sábado, 30 de agosto de 2014

11. Eu matei seu pai – The big Apple


Naquela noite eu chorei.
Chorei porque era o primeiro natal que eu passava seu meu pai, chorei porque eu estava sem meus irmãos, chorei porque eu estava sozinha, chorei porque por um momento eu me senti feliz, ao lado de Joe e sua família, mas agora eu estava aqui novamente, órfã e infeliz, sozinha em um apartamento grande demais para ser preenchido só por mim.

(...)

_ Hey, porque você não me acordou ontem? – perguntei, abraçando-o forte. Ele estava na sala, mexia em seu notebook, provavelmente passando as fotos que tirou para adicionar ao seu portfólio.
_ Com ontem você quis dizer hoje às seis da manhã? – perguntou, olhei-o e ele estava derrotado.
_ Você chegou a dormir? – perguntei, se ele chegou às 6 de amanhã e agora era 10, não havia muito tempo para uma dormida.
_ Eu tive o privilegio de dormir por preciosas duas horas antes de ser acordado pelo organizador da festa de ontem, exigindo as fotos paras às 11 de hoje no site. – respondeu claramente nervoso. _ Teria sido mais fácil se junto não viesse uma lista de pessoas que gostariam de receber um Photoshop. – eu ri. _ Está rindo porque não é você que tem que tirar rugas e peso de umas 120 pessoas diferentes. Ah! Tampar carecas também está na lista.
_ Seu eu soubesse mexer no Photoshop eu até te ajudava, mas eu só sei fazer aquelas montagens meio bregas, mas que até ficam legais. – e foi à vez de Nick rir.
_ Bom, já estou quase acabando, não precisa se preocupar. – falou.
_ Você comeu? – perguntei, parte porque eu estava preocupada com ele e parte porque eu estava com fome.
_ Não. – suspirou. _Será que Karla deixou algo?
_ Talvez. – respondi. _ Ela não está muito acostumada a deixar comida pronta, mas você pediu para ela deixar a ceia não pediu? – perguntei.
_Topa comer uma ceia as 10 da manhã? – perguntou um pouco mais humorado.
_ Comida é comida. – respondi. Quem disse que ceia só pode ser de noite? 
_ Você sabe esquentar? – perguntou.
_ É só esquentar mesmo? – perguntei.
_ Acho que sim. – respondeu. Então com essa resposta fui até a cozinha. Eu não sou lá o que se chama de negação para cozinhar, mas eu não sou uma boa cozinheira, eu fico entre o bom e o comível. Tive a sorte de ter dois homens na minha vida que sabem cozinhar bem e me pouparam de tal trabalho.
Perdi um deles.
Ou será que perdi os dois?

Para minha sorte Karla deixou tudo preparado apenas para que eu colocasse no forno ou no fogão, e melhor, ela deixou um bilhetinho em cada recipiente explicando o que faltava a fazer para que ficasse bom.
Peru, purê de batata, stuffing, gravy e uma salada verde fazia parte da refeição principal e como sobremesa ela deixou, um pote de vidro, com vários cookies em formato de arvore de natal. 
Comida demais para só duas pessoas, e boa demais para se recusar.

A comida demorou a ficar pronta, não me culpem, mas mesmo estando pré-cozido, o peru ainda demorou dentro do forno.

Quando tudo terminou, Nick já tinha terminado seu trabalho e pode sentar-se a mesa comigo.
_ Como que foi ontem à noite? – perguntou.
_ Foi legal.
_ Legal?
_ Passei com pessoas bem legais.
_ Você está sendo irônica? – perguntou e eu ri.
_ Não, eu não te contei na hora, mas antes de você sair eu pedi para que o Joe...
_Joe? – interrompeu-me.
_ O Joseph, o detetive, pedi para que ele viesse aqui...
_ Você pediu para ele vir aqui antes de eu sair? – interrompeu-me novamente.
_ Eu não tinha nada para fazer e eu quero terminar esse assunto logo, quanto mais trabalharmos para isso melhor e ele trouxe um monte de novos suspeitos...
_ E você passou o natal com ele?
_ Não, quer dizer, passei com ele e com a família dele. – Nick olhou-me inexpressivo. _ Eles são pessoas muito legais, e ele também é, ele parece ser um chato, mas ele me mostrou ontem que não é um cafajeste, ele tem um lado bem respeitoso dentro dele.
_ Tome cuidado Demi, você mal o conheceu e já está entrando assim na vida dele, isso não é certo, vai saber quem são essas pessoas.
_ Eles me trataram muito bem. – indaguei, Nicholas os conhecia menos que eu, como ele pode falar alguma coisa?
_ Eles sabem quem você é? – perguntou.
_ Como assim?
_ De onde você veio, quem é sua família?
_ Nós preferimos manter o assunto ‘família’ fora da conversa.
_ Por quê?
_ Porque eu os disse que sou órfã... A mãe dele perguntou sobre meus pais e eu respondi que haviam morrido.
_ Sem nomes?
_ Não acho necessário dizer de quem eu sou filha a todo tempo, todo mundo sempre sabe quem eu sou, talvez eles saibam só preferiram não demonstrar.
_ Que seja, só tome cuidado, não se ponha em risco atoa.
_ Eu não estou me pondo em risco, você que está exagerando.
_ Eu não estou exagerando. – defendeu-se.
_ Agindo assim? Achando que vão o que? Me matar? Isso é exagero, eu não sou uma criança, não precisa ficar cuidado de mim como uma.
_ Pois eu tenho que cuidar de você sim, desde que Eddie morreu, você começou a agir como uma criança impulsiva, sem medir as suas ações nem as suas consequências.
_ Nicholas, eu não estou desiquilibrada, eu só quero saber o que aconteceu de verdade.
_ Eu sei, e eu já disse que estou de acordo com que você encontre a verdade, mas isso não significa que você tem que se separar daqueles que realmente se importam com você e se juntar com quem você nem mesmo se importa.
_ Do que você está falando?
_ Você podia ter deixado esse cara cuidar de tudo ou contratado outro alguém, ido com a sua família para a praia, ou então ter ficado com Logan, me diga, você ligou para seus irmãos para saber como eles estão? – não.
_ Porque você está fazendo isso?
_ Eu não estou fazendo nada Demi, você que está, procure pela verdade, mas não se esqueça que não foi só você que perdeu alguém. – suspirei.
_ Eu vou ligar para eles mais tarde. – respondi, Nicholas suspirou insatisfeito.
_ E Logan?
_ Ele que desapareceu, eu não tenho culpa se ele quis se afastar, e eu também pretendo procura-lo.
_ Mais tarde? – perguntou.
_ Você quer que eu saia agora então? – Perguntei nervosa.
_ Não, eu só não quero que esse “mais tarde” se transforme em um “nunca”.
_ Você acha que eu não amo meus irmãos?
_ Eu não tenho duvida que você os ama, só não se esqueça disso. – falou. Eu não esqueci – eu queria dizer, mas no fundo, mesmo que eu não quisesse aceitar e ainda achasse que ele estava exagerando um pouco, ele tem razão, desde que Lara levou meus irmãos para a casa da praia eu não os liguei, mesmo que eu sentisse falta deles eu não os procurei em nenhum momento e com Logan estava sendo o mesmo, reclamava porque ele não me procurava, mas eu tampouco o procurei também. Talvez a morte do meu pai tenha me deixado egoísta... Bom, talvez eu tenha me deixado egoísta...

(...)

Já era quase seis da tarde quando vi o prédio em que Logan mora apontar no horizonte.
Logan não mora muito longe, 14 minutos de carro é o suficiente para eu chegar ao bairro boêmio, East Village.
Logan sempre viveu por ali, pelo menos desde que saiu da casa dos pais. Sempre gostou da movimentação do local. Na sua época mais festeira, quase sempre saiamos para algum barzinho por ali. Bons tempos.

Seu prédio é um típico prédio de arquitetura nova-iorquina, pequenos prédios de tijolinhos marrons (apesar de que no prédio de Logan eles serem vividamente vermelhos) que disputam a atenção do turista com os grandes prédios espelhados e de metais.
Como é feriado e grande parte das pessoas acaba indo para o interior, rapidamente consegui estacionar o carro, olhei para o terceiro andar, onde ele mora, e vi luz acesa, se ele foi passar a véspera de natal com a família, chegou rápido.
 Subi até o seu andar pela escada, eu poderia ter encarado o velho elevador, daquele de grade que fecha manualmente, mas preferi ir a pé, não por medo, mas para que eu tivesse mais tempo para pensar, o que eu iria dizer? Oi, você desapareceu, eu não te procurei, mas estou aqui, pois acho que você está errado em não me procurar.

Bati na porta e não demorou muito para que eu escutasse o barulho das chaves virando, será que ele estava esperando alguém? Será o motivo de ele ter se afastado de mim é porque tem outra?
Todas as minhas conspirações de noiva neurótica foi por água abaixo quando ele abriu a porta.
Barba por fazer, olhos inchados – como de quem não dorme há tempo ou de quem chorou demais – cabelo desgrenhado, vestia apenas uma cueca samba-canção, parecia mais magro. O que tinha acontecido com ele? Não havia nem passado uma semana direito.
_ Ah. – disse decepcionado. _ você.
_ Logan, o que esta acontecendo. – ele não disse nada, apenas se virou, deixando a porta aberta para que eu pudesse entrar.
Se ele estava mal, nem sei como descrever seu apartamento, que antes sempre foi organizado e super bem cuidado e agora se via lixo no chão, objetos caídos, folhas rasgadas, jornais intocados espalhados por toda a parte.
Logan se sentou no seu sofá, que tinha um rasgo imenso em seu estofo, deixando que a espuma aparecesse. Como aquele rasgo apareceu? O sofá é novo – ou era – Logan não tem nenhum animal que pudesse estragar seus moveis...
_ Logan
_ Não. – interrompeu-me. _ Eu sei. – eu estava de pé em sua frente, mas ele não olhava para mim, apenas para o chão.
_ Sabe do que Logan?
_ Você sabe, não sabe?
_ Logan, você está bem? Você está usando alguma coisa? – talvez fossem drogas, nunca pensei que ele usaria, mas vai que ele tenha se tornado um drogado e esteja se perdendo por isso.
Ele levantou apressado, quase me empurrando, foi para trás do sofá, seu olhar estava assustado, não me atrevi a chegar perto. Eu não sabia o que estava acontecendo com ele, mas eu posso afirmar que ele não está bem.
_ Desculpa Demetria. – Demetria?
_ Pelo amor de Deus, Logan, o que está acontecendo?
_ Eu sou um monstro.
_ Pare de me enrolar, o que aconteceu?
_ Eu, Demetria, fui eu. – disse aterrorizado, como se tentasse convencer não só a mim, de que ele é culpado por algo, mas a ele também.
_ Você?
_ Eu matei seu pai.

Continua

Próxima postagem será na sexta-feira. Responderei aos comentários no próximo capítulo. 

sábado, 16 de agosto de 2014

10. Estou Ferrado – The Big Apple


 capitulo especialmente dedicado ao nosso Joe Jonas, pelos seu aniversario foi ontem mais o que vale é a intenção  parabéns pelos seus 25 aninhos Joseph Adam Jonas!!!! 




Eu não sabia como Demetria reagiria a minha casa e família, sem duvidas seria bem diferente do que ela é acostumada, ela vive em um apartamento de luxo, a mesa em sua sala provavelmente cabe um banquete de natal com comidas refinadas, e os presentes que ela troca entre familiares devem ser mais caros que meu carro. Ainda me surpreendo dela não ter hesitado ao ver meu carro, um Volvo V70 de segunda mão, sendo que os carros em sua garagem eram de Jeep Grand Cherokee pra cima.
Não falamos muito no caminho, a não ser ela, que parecia bem preocupada. Perguntava de diferentes maneiras a mesma pergunta: “Será que seus pais não vão achar ruim de eu ir?”, “Você avisou para seus pais, ele podem não gostar da minha presença”, “Eu não trouxe nada para sua família, será que eles não vão me achar uma folgada?” e “Se você perceber que eles não gostaram de mim, me dá um sinal que eu saio ok?” e tudo o que eu pude dizer foi: “Sim” “Avisei” “Eles vão gostar de você” “Tá”.
Assim que parei o carro na frente de minha casa, suspirei, olhei-a e ela sorriu para mim, meio tímida e tensa. Ela estava bem simples, bem mais do que quando eu a vi pela primeira vez, mas também, ela deixou que eu determinasse o que seria apropriado para se vestir, e sinceramente? Eu não sou lá muito ligado em moda, para mim ela estava bem quando eu cheguei, no final ela pôs uma calça jeans preta, com uma bota cano longo com um salto, não muito alto, e trocou a blusa de lã por um casaco de couro, que ela me garantiu ser falso, não que eu me importe muito com isso, mas ela disse que nunca compraria um de pele real, grandes coisas, não duvido nada que come todo tipo de animal que lhe apresentarem – pensei no momento. Ela havia deixado seus cabelos loiros soltos, eles pareciam particularmente bonitos hoje, sei lá, parecia ter um brilho que não tinha antes, será que foi uma hidratação? É isso que mulheres fazem pra deixar o cabelo bonito, não é?
_ Pronta? – perguntei.
_ Sim. – respondeu. Desliguei o carro, sem coloca-lo na garagem, se Demetria quisesse ir embora, eu não a impediria. Saímos do carro quase que sincronicamente.
Abri a porta de casa e fui recebido pela minha mãe, que logo me abraçou, não percebendo a presença da Demi atrás de mim.
_ Não se atreva a sair numa véspera de natal como essa, nunca mais, olha a geada que está caindo! – xingou-me, nem parecia a mesma que estava me dando abraços tão apertados momentos atrás.
_ Mãe – tentei interrompe-la.
_ E que roupa é essa? Você não saiu com essa roupa daqui.
_ Mãe, mãe, por favor...
_ O que foi menino? E esse cabelo? Que cabelo é esse? – eu não podia ver Demetria atrás de mim, mas eu sabia que ela estava rindo nesse momento. Tentei desvencilhar do abraço de minha mãe e me virei para que ela pudesse perceber Demetria atrás de mim. _oh. – pareceu surpreendida.
_ Mãe, essa é Demetria. – falei. Ela olhou para mim e no mesmo instante eu percebi o que ela queria dizer “Como você trás uma pessoa, pessoa não, uma garota para cá, sem me avisar?” Logo depois ela deu um sorriso a Demetria, ajeitou seu avental e foi até a Demetria para abraça-la, e foi correspondida.
_ Muito prazer te conhecer. – disse após abraça-la, e começou a segurar sua mão. _ Você é uma garota muito bonita. – disse e olhou para mim. “Ah não mãe, não é isso”.
_ Muito obrigada. – disse Demetria gentil. _ É um prazer lhe conhecer também.
_ Vamos, entre, a casa não está muito arrumada, Joe não me avisou com antecedência que você vinha, mil desculpas... – continuou segurando a mão de Demetria e guiando-a para dentro de casa, como se fossem melhores amigas, ou pior (e o que pelo jeito minha mãe pensa que é) como se fossem sogra e cunhada.

Deixei que minha mãe e Demetria se conhecessem sem atrapalhar.

_ Onde está Selena? – perguntei a meu pai, que encontrei na sala, ele estava terminando de ajeitar os presentes debaixo da arvore.
_ Está ajudando sua mãe na cozinha. – respondeu, mas continuou me olhando com cara estranha. _ Que cabelo é esse? – Será que todo mundo vai falar do meu cabelo?
_ Longa história.
_ Você vai tirar foto da família assim? – perguntou.
_ Eu vou ver se dou um jeito nisso. – falei apontando para minha cabeça. Ele riu.
_ Espero que esse penteado não tenha sido muito caro.
_ Eu não fui a um salão pai.
_ Hum. – e riu novamente.
_ Que saco em pai? – reclamei o que o fez rir mais ainda. Deixei-o sozinho e fui em direção do meu quarto, mas antes fui interceptado por Selena que saiu da cozinha exasperada.
_Quem é ess... – parou e olhou-me.
_ Longa história. – falei ao perceber seu olhar para meu cabelo. _ E aquela é Demetria.
_ Eu sei o nome dela, mamãe fez questão de repetir isso vezes o suficiente. – sussurrou, pois estávamos perto da porta da cozinha (onde que parece que Demetria e minha mãe estavam). _ Você está namorando? – perguntou ao ver que eu não iria falar mais nada.
_ Não!
_ Pois então é melhor você esclarecer as coisas para mamãe. – revirei os olhos. _ mas espere até o final do natal. – falou. _ Ela parece bem feliz com a possibilidade de você ter tomado jeito na vida.
_Ah que ótimo. – falei me arrependendo de ter convidado Demetria.
_ Ela é a tal cliente? – perguntou.
_É.
_ Parece uma patricinha com esse cabelo de Barbie.
_ Ela não é patricinha.
_ Vai defender ela vai? – perguntou.
_ Eu só não acho que ela seja chata, você vai poder conhecer ela durante esse jantar e vai ver isso... E vocês poderiam se dar bem juntas, ela faz moda. – falei.
_ E?
_ Papai me falou que você irá fazer um curso, se você gostar você poderá fazer faculdade de moda e ela poderá te dar várias dicas legais. – Selena apenas olhou para o chão,  ela não estava tão feliz assim, e eu sabia qual era o motivo, ela pode até fazer moda, mas o ela nunca desistirá de fazer modelagem.
_ É. – deu de ombros. _ Talvez... Mas eu prefiro que você vá arrumar esse cabelo, porque você tá horrível.
_ Isso é inveja do meu cabelo. – brinquei.
_ Depois reclama se eu te amo de Joana. – e riu.
_ HAHA engraçadinha, entra pro circo. – falei e comecei a ir para meu quarto, antes que eu fosse obrigado a escutar mais alguma piadinha.
_ Você vai rir disso quando chegar a seu quarto. – escutei-a gritando atrás de mim.
É. Talvez eu ria.
É. Talvez eu tenha rido.

Eu não sabia o que fazer. Molhar o cabelo de novo? Nesse frio?
Troquei de roupa e coloquei uma calça de moletom Ecko que já tenho a tanto tempo, mas que é confortável demais para se parar de usar, fora que não tem nenhum rasgo, só está com o preto meio desbotado, coloquei uma camiseta de pijama (sei que esse jantar vai terminar tarde e colocando a camiseta do pijama eu economizo tempo no final da noite), e para não fazer feio com Demetria, coloquei uma blusa de moletom fechada cinza por cima. Para completar eu coloquei uma toca preta, pois assim disfarçaria o meu cabelo à lá Emo.

(...)

_ Joe! Porque você está vestido assim? – sussurrou perto de mim, ela, Selena e, por incrível que parece, Demetria, estavam a por a mesa, cheia de comida tipicamente natalina, tanto dos Estados Unidos, quanto da Inglaterra.
_ Qual é o problema da minha roupa?
_ Isso não é roupa que se use hoje. – olhei para meu pai com um chinelo de dedo, e uma blusa de lã vinho e verde com um veado em branco no meio; Selena, assim como eu, usava uma calça de moletom e uma blusa de pijama, (eu pelo menos tinha me preocupado em colocar uma blusa encima do pijama), e minha mãe estava como sempre, um vestidinho, sempre com estampas delicadas, agora ela tinha tirado o avental.
_ Eu não vejo nenhum problema em usar essa roupa. – falei.
_ Temos visita. Visita que você trouxe.  
_ Serio isso mãe? É Natal, estamos em família. – falei e me arrependi quando vi seu sorriso brilhante (ela levou isso para um lado que não deveria). _ Tudo bem que tem a Demetria, mas ela não liga pra isso.
_ É. Demi é realmente uma ótima garota. – sorriu e se sentou a mesa.
_ Demi?
_ É. – sorriu. _ Demi. – repetiu. Minha mãe tinha conhecido ela há 20 minutos e já estava chamando-a de Demi? 
A mesa redonda da casa tinha seis cadeiras, cada um se sentou e eu fiquei entre me sentar ao lado de Selena e Demetria.
_ Desculpe-me pelo seu cabelo. – sussurrou Demetria
_ Sem problemas. – sorri e ela me correspondeu.

Fizemos uma oração e começamos a comer, minha mãe toda hora conversava com Demetria. Perguntava se estava gostando da comida, e ela, como sempre muito educada, respondia que sim. O que era a mais pura verdade, minha mãe cozinha maravilhosamente bem, e em épocas festivas, como as do final do ano, ela capricha ainda mais.
_ Sua família não se incomoda com você esta passando o natal aqui sem eles? – perguntou.
_ Minha madrasta e meus irmãos foram passar o natal na casa de praia da família.
_ Mas e sua mãe e seu pai?
_ Mãe. – reclamei, será que ela podia ser menos inconveniente?
_ O que foi Joe? – perguntou desentendida.
_ Está tudo bem. – falou Demetria ao meu lado.
_ Meus pais já faleceram. – respondeu e deu um sorriso fraco logo depois, eu percebi que seus olhos encheram de lágrimas, mas ela segurou e apenas continuou a sorrir, enquanto minha mãe se desculpava pela garfe. _ Não tem problema Denise, você não sabia disso, não precisa se desculpar. – respondeu.
_ Você tem casa de praia é? – perguntou Selena, interrompendo a lamentação. Mas sem duvidas eu preferia a lamentação à Selena provocando. _ Você também tem casa de campo? – seu tom era completamente provocativo, como se ela mesma não fosse ter casas espalhadas por todo lugar se tivesse o dinheiro que a família da Demi, digo, Demetria, tem.
_ Não, mas temos uma fazenda no Texas, quase não usamos, meio que ficou só dos empregados mesmo. – respondeu inocente.
_ Tanta gente aí sem casa né.
_ Selena. – exaltei-me.
_ Ela tem razão Joseph, existe muita gente sem casa.  Mas também não é assim, nós pagamos pela casa e existem empregados que moram lá, nós abrigamos eles na nossa casa e ainda pagamos por isso.
_ Viu Selena. – falei. _ Não fala o que não sabe.
_ Desculpe, eu não tive a intenção... – começou Demetria.
_ Que isso, a Selena que tem que saber a ter respeito com os outros. – falou minha mãe. O clima ficou meio ruim depois dessa, mas logo tudo melhorou, meu pai estava estranhamente bem humorado, e, aparentemente, a mistura de piadas ruins com um vinho meia boca termina com um bando de adultos rindo como crianças.

Jantamos e comemos a sobremesa umas três vezes, até que estávamos cheios demais até para respirar fundo, conversamos sobre assuntos variáveis, mas o tópico “pais ou família de Demetria” foi respeitado, apenas quando Nicholas ligou que o assunto resurgiu um pouco, mas tudo sobre ela e a relação com seu primo, nada de pais ou madrastas.

_ Vamos lá, todos aqui para a foto da família. – disse meu pai, a câmera, que compramos já faz uns três anos, estava no pedestal, minha mãe, eu e Selena já estamos posicionados em nossos lugares tradicionais ao lado da arvore de natal. Fazemos isso todos os anos no natal, desde que nasci temos fotos na mesma posição, salvo a penas as duas primeiras, que tirei no colo da minha mãe. Temos um álbum na qual colocamos todas as fotos, não sei exatamente o porque disso ter começado, mas nunca reclamei, era até legal ver nossa evolução como família.
Demetria ficou no canto da sala, apenas nos vendo organizarmos. Ela parecia feliz, ou talvez bêbada demais para ficar triste, mas talvez seja a primeira, bebemos bastante vinho, mas ninguém tinha pagado mico nem mesmo caído do nada, então significa que, as coisas podem até está meio que rodando, mas não estamos tão bêbados assim.
_ Vem Demi. – chamou minha mãe. Demetria apenas fez que não com a cabeça.
_ Vem logo garota. – meu pai a puxou.
_ Mas a foto é da família.
_ E você é família agora. – engoli o seco.
_ Pai, não.
_ Pare de falar e sorria para a câmera. – disse se colocando ao lado de minha mãe e quase que jogando Demetria ao meu lado. Selena me olhou com o um olhar nada satisfeito e eu podia sentir o olhar apreensivo de Demetria. Calei-me e apenas sorri.
Bip. Bip. Bip. Flash.

(...)


Já era quase duas da manhã quando Demetria quis ir embora, minha mãe falou que era cedo, meu pai pediu para que ela dormisse em nossa casa (provavelmente no meu quarto, enquanto eu passaria a noite no sofá), já Selena... Bom, Selena é a Selena, não parece ter se dado muito bem com Demetria no começo, mas depois ambas até trocaram algumas palavras, sem nenhuma briga nem indireta, o que foi um alivio.

_ Eu adorei te conhecer Demi. – falou minha mãe a abraçando. _ Venha mais vezes, trás seu primo também, ele parece ser um bom rapaz. – falou.
_ Claro Denise. – sorriu. _ Basta Joseph me convidar.
_ Pois ele vai convidar sim. – falou, já como se estivesse me dando uma ordem. Demetria sorriu e olhou-me de canto. _ Cuide bem dela Joseph, me avise quando chegar a sua casa. – falou.
_ Muito obrigada. – sorriu. _ Irei lhe avisar sim.
_Bom, vamos, porque essa despedida já durou tempo demais. – falei. Meu pai e Selena tinham sido bem mais rápidos nesse ponto.
_ Pare de ser chato Joe. – reclamou minha mãe e Demetria riu a vontade, levando a minha mãe a fazer o mesmo. Essas duas juntas não é o que eu chamo de boa ideia.
_ Ele tem razão, já está tarde, é melhor eu ir e deixar vocês descansarem.
_ Nem estou cansada.
_ Mas ela esta certa. Você trabalhou o dia inteiro. – falei, minha mãe suspirou.
_ Bom, então vá, mas não se esqueça de me ligar, nem de voltar. – mais um abraço.

(...)

_ Muito obrigada pelo jantar. – falou, já estávamos a um quarteirão de seu apartamento.
_ Muito obrigada por ter sido tão legal.
_ Que foi? Pensou que ia dar uma de patricinha rica na sua casa? – perguntou risonha.
_ Bom... Era uma possibilidade. – respondi com medo dela se sentir ofendida, mas na rápida mirada que dei a ela não senti que ela ficou mal por isso.
_ Você não me conhece tanto assim, eu não sou mimadinha, talvez um pouco mimada, mas eu sei me comportar bem. – falou.
_ Eu aprendi isso hoje. – falei.
_ Isso ajudará muito nesse nosso caso.
_ Pois é.
_ Nicholas vai rir muito e ficar muito bravo quando eu lhe contar sobre o jantar.
_ Porque? – perguntei. O prédio dela já estava a nossa vista, mas por algum motivo eu não queria que estivesse, passei grande parte do dia com ela e não pareceu o suficiente.
_ Ele vai rir porque você não é esse garanhão todo...
_ O que? –perguntei e ela riu.
_ Calma. – riu mais um pouco. _ É que desde o nosso primeiro encontro você se mostrou ser um tarado, só me respeitou por causa do meu noivo, mas nem mesmo minha madrasta você perdoou. – falou. _ E o Nicholas não gostou muito disso, mas você não é isso. – falou, estacionei na porta de seu prédio, mas ela nem pareceu perceber, continuou a falar. _ Você tem uma família linda e trata seus pais e sua irmã bem, você é gentil, você só não gosta de mostrar isso geralmente. – falou. Fiquei em silêncio por um tempo, sem saber o que dizer. Talvez ela tivesse razão.
_ E porque ele ficaria nervoso?
_ Porque você foi um dos que mais bebeu vinho e agora vem me dirigir até em casa, eu poderia ter sofrido um acidente. – eu ri.
_ Sou um ótimo motorista, vendo em dobro então, ninguém me segura. – rimos.
_ Tem certeza que se arisca a voltar? Na hora que o Nicholas voltar pode te levar, ele provavelmente não bebeu. – perguntou.
_ Não precisa, eu estou lucido o suficiente. –respondi.
_ Bom, vou ser obrigada a fazer o mesmo que sua mãe então e lhe obrigar a mandar uma mensagem quando chegar em sua casa.
_ Se eu lembrar. – respondi.
_ Que bonito da sua parte. – ri fraco e nos silenciamos, ela olhou para fora e sem muito entusiasmo.
_   Muito obrigada pelo dia de hoje. – disse por fim e saiu sem dizer mais nada, estranhei, pensei que teríamos uma despedida mais... Mais... Não sei, não era essa que eu estava esperando. Acho que um ‘tchau’ ou um ‘Até logo’ não faria mal depois do dia que tivemos.

 Esperei até que ela tivesse entrado totalmente em seu prédio antes de dar partida ao carro.

(...)

Quando cheguei em casa Selena já estava sem seu quarto, meu pai e minha mãe estavam terminando de arrumar a cozinha.
_ Boa noite pai, boa noite mãe. – falei.
_ Boa noite filho. – respondeu meu pai.
_ Adorei a garota filho. –falou minha mãe.
_ Você sabe que ela não é minha namorada, não sabe? – perguntei, ela deu um sorriso triste.
_ Sei, mas eu ficaria muito feliz que fosse. – respondeu. Eu fiquei parado sem saber o que dizer, não sabia que minha mãe queria que eu arranjasse uma namorada. _ Tenha uma boa noite meu filho. – falou. Eu apenas sorri e fui para meu quarto.
Tirei a blusa de frio, o sapato e a toca, ficando com a calça e a blusa do pijama. Deitei-me em minha cama e mandei a mensagem a Demetria.
“Cheguei, são e salvo.” – escrevi. Não demorou muito para receber uma resposta.
“Você lembrou de mim *-*” – eu ri sozinho.
“Nah, você lembrou-se da minha mãe?”
“Claro que lembrei.”
“Boa noite então”
“Boa noite Joseph”
“Aqui, já que estamos virando amigos, você pode me chamar de Joe, caso queira”.
“Tudo bem Joe, você tem meu alvará para me chamar de Demi.”
“Isso era tudo o que eu queria.” – respondi.
“Não há duvidas de que era.” – respondeu e a conversa terminou conversa aí.

No escuro, olhando para o teto eu comecei a pensar no dia de hoje. E naquele momento percebi que estava ferrado. Eu tinha gostado muito de ficar ao lado da Demi, e eu estava sentindo falta dela, pior, talvez eu tenha gostado um pouco dela. É. Estou ferrado.

Continua

Demorei mais que o necessário para postar, mas tenho bons e maus motivos, os bons é o de sempre, escola e cursos, o mau é que o meu tempo livre fiquei votando nessas premiações que a Demi está participando e isso além de esta tirando uma boa parte do meu tempo, está me fazendo raiva, já que ela esta perdendo quase todas :\
em falar em votar, quem tem twitter ou instagram ajuda ela aí nessa votação: http://www.mtv.com/ontv/vma/2014/best-lyric-video/ ela está super querendo ganhar e nada melhor que nós darmos isso a ela de presente de aniversario né?
Bom, aqui está o capítulo espero que tenham gostado, era para ter sido postado ontem, já que foi o aniversario do Joe, mas mesmo tendo passado, o capítulo fica em homenagem a ele. Vou tentar postar no dia do da Demi também, mas também n sei como vai ser.
Bjsssss

A Lenda de Flogside: Muito obrigada, fico feliz que esteja gostando, espero não decepcionar, já que é minha primeira história escrita nesse gênero. Muito obrigada por comentar. Bjsss
Kika: bom, nos próximo dois capítulos você poderá tirar ainda mais conclusões, novas hipóteses serão apresentadas. Espero que tenha gostado do capítulo, muito obrigada por comentar. Bjsss
Gi Galan: Divulgado.
Fabíola: kkkkkkk bom, vai saber quem é o assassino, se houve um assassino, claro. Muito obrigada por comentar. Bjsss
Carine: kkkkkk ok, ele foi bem fofo mesmo, pelo jeito nosso garanhão também ficou com pena dela e a convidou para o natal na família. E calma muié, seu desejo foi atendido kkkkkkkkk. Muito obrigada por comentar. Bjssss
Anômimo: Fico muito feliz em saber que você gosta das minhas fics. Muito obrigada por comentar. Bjsss