sexta-feira, 1 de março de 2013

17º CAPITULO “Eu prometo.” – AMOR EM GUERRA


_ Eu sei que você está aqui comigo Joe, eu te sinto.
Eu não sei onde eu estava com a cabeça ao ter falado tudo aquilo. Confesso que eu pensei que ao falar com Joe que eu o sentia, ele abrisse os olhos, totalmente curado e tudo voltaria para o normal, seguiríamos nossa vida normalmente, e tudo isso não passaria de uma triste parte da nossa historia – vida qual tinha tudo para dar certo, mas que estava desmoronando. – Eu queria que tudo acabasse logo, e da melhor maneira possível. Sonhei alto demais. Sonhei mais alto do que eu deveria.
Eu considerei o fato de estar louca. Quando senti seu toque em meu braço e mão no quarto, na noite de ontem, comecei a buscar explicações em minha mente. Talvez fosse apenas impressão minha, talvez algo, o qual eu não sei o quê e nem sei onde, tivesse caído em mim, talvez eu tivesse cochilado – apesar de nunca ter duvidado de que me mantive acordada a todo o tempo – talvez tivesse sido Oliver... Porem, mesmo tendo tentado procurar explicações, no fundo eu sempre soube que era o toque do Joe, eu já senti aquele toque inúmeras vezes. É, pode-se dizer que tudo o que estava me acontecendo tinha afetado o meu lado racional de alguma maneira, mas tudo me pareceu tão real, o toque... Eu sei que não é algo da minha cabeça, eu não pude vê-lo, mas eu juro que pude senti-lo.
_ Por favor, Joe, me dê um sinal, algo que eu possa reconhecer... Por favor, me mostre que você esta aqui. – implorei. Se ele me tocasse, se conseguisse falar algo, arrastar algo... Talvez eu me assustasse, gritasse ou fizesse menção de fugir, mas eu logo perceberia seu sinal e pelo menos eu teria certeza de que ele estava lá comigo. _ Só um sinal. – pedi, mais uma vez. “Só um sinal” esta frase saiu como um sussurro da minha boca. Era um último pedido, um pedido que poderia me comprovar se eu o tinha do meu lado ou se eu já tinha me deixado afundar em minha loucura. Um pedido que poderia me dizer se eu estava sozinha ou não.
Torci para escutar um barulho, minha pele formigava por um toque, meu olho percorria com atenção por todo o quarto, se ocorresse um movimento, qualquer que fosse o objeto, algo que mudasse de posição, nem que fosse um movimento sutil, eu poderia ver e tiraria a prova que tanto eu ansiava.
Um minuto, dois minutos... Cinco ou mais, agora isso nem me importava mais... Meus olhos já estavam úmidos novamente, não só por Joe estar naquele estado, mas agora também por estar frustrada com a falta de respostas. Eu estava louca?

O silêncio que envolveu aquele quarto de hospital foi torturador, aumentou ainda mais o ruído das maquinas na qual Joe está ligado, evidenciando ainda mais quão louca era a minha ideia. Não existia toque, não existia nada! A única coisa que era real é o fato do homem da minha vida estar se sucumbindo a minha frente, e eu, ao invés de estar rezando ou procurando soluções, curas, estou aqui, pedindo um sinal de vida para um paciente em coma. Ah, como eu sou idiota! Como que um homem em coma poderia ter me tocado? Isto é impossível! É contra a logica natural das coisas.

Eu poderia ficar ali quanto tempo eu queria, enquanto Denise ou Paul não desejassem entrar, eu poderia ficar lá com Joe, mas eu não estava bem o suficiente para isso, era como se toda a força que eu havia recuperado mais cedo ao dormir, tivesse evaporado de uma hora para outra. Sentia meu chão tremendo, rachando-se diante de mim, abrindo rachaduras enormes, que apenas esperavam que eu caísse, e me afundasse em minha depressão de uma vez por todas. Uma armadilha sem volta. Uma armadilha que não demoraria muito para me capturar.  
Fui saindo, a passos mais rápidos dos que os que eu usei ao entrar, enxugando o rosto, para limpar as lágrimas que haviam saído, sem minha autorização. Mas fui impedida. Eu senti. Eu novamente senti. Tão real quanto na primeira vez. Era o toque de Joe, eu sei disso. Eu senti sua mão tocando minha barriga. Ele estava acarinhando tanto a mim quando a criança que carrego em meu ventre.
 É ele.
 Eu não estou louca!

JOE

Confesso que eu não estava esperando por aquilo, eu já tinha praticamente perdido todas as esperanças, mas aquelas palavras me fizeram ver a luz no fim do túnel. Demi pode me sentir, ela sabe que eu estou ao seu lado.
Uma mistura de emoções havia tomado conta do meu corpo ao escutá-la dizer “Eu sei que você está aqui comigo Joe, eu te sinto.” Eu não precisava escutar mais nada, naquele momento, isto era o melhor que poderia se passar.
A empolgação me deixou um pouco paralisado a primeiro momento, mas assim que me recuperei da surpresa, comecei a falar, gritar. Se ela poderia sentir-me, pode me escutar também não é?
Não, não é.
Fui logo atrás de algo que pudesse tocar. Algo que pudesse movimentar. Por um momento esqueci-me que eu não tinha capacidade para isso. Tempo perdido. Entre as minhas tentativas de comunicação já havia passado muito tempo, tempo o suficiente para fazer com que Demi desistisse de receber respostas.
Eu a vi levantando, saindo do quarto.
Pense! Pense! Tinha que ser algo que ela entendesse. Algo que a tirasse de uma vez por todas as duvida sobre a minha presença ao seu lado.
Pense homem!
Ela podia me sentir, então a melhor opção é toca-la, mas e se suas duvidas continuassem? Tinha que ser algo além.
Com toda a confusão eu talvez tenha deixado algo escapar, Demi, não era só ela que estava presente ali para me visitar, havia alguém mais, havia um motivo a mais para que eu me recuperasse. Meu filho.
Corri para alcança-la antes que ela chegasse à porta do quarto, e toquei-a na barriga.
Ela não falou nada, mas eu pude ver em seu olhar que ela entendeu.
_ Eu estou aqui meu anjo. – eu disse, mesmo sabendo que ela não me escutava.
_ Joe... – ela disse baixo, entre um sorriso fraco e uma lágrima caindo de seu olho.
Agora ela tem a prova. Eu estou com ela.

--

Todos sentiram a diferença do estado de humor de Demi, após sair do quarto. Ela não estava pulando de felicidade, nem como um sorriso de canto a outro. Mas ao sair, ela não chorava mais e tinha um animo a mais em sua voz e em seu rosto. Eddie ficou feliz por ver uma melhora, não quis saber o porquê, por medo de que uma interrogação a fizesse voltar para o estado anterior. Denise percebeu, mas estava tão desanimada e presa em seu estado lastimável que nem comentou, Paul chegou a perguntar se o médico havia lhe dito algo, se ele lhe havia dado alguma notícia de que Joe melhorara, mas quando recebeu um ‘não’ como resposta, voltou para o seu canto, sem mais perguntas.
Saber que Joe estava com ele a causou uma bela mudança comportamental. Durante o resto do dia, não voltou a ter suas crises de choro, não recusou comida e algumas vezes se permitiu dar um sorriso fraco, ao lembrar-se do toque.
Demi havia encontrado a esperança, a esperança que lhe havia abandonado. Ele estava por perto, mesmo que ela não o pudesse ver, ele estava lá, e isso, para ela, significava que ainda havia chances dele sair do coma.

Joe, ao perceber que Demi o sentia, tentou fazer o mesmo com os pais. Infelizmente não houve o mesmo resultado, nenhum deles pareceu percebê-lo, apesar dele ter percebido que Denise, sua mãe, começou agir um pouco estranha quando ele a tocou, como se tivesse assustada. Provavelmente ela sentiu algo, mas não sabia o que era e se assustou, Joe torceu para que com o tempo ela entendesse que era ele tentando entrar em contato com ela. Já Paul, se sentiu algo, não demonstrou nada.

Eddie, até então, tinha se mantido um pouco distante da situação, ele estava triste, porem agia mais como um espectador do que como um personagem, tanto que foi uma surpresa para todos quando ele quis entrar no quarto em que Joe está internado. Até então ele só tinha ido ao hospital, porem nunca entrou no quarto. Porem hoje ele quis.
Quando entrou ficou um tempo observando a situação em que se encontrava o genro, a visão não era animadora. Eddie sempre gostou de Joe, apesar de que no começo do namoro dele com sua filha, ele ter resistido o máximo que pode. Primeiramente porque quando começaram a namorar, Eddie ainda acreditava que a filha era muito jovem para tais coisas, e queria que ela terminasse a escola, antes de se preocupar com relações amorosas. Porem de nada adiantou, com o tempo, depois de conhecer melhor Joe e seus pais, Eddie foi aos poucos cedendo. Depois, mais tarde quando descobriu que Joe iria se alistar para o exército, novamente Eddie quis se opor ao namoro, mas aquela altura sua objeção de nada mais valia, Demi e Joe já estavam mais que apaixonados, com o casamento marcado e nada, nem ninguém seria capaz de impedi-los. Mais uma vez Eddie fora obrigado a aceitar, porem desde o primeiro dia falou a filha “Vida de mulher de soldado não é feliz, pense um pouco antes, você irá sofrer”, mas era como se sua fala entrasse por um ouvido e saísse pelo outro. Só quando Joe realmente se alistou e foi chamado para sua primeira guerra que Demi começou a se lembrar dos avisos do pai, mas agora ela não poderia fazer nada. Joe já estava alistado, eles já estavam casados, ainda seguiam apaixonados, e terminar não era uma opção.
Eddie por muito tempo tentou afastar a ideia de que a filha poderia se tornar viúva tão jovem, porem sempre que havia alguma notícia de guerra ou qualquer atentado logo o medo lhe surgia. Com isso, não foi uma completa surpresa para ele quando recebeu a notícia de que o genro estava em coma. De certo modo Eddie agradecia por ser apenas um coma, pois isso significava que ainda havia uma chance de sobrevivência, por menor que fosse, ela ainda existia. É torturante não saber o que vai acontecer, se ele irá acordar ou não, se haverá sequelas ou não, mas era melhor do que ter a notícia de sua morte. 


JOE

Confesso que não estava esperando mais nada. Já era mais de 7 da noite, o sol já havia se posto no horizonte, provavelmente logo, Demi e minha mãe seriam obrigadas a irem embora. Eu ainda estava no quarto em que eu estava internado, nem sei mesmo o porquê, talvez a imagem triste dos meus visitantes não me deixasse muito a vontade, a ponto de me fazer preferir ficar ali sozinho, olhando a mim mesmo.
Não havia nada naquele quarto que eu já não tenha olhado e analisado e tentado pegar, eu não entendia os papeis, nem mesmo os sinais nas maquinas, a única coisa que eu sabia era que se o que controla o coração mostrasse uma linha reta significava o fim. O meu fim.
Porem ainda sem saber nada, eu olhei, eu observei, olhei novamente. Tinha que ter algo, não é possível que minha melhora dependesse apenas da sorte. O plano era só me conectar em um monte de maquina e seja o que Deus quiser? Não há um remédio? Um tratamento mais intenso? Nada?
Precisa ter algo. Eu não posso ficar assim por mais tempo. Não posso e não quero!

Quando eu já não esperava por mais nada, a porta abre, pensei que seria mais um médico, toda hora é aquele entra e sai, olha uma maquina, uma injeção aqui e outra ali, analisa um papel, tiram sangue, põe sangue, me alimentam pelo tubo, soro... Porem não era nenhum médico ou enfermeiro, era uma visita a mais, Eddie. Até então ele não havia vindo me ver, eu não o escutei no primeiro dia, o significa que ele não veio falar comigo, se ele não tivesse ido para casa junto a Demi, eu ainda não teria o visto. Ele pareceu observar tudo por um tempo, sem dizer nada, sua face, entre os outros era a melhor, não estava feliz, mas não estava aos pedaços como os outros, o que não me surpreendeu, eu nunca soube muito bem quais eram os pensamentos de Eddie sobre mim, ele sempre me tratou bem, nunca fez nada de mal a mim ou me deu motivos para reclamar, porem por varias vezes se colocou contra o meu namoro e casamento com Demi, ele tinha seus motivos, mas ainda sim eu não gostava.
Depois de olhar um pouco, andou até encontrar a cadeira para visitantes e sentou-se curvado, com os cotovelos colocados sobre as cochas da perna. Respirou fundo, por umas duas vezes antes de começar a falar.
 _ É Joe, o que eu mais temia realmente aconteceu. – falou. _ Eu queria tanto que você tivesse parado para escutar um pouco sua mãe ou a Demi... – deu um sorriso de canto. _ Na verdade eu queria que a Demi tivesse me escutado... Parece que filhos não gostam muito de seguir as orientações dos pais... E no final de quê adianta tanta rebeldia? – perguntou, mesmo sabendo que não haveria respostas. Ele parecia mais indignado do que triste. _ Você não quis escutar e está em coma, Demi não quis escutar e agora sofre. Todos sofrem. – Escutar Eddie me evidenciou uma triste realidade. Se agora todos estavam aqui, aos prantos, aos pedaços, é unicamente culpa minha. Eu entrei na guerra por que eu quis, fui de contra a todos e me alistei, não pensei no que isso poderia acarretar no futuro. Senti-me um lixo. _ Eu queria tanto te xingar e falar que você foi um completo egoísta, mas era seu sonho, um sonho auto destruidor e que agora nos causa todo este sofrimento, mas era um sonho. – falou. Sim, era um sonho, a única coisa que eu fiz foi seguir meu sonho, mas isso ainda não me tirou o fardo da culpa. _ E agora lamentar é tão inútil quanto esta conversa que estou tendo com você, você nem se lembrará desta conversa quando acordar... Se acordar. – falou e parou por alguns segundos. Não pude deixar de dar um sorriso de canto, ele não sabia, mas eu estava aqui, escutando todo o seu discurso. Tão pouco sei se lembrarei disso quando acordar. Ah é, se eu acordar.
Eddie respirou fundo mais uma vez e tornou a falar. _ Eu queria que a Demi não te amasse tanto. Eu não queria vê-la sofrendo tanto, ela está esperando meu netinho, não deveria estar sofrendo tanto, o normal é as mulheres estarem planejando o quarto, fazendo o enxoval, fazendo ultrassons e lendo livros de nomes para decidir o nome da criança, não chorando pelo canto e tendo pesadelos a noite. – Suas palavras me atingiram como estacas no peito, isso não era junto com ninguém, mas definitivamente, Demi não merecia tudo aquilo, ela não deveria estar passando por isso nunca, mas principalmente não agora. _ Não sei o porquê, mas depois que ela voltou deste quarto ela me pareceu melhor, mas ainda não é minha Demi. – lamentou-se. _ Eu já perdi minha mulher, o que me manteve vivo foram meus filhos, é por eles que hoje eu estou vivo. Eu sei que se Demi perder você, eu perderei uma filha. – falou com o sofrimento estampado em sua feição. _ Seus pais não aguentarão uma perda tão grande, minha filha não aguentará, eu não aguentarei. – falou, parecia segurar o choro. _ Por favor, Joe, se você me escuta, fique forte, continue lutando pela vida, não desista, eu sei que eles irão lhe recuperar, eu não sei quanto tempo demorará, mas eles estão fazendo de tudo e sei que vai dar certo em alguma hora, mas enquanto nada acontece, por favor, mantenha-se firme, prometa-me que vai ficar forte. – pediu, deixando o desespero transparecer em sua voz, como se fosse capaz de escutar minha resposta. Sei que ele não escutou, mas ainda sim eu respondi.
_ Eu prometo.

                CONTINUA...

Capitulo postado, espero que tenham gostado dele. Pretendo postar o próximo até segunda-feira.
Bjsss.


Juh Lovato: Fico feliz que tenha gostado. Sim, ela pode senti-lo.
Agora eu vou poder sempre comentar suas postagens :D. Obrigada por comentar. Bjsss.
Eriimiilsa: Seja bem-vinda nova leitora. Muito obrigada, nem sei como agradecer pelos elogios. Espero continuar agradando e emocionando a vocês. Muito obrigada por comentar. Bjsss.

Um comentário:

  1. chorei... capitulo mais lindo que já li... demorei um pouco para comentar para me controlar... lindo

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