segunda-feira, 2 de novembro de 2015

8. Família – Não Existem poesias


           Aquela havia sido uma noite de quinta, mesmo que ainda fosse quarta-feira. Joe havia sido idiota, disso não havia duvidas, nem mesmo Joseph poderia discordar desta vez, apesar dos seus motivos para achar isso, fossem completamente distintos do que deveria ser.
Joe voltou para seu apartamento, cheio de compras e arrependimento. Ele planejara tudo de maneira bem diferente, era frustrante perceber o quão errado ele estava a respeito de tudo, Demi não o amava, Demi já tinha alguém, ela não o via da maneira que ele a via. Simples e claro.

Enquanto Joe se “crucificava” pelo seu equivoco. Demi retornava a seu apartamento, feliz e radiante. Ela tinha conseguido conquistar um grande aliado na sua empreitada para publicar seu livro. Ela queria comemorar. E porque não comemorar com seu vizinho?
Com uma torta de maçã, que ela comprara no caminho de casa, na mão, ela parou frente à porta de Joe e bateu. Joe demorou. Demorou e muito. Demi sabia que ele já estava em casa, não era necessário muito esforço para aprender a rotina do professor, que era seguida religiosamente, portanto, para ela, sua demora a atender a porta era preocupante, será que ele tinha passado mal? Será que ele desmaiara? Ou pior, será que aconteceu algo com ele e ele não conseguiu voltar para casa?

Após certificar-se que não mais dava para perceber que ele estava mal, Joe foi atender a porta. Assim que abriu colocou seu melhor sorriso no rosto. Demi primeiramente ficou desconfiada, afinal ele estava ali e aparentemente bem, então qual foi o motivo da demora a atendê-la?  
– Oi, está tudo bem? – perguntou a ela.
– Claro. – reforçou o sorriso. Joe não é bom em mentir, o que faz com que seja fácil o descobrir, mas Demi tampouco espera que ele minta; o que não a faz desconfiar da mentira dele, talvez fosse apenas um surto de esquisitice, todo mundo tem, pensou ela.
 – Tem certeza? – insistiu Demi.
 – Estou bem. -disse Joe.  – Quer dizer... Na verdade não. 
  Joe, o que aconteceu? Você pode falar comigo. - disse Demi, claramente preocupada e dando claros sinais de que queria adentrar no apartamento de Joseph, porém ele não dava sinais de que a queria por lá. 
   Foi apenas um dia ruim... Na escola. - falou. –  E eu gostaria de ficar um pouco só.
  Conversar com alguém sempre ajuda. - insinuou-se. 
  Talvez depois. Por agora eu realmente prefiro ficar sozinho. - falou mostrando maior confiança ao falar. 
Agora Demi já não mostrava nenhum sorriso e nem mesmo algum tipo de animação, ela estava realmente preocupada com Joe. 
  Bom... Você que sabe não é? - sorriu fraco e Joe retornou com um sorriso tão fraco quanto o dela.  –  Se você precisar de algo, você sabe que pode contar comigo, é só bater na minha porta. - deu um sorriso um pouco maior desta vez, porém Joe não retribui. 
  Qualquer coisa eu te procuro. - disse Joe, sem se esforçar muito para parecer real. 
  Tudo bem. - disse Demi por fim.  – Amanhã a gente se fala? - tentou animar-se novamente. 
  Talvez. - respondeu Joe. 
  Tudo bem. – disse novamente. Ambos ficaram em silêncio, sem trocar olhares, Joe queria que Demi fosse embora, porém ela ainda tinha uma esperança dele mudar de ideia. Joe suspirou.
  Eu vou entrar. – disse.
 – Tudo bem. – repetiu Demi, mas nada estava bem, porém poderia ficar pior, e ficou. Joe não queria fechar a porta com Demi ainda lá, mas ela não parecia querer sair e alguém teria que por um fim nesse momento tenso.
Agora lá estavam eles, cada um do seu lado da porta, ambos tinham expectativas para a noite de hoje, mas no fim, nada sairia como o eles haviam pensado.
Demi voltou a seu apartamento, largou a torta de maçã que comprara de lado e após alguns minutos de reflexão, que não a levou a lugar nenhum, decidiu que não iria passar uma noite de fossa sozinha. 

Demetria correu até seu telefone e discou um dos poucos números que ela chegou a decorar na vida.
Não demorou muito para que ela fosse atendida.
   Fala Tampinha. –atendeu Camila calorosa.
   Eu tenho uma torta de maçã, que não parece exatamente nova, porém era a mais bonita da padaria, algumas lágrimas querendo rolar, uma noticia bem empolgante, um acontecimento triste e uma necessidade imensa de um ombro amigo neste instante. – foi direto ao ponto.
   Vai ser uma noite astral ou depressiva? – perguntou.
  Um pouco das duas coisas.
  Posso levar um pote de sorvete pra acompanhar?
   Aproveita e trás a insulina. – brincou Demi.
 Vou considerar isso como um “sim”. – disse Camila.  em vinte minutos eu estarei aí.
Não foram exatamente vinte minutos, mas o transito da cidade grande pode ser bem imprevisível.
Assim que chegou Camila foi recebida por um apertado abraço da amiga, e ela não hesitou em retribuir da mesma maneira. Demi não chorava, não por falta de vontade, mas sim por tudo ainda parecer estranho para ela, havia um conflito dentro dela, ela não havia mudado de cidade em busca de um amor, mas sim para publicar seu livro e, bom, teoricamente ela estava prestes a conquistar seu objetivo, porque então ficar triste? Porque chorar?

Agora as duas estavam jogadas na cama de Demi, a TV estava ligada em algum programa que nenhuma das duas estava interessada em assistir, mas havia uma necessidade de algum barulho ser emitido, já que Demi não abrira a boca, a não ser para comer mais um pedaço da torta (que para sua surpresa estava boa), junto a uma bola de sorvete de creme que Camila trouxera. Caso a mãe de Demi a visse assim, comendo encima da cama, ela com certeza ficaria louca, esse era o lado bom de ter sua própria casa, você que faz as regras.
  Ok. – Camila resolveu incentivar a amiga, já que aparentemente respeitar o espaço dela não as levaria a lugar nenhum.   comece pela boa noticia.
  Geralmente as pessoas escolhem a ruim primeiro. – disse Demi sem muita empolgação.
 Gosto de ir contra a corrente.
 Eu sei. – suspirou.
 Então...?
 Encontrei o Sam hoje. – disse, se obrigando a sorrir.
 E ele disse que me ama? – brincou Camila, que fez com que Demi sorrisse de maneira mais verdadeira.
 Não, mas disse que amou meu livro. – falou contente, desta vez realmente contente.
– É claro que ele iria gostar. Ninguém pode se atrever a dizer que você não escreve bem. 
– Eu agradeço, mas sua opinião não conta muito. - riu. 
– Eu posso não ser amante dos livros, mas já li coisas que você escreveu e eram ótimas. 
– Não é por isso. - se explicou. – Você é amiga. Vai tentar me deixar feliz. 
– Demi. - Camila tocou no ombro da amiga. – Você por acaso esta me estranhando? Eu mentindo para te agradar? - riu e Demi acabou rindo junto. 
– Ah, você também não é tão cruel. 
– Porque nunca precisei ser cruel com você, mas eu acho que nossos anos de amizade já mostraram que não sou do tipo que mente pra agradar, na verdade desagradar é quase um prazer. -Demi riu. 
– Bom, ainda assim, sua opinião não é 100% valida nesse quesito. 
– Eu não gastei meu dinheiro comprando sorvete para você, para chegar aqui e escutar que minha opinião não importa. – brincou.
– Nem vem, você esta comendo a maior parte do pote. 
– Eu que comprei, eu tenho direitos. 
– Eu estou mais na fossa que você, eu também deveria ter direitos. 
– E eu sou sua amiga e vou te prevenir do diabetes. 
– Para de ser boba. - riu Demi. 
–  Você que disse. - deu de ombros. – mas e então, isso significa que ele vai te ajudar, não é? 
– Sim. - sorriu. – eu sinto que posso realizar meu sonho mais rápido do que eu imaginava. Ele tem influência nesse meio, ele pode me abrir portas que não se abririam tão cedo para mim. 
– Demi, isso é realmente ótimo, sério, eu fico tão feliz por você. - disse abraçando-a. – Eu realmente não entendo como você não esta explodindo por dentro. 
– Eu até estava a... Sei lá... Uma hora atrás. - seu sorriso desabou. 
– Hora de começar a parte ruim? 
–  É. - respondeu sem nenhuma empolgação. 
– Então...? 
– Assim que eu cheguei eu fui contar a notícia para o Joe. - começou. 
– E? 
–  Ele não estava com uma cara boa, ele parecia triste, mas sabe quando você sente que o problema é você?... Eu não consigo entender o que pode ter acontecido, eu juro que eu não fiz nada. 
– Demi, talvez não tenha sido por sua culpa, você não pode negar, Joe é estranho, não é tão fácil assim entender o que acontece na cabeça dele. 
– Não Camila, eu posso ainda não conhece-lo tão bem, mas eu sei o suficiente para perceber que ali tinha algo. 
– O que ele te fez? 
– Não quis me escutar, disse que queria ficar sozinho e fechou a porta. 
– Na sua cara? 
– Foi, mas sei que não foi por maldade, eu que não saia de lá mesmo. - sorriu fraco. – Eu ainda esperava que fosse algum tipo de brincadeira, sei lá. 
– O fato de você achar que ele ia fazer uma brincadeira mostra muito bem que você não o conhece tanto assim. 
– No fundo eu sei que não era, mas eu gostaria tanto que fosse que acabei me iludindo. 
– Entendo. Mas agora me diga, o que realmente está te deixando triste? O fato dele não ter te escutado ou fato de você gostar dele? 
              Gostar. Gostar parecia uma palavra arriscada, mas Demi tampouco sabia de outra palavra que se encaixasse melhor. 
–  Eu só não queria decepciona-lo. - sua voz ficou engasgada. 
– Você mal o conhece, Demi. 
 Eu sei, mas, ele já é importante para mim. - confessou.  Nós dois juntos é uma coisa quase que improvável, mas que está, ou estava, dando certo. 
– Talvez ele tenha percebido isso. - concluiu Camila. 
– Como assim? 
– Demi, ele não parece ser o tipo de cara que tenha tido muita experiência no amor, talvez ele tenha percebido que você não esta mais feliz só com a amizade dele e isso o assustou. 
– Mas... - Demi parou para assimilar melhor a ideia. – O olhar dele era de tristeza, não era como se ele tivesse se assustado comigo, mas sim que ele estivesse decepcionado.
– Tem certeza? 
– Tenho. 
– Demi, desculpe, mas eu não sei se isso vai dar certo. 
– Isso? 
– Vocês dois. - disse cuidadosa. – Vocês são de mundos diferentes, Demi, você mal o conhece. Talvez, esse seu "amor", na verdade só seja carência por estar longe de casa. - Demi não gostou do que havia escutado, mas poderia até ter sentido. 
– Eu gosto de estar junto a ele. Ele me faz bem. 
 Demi. - Camila olhava diretamente para seus olhos, que estavam começando a ficarem úmidos. – com ele você se sente protegida, como um pai lhe faria sentir, com ele você pode aprender, como uma mãe ensinaria, ele te faz companhia, como um irmão faria. -falou. – Nele você encontrou o que você não tem aqui. Família. 

Continua
Bom, como prometido, regressei hoje, ainda estou desenferrujando, então peço perdão caso tenha algum erro que acabei deixando passar ou que tenha alguma incoerência que eu não tenha percebido.
Espero que gostem.


Anônimo: Muito obrigada pelo carinho, mesmo após meu sumiço. Prometo fazer de tudo para não decepcionar. Obrigada por comentar. Espero que goste do capítulo. Bjsss 

3 comentários:

  1. Regressou! Que bom!
    Acho que tenho que reler a fanfic toda de novo...
    Mas continua! Por favor!

    Beijos.

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  2. Aeeeh ainda bem q voltou n guentava mais mulher u.u saudades desses dois :'( poste o mais rapido que puder bjs
    Obs: mesmo com tanto tempo longe vc n "perdeu" a mão *-* o capitulo ta perfeito.

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