bater mais rápido.
_ Calma filha. Esta tudo bem agora, os médicos conseguiram normalizar seu caso antes que o pior pudesse acontecer. Só que tiveram que lhe deixar de repouso para que pudessem monitorar tudo. - falou. _ Você não pode ter estas altas de pressão desde jeito, isso não irá lhe fazer bem. - enquanto eu assimilava tudo aquilo que meu pai me disse, fui me acalmando, porem o efeito de calma foi passageira assim que me lembrei de Joe.
_ E Joe? Onde ele está? Como ele está? - perguntei, mesmo que eu tentasse controlar minha voz, aquela maldita maquina ligada a mim denunciava a minha excitação. Deu-me uma vontade louca de desconectar aquela parafernália de mim, eu já estava bem o suficiente para não ficar mais ligada a elas, e aquele barulhinho de "pib" que se acelerava cada vez que eu fazia uma pergunta já estava me irritando. Só não o fiz porque sei que meu pai iria me impedir ferozmente. Eddie é um doce de pessoa, mas em casos extremos ele pode ser bem violento. Só em casos extremos, tipo impedir que a filha arranque aparelhos de si.
_ Demi acalme-se. - pediu. Como se fosse fácil... _ A cirurgia já acabou, digamos que você está a quase um dia desacordada. - falou. Merda, eu queria tanto ter visto o doutor saindo da sala de cirurgia e dando a boa noticia de que Joe estava bem.
_ E então? - perguntei, eu ansiava por mais noticias. Meu pai realmente acreditava que eu me contentaria apenas com um "A cirurgia já acabou"? _ Pai? - ele não dizia nada.
_ Os médicos disseram que ocorreu tudo bem, que o principal objetivo que era tirar o projetil de sua cabeça foi concluído com sucesso. - falou. _ Só que nem tudo saiu como o esperado. - falou ele. Esperei que ele fosse mais claro. _ Ele ainda não acordou Demi. - disse ele olhando para baixo, como se ele se sentisse mal por isso ter acontecido, mas não o 'mal' por estar triste, mas como se ele tivesse falhado em algum momento. _ Eles fizeram os testes e nada deu certo, e os exames continuam apontando uma porcentagem muito pequena de chance de que alguma coisa vá mudar. - concluiu.
Eu não precisava escutar mais nada, eu não queria escutar mais nada, minha vida estava desmoronando e não tinha nenhuma previsão de que o fundo do poço chegaria rapidamente, enquanto isso eu me deixava afundar, só esperando que meu limite chegasse. Só esperando o fim.
_ Ele está vivo Demi. - disse meu pai, eu continuei em silêncio. _ Ainda há esperança.
Esperança... Esperança de quê exatamente? O que eu devo esperar? Por dias eu esperei por esta cirurgia, esperançosa de que dela sairia um Joe acordado e que questão de poucos dias estaria montando nossa vida. Fui burra? Iludi-me? Talvez sim. Eu sei, os médicos em nenhum momento falaram que a cirurgia lhe daria garantia de acordar, mas eu me lembro bem de escutar eles dizendo que as possibilidades aumentariam consideravelmente. Então porque tudo continuava da mesma maneira? Porque Joe ainda estava preso àquela cama, com chances de não sair vivo? Do que me adiantou acreditar em Ian? De que me adiantou encher-me de esperança, se no final ela só me fez ficar decepcionada?
E agora outra coisa me intriga. Não faz muito tempo que eu acordei, mas até agora eu não senti nada, assim como não senti desde que Joe entrara naquela sala de cirurgia. Porque ele não está mais aqui? O que realmente aconteceu?

Meu pai estava do meu lado, dentro de mim há uma criança, que se demonstra tão forte - mesmo após todos os meus problemas, continuar viva e saudável -, sei bem que aqui no corredor há familiares e amigos, que estão preocupados, tanto comigo quando com Joe. Mas mesmo rodeada de pessoas, eu nunca me senti tão sozinha.

Não foi muito fácil convencer os médicos que eu estava bem o suficiente para sair daquele quarto, eu tive que passar por uma bateria de exames e conversei com o mesmo médico que havia me consultado um dia antes da cirurgia de Joe. O doutor me recomentou ficar atenta a esta dor me deu antes do desmaio, pois isso já é um sintoma de que minha pressão está alta. Depois ele me fez prometer que todos os dias eu iria à enfermaria tirar pressão, para que ele pudesse fazer um controle. Como eu não tinha alta da pressão antes do doutor acredita que ela surgiu graças à gravidez, já que a mulher automaticamente tem a pressão alterada neste momento, conciliada com o estresse de todos estes últimos acontecimentos.
Agora, mas que nunca, eu preciso fazer o que me parece quase que impossível. Acalmar-me. Eu teria que manter-me calma, mesmo com todos os motivos para me desesperar. Quando eu enfim acho que já chegou o meu limite, aparece mais alguma coisa para me ajudar a cair mais ainda. 
•             Joe não tinha acordado;
•             Joe não me tocava mais;
•             Eu estava correndo risco de vida, graças ao meu atrevimento frente a Rick;
•             Eu estava com pressão alta, pondo em risco a minha vida e também a do meu bebê;
•             E para completar a minha desgraça, Paul esta querendo considerar a opção de eutanásia.                                                                                                                                                                                                                                           
Agora eu me pergunto o que eu fiz de tão mal para merecer tudo isso? Foram as minhas fugidas de casa? Foram os meus pensamentos maldosos contra o governo, quando Joe fora mandado em sua primeira missão? Devo eu acreditar que isso é Karma? Se fosse Karma, por acaso é justo eu pagar por algo que fiz na vida passada, na qual nem mesmo sei se acredito ou não?

Assim que fui liberada meu pai me permitiu entrar no quarto em que Joe estava, sua aparência de nada tinha mudado, ainda tinha vários tubos e máquinas conectados a ele, sua cabeça continuava enfaixada, agora por causa da recente cirurgia, e ele se mantinha tão imóvel quanto uma estatua.
Desta vez tudo seria diferente. Eu sempre chegava no quarto de Joe, me sentindo péssima, começava a chorar, mas logo eu o sentia e era como se toda minha dor fosse substituída por uma paz e uma força para seguir tendo esperança de que talvez no próximo dia ele acordaria de seu coma e as coisas voltariam a ser como eram. Porem hoje, eu estava me sentindo péssima, eu comecei a chorar, mas não houve toque, nada, nada que tirasse a dor de mim e a substitui-se pela paz e força que eu tanto preciso.

Voltei para casa juntos com Miley, Logan e meu pai. Denise e Paul também voltariam porem mais tarde, os tios de Joe passariam a noite lá desta vez. Fiquei feliz por Paul também voltar para casa, ainda gosto dele, ele sempre foi um ótimo sogro para mim, mas eu não confio nele mais, eu sei que falta pouco para convencê-lo de fazer o pior, o que faz com que a recuperação de Joe se torne um caso de urgência maior ainda.

Logan e meu pai iriam ficar comigo em casa, e como era de se esperar, papai ficou encima de mim, cuidando de mim como se eu fosse uma criancinha de dois anos, toda hora perguntava se eu precisava de algo, se eu sentia alguma dor, se eu estava com fome. Não o jugo, pois logo sei que me tornarei mãe, e serei da mesma maneira com a minha criança. 
_ Logan. - chamei-o, enquanto meu pai tomava banho, eu e Logan ficamos na sala, assistíamos a um programa de calouros a cantores, na qual ainda estava na primeira etapa, eu não estava prestando muita atenção, pois havia uma duvida que não fora tirada pelo meu pai, quando eu o perguntei no hospital, que não me deixava em paz.
_ Sim. - respondeu, parando de prestar atenção na TV e olhando para mim.
_ Aconteceu alguma coisa de errado? - perguntei.
_ Como assim?
_ Algo de errado com Joe? ... Na cirurgia? - especifiquei-me
_ Porque você está me perguntando isso? - perguntou Logan, na defensiva. Para mim já era uma resposta, Logan não era de enrolar muito, a não ser quando escondia alguma coisa.    
_ O que aconteceu? - perguntei.
_ Nada.
_ Logan, por favor, não minta para mim. - pedi.
_ Eu não estou mentindo. - falou, virando sua atenção para a TV novamente.
_ Logan, você engana o papai, não a mim. - deixei claro. De tanto cair em suas mentiras e de vê-lo mentir, acabei ganhando a capacidade de decifrar os sinais que ele dá quando esta mentindo, como por exemplo, enrolar demais em uma resposta, ou não conseguir manter o olhar no seu.
_ Demi, o Joe está vivo, isso é o que importa. - falou ele, já um pouco estressado, por estar sendo interrogado.
Mas será que minha vida agora será baseada na frase "O Joe ainda está vivo, ainda há esperança, isso é o que importa"? Havia algum problema em apenas me falar o que está acontecendo?
_ Qual é o problema de vocês? - perguntei indignada. _ Qual é o problema de me falar a verdade? Eu só escuto esta frase! - calei-me. Logan, ao ver minha indignação virou-se para mim.
_ Demi, só tem coisas que talvez seja melhor deixar como está. - falou.
_ Ah claro, bem legal da parte de vocês, eu sou mulher dele Logan, isso não me dá o direito de saber o que está acontecendo com ele? - Logan respirou fundo, eu provavelmente o tinha feito pensar no caso.
_ Se eu lhe contar, você jura que não contará nada para papai?- perguntou ele.
_ Prometo.
_ O Joe sofreu três paradas cardíacas durante a cirurgia. - Falou ele. _ Digamos que isso só piorou a situação dele.
Então era isso que estavam me escondendo, Joe praticamente morreu por três vezes durante a cirurgia. Seria este o motivo pelo qual ele não me toca mais? As paradas cardíacas o havia incapacitado de se comunicar comigo? Sei que isso não é brincadeira, mas seria capaz este ser o único motivo que o impedia? Poderia ter algum outro motivo, mais grave, que todos estavam me escondendo, achando que isso é o melhor para mim?
 Eu não disse nada, eu não sabia o que dizer, eu não posso fazer nada. Eu estava me sentindo tão incapaz, o Joe lentamente esta se escapando das minhas mãos, não sei o que fazer e não se a quem eu posso recorrer. Minhas forças estavam se esgotando, prova disso é que em pouco tempo eu já tinha desmaiado mais de uma vez, minha esperança já agoniza, há um buraco em mim, algo incompleto, me fora arrancado uma parte importante de mim, há uma cicatriz que não se cura, que espera que o que lhe fora arrancado volte. Se algo acontecer com Joe, será o meu fim.
Talvez por ver que tudo está ficando cada dia pior, ou por uma maré de desanimo, agora eu apenas espero meu fim.      
                                                                                                                                  
                   CONTINUA...

Como prometido, capítulo postado, mas tarde eu posto o outro, as respostas aos comentários também ficará para o capítulo de logo mais.
Bjss.
#DemiWhiteOut

Um comentário:

  1. Triste. Triste.Triste.
    Que Pena da Demi, e Paul ele já não deve mais suportar essa dor

    ResponderExcluir