– Rebecca, seu porteiro disse
que você está aí, por favor, me atenda. – Sara esquece toda sua boa maneira e
grita na porta do apartamento de sua amiga Rebecca, que está dentro de seu
apartamento, desesperada, pois de um lado tem a amiga que tem consciência de
sua presença e que está claramente desesperada, precisando de sua ajuda, do
outro ela tem um pai bêbado no sofá, que não para de falar besteiras e encher o
copo com cerveja barata. – Por favor, Becca, eu preciso de você. – e torna a
bater na campainha.
– Pai, vai para seu quarto, por
favor. – Rebecca implora ao pai que em resposta a olha com um olhar perdido, já
claramente longe da realidade. – Venha pai. – ela tenta puxa-lo para
encaminha-lo até o quarto, mas ele é muito pesado para ela e ao invés de
ajudar, ele prefere começar a rir. – Pai, pare com isso! – a menina se irrita.
A campainha volta a tocar. Não tem jeito, Rebecca terá que atender a amiga.
Assim que abre a porta Rebecca
se prepara para levar uma bronca da amiga, pois ela havia demorado muito a
atendê-la, mas Sara faz totalmente ao contrario, sem dizer nenhuma palavra ela
se joga aos braços de Rebecca, a abraçando fortemente, de tal maneira que nunca
havia feito antes.
– Venha, entre. – Rebecca diz e
Sara desfaz o abraço.
Sara entra e assim que ela vê o
pai de Rebecca, ela o cumprimenta, Rebecca gela ao seu lado. O pai de Rebecca,
talvez em um surto de consciência, tenta agir normalmente, sentando-se ereto,
mas ele não consegue falar nada, apenas acena com a cabeça de maneira
desajeitava. Se estivesse em um bom dia, Sara sem duvidas questionaria Rebecca
sobre o comportamento de seu pai, mas hoje, por estar tão fragilizada, a menina
ignora.
Já no quarto, Sara volta a
chorar no colo da amiga, Rebecca começa a ficar preocupa.
– Amiga, por favor, fale alguma coisa, estou preocupada. – ela diz.
– O Heitor, ele está me ameaçando. – ela diz
ainda chorosa.
– Como assim o Heitor está te
ameaçando? – Rebecca pergunta confusa.
Sara abre sua mochila e pega seu celular, deixa na mensagem e mostra a
Rebecca. – E como você sabe que é ele? – Rebecca pergunta, após ler a mensagem.
– Claro que é ele. Ele fugiu de
casa, não pode usar o cartão porque os avós vão descobrir onde ele está e
resolveu me ameaçar para sustentá-lo. – diz.
– Ele falou isso? – volta a
questionar.
– Não. – Sara começa a parar de
chorar. – Mas é o mais óbvio. Somente nós três sabemos sobre isso...
– Tem certeza? – Rebecca pergunta
e Sara engole o seco.
– Bom... Tem minha empregada. –
diz e solta um suspiro. – Por isso ela não pediu nada pelo... Remediozinho. – diz tentando amenizar a
gravidade da ação das duas.
– E o que você vai fazer?
– Não sei, eu não posso ameaçar
de volta, eu... Eu acho que terei que pagar. – diz em desespero. – Se eu fizer
isso serei uma refém dela. – chora.
– Ainda assim creio que será
melhor, ela tem muito contra você. – Rebecca diz.
– Quer saber? Eu sou a patroa,
eu não posso deixa-la dominar. – diz decidida. – Eu vou enfrenta-la.
O nojo no rosto de sua mãe não
saia da memoria de Rafael, que não conseguiu prestar atenção em nenhuma aula do
dia. Ele temia que tivesse feito a coisa errada em contar a verdade sobre a
noite do acidente de sua irmã. Ele poderia muito bem se vingar sozinho, mas a
cabeça quente não permitiu que ele pensasse direito.
Agora era tarde, a verdade já
tinha vindo à tona e ele só poderia torcer para que no final tudo desse certo.
Quando o fim da aula chega,
Rafael se despede de Ricardo, que parece estar preocupado com algo. Rafael
sabia que o irmão do amigo tinha desaparecido e por isso concluiu que esse era
o problema.
Sozinho, ele retornou para casa e
ao chegar encontrou a mãe a sua espera.
– Está tudo bem? – ele pergunta,
já que ela o observa, mas não diz nada.
– O almoço já está pronto, assim
que terminar, resolveremos o nosso problema. – ela diz sem demonstrar emoção
alguma. Rafael sorri em resposta.
Na mesa de almoço, a família se reúne em uma
oração e depois comem em harmonia, sorrisos são distribuídos sem razão
aparente. Tudo, como sempre, parece estar perfeito.
Assim que termina o almoço o pai
corre para retornar ao trabalho, deixando que Rafael, a mãe e a pequena irmã,
fiquem sozinhos.
Antes de sair, a mãe de Rafael
faz alguns telefonemas, tudo longe do filho, ela mantinha segredo sobre o que
pretendia fazer e isso deixava o garoto muito ansioso.
A campainha bate e é uma amiga
da mãe que chega.
– Wanessa ficará com Anna até
que voltemos. – a mãe explica e Rafael sorri agradecido. Ele sabe que não sairá
coisa boa do plano de sua mãe e manter a pequena afastada é a melhor opção,
envolve-la só lhe trouxe complicações.
Rafael e a mãe adentram em um
carro, que o garoto crê que foi alugado, já que não é o carro da família. A mãe
dirige e o caminho usado para chegar ao prédio de Linda foi bem diferente do
que o menino está acostumado, já que as duas únicas vezes que ele foi até lá,
ele tinha usado o metrô.
– É este o apartamento? – a mãe
pergunta.
– Sim. – Rafael confirma. – No
terceiro andar. – diz.
Outro carro para frente ao da
mãe de Rafael. Dois homens saem e a mãe de Rafael vai ao encontro deles. Ele
não se atreve a mover, fica ali temeroso pelo plano da mãe, plano no qual ele
ainda não sabe qual é.
A mãe de Rafael volta para o
carro.
– Feche os vidros.
– Como?
– Feche os vidros. – ela ordena
já sem paciência. Rafael a obedece.
Seu coração para, mas logo
depois bate descontroladamente, ele não pode crer no que vê.
Os dois homens que conversaram
com a mãe, acendem fogo em duas bolas que provavelmente são feitas de algum
material duro, mas também inflamável. Quando Rafael percebe, as duas bolas
flamejantes acetam em cheio as janelas do apartamento de Linda, quebrando-as e
caindo ainda incendiadas, dentro do apartamento. Outras duas bolão são acesas
e, logo após, jogadas no mesmo lugar.
Agora já é possível ver fumaça
saindo pela janela quebrada. Para terminar, mais duas bolas flamejantes são
jogadas, mas antes que elas atinjam a janela, a mãe de Lina sai pela porta
principal do prédio, tossindo e se joga no chão. Os dois homens saem de
disparada, correndo para o carro em que chegaram e fugindo.
Rafael tenta abrir a porta do
carro, para ajudar a velhinha, mas a sua mãe lhe impede.
– Você está louco? – ela o pergunta.
– Preciso ajuda-la. – sua mãe bufa
e liga o carro. – Você já me deu problemas demais, pare de piorar sua situação.
– reclama e acelera o carro. Assim que o carro sai de onde estava estacionado,
ainda na mesma quadra, Rafael vê Linda, que parece já ter avistado a mãe e
corre no meio da pista. Ele não sabe se ela chegou a vê-lo dentro do carro.
A noite chega e as imagens ainda
inundam a cabeça de Rafael, que encontra dificuldades para dormir. Na tentativa
de se distrair, ele decide entrar nas redes sociais. Não demora muito pra ele
receber uma mensagem de Linda, pedindo para que ele aparecesse na porta de sua
casa.
Rafael começa a ficar tremulo,
não podia acreditar que ela estava ali, ou pior, talvez ela não estivesse, mas
outro alguém aparecesse para vingar a mãe de Linda.
Tomando cuidado, para não
acordar os pais, ele sai do quarto e vai até a parte da frente da casa. Na
porta de grade ele pode ver Linda, que não aparenta estar armando nada.
– Eu só quero conversar. – ela
grita e ele corre para impedi-la de continuar gritando.
– Fale baixo, meus pais estão
dormindo. – ele diz e abre a porta, mas para sair e não permite que Linda entre
na casa.
– Tudo bem, eu não estou aqui
para arrumar confusão. – Linda parece bem calma. – Eu quero que isso termine...
– Foi você que começou. – Rafael
a interrompe e acusa.
– Eu já falei que não fui eu,
mas eu tampouco me importo se você acredita ou não, eu só preciso que você
pare, minha mãe poderia ter morrido hoje. – Rafael sente um aperto no coração.
– Eu não sabia que seria daquele
jeito, foi ideia da minha mãe.
– Eu não me importo, eu duvido muito que ela tenha acordado
num dia e decidido fazer isso. Você contou para ela a sua versão e pronto,
vamos vingar! – Rafael não consegue se defender. – você já parou para se ver no
espelho? Como você dorme de noite?
– Nada disso teria acontecido se você
tivesse confessado ou já que você é inocente, que tivesse provado isso.
– Você se transformou em um monstro,
você é uma metamorfose que deu errado, que ao invés de ser evolutiva, foi
retroativa. - ignora a acusação de Rafael
– Eu não me importo com o que você pensa. - diz, mas no fundo ele
sabe que mente.
– Haverá justiça...
– Você não tem como provar que fui eu, não há testemunhas, você
não pode nem mesmo provar que me conhece, nos comunicávamos pela internet e eu
estava em um perfil fake. - diz.
– Se realmente existe uma justiça divina, ela irá cair sobre você.
– Se realmente existe um ser divino, Ele não olha para aberrações
como nós. – Rafael diz com a voz embargando. Ele não sabe bem no quê acredita,
mas sua família é tradicional e religiosa, e quando ele se revelou para sua
mãe, essa frase foi uma das primeiras coisas que ela disse a ele.
– Para a aberração na qual você se transformou, talvez Ele
realmente não olhe, mas Ele olha por mim sim, porque eu não sou uma aberração,
eu sou uma pessoa, nada mais nada menos que uma pessoa. – diz e começa a se
afastar para sair da porta da casa de Rafael. – Acabe com isso enquanto ainda há tempo. – pede. – Não deixe que eles
te transformem num monstro de vez.
Continua
Faz muito tempo que não venho ler, desculpaaaa
ResponderExcluirNinguem nessa fanfic tem sossego socorro.
Ansiosa pelo proximo e tenho algumas teorias na minha cabeça, mas vou aguardar haha.
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Beijos, Mirela.