sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

23- mais feliz possível - The big apple



    Eu sempre tive muitas certezas em minha vida. Algumas não deram certo e me obrigaram a mudar de pensamento. Mas uma das minhas certezas nunca falhou, "eu nunca me agarraria a ninguém, nada de namoros sérios, apenas ficadas ocasionais, mas nada de amor, nada de lembrar de uma pessoa, pensar na pessoa". Essa minha idéia não é por mal, não sou mal amado e nem mesmo tive decepções amorosas, para falar a verdade, é sempre eu que decepciono. O fator que me faz tão "desgarrado" é que sei que não acharei a pessoa na qual valha a pena me agarrar por. Não me leve a mau, nem mesmo eu sou uma pessoa que valha a pena agarrar-se por.
    Eu tenho como exemplo de casal, meus pais, os dois estão casados há anos, tiveram suas brigas, mas sempre se mantiveram juntos, um amor de juventude que resiste até hoje. Amor como esse não se encontra todo dia, principalmente por agora, que amores eternos duram nem mesmo um mês.
   Pus como objetivo em minha vida, apenas me relacionar com alguém, se eu percebesse que eu poderia criar um relacionamento tão duradouro quanto os dos meus pais. Se eu não percebesse isso, não teria dúvidas, não passaria de uma noite de diversão.
Por bons anos segui isso a risca, cheguei a ter uns rolos, namoros que duraram mais que deveriam, pegadas boas demais que acabei repetindo, mas nunca, nunca me agarrei a ninguém. Nunca perdi noite pensando em nenhuma mulher, por mais bonita que ela fosse, jamais passei por isso.  Nunca, até algumas semanas atrás.

   Ah Demetria. Porque você?

   Era incrível, parecia até que ela nasceu exatamente com essa missão. Tirar minha certeza, fazer-me mudar novamente de idéia.
   Ela não é a pessoa certa pra mim, não que eu seja o melhor para ela, pois sei muito bem que eu não sou a pessoa certa pra ela. Logan é o homem ideal par ela, ele parece ser bem leal e serio, e Demi merece isso. Eu não sou assim, ainda mais sabendo que nem ela mesmo é.
   Tudo bem, o beijo que trocamos foi a primeira caída dela nesse mundo de traição. Mas se ela fez isso com ele, logo com ele, nada impediria que ela fizesse isso comigo também, e como já disse, se eu for construir uma relação seria, quero estar com alguém sério, quero ter alguém que posso confiar totalmente. E Demi, infelizmente, não é essa pessoa.
   Mas como eu queria que fosse, como eu queria que ela fosse mulher pela qual eu me comprometeria.

   Ah Demetria. Porque você?



   A manhã do dia dois acordou lentamente, tudo começou a funcionar, mas todos ainda pareciam estar de ressaca, tudo calmo demais, lento demais... Bom, quando digo que tudo estava calmo demais, lento demais, eu não coloco minha irmã na lista.
Acordei as oito da manhã, sem nenhuma pressa de me levantar, mas acabei me levantando, hoje eu teria que voltar a meu ritmo normal, teria que conversar com Demetria, teria que saber se ainda investigaríamos a morte de seu pai ou não.
  Quando vi apenas meu pai na mesa com o café da manhã quase que só aos restos, sendo que nesse horário, o café ainda estaria quentinho, com a variedade que minha mãe sempre gostou de esbanjar na mesa, perguntei a meu pai o que ocorrera.
   _ Sua mãe e sua irmã foram até aquela revista lá. Vão refazer o contrato.
   _ já estão olhando isso? O Ano mal começou.
   _ temos que garantir né? Já que prometemos, vamos cumprir.
   _ ainda acho isso errado. - falei.
   _ o que ela fez foi errado e ela não merecia isso agora, mas não vamos perder sua irmã novamente. Uma vez já foi o suficiente.
   _ também acho que já foi o suficiente ver ela ir parar no hospital por uma vez. Ver ela morrendo...
   _ Joe, ela já cresceu, amadureceu, e agora nós sabemos o que fazer, saberemos identificar os sinais de que algo não está certo.
   _ há três dias atrás ela estava desaparecida. Isso é nós sabendo identificar os sinais de que algo está errado? Ela fugindo de casa é ela sendo madura?
  _ Eu não nego que é irresponsável, mas isso só me mostra que ela está lutando pelo que quer, da maneira errada, mas está tentando. Ela é jovem, erra mesmo. É natural. Eu mesmo cometi meus erros quando jovem. Sua mãe está de prova. - sorriu.
   _ é impressão minha ou vocês estão apoiando ela nessa palhaçada.
   _ não foi essa a exigência dela?
   _ não. Eu não estou falando do que ela pediu. Eu estou falando do  fato dela ter desaparecido. - exasperei. _ parecem que vocês estão aplaudindo ela enquanto ela faz as bobeiras dela.
   _ sabe qual é o seu problemas, Joseph? Você se tornou pai demais, você se esqueceu que é irmão.
   _ do que você está falando?  - perguntei.
   _ quando eu adoeci você se obrigou a tornar-se homem, a crescer demais, você começou a agir como pai da Selena, não mais como irmãos. Você ainda é jovem, ainda dá tempo de recuperar.
  _ o que você quer em? Que eu volte a ser um moleque?
  _ você era um porre, não há como negar. Vocês brigavam muito e era bem chato, mas vocês estavam sendo irmãos, estavam vivendo o seu tempo. E hoje, vocês não brigam como antes, o que no fundo é um alívio, mas, pelo menos você, não vive mais no seu próprio tempo. Você se tornou um homem de trabalho rápido demais, quer se tornar um grande detetive rápido demais, é como se não fossem haver muitos amanhãs para que você  realize seus sonhos, você parece até mesmo... - pausou. _ parece tanto a mim. - seu olhar ficou triste. _ não quero que você vá para no hospital por trabalhar demais. Comecei a ver a vida e a dá-la valor tarde demais, precisei quase morrer e tirar a sua juventude para começar a dar-me o descanso que eu mereço. Não faça o mesmo que eu. - disse.
   _ e o que você quer que eu faça então pai? Largue tudo? Pare de trabalhar? Que vá viver as suas custas?
   _ não. Você nem mesmo saberia mais viver assim. Só gostaria que você relaxasse um pouco.
   _ eu estou relaxado! pai. - ele riu.
   _ tecnicamente você está. Mas você deveria se pressionar menos, se aventurar mais... - ele parecia estar tendo dificuldades em me explicar. _ faça o seguinte. Hoje. Você tem 24 horas para fazer algo inconseqüente. Erre. Faça algo que eu lhe julgaria mal se você fizesse normalmente. Só por hoje, você tem carta livre.
    _ isso é besteira. - sorri. Que idéia era essa agora?
    _ não, não é. Na verdade é uma ótima idéia, aproveita que você não está ocupado em alguma investigação, cometa um erro. Claramente que não estou te dando aval para matar. Isso não.
    _ e pra roubar? - brinquei.
    _Bom, não acho que você conseguiria, mas se for isso que você quer. Vá. Só me diga a onde foi depois, pra eu devolver o dinheiro. - gargalhamos. Meu pai reclamava, mas no fundo somos iguais. Ele sempre foi certinho, bem mais certinho que eu. Tudo bem que ele pode ter aprontado antes, assim como ele dissera, mas desde que eu me lembro, ele sempre foi correto com tudo o que fazia, sem descansos, ele sempre foi o homem mais correto e honesto que eu já vira.
    _ vou pensar na sua sugestão, pai.
    _ viu? Esse é o começo do problema. Você vai pensar. - disse levantando as sobrancelhas.

      É, talvez o velho tenha mesmo razão.


   Decidir o que fazer, no fim das contas, não fora tão difícil assim. Eu poderia ter escolhido outras coisas, erros menos complicados, mas esse era o único erro que eu, não só me permitiria a cometer, mas o único que eu queria. E, ah, como eu queria.

   Quando liguei para Demi, de primeira ela não atendeu, eu entendi o recado, ela não queria falar comigo, mas decidi ser chato e retornei a ligar. Desta vez ela atendeu.

    Ela pareceu bem hesitosa em me encontrar, mas no fim ela concordou de me encontrar no mesmo café que nós encontramos da primeira vez.
   


      Cheguei no café meia hora antes da hora combinada, eu estava tão ansioso que não conseguir ficar em casa, esperando, tudo bem que eu teria que esperar por ela aqui também, mas saber que eu estava lá, que não me atrasaria, que me acostumaria com o lugar, e que poderia repassar com tranqüilidade, na minha mente, tudo o que eu queria falar com ela, me confortava um pouco.
      Tão idiota.
        Mas esse é o efeito que Demetria tem em mim.

      Não ajudava muito ela estar atrasada, já não agüentava mais tomar xícaras de café, e após a quarta xícara, eu já podia sentir até a dilatação dos meus olhos. Batendo o pé ritmicamente, por debaixo da mesa, eu contava os minutos. Será que ela tinha desistido? Ela poderia muito bem ter desistido, depois do que eu fiz no ano novo, porque ela não desistiria?

    Quando vi ela se aproximando da minha mesa, meu coração disparou, mas por incrível que pareça, eu me acalmei, pois ela estava ali, ela tinha vindo, ela não desistiu.
     
   
       Não foi exatamente o que eu esperava. O comprimento foi básico, um "oi" de um lado e um "oi" do outro, nem mesmo um "tudo bem?" Pra dizer que tentamos. Os primeiro cinco minutos olhando um para o outros, em silêncio, nenhum dos dois sabia como começar. E eu achando que ia ser fácil. Eu sabia o que eu queria, tinha passado as últimas hora repassando tudo em minha cabeça, mas agora tudo era real demais, vê-la em minha frente mudou tudo.

    _ e então? - começou por fim. _ encontrou algo mais sobre meu pai? - perguntou após receber seu capuccino.
     _ eu irei amanhã até a delegacia, pedirei para olhar os relatórios, fotos, depoimentos, que foram feitos naquele dia. - respondi. _ acredito que assim terei mais detalhes!me será bem melhor.
     _ legal. - falou e deu um sorriso nervoso. _ foi pra isso que você me chamou?
     _ não. - respondi.
     _ então?
     _ temos algo em aberto, Demi.
     _ ah sim. - suspirou e murchou seu corpo ao expirar. Era óbvio que ela não queria entrar naquele assunto, mas também estava bem claro que iríamos, ela querendo dou não. _ sobre isso! me desculpe, Joe.
     _ desculpa?
     _ é. - confirmou.  _Desculpe-me pelo beijo.
     _ você não precisa se desculpar, Demi! eu também queria aquele beijo.
    _ eu sei. - sorriu fraco. _ mas isso causou todo aquele desconforto. E agora, mal sabemos como agir frente ao outro.
     _ talvez se parássemos de nós sentirmos mal por termos nos beijado.
     _  cometemos um erro, Joe, nós vamos nos sentir mal. - disse óbvia.
     _ você gostou? - perguntei.
     _ que? - pareceu desconcertada com a pergunta.
       _ você gostou do beijo? - ela hesitou.
     _ gostar não faz disso menos errado, Joe. - respondeu.
     _ mas você gostou? - insisti.
    _ foi bom. - assumiu com dificuldade. _ Mas isso só torna tudo pior. Caso você no se lembre, eu sou noiva.
     _ eu sei. - falei percebendo que ela não iria recair desta vez e que eu nem mesmo tinha o direito de ficar bravo, ela estava fazendo o que deveria fazer. Eu é que estava a atrapalhando. Eu realmente não a merecia. E, ao contrário do que eu pensava. Ela não me merece, não por ela não ser digna de um relacionamento sério, mas porque ela merece algo muito melhor, algo que eu não posso lhe dar.
     _ você está querendo algo mais que ser meu detetive, não é? - perguntou após ficarmos em silêncio por um tempo.
      Sim, eu queria. Mas eu sabia que eu não podia. Porém por hoje, só por hoje, só agora, eu queria que ela se esquecesse do Logan, e que se deixasse errar ao meu lado novamente.
     _ fique tranqüila, não vou lhe obrigar a nada. Não sou assim.
     _ eu sei. - respondeu. _ você é um bom homem.
     _ é. "Bom" vai ter que me bastar por agora. - murmurei.
     _ não pense que esta sendo fácil para mim. - falou.
     _ não? Pois é o que parece.
     _ pois não estou, Joe. Você realmente acha que sou tão fria para, depois de um beijo como aquele, ficar bem? Não sentir nada? Não começar a duvidar sobre tudo?
     _ você dúvida sobre algo? - sem perceber, alegrei-me com a possibilidade.
     _ eu não vou negar. - parou, se acomodou melhor a cadeira. _ você mexe comigo! e por varia vezes nesses ultimo dias eu fiquei em dúvida sobre seguir ou não com meu relacionamento com Logan. Eu por várias vezes pensei em larga-lo por você. - olhou para o lado, envergonhada.
     _ e o que lhe impede? - perguntei, ela hesitou.
     _ tudo Joe. Não ter certeza sobre nós, precisar dele, mais que nunca, Eu já ser noiva dele e... Nada seu... Lara me torrando a paciência... - suspirou. _ o universo não nos quer juntos, Joe.
      _ então vamos lutar contra o universo.
     _ lutar contra o universo só vai nos fazer machucar.
    _ eu não ligo de me machucar se eu estiver ao seu lado.
    _ nós mal nos conhecemos, isso não está certo.
    _ então vamos fazer o errado. - eu não deveria estar insistindo. Mas agora eu sabia que o sentimento era recíproco, eu não poderia deixá-la ir.
     _ você é louco. - sorriu.
     _ e você? Seria louca comigo?
     _ se eu dissesse que sim, o que você faria?
     _ lhe faria a mulher mais feliz possível.
                  Continua

           Ei galera, meu note ainda não chegou do concerto, então, para não prejudicar muito a vocês nem a fic, resolvi rescrever o capítulo pelo iPad e postar, por isso o capítulo ficou com uma formatação estranha, e provavelmente vai ter alguns erros, não gramaticais, mas é porque o iPad me corrige automaticamente e nem sempre eu percebo e até mesmo quando eu repassei posso ter deixado passar alguma coisa. O capítulo não ficou exatamente igual a que estava no meu note, mas chegou bem perto, ficou menor que deveria, mas é porque eu não tive muita paciência de escrever por aqui, me desculpem, mas eu prefiro escrever por teclas de verdade. Bom, espero que me entendam e que, apesar de tudo, tenham gostado do capítulo, não responderei os comentários hoje, no próximo capítulo que eu postar eu respondo todos. Obrigada.

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