segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

25. Que seja assim e 26. Quem manda – The Big Apple

25. Que seja assim – The Big Apple

Acordar após a noite que tive foi incrível. Eu nunca pensei que iria sentir o que eu senti com Demi, poderia muito bem ter sido só sexo, mas não, ela não tinha sido como as outras que passaram por minha vida. É estranho e bem clichê, mas algo a mais acontecera debaixo daqueles edredons. Algo muito maior que apenas um sexo por diversão.
E o problema é exatamente esse.
Se antes eu já me sentia agarrado a ela. Agora está bem pior.  
_ Hey, você acordou. – ela apareceu na porta do quarto, ela vestia uma calça jeans clara e um moletom maior que ela, o que a deixou... Fofa... Pois é, acabo de pensar na noite quente que tive com ela e ela vem toda fofa. Como te entender Demetria?
_ Acordei, e você não estava do meu lado. – falei, fazendo bico, fingindo decepção. Ela deu uma risada fraca, olhou para o chão, tímida, mas logo retornou o olhar para cima, porém, nesse exato momento percebi que algo estava errado. Levantei-me.
_ Fui até a praia um pouco. – suspirou. _ pensar... – concluiu. Fui até a ela, e vi seus olhos vermelhos.
_ O que está acontecendo? Você está bem? – perguntei preocupado. Será que eu tinha feito algo errado? Será que ela está chorando de arrependimento? Ela deu um sorriso fraco que saiu tão forçado que meu coração até mesmo doeu. Ela não estava nada bem, e eu podia ser culpado pela tristeza dela.
_ Não é nada. – falou. Segurei em suas mãos.
_ Você está arrependida? – perguntei, ela pareceu parar para pensar.
_ Não é isso Joe, é... É o lugar. – olhou em volta. _ Ontem parecia que tudo estava tão bem, mas... Mas hoje, acordar, olhar pra fora... Foi uma lembrança atrás da outra. Foi como se meu cérebro estivesse esperando que eu vesse meu pai lá na cozinha, todo mundo esperando por um café da manhã preparado por ele, e todos sabendo que logo após nós iriamos pra praia, passar um dia brincando... Perceber que não, foi meio que um choque. Eu estou enchendo minha cabeça com tanta coisa que... Nem mesmo passei pelo luto direito, eu... Eu nem mesmo me toquei que meu pai morreu... Eu... Eu. –ela começara a chorar e eu fiquei sem reação, ela parecia estar sentindo uma dor inexplicável, e não é por menos, ela perdera o pai. Tentei abraça-la, e por um momento ela deixou, mas logo começou a me afastar. _ Eu... Vou tomar um banho. – disse aos soluços. _ Você pode andar por aí. – saiu sem nem mesmo me dar uma chance de resposta. Não que eu tivesse uma.

Sem ter o que fazer, e com Demi demorando demais no banho, se é que ela realmente foi apenas tomar um banho, após passar pela cozinha e atacar a fruteira, comecei a andar pela casa.
Eu não tinha percebido ontem à noite como a casa era grande, bem maior que a cobertura em que ela vive e com um numero desnecessário de quartos.
Quando fiz o caminho de volta, percebi algo que não tinha antes, um dos quartos não era exatamente um quarto, mas sim um escritório, pelo jeito o pai de Demi não tinha um real descanso nem em uma praia como essa.
Quase que por instinto entrei no escritório, eu não esperava encontrar grande coisa, para falar a verdade, não parecia que eu encontraria grandes coisas por lá. O escritório é quase igual o da cobertura, as mudanças ficam com os títulos do livro na estante e a grande janela aberta atrás da grande mesa em qual ele se sentava, isso deixava o ambiente bem mais iluminado e calmo.
Olhando tudo parecia estar em seu devido lugar, provavelmente quem cuida dessa casa, mesmo na ausência dos donos, são bem organizados. Senti-me na cadeira que ele deveria sentar, e surpreendi-me com seu conforto. Em cima da mesa, além de seu computador, que estava desligado, só havia um envelope preto, pude ler seu nome escrito em uma letra bonita prateada na parte de trás. Provavelmente deveria ser um convite, talvez de um casamento ou algo assim. Por curiosidade, peguei o envelope que tinha sido já aberto.
Talvez fosse o destino mostrando que eu ainda deveria ter esperança, me mostrando que eu talvez eu estivesse seguindo o caminho certo, me colocando novamente na rota.
Dia 16 de novembro, data da festa de aniversario de Wilmer Valderrama. Um dos maiores suspeitos. Aniversario dele um mês antes da morte de Eddie. A arma que Logan comprou, poderia muito bem ter sido para dar um presente a Wilmer. A história fechava. Agora só faltava investigar os fatos.

Corri para o quarto de Demi e a encontrei terminando de colocar um casaco, que parecia meio masculino e grande demais nela, logo percebi que se tratava, provavelmente, de um casaco de Eddie. Ela se assustou com minha entrada desesperada.
_ Demi. Eu tenho uma nova pista, e eu acho que você vai gostar.



(...)


Aos poucos Demi pareceu melhorar, ela segurava o casaco de Eddie que pegara na casa de praia, como se o casaco fosse protege-la, eu queria falar com ela, mas nós não sabíamos tão bem como agir dentro do carro. E agora? Acabou? Passamos uma noite juntos, transamos e...? Seria assim? Ela voltaria para o noivo e eu para... Casa dos meus pais? Agora era a minha vez de ficar mal.


_ Eu juro que eu te conto tudo, eu vou gravar no meu celular.
_ Mas eu quero entrar. – disse. Estávamos os dois no estacionamento do prédio em que Wilmer trabalha.
_ Ele não vai crer que sou da policia se você entrar junto.
_ Então não fale que você é da policia, você não é policial.
_ Mas para fazer um questionamento a ele, sem que isso envolva um pedido judicial ou advogado do lado, eu tenho que ser policial.
_ Mas eu quero ir. – bateu o pé.
_ Tá, tá, tá. – concordei já irritado. Não teria jeito de eu convence-la a esperar no carro. _ Mas só hoje e nunca mais.
_ Mas quando eu te contratei eu falei que queria acompanhar a investigação de perto. – reclamou.
_ Eu sei, mas o seu de perto não deveria ser tão perto. Isso pode atrapalhar tudo.
_ Mas você concordou.
_ Se eu estivesse fazendo meu trabalho do jeito que eu costumo fazer, você só me veria duas vezes: No dia da contratação e no dia que você me pagar após eu lhe entregar o resultado. Você saber os nomes de suspeitos e fato de eu estar disposto a te mostrar todas as gravações que eu fizer só mostra que eu estou te incluindo na investigação. – exaltei-me um pouco.
_ Mas isso não basta para mim.
_ Por hoje eu deixo passar, mas a partir das próximas, o meu jeito de te incluir, vai ter que te bastar.  
_ Sabe, você já foi bem mais legal. – reclamou.
_ Bom, muita coisa mudou.
_ Eu sei, muita coisa mudou! Principalmente depois que você entrou na minha vida!
_ Ah, me desculpe ok? Já que pelo jeito a culpa é minha. – é, agora estávamos brigando.
_ Talvez seja, se você não fosse tão... Tão... – ela parecia estar tendo muita dificuldade para terminar a frase ou talvez estive se censurando para não falar alguma besteira. _ Nós mal nos conhecemos, e... Eu transei com você ontem! Eu nem mesmo sei onde eu estava com a cabeça. – exasperou.
_ Você talvez não saiba, mas eu sei exatamente onde eu estava com a minha. – ela olhou-me assustada. É, eu tinha falado merda. Mas por incrível que pareça, ao invés de ficar mais brava ela começou a rir.
_ Mas que merda Joe. Você poderia ser menos insensível. – falou, assim que ela se recuperou da crise de riso, eu acabei relaxando e rindo também.
_ Eu não sou insensível, eu estou falando a verdade. E se você quer saber mais, eu não me arrependo dessa noite que tivemos, foi a melhor que eu já tive. – acabei liberando tudo. Ela olhou para frente, fitando a vaga a nossa frente, vazia. Naquele momento senti que tinha falado demais e arrependi-me.
_ Essa noite que tivemos. – falava baixo, quase que não a escutei direito. _ me fez repensar muito sobre minha relação com Logan. – concluiu.
_ E qual é o seu pensamento final?
_ Eu pensei em terminar com ele, mas... – claro que teria um ‘mas’, sempre tem que ter um ‘mas’, _ eu tenho uma relação com ele, uma relação de anos, eu estou noiva dele, eu não posso larga-lo por algo indeterminado. Eu não posso me separar dele se for só transas ocasionais, se for para me separar, eu quero ter a segurança que terei você a meu lado, mas seriamente ao meu lado, eu quero poder confiar que você terá olhos apenas para mim, assim como o Logan tem para mim. – fiquei meio surpreso com sua proposta. Então era assim, ela se separava de Logan no momento em que eu prometesse ser seu namorado, o namorado mais fiel possível, mas e ela? Eu realmente poderia confiar nela? Se ela esta traindo Logan por mim, quem pode me dar 100% de certeza que eu não serei traído também? Ela?
_ Eu gosto de você, gosto até demais para falar a verdade e sinceramente? Isso me irrita muito, eu não deveria ter esse tipo de sentimento por você.
_ E porque não?
_ Porque isso me faz querer ter um relacionamento com você e eu não posso. – fui sincero, eu queria ser o namorado de Demi, queria poder chama-la de minha, queria poder sair de mãos dadas com ela sem medo de ser reconhecido, e sem temer as consequências negativas que isso nos causaria. Mas eu também queria tê-la sabendo que ela realmente seria minha, que ela não me trairia com nenhum outro.
_ Eu me separo do Logan e nós poderemos... – começou a dizer animada e eu a interrompi antes que aquilo piorasse e me fizesse mudar de ideia.
_ Não é isso Demi, eu entendi muito bem essa parte, mas... Você quer esse monte de garantias e o que você tem para me oferecer?
_ Como assim?
_ Você quer que eu só tenha olhos para você, que eu me envolva em algo sério, que eu seja seu, você quer que eu seja o novo Logan, mas olha o que está acontecendo com ele? Ele é o tudo de bom, mas isso não o impediu de estar sendo traído, quem pode garantir que eu não vou acabar do mesmo jeito se eu me relacionar com você? Eu não quero ser o bobo desta historia.
_ Mas Joe. – pareceu chocada com minhas palavras.
_ Essa é a realidade Demi, você não confia em mim 100%, tanto que você está exitosa em largar Logan por mim exatamente por isso, pois você não acha que eu seja capaz de manter um relacionamento serio e eu não posso reclamar, eu já dei motivos para isso, mas eu também não posso confiar em você, e você também não pode reclamar, você me deu motivos para isso. Eu sou seu amante.
_ Foi a primeira vez que eu o traio, eu não faço isso, eu não sou isso que você está pensando. – defendeu-se.
_ Pois é, e você gostou, você está gostando, o que te impede de fazer isso novamente?
_ Se eu tivesse gostando tanto quanto você acha, eu não estaria tentando resolver isso.
_ Eu não realmente vejo como você está tentando resolver isso.
_ Eu estou querendo me separar dele por você, eu quero parar de trai-lo para ficar com você, isso não é resolução o suficiente para você? – esbravejou.  
_ E talvez você devesse mesmo se separar dele, pois se você quer larga-lo assim é porque você não o ama de verdade, pois se eu disser que não vou ficar com você, você irá continuar com ele, sem amor. Ou sei lá, talvez o não amado aqui seja eu, talvez você só queria trocar, sei lá, quem sabe eu sou melhor na cama, não é? – ela ficou vermelha de raiva.
_ Quer saber? Esquece, esqueça tudo! – tirou o cinto de segurança. _ E vamos logo, temos uma investigação a fazer, já tá mais que na hora disso terminar de uma vez. – abriu a porta do carro, saiu, e bateu-a com força. Pelo retrovisor pude vê-la indo até o elevador que nos levaria até o andar em que Wilmer trabalha. Ela não olhou para trás, nem mesmo para checar que eu a acompanhava. Eu realmente a tinha irritado, agora, após ver o resultado das minhas palavras, percebo que fui duro até demais com ela, mas talvez assim fosse melhor. Nós dois juntos não funcionaria, e eu estava facilitando pro lado dela, não deixando com que ela se envolvesse mais por mim, com o tempo eu sei que a esquecerei também, é só terminarmos essa investigação, será melhor assim. É bem melhor que seja assim.

Continua

26.  Quem manda – The Big Apple

Controlar a raiva bem no seu momento auge chega até ser doloroso, tudo que eu queria fazer agora era gritar, bater, quem sabe chorar? Mas com quem? Nem mesmo o causador da minha da minha raiva deveria pagar por isso, pois a culpa era toda minha, eu que tinha sido a idiota da história, eu poderia muito bem ter continuado firme no que eu creio, eu poderia ficado quieta no meu canto, não ter-me deixado levar por uma tentação idiota.

_ Posso ver seu distintivo? – perguntou a secretaria de Wilmer, que não parava de me fitar de canto, como se estivesse desconfiada da minha presença junto a Joe, o investigador policial. Joseph mostrou o seu distintivo, o qual eu sabia que era falso, mas que foi bom o suficiente para enganar a secretaria, que se levantou para ir até a sala de Wilmer. _ Esperem só um pouco. – falou simpática, simpatia cinicamente falsa que toda secretaria parece adquirir após alguns meses de trabalho.
Enquanto ela foi até o escritório do patrão, Joe aproveitou-se para aproximar de mim, continuei com os braços cruzados e decidida a não dar o braço a torcer.
_ Eu pergunto e você fica quieta. – disse. Eu sabia que ele gostaria de uma resposta, como um “sim, tudo bem”, mas ficar calada foi a maneira que eu encontrei de não acabar me exaltando novamente.
A secretaria volta e com o mesmo sorriso forçado nos informa que Wilmer nos esperava em seu escritório.

Sem duvidas o prédio era bem maior por dentro do que por fora se fazia parecer, provavelmente o escritório todo em vidro desce esta impressão, já que dizem que muitas janelas e espelhos dão a ilusão de mais espaço. Wilmer nos recebeu na porta, cumprimentando Joseph com um aperto de mão. Antes de cumprimentar-me ele hesitou e olhou-me de maneira estranha.
_ Senhorita Lovato. – parecia indeciso sobre minha identidade, mas estendeu sua mão para cumprimentar-me. _ Acertei? – perguntou, quando o cumprimentei com o aperto de mão.
_ Acertou. – confirmei. Ele arqueou a sobrancelha com minha resposta, claramente surpreso com minha presença.
_ Podem sentar-se. – apontou para as cadeiras frente a sua mesa de trabalho, lá tinham três cadeiras, Joe sentou na mais para esquerda, e eu, após pular a cadeira ao seu lado, sentei-me na mais a direita. Distancia era a regra da vez, quanto maior, melhor.
Ele se sentou em sua cadeira, que era igual a nossa. Apesar de ser um escritório gigantesco, tudo era bem simples e minimalista, principalmente se comparado a de meu pai, que era também era grandioso, talvez não tanto quanto o de Wilmer, mas sem duvida era bem mais luxuoso, com moveis de lojas conceituadas, tecnologia de ponta, e outro bens por lá guardado, de preço inestimável...
_ A que devo a visita de um... Investigador policial, certo? – perguntou, dirigindo-se a Joseph.
_ Sim senhor.
_ Provavelmente essa foi uma pergunta bem idiota de se fazer. – falou, interrompendo Joe, que ia começar a falar. _ Dado que a filha do senhor Lovato está aqui também. Não é muito mistério o contesto desta reunião urgente, sem horário marcado... Querem beber algo? – ele não parava de falar.
_ Pelo jeito o senhor não tem muita pressa. – observou Joseph, fazendo-o, por fim, parar de falar.
_ Vocês deram sorte, hoje não tenho nenhuma reunião marcada, começo de ano, férias. – revirou os olhos. _ Ninguém está muito afim de trabalhar. – Joe pegou sua pasta, a mesma que ele sempre levava quando nos encontrávamos para falar sobre a investigação, pasta que eu nem mesmo percebera que ele havia trazido. De dentro dela, ele tira um gravador e põe encima da mesa, logo após pega seu bloquinho de notas, o mesmo que ele usara para escrever os nomes dos suspeitos, e uma caneta.
_ Mas e você? Não tem interesses em fazer uma viajem? Afinal de contas, é férias.
_ Gosto de ficar aqui. – respondeu, ajeitando-se na cadeira. _ Nova Iorque tem tudo, se eu quiser ir a China, tenho um bairro todo para isso, quiser ver gente falando outra língua é só ir à Times Square ou no Central Park, numa época dessas é cheia de turistas, não há nada que o mundo possa me oferecer lá fora que eu não encontre aqui.
_ Novos ares... Novas paisagens.
_ Por causa do meu trabalho já fui obrigado a passar muito tempo da minha vida viajando. Viajar virou meu trabalho, ficar aqui se tornou minhas férias. Fiz-me mais claro?
_ Sem duvidas. – respondeu Joseph, e anotou algo em seu bloquinho.
_ Perguntar sobre viajem vai realmente ajudar na investigação? Você poderia ir muito bem até a pergunta principal...
_ Não é o senhor que não estava com pressa? O que o fez mudar de ideia?
_ Eu continuo sem ter pressa, só creio que seu tempo não deveria ser gasto com perguntas bobas...
_ Não há do que se preocupar Valderrama, eu também tenho o dia livre hoje. – Wilmer pareceu odiar a notícia, e por algum motivo, eu estava com ele.
_ Então que seja, mais alguma pergunta inútil, senhor investigador?
_ Você parece estar tendo certa dificuldade em me chamar de investigador, posso saber o motivo? Não gosta de policia?
_ Não sou muito chegado a polícia, já tive certos encontros com tais, que me deixam com receio, mas não é esse minha razão de hoje.
_ Problemas com policia? – perguntou Joe, tentando fazer com que ele falasse mais sobre isso.
_ Sou filho de imigrantes, meu pai não foi o homem mais adorável do mundo. Chegar aonde cheguei é quase um milagre. – falou Wilmer. _ Policiais não são muito chegados em imigrantes, somos visto sempre como potenciais ladrões ou traficantes e infelizmente quase sempre nós somos. Não que você saiba, imigrantes europeus não tem o mesmo azar. – Joseph ignorou a fala de Wilmer.
_ Mas você se manteve um homem honesto pelo que vejo.
_ Fiz o melhor que pude para manter-me no caminho certo.
_ Então qual é o seu problema comigo?
_ Não é com você, exatamente. É que vocês dois... – fez careta. _ Vocês realmente querem que eu acredite que você é um investigador da polícia?
_ Ele tem idade o suficiente para isso. – falei, defendendo-o, mesmo sabendo que ele não merecia. Wilmer riu fraco e Joe olhou-me repreensivo. Eu deveria estar quieta – lembrei-me. – mas era difícil fingir-se de invisível quando você não é.
_ Não digo pela idade, senhorita Lovato, digo, pois nunca soube que uma cidadã, comum, pudesse acompanhar uma investigação assim... Tão de perto. – afundei-me na cadeira, como Joe havia dito, as pessoas desconfiariam dele se eu estivesse junto.
_ Ela está sendo uma grande aliada nesta investigação. – disse Joe, sem perder a postura séria. _ Por ser uma investigação fechada, sem grandes alardes a imprensa, apenas em conjunto com os familiares, não cremos que haja tanto problema assim. Isso aqui não precisa ser tão sério ou regrado, finjamos que é apenas uma conversa entre amigos. – falou como se desse de ombros.
_ O problema é que eu não costumo ter conversas com meus amigos que possam me levar para cadeia.
_ E por acaso você deve temer ir para cadeia?
_ Talvez. Querendo ou não eu estou em desvantagem aqui. Fui inimigo do senhor Lovato por muito tempo e estou faturando com a morte dele, sem duvidas vão sempre suspeitar de mim, pelo menos enquanto não acharem o real assassino.
_ Posso perceber que você não crê que ele tenha se matado.
_ Claro que não. – respondeu sem hesitar.
_ E porque não?
_ Eu não conhecia muito o Eddie, mas ele não tinha jeito de quem desistiria da vida. Apaixonado pela família. – disse e olhou-me, dando um sorriso fraco, quase como se sentisse por mim, mas sentisse de verdade, não era fingimento. _ Banqueiro dedicado, bom no que fazia... Se ele realmente era depressivo a tal ponto, ele sabia esconder muito bem. – falou. _ Ele parecia ser bem feliz. – completou, meio que pensativo.
_ Você fala que não conhecia muito bem o senhor Eddie, mas não posso deixar de observar que você convidou o senhor Lovato para o seu aniversário.
_ Sim. – respondeu.
_ Mas se vocês eram inimigos...
_ Sim. – respondeu. _Quer dizer. – pareceu confuso. _ Não exatamente. Nós fomos inimigos, mas no meio do ano passado fomos obrigados a nos juntarmos e com isso ficamos mais amigos. Tornamo-nos colegas.
_ E o que os obrigou a juntarem?
_ O governo concedeu ao meu banco e ao bando de Eddie os direitos sobre um banco de pequeno porte falido. Com isso tivemos que nos juntar para fazer a separação do quê iria ser comandado por mim e o que seria por ele. O banco nos separou, e também foi o banco que quase nos uniu.
_ Ele compareceu a sua festa? – perguntou Joe.
_ Ele foi apenas de passagem, ele teria um jantar em família, algo assim, e não pode ficar muito.
_ Ele lhe deu algum presente?
_ Sim.
_ Qual?
_ Uma arma.
_ Qual?
_ Winchester.
_ Poderia dar mais informação sobre a arma?
_ Na verdade é uma revolver. Revólver Colt Single Action Frontier, caliber 22. – respondeu tranquilo. Tentei manter-me tranquila também, assim como Joe, que não demonstrara nenhum sentimento, mas era difícil, essa era a mesma arma que Logan comprara.
_ Sei que o senhor é um amante da caça esportiva. Você usa tal revolver para caça?
_ Não, foi uma arma criada a muito tempo como arma para militares, não é de caça. Guardo como parte da minha coleção.
_ Você tem uma coleção de armas?
_ Sim, Eddie acertou em cheio no presente, a linha Colt Single é quase um clássico, a demanda é grande, é um tipo de arma disputada entre os colecionadores.
_ Se eu lhe disser que a arma que atirou em Eddie foi uma Colt Single? – Wilmer arregalou os olhos assustados.
_ Pelo jeito minha situação está bem complicada, não é? – perguntou.
_ Não sei, onde você estava no dia da morte do senhor Lovato?
_ Em uma festa, na mesma festa em que ele iria. – disse. _ Eu tenho como comprovar. Tenho fotos. – ele se desesperara um pouco.
_ Ficou lá até o fim da festa? – perguntou.
_ Sim, quase até o fim, para dizer a verdade. Já era mais de meia noite quando voltei para casa.
_ Você por acaso acha que alguém possa ter pegado sua arma e utilizado dela para lhe incriminar?
_ Não, minha casa é bem segura, câmeras por todas as partes, a não ser que fosse algum empregado, mas para isso todos deveriam se envolver. – suspirou, ele não mais demonstrava a tranquilidade de antes, saber mais sobre os fatos parece tê-lo deixado bem atordoado. _ Eu não o matei. – falou firmemente. _ Sei que tudo indica para mim, mas eu juro por tudo que não sou assim. Muitos me acham ruim e frio por caçar, mas eu nunca matei uma vida humana e jamais faria, principalmente agora que estávamos nos dando bem. Se fosse para mata-lo, o teria feito há uns três anos atrás, naquela época nós estávamos no auge das nossas brigas. – Joe começara a anotar em seu bloquinho novamente. _ Devo começar a olhar com meu advogado?
_ Talvez fosse bom deixar o numero dele no numero de urgência. – confirmou Joseph.
_ Eu não o matei. – murmurou inconformado.
_ Relaxe um pouco, você não é o único suspeito. Vamos olhar os outros antes de te importunar de novo. – Wilmer não pareceu muito convencido, mas concordou com a cabeça.
_ Eu estou disposto a ajudar na investigação, caso queiram, mais que nunca quero que essa investigação termine logo. – disse.
_ Sem problemas senhor Wilmer, saberei onde lhe encontrar. – sorriu, fechou o bloquinho, desligou o gravador e levantou-se. Levantei-me junto e Wilmer também levantou-se.
Após Wilmer nos levar até a porta do escritório e termos uma breve despedida, comecei a reavaliar tudo o que acontecera e todos os fatos que ele relatara. Percebi que não seria tão fácil assim, eu costumava a não gostar de Wilmer, nunca cheguei a falar com ele, pelo menos não antes de hoje, mas eu sabia de sua briga com meu pai, por isso o odiava de qualquer jeito, porém, hoje, após falar com ele, percebi que talvez ele não fosse o monstro que eu imaginava, algo me fazia crer nele mais do que eu queria crer.
Ele poderia tanto ser o culpado, seria tão mais fácil, acabaríamos com isso de uma vez. Mas não, ele pareceu tão real...

_ O que você achou? – perguntei a Joe, que hesitou antes de responder-me.
_ Sinceramente? Inocente. – respondeu. _ Eu sei que tudo aponta para ele, mas para mim, ou ele é um ótimo ator, ou é apenas muito azarado.
_ Ele pareceu realmente assustado com a possibilidade de ser o assassino. – comentei. _ Eu gostaria de não dizer isso, mas, eu também acho que ele é inocente. – a porta do elevador se abriu, entramos e ele apertou o botão do estacionamento. _ Qual é o próximo suspeito?
_ Edgar Loveslen.
_ Mas...
_ Eu sei que você não acredita muito na culpabilidade dele, mas eu insisto em uma entrevista.
_ Tudo bem. – concordei, talvez fosse bom escuta-lo um pouco, pelo menos no que se diz a investigação.
_ Você irá me ajudar novamente.
_ Mas você disse que eu estar perto iria atrapalhar...
_ Eu sei, só que desta vez é diferente.
_ O que mudou?
_ Você disse que quer participar, não é?
_ Sim. – confirmei.
_ Você agora é a nova dona do banco, não é?
_ Sim.
_ Você agora mandará nele, você é a chefe. Faça uma reunião com ele, fale que eu sou um ajudante seu, eu me encarrego de te mostrar o que você tem que perguntar, eu fico lá observando e lhe ajudando, quando necessário. Nós vamos entrevista-lo e ele nem mesmo vai perceber. – a porta do elevador se abriu e saímos.
_ Você está querendo que eu o entreviste? – perguntei chocada. Como assim? Eu não saberia me controlar ou me impor como Joseph faz.
_ E porque não? Você é a chefe, é você quem manda.
Continua
Ei gente, desculpa, eu fui passar o domingo na casa da minha avó e atrasei aqui para vocês, mas como prometido postei os dois capítulos.
Espero que tenham gostado.

Comentem e até dia 9 J

2 comentários: